63 O crescimento endógeno «é o que ocorre na ausência de aumentos exógenos de produtividade tais como atribuídos ao
3. Estudos empíricos sobre as relações entre a política fiscal e o crescimento económico
3.2. Relações entre política fiscal e crescimento, numa perspectiva empírica
O impacto da política fiscal no crescimento de longo prazo está longe de ser
consensual. A título de exemplo, Barro (1991) mostra evidência estatística (num estudo
seccional que envolve países ricos e pobres) que suporta o ponto de vista que um
sector público de grande dimensão impede o crescimento económico; Atkinson
(1995) conclui que o «estudo da relação agregada entre a performance económica e
a dimensão do Estado Providência é improvável que gere evidência conclusiva» (p.
196); e Slemrod (1995b) conclui que «não há evidência persuasiva que a dimensão do
governo tenha um impacto quer positivo quer negativo sobre o nível ou a taxa de
crescimento do rendimento, principalmente porque os problemas fundamentais de
identificação ainda não foram adequadamente tratados» (p. 401).
Os resultados da nossa investigação em torno da literatura empírica existente
não é muito conclusivo quanto ao efeito das políticas fiscais tradicionais no
crescimento, embora a importância das despesas em educação e infra-estruturas seja
confirmada. Definindo a perspectiva tradicional de que aumentos nas taxas de
impostos, no consumo público e na defesa retardam o crescimento e aumentos nas
despesas em educação e infra-estruturas aceleram o crescimento, uma parte
substancial dos estudos suportam esta hipótese e outros, em muito menor grau, a
162
Para identificarmos, na vasta literatura existente, relações nítidas do impacto
da política fiscal no crescimento, separamos a revisão de literatura, e para sistematizar,
em estudos sobre tributação (cfr. Quadro 12, para survey da literatura, p. 190),
despesas públicas e défices.
3.2.1. Impacto dos impostos no crescimento
O crescente interesse pela economia do supply-side na década de 80
suscitou o aparecimento de vários estudos sobre os efeitos da fiscalidade na
actividade económica e no crescimento económico.
Marsden (1983) encontra-se entre os primeiros a elaborar um estudo para
averiguar as relações entre impostos e taxas de crescimento. Até então, procurava-se
definir qual o esforço fiscal adequado a um estado de desenvolvimento específico de
um país, ou seja, a relação de causalidade era inversa. Este novo ensaio centrou-se
numa amostra de 20 países, agregados em pares, seleccionados por apresentarem
rendimentos per capita semelhantes, mas níveis de tributação (peso das receitas
fiscais no PIB) contrastantes, isto é, taxas médias de impostos, a partir dos quais
calculou as taxas de crescimento para cada um dos conjuntos, e utilizou dados dos
EUA como referência. Marsden (1983) concluiu que, para os anos 70, os países com
níveis de fiscalidade mais elevados apresentavam taxas médias de crescimento mais
baixas, comparativamente aos países com níveis de fiscalidade mais baixos.
Para Marsden (1983) os resultados obtidos evidenciam duas formas dos
impostos afectarem o crescimento:
i. Os impostos ao alterarem o rendimento líquido dos factores de produção
alteram a oferta agregada; e,
ii. Alteram a produtividade total dos factores, «uma vez que o impacto dos
impostos na oferta agregada já está reflectida nos dados para o
163
Apesar do mérito, Marsden não define um critério de escolha dos países,
apenas o facto de apresentarem rendimentos per capita semelhantes, o que exigia
uma abordagem mais ordenada para averiguar a consistência daquelas conclusões.
