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4 A ANÁLISE DA REALIDADE ENCONTRADA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER NOS DIVERSOS BAIRROS DE NATAL

4.1 As principais características dos espaços públicos de lazer por Região Administrativa em Natal

4.1.2 Tipo de construção e manutenção dos equipamentos existentes

4.1.2.3 Região Administrativa Leste

A Região administrativa Leste contém os bairros mais antigos de Natal. A fundação da cidade ocorreu no Bairro Cidade Alta e sua expansão se dá no sentido da Ribeira, seguida das Rocas, Santos Reis, Praia do Meio, Areia Preta e Mãe Luiza. Em direção paralela, expandem- se os bairros de Petrópolis e Tirol, enquanto os de Barro Vermelho, Lagoa Seca e Alecrim seguem o sentido da expansão adentrando o continente.

Essa região tem uma área de 1.466,49 ha com uma população de 116.106 habitantes distribuídos nos 12 (doze) bairros acima citados. Apresenta uma média de moradores por domicílio de 3,83 pessoas, existindo grandes contrastes quanto às suas características socioambientais (NATAL. SEMURB, 2003)

É na Região Leste que se situa grande parte do Parque das Dunas, a maior área verde da cidade, que vem sofrendo ocupações irregulares desde o surgimento do Bairro de Mãe Luiza. Essa área sofre grande especulação imobiliária e vem apresentando, nos últimos anos, uma crescente verticalização.

Os bairros de Mãe Luiza, Santos Reis, Rocas, Alecrim, Praia do Meio, Lagoa Seca e Cidade Alta apresentam rendimento médio mensal entre 3,26 e 6,49 salários mínimos. Existem várias favelas nessa área. Enquanto os bairros de Petrópolis, Tirol , Barro Vermelho, Areia Preta e Ribeira detêm rendas médias entre 11,26 e 22,09 salários mínimos (NATAL. SEMURB, 2005).

Outros dados que acusam essa distinção referem-se à situação educacional das pessoas responsáveis pelos domicílios nos bairros Mãe Luiza, Santos Reis, Rocas, Alecrim, Praia do Meio, Lagoa Seca e Cidade Alta. Desses moradores, 13,38% têm menos de 01 (um) ano de escolaridade. Com até 07 (sete) anos de estudo são 56,67% e apenas 6,28% estudaram 15 (quinze) anos ou mais (NATAL. SEMURB, 2005).

Já no que se refere à situação educacional dos responsáveis pelos domicílios nos bairros de Petrópolis, Tirol , Barro Vermelho, Areia Preta e Ribeira, apenas 3,03% desses moradores tem menos de 01 (um) ano de escolaridade. Com até 07 (sete) anos de estudo são 20,12% e, 40,87%, os que estudaram 15 (quinze) anos ou mais (NATAL. SEMURB, 2005).

A disparidade nos aspectos socioeconômicos que ocorre entre esses bairros é decorrente dos seus processos de ocupação, bem como das intervenções do poder público na oferta diferenciada de infra-estrutura nas diversas áreas da cidade. A área da antiga Cidade Nova, que depois se desdobrou nos bairros de Petrópolis e Tirol e arredores, vem se caracterizando como setor residencial para a burguesia. Entretanto, no que diz respeito à ocupação do Alecrim, esse foi consolidado como bairro de moradia de trabalhadores de menor renda, juntamente com o bairro de Lagoa Seca. Por volta de 1958, outras áreas se transformaram em bairros de baixa renda, duas favelas na cidade, o bairro das Rocas, e Mãe Luiza.

As principais características gerais evidenciadas nos espaços públicos de lazer da Região Administrativa Leste guardam grande identidade com as encontradas na Região

Administrativa Sul, e referem-se a melhores condições tanto na disponibilidade de equipamentos, quanto na sua conservação, que aponta para maiores cuidados com a estética, a arborização, o ajardinamento e a iluminação nos diversos bairros dessa área.

Nota-se, também, que nos locais de maior visibilidade, como as grandes avenidas e as praias, existe a construção e manutenção permanente de equipamentos para o lazer, enquanto as áreas centrais dos bairros, apresentam-se escassas e com rara manutenção dos mobiliários disponíveis.

O principal destaque refere-se à diversidade de equipamentos existentes como teatros, museus e parques. Ainda existe uma disparidade na conservação de praças, pois as tradicionais, localizadas nos pontos centrais da cidade, apresentam os gramados e plantas ornamentais irrigados, enquanto nas praças internas dos bairros esse cuidado não se evidencia na paisagem.

