• Nenhum resultado encontrado

4 A ANÁLISE DA REALIDADE ENCONTRADA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER NOS DIVERSOS BAIRROS DE NATAL

4.1 As principais características dos espaços públicos de lazer por Região Administrativa em Natal

4.1.2 Tipo de construção e manutenção dos equipamentos existentes

4.1.2.1 Região Administrativa Norte

A Região Administrativa Norte foi criada no final da década de 1980, pela Lei municipal n° 3.878 de 07 de dezembro de 1989. Igapó foi o seu primeiro núcleo residencial, sendo um dos povoados mais antigos do município. A Redinha foi povoada posteriormente, antes era habitada apenas por pescadores e no meado do século vinte surge como praia de veraneio. Até o ano de 1916, o acesso a essa área da cidade era feito por barcos que atravessavam o Rio Potengi ou por terra, através do município de Macaíba. A ponte de ferro, “Ponte de Igapó”, passou a ser um marco na expansão da ocupação das terras da margem esquerda desse rio (NATAL.SEMURB, 2003).

A partir de 1952, a “Estrada da Redinha”, atual avenida Dr. João Medeiros Filho, começou a ser aberta, ligando Igapó à Redinha, o que atraiu interessados em investir, a preços muitos baixos, em terras que posteriormente foram loteadas.

A segunda ponte construída em concreto foi concluída sobre o rio Potengi em 1970. Essa construção, atrelada à melhoria da rodovia 304, que no perímetro urbano de Igapó recebe o nome de Tomás Landim em 1975 e, ainda, com a implantação na década de 1980 do Distrito Industrial de Natal nessa Zona, favoreceu o surgimento de vários conjuntos habitacionais.

A construção dos conjuntos da COHAB, com a implantação das redes de água e energia indispensáveis ao seu uso, dinamizaram o adensamento populacional dessa Zona, intensificando o mercado de terras, com venda de lotes cada vez menores, fruto dos reloteamentos originais.

Atualmente a região é composta de 07 (sete) bairros e tem uma população residente de 244.743 habitantes, distribuídos pelos bairros: Lagoa Azul, Pajuçara, Potengi, Nossa Senhora da Apresentação, Redinha, Igapó e Salinas. Existem aí localizadas, 20 (vinte) favelas onde

residem 22.203 habitantes, apresentando uma média de 4,08 moradores por domicílio, sendo a renda média da população da ordem de 2,92 salários mínimos, estando esses rendimentos entre 1,69 e 3,84 salários mínimos. Os responsáveis por domicilio perfazem 60,72%, evidenciando uma escolaridade entre zero e 07 (sete) anos de estudos e apenas 1,8% com 15 (quinze) anos de estudos ou mais (NATAL. SEMURB, 2005).

As principais características gerais evidenciadas nos espaços públicos de lazer na Região Administrativa Norte da cidade de Natal, foram: a ausência de diversidade de equipamentos que permitam a prática de atividades recreativas variadas, como teatros, cinemas e parques; a inadequação do tipo de equipamento ao lazer preferido pela comunidade, principalmente no que se refere à prática do futebol; a falta de conservação do mobiliário, a inadequação no arranjo dos equipamentos, principalmente nas praças, quanto à estética, à arborização o ajardinamento, a iluminação, à falta de segurança generalizada, e à ausência de atividades rotineiras culturais, esportivas e recreativas.

Uma observação de destaque quanto a essa região refere-se à diferenciação tanto qualitativa quanto quantitativa destas mesmas características referentes aos espaços de lazer, nos diversos bairros e em diferentes áreas dentro dos mesmos. Observa-se que, em áreas onde predominam os conjuntos habitacionais, existe menos precariedade na disponibilidade de equipamentos e conservação, enquanto nos loteamentos e favelas, mais carentes, são raros os espaços públicos disponíveis para o lazer. Existe, ainda, a situação extrema de bairro onde se constatou a ausência de praças.

No bairro de Lagoa Azul, o que se apresenta em relação aos espaços públicos de lazer, é a existência de algumas quadras (Fotografia 07), campos de futebol, centro social e associações de moradores (Fotografia 08). As quadras e campos necessitam de conservação quanto à iluminação e carecem de mobiliário adequado. Na ausência desses equipamentos nas

proximidades da maioria das residências, nota-se que a população improvisou vários campos em terrenos baldios, para jogos de futebol.

Quanto às praças, a Barão de Mauá (Fotografia 09) e a Nova Natal, apresentam arborização e bancos, porém têm deficiência quanto à iluminação e à conservação. Já as praças Guarujá, Guarulhos e Pacaembu não detêm equipamentos adequados, nem arborização.

Segundo o senhor Geilson Silva Gomes, educador esportivo do Centro Educacional Dom Bosco, do conjunto Gramoré, “Existem espaços, porém são abandonados pela prefeitura, que faz e deixa , não tem nenhum programa de animação neles”.

Foto: Mariama Sanskya, 2005. Foto: Mariama Sanskya, 2005. Fotografia 07: Quadra na rua das Cirandas. Fotografia 08: Associação Atlética de Nova

Natal.

Foto: Mariama Sanskya, 2005.

Fotografia 09: Praça Barão de Mauá.

Tratando-se dos espaços públicos de lazer no bairro Pajuçara, existem praças, centro comunitário e de idosos (Fotografia 10), campos de futebol e quadras. As praças, em sua

maioria, necessitam de conservação, apresentando iluminação insuficiente e arborização escassa. Não há instalações hidro-sanitárias nem segurança, ocorrendo raramente eventos nestas (Fotografia 11).

Os campos de futebol e quadras apresentam, em sua maioria, conservação precária, pouca iluminação, e muitas vezes são criados pela própria comunidade com equipamentos improvisados para a prática de futebol (Fotografia 12).