Quanto aos espaços públicos de lazer no bairro Cidade Alta, observaram-se 18 praças, além de uma rua para pedestres, que é a Coronel Cascudo. As praças, na maioria, apresentam importância histórica e localizacional, pois esse bairro é o mais antigo da cidade e, atualmente, por ter função comercial, com lojas populares e prédios destinados à prestação de vários serviços, como escritórios, bancos, gráficas, escolas etc, apresenta grandes fluxos de pessoas e automóveis.

Entre as praças, existem 03 (três) de grande importância histórica para a cidade: a André de Albuquerque (Fotografia 42), Padre João Maria (Fotografia 43) e Presidente Kennedy (Fotografia 44). Também se encontram aí, outras muito conhecidas como Sete de Setembro, Dom Vital, João Tibúrcio e das Mães. Existe também uma quadra em frente à Casa do Estudante (Fotografia 45).

Nesse bairro nota-se a carência de quadras para esportes e de atividades lúdicas planejadas nas praças já existentes. O que se percebe é uma atenção dada aos locais públicos

de lazer, que não apresentam destinação à população aí residente e, sim, está voltada ao lazer comercial ou para a demanda do turismo-cultura.

Durante o dia, as praças tendem a servir prioritariamente como locais de passagem para os transeuntes que estão em constante movimento no centro da cidade, e são pouco utilizadas para a recreação, apresentando pouquíssimo movimento e falta de segurança à noite e nos finais de semana.

Segundo Manuel Alexandre da Costa, morador do bairro, aposentado, referindo-se a Praça André de Albuquerque: “Eu costumava ir até a praça e ficar conversando ou só olhando o tempo passar...hoje é perigoso...o povo daqui vai para outras festas em outros bairros, porque aqui não tem muita coisa para fazer”. De acordo com Souza Lima, morador do bairro, também aposentado, “Aqui não tem lazer. Eu venho à Praça João Tibúrcio e fico me contrariando em ver coisas erradas e não poder fazer nada. Olho esses meninos aí, não é pra fazer isso, eles estão acabando com a praça, quebram tudo. Antigamente aqui era bonito tinha até fonte luminosa”.

Foto: Andréa Ferreira, 2005. Foto: Andréa Ferreira, 2005.

Foto: Andréa Ferreira, 2005 Foto: Andréa Ferreira, 2005

Fotografia 44 – Praça Presidente Kennedy Fotografia 45: Quadra da Casa do Estudante.

Entre os espaços de lazer vinculados à cultura, no Bairro Cidade Alta destacam-se: o Palácio da Cultura que comporta a pinacoteca do estado, com exposições de arte permanente e seu referente à cultura e o artesanato potiguar; o Instituto Histórico e Geográfico contendo uma biblioteca e acervo histórico do estado; e, o Solar Bela Vista com biblioteca e a Capitania das Artes, que abriga lojas de artesanatos, biblioteca e espaço cultural.

No bairro da Ribeira, alguns espaços públicos de lazer também apresentam grande importância histórica e, por isso, interesse turístico-cultural. Esses espaços são alvo de maior atenção por parte das autoridades municipais no oferecimento de eventos culturais, shows, feiras de artesanatos, principalmente em prol de dinamizá-los como área recreativa. Existe um projeto de revitalização de áreas comerciais antigas, como a rua Chile e o cais da Tavares de Lira.

No bairro, 05 (cinco) praças foram localizadas: a Augusto Severo, a Lions Clube, a Dom Bosco e a Engenheiro José Gonçalves. A praça Augusto Severo (Fotografia 46), de importância histórica para a cidade, apresenta-se atualmente em bom estado de conservação, com iluminação adequada, uma rica arborização, porém não existem instalações de outros projetos culturais; o Memorial Câmara Cascudo com biblioteca e mu

bebedouros e sanitários, e a segurança é insuficiente. Existe, eventualmente, animação cultural, com feiras de artesanatos e apresentações culturais – Projeto Ribeira das Artes.

A praça José da Penha (Fotografia 47) também tem importância histórica e se encontra no corredor turístico-cultural da cidade. Apresenta boa conservação quanto à iluminação, existe arborização, mas não há instalações hidro-sanitárias, que raramente são planejadas para o local.

Na praça Dom Bosco existe iluminação adequada e arborização, porém não se apresentam instalações hidro-sanitárias e não ocorrem atividades de lazer rotineiras na área.