Acerca dos espaços públicos de lazer em Pajuçara, o senhor Marcio Valério Santos Pinheiro, membro do Conselho Tutelar, afirma que: “os espaços são utilizados para a prática de esportes e da socialização, embora não exista planejamento dessas atividades e as depredações destas áreas sejam visíveis”. Segundo o senhor Francisco de Assis Rodrigues, membro do Conselho Pastoral, “a população pouco participa para organizar eventos ou manter esses espaços”.

Foto: Breno Machado, 2005. Foto: Breno Machado, 2005. Fotografia 10: Associação de Moradores de Fotografia 11: Praça Pajuçara II. Pajuçara.

. Foto: Breno Machado, 2005.

Quanto aos espaços públicos de lazer no bairro Potengi, existem vários campos de futebol, quadras e praças. Alguns campos e quadras encontram-se conservados como no caso do campo denominado Formigão, porém muitos se encontram abandonados (Fotografia 13) e em sua maioria são campos de futebol com equipamentos improvisados pela comunidade. Destaca-se, entre as áreas conservadas, o complexo de lazer do Panatis I (Fotografia 14), onde se encontra o espaço cultural Francisco das Chagas Bezerra de Araújo, a praça de Eventos Iapiçara Aguiar e a praça da Bíblia. Por outro lado, a praça São Marcus e a das Mangueiras necessitam de conservação na iluminação, mobiliário adequado e segurança.

De acordo com o Senhor João Atanázio Filho, comerciante no bairro, “muitos espaços públicos são mal conservados, pois eles, não fazem manutenção nem eventos”. Segundo Gilsaneide Góis Mendes, pertencente ao Grupo de Jovens do bairro Potengi, “usamos pouco porque os espaços, que tem mais próximo são um campo e uma quadra, só os meninos é que utilizam, formam um grupinho, as pessoas de bem não se aproximam porque não tem segurança, quem usa domina”.

Foto: Maria de Lourdes Rocha, 2005. Foto: Maria de Lourdes Rocha, 2005.

Fotografia 13: Campo no Conjunto Potengi, Fotografia 14: Área de lazer do Panatis I. Rua Ilhéus.

Observando os espaços públicos de lazer no bairro Nossa Senhora da Apresentação, constata-se a existência de quadras (Fotografia 15), centro social e de idosos (Fotografia 16)

e vários campos de várzeas improvisados pela população (Fotografia 17). Os campos em geral não têm iluminação, nem segurança. Não foi encontrado espaço com mobiliário adequado à uma praça, existindo apenas terrenos baldios, sem bancos, sem arborização ou pavimentação.

Segundo Fausto Dantas, professor em Nossa Senhora da Apresentação: “no bairro não há área de lazer que proporcione segurança e diversão”. De acordo com o comerciante Gilson Figueredo, morador do loteamento Vale Dourado situado no bairro, “Como não existem os espaços públicos, a população tende a procurar diversão em outros lugares... a população sozinha não tem como fazê-la, é necessário o apoio da iniciativa privada e do poder público”.

Foto: Anderson Marques, 2005. Foto: Anderson Marques 2005.

Fotografia 15: Quadra na rua Estrela do Leste. Fotografia 16: Centro Social do Jardim Primavera.

Foto: Anderson Marques, 2005.

Fotografia 17: Campo na rua Tomaz Landim.

No bairro da Redinha, existem quadras (Fotografia 18), campos de futebol e centro social (Fotografia 19), e um calçadão na orla marítima, com equipamentos destinados principalmente ao turismo. As quadras necessitam de conservação quanto à iluminação e equipamentos, existindo vários campos de várzeas improvisados pela população para jogar futebol.

As principais praças do bairro são a do Cruzeiro, Niterói, Nossa Senhora dos Navegantes e Jardim das Flores (Fotografia 20). A praça do Cruzeiro encontra-se conservada, porém é de tamanho reduzido, ocupando uma área equivalente a um canteiro central da via de acesso à urbanização da orla. As outras praças situadas no interior do bairro encontram-se mal conservadas e sem iluminação adequada.

Segundo a professora da Redinha, Maria das Graças Alves, “o que percebo é a população utilizar as áreas de lazer de uma forma muito simples, apenas para conversar na praça. Eles poderiam organizar atividades culturais para valorizar a comercialização da produção artesanal dos moradores”. Para Pedro Silva Santos, pastor evangélico local, “a iluminação não é conservada e alguns equipamentos estão danificados, até mesmo pelo tempo de uso”.

Foto: Roberto Amorim Jr., 2005. Foto: Roberto Amorim Jr., 2005.

Foto: Roberto Amorim Jr., 2005.

Fotografia 20: Praça no Jardim das Flores.

Quanto aos espaços públicos de lazer no bairro de Igapó, as praças: São Vicente de Paula, do conjunto Cidade do Sol, e Élia Barros (Fotografia 21) apresentam equipamentos e iluminação, porém estes se encontram com conservação precária. Entre as quadras, algumas mostram bom estado de conservação (Fotografia 22).

Segundo a servidora pública municipal, Elizabethe Alves de Azevedo, “a quadra de esportes existente é bem conservada porém a quantidade delas é insuficiente e os espaços de lazer são concentrados todos próximos da Avenida Tomaz Landim”. De acordo com a Diretora da Escola Irmã Arcângela, Maria de Fátima Gadelha da Silveira, “a própria comunidade não se reúne para reivindicar espaços para o bairro. Na maioria, as pessoas não estão preparadas para a vivência do lazer”.

Foto: Andréa Ferreira, 2005. Foto:Andréa Ferreira, 2005.

Fotografia 21: Quadra em Igapó. . Fotografia 22: Praça Élia Barros.