De acordo com o senhor Antônio Fonseca, participante do conselho comunitário do bairro, “Muitos moradores do bairro trabalham no final de semana ou são pessoas de idade avança

ribeira

da, assim os espaços públicos são pouco utilizados pelos moradores daqui”. Conforme Lindalva Feitosa, participante do clube de mães do bairro, “o lazer promovido na

não é pensado para as pessoas daqui. Os espaços públicos localizados nas proximidades dos espaços privados são bem conservados, e alguns recebem constante manutenção pela sua reconhecida importância histórica”.

Foto: Breno Machado, 2005. Foto: Breno Machado, 2005.

No bairro da Ribeira, também se encontra o teatro Alberto Maranhão, localizado na Praça Augusto Severo, além de apresentar condições excelentes para a apresentação de shows, musicais e peças teatrais. Apesar de existir uma programação gratuita, em geral, essas ativida

estre Francisco Valentim e Infante Dom H

idro-sanitárias, não dispõe de segurança pública,

ica no local. Esporadicamente acontecem eventos organizados de esportes na rea.

sita de arborização adequada, não existem instalações hidro-sanitárias, a segurança é des são de caráter empresarial, cobrando-se ingressos, o que impossibilita o acesso de alguns moradores ao lugar. Assim, o mesmo é freqüentado principalmente pela população de melhores condições sociais de todos os bairros da cidade.

No bairro das Rocas, quanto aos equipamentos públicos de lazer, a população dispõe de praças, quadras e um centro comunitário. As praças são: Antônio Melo, Acrísio Freire, Caritó, Irmã Vitória, Sagrada Família, Olavo José Leite, M

enrique. Os equipamentos de lazer em geral são bem mobiliados, com bancos e calçadas, porém se apresentam mal conservados. Não há animação cultural planejada, além da falta de segurança que impera nesses locais.

A praça Mestre Francisco Valentim (Fotografia 48) apresenta arborização, calçadão, equipamentos para ginástica e parque infantil, porém sem uma conservação adequada e pouca iluminação. Não existem ainda instalações h

e apresenta algumas dificuldades de acessibilidade, não havendo, na mesma, eventos culturais permanentes.

A quadra desportiva, situada na Esplanada Silva Jardim, não se encontra conservada, apresenta iluminação insuficiente, barreiras que impedem o livre acesso à área e não existe segurança públ

á

A praça Olavo José Leite (Fotografia 49) contém uma quadra de esportes, calçadão, equipamentos para ginástica, porém, a iluminação é insuficiente para todo o ambiente. Neces

precária, e apresenta barreiras que restringem o uso da quadra. Não ocorrem eventos de lazer de forma sistemática no local.

Segundo a senhora Maria Francisca do Nascimento, pertencente ao movimento paroqu

ial do bairro, “as famílias e os vizinhos temem ir para os espaços públicos de lazer onde a marginalidade impera. Os párocos são ativos na organização de eventos, mas estes não contam com o apoio geral da comunidade”.

Foto : Letícia Nascimento 2005. Foto: Letícia Nascimento, 2005.

Fotografia 48: Praça Mestre Francisco Valentim. Fotografia 49: Praça Olavo José Leite.

Segundo José Ubaldo Ferreira, morador e participante do conselho comunitário do irro:

airro de Petrópolis, existe aí uma das mais adicio

ça é feita por rondas, constantemente. A freqüência das pessoas ao local é alta, principalmente dos passantes, devido à existência de paradas de transportes coletivos na proximidade. Existem eventos programados em datas comemorativas.

ba “A população em geral está evitando cada vez mais freqüentar espaços públicos, por conta da falta de segurança [...] Existe um descaso por conta dos órgãos públicos. Ao mesmo tempo, uma minoria depreda qualquer reforma”.

Quanto aos espaços públicos de Lazer no b

tr nais praças da cidade: a Praça Cívica (Fotografia 50), que já foi alvo de várias reformas durante a expansão urbana da cidade. Apresenta-se atualmente em ótimo estado de conservação. A iluminação é apropriada, a arborização é adequada, e os equipamentos estão em bom estado.

O Palácio dos Esportes Djalma Maranhão (Fotografia 51) localiza-se na área da praça e apresenta necessidade de manutenção quanto à iluminação e às instalações hidro-sanitárias. A animação é feita através de escolinhas de esportes e outros eventos isolados.

ita de forma privada pelos donos dos empreendimentos aí localizados. Como evento

Fotografia 50 : Praça Pedro Velho.

Quanto aos espaços públicos de lazer em

Praça tografia 54).

determinados horários pelo grupo da comunidade que o De acordo com o senhor Emerson Levi Duarte de Almeida, funcionário administrativo do Palácio dos Esportes, “na praça a manutenção é feita todos os dias, por isso é bem conservada”.

A Praça das Flores apresenta-se arborizada, bem conservada e muito freqüentada, porém seu espaço foi privatizado para lanchonetes, bares, lojas de artesanatos etc. A segurança é fe

programado existe, nesse local, “Os Antigos Carnavais”, festa carnavalesca que privatiza parte da área para os que compram camisetas do referido evento.

Foto: Andréa Ferreira, 2005. Foto: Andréa Ferreira, 2005.

Fotografia 51: Palácio Djalma Maranhão.

Mãe Luiza, a população conta com um campo de futebol (Fotografia 52), Centro Comunitário, uma quadra (Fotografia 53) e a

João XXIII (Fo

O campo de futebol, apesar de muito freqüentado, não tem iluminação e não existe segurança pública permanente. O mesmo está cercado, dificultando o seu aceso, sendo só permitida sua utilização em

admini

mo com tamanho reduzido e por ser a única praça do bair

o Centro Desportivo de Mãe Luíza “Em Mãe Lu

é quem organiza e algumas pessoas da comunidade contrib

stra. Além destes empecilhos, as atividades não podem ser desenvolvidas à noite, pela iluminação precária e falta de segurança.

Quanto à Praça João XXIII, a iluminação é insuficiente para todo o ambiente. Não existe arborização, nem proteção contra sol e chuva. Não há instalações hidráulicas e sanitárias acessíveis. Percebe-se que, mes

ro, é muito freqüentada à noite, existindo animação por entidades religiosas e grupos da comunidade e aplicação de projetos isolados. Não existe uma política de animação de lazer sistemática por parte dos poderes públicos na área.

Os moradores desse bairro utilizam com freqüência as praias do bairro de Areia Preta para o lazer, devido a sua proximidade.

Segundo Nilson Venâncio, vice-presidente d

íza não tem espaço de lazer suficiente que atenda a comunidade. Na praça, no Centro Social, ou no Conselho, Padre Sabino

uem, a conservação a própria comunidade quem faz , a prefeitura só fez construir e deixar”. Conforme Ricardo França, agente cultural no bairro, “a praça é incompleta e pequena, quem organiza é a comunidade quando tem festa”.

Foto: Mariama Sanskya, 2005. Foto: Mariama Sanskya, 2005.

Foto: Mariama Sanskya, 2005.

Fotografia 54: Praça João XXIII.

Quanto aos espaços de lazer no bairro do Alecrim, encontram-se praças, quadras e um teatro. Já existiram algumas salas de cinemas, que hoje se encontram desativadas. O teatro Sandoval Wanderley foi transformado na escola municipal de teatro que apresenta programação permanente e cujo ingresso é feito mediante pagamento de taxas. Esse equipamento merece manutenção e apresenta dificuldades para o estacionamento de veículos nas proximidades.

rcial e estar próxima à arada de transportes coletivos, principalmente os que fazem o percurso para a Região Administrativa Norte da cidade, apresenta um grande fluxo de pessoas. Nela há arborização, bancos e ajardinamento, não contém sanitários públicos e apresenta necessidade de higienização e conservação (Fotografia 55).

A Praça Pedro II (Fotografia 56) localiza-se em frente à Igreja São Pedro, encontra-se em bom estado de conservação, contendo bancos, boa iluminação e arborização. As outras praças do Alecrim apresentam problemas quanto à conservação e segurança, com exceção das Praças Almirante Barroso e Amigos da Marinha, cuja administração é feita pela marinha. As quadras do bairro possuem iluminação insuficiente e não apresentam segurança ou animação em forma de eventos (Fotografia 57).

A Praça Gentil Ferreira, por encontrar-se no centro da área come p

De acordo com a senhora Sonia Maria Lima , coordenadora do Encontro de Casais em Cristo da Paróquia do Alecrim, “as pessoas freqüentam outros espaços, porque os daqui não são apropriados ao uso”. Conforme o senhor Geraldo Gomes, comerciante, “não tem muita opção de lazer no bairro, só é bom para o comércio, tem um clube fechado da Marinha e os torneios de esporte se praticam mesmo na rua, até o relógio da praça Gentil Ferreira vive quebrado” .

Fotogra

Foto: Maria de Lourdes Rocha, 2005. Foto: Maria de Lourdes Rocha, 2005. fia 55: Praça Gentil Ferreira. Fotografia 56: Praça Pedro II.

Foto: Maria de Lourdes Rocha, 2005.