Dentro do contexto de estudos que analisam o impacto das taxas médias de
impostos no crescimento, cuja amostra contenha um número significativo de países,
Rabushka (1987), contrariamente ao estudo anterior, conclui existir uma relação
positiva ligeira entre taxas médias de impostos e crescimento económico para 49
países em vias de desenvolvimento, no período 1960-82. No entanto, Rabushka não
interpreta este resultado como demonstrativo que impostos mais elevados favorecem
o crescimento, mas que países mais prósperos podem cobrar impostos mais elevados
do que países com ritmos de crescimento mais brandos. Relativamente às taxas
marginais de impostos conclui existir uma relação negativa com o crescimento: Hong-
Kong que apresenta o crescimento mais elevado (7% ao ano, em média) tem a taxa
marginal de imposto mais baixa. O autor apresenta Portugal como dispondo de um
sistema fiscal anti-crescimento, em particular no que se refere aos impostos sobre o
rendimento individual, no período pós 25 de Abril, em que a taxa marginal máxima
aumentou de 45% em 1969 para 90% em 1976, tendo diminuído ligeiramente desde
meados de 1970 até 1984.
Quadro 5 – Política fiscal sobre rendimento, em Portugal (1955-1985)
164
A inexistência de um modelo apropriado para estimar o impacto dos
impostos no crescimento dificultava a análise das relações entre a fiscalidade e o
crescimento. Acresce que os supply-siders sempre distinguiram taxas médias de
impostos de taxas marginais, defendendo que estas últimas são as relevantes para os
incentivos e o crescimento económico. No entanto, muito poucos estudos distinguem
e analisam os efeitos sobre o crescimento das taxas médias e marginais de impostos e
da progressividade dos impostos. Também problemas conceptuais e estatísticos
relacionados com o cálculo de medição dos impostos (cfr. ponto iv, p. 154) conduziu
a desenvolvimentos na análise do impacto dos impostos no crescimento.
Reynolds (1985) ao procurar relações entre taxas marginais de impostos, em
vez de taxas médias, faz um escalonamento dos países da sua amostra em grupos, de
acordo com as taxas marginais de impostos legisladas mais elevadas e o
correspondente escalão de rendimento, e encontra uma relação negativa entre os
seus rankings e as taxas de crescimento económico. Sobre estas relações Reynolds
(1985) afirma: «A teoria do supply-side prediz que a performance económica em
Ontário, Canadá, com uma taxa de imposto máxima de 51%, seria superior à do
Quebeque, com a taxa de 60%. Prediz que o desenvolvimento em Porto Rico, com
uma taxa de imposto máxima de 68%, iria ficar atrás de qualquer Estado dos EUA.
Prediz que a Austrália iria ter uma performance melhor do que a Nova Zelândia, o
Chipre relativamente à Grécia, que o Estado de Nova Jersey iria crescer mais
rapidamente que Nova Iorque, e assim sucessivamente. Todas estas predições estão
correctas» (p. 557). Entre os países desenvolvidos que apresentam as taxas marginais
mais elevadas, Reynolds conclui que há economias que contraem mais de 1,4%
anualmente, no período 1979-83. E entre as economias com taxas marginais de
impostos mais baixas, há economias que crescem mais de 4,9% ao ano.
Para o autor «pelo menos metade dos países em cada categoria [da
amostra] moveram-se para a parte descendente da Curva de Laffer nos anos mais
recentes. Muitos dos outros estão já numa posição desconfortável, onde o
165
que o que seria a taxas marginais de impostos mais baixas» (p. 566).
Uma referência nesta área de investigação «o primeiro e ainda o mais importante estudo nesta área» (Padovado e Galli (2002): 531) é o trabalho de Koester e Kormendi (1989) que analisa quer os efeitos das taxas médias de impostos,
das taxas marginais e da progressividade dos impostos no percurso de crescimento da
actividade económica. Os autores centram-se não só nos «os efeitos da tributação na
taxa de crescimento da actividade económica (a “forma” do percurso de
crescimento), mas também no nível de actividade económica (a “localização” no
percurso de crescimento)» (p. 368). Para a realização do estudo, aplicado a 63 países,
utilizam o peso dos impostos no PNB como medida da taxa média de imposto e
constroem regressões de séries temporais para calcular as taxas marginais de impostos
de cada país, interpretando os coeficientes da regressão a (eq. [32 ]) como medida 1i
da taxa marginal de impostos para o país i, nos anos 70, uma vez que são «uma
aproximação linear dos incrementos nas receitas fiscais associados a um incremento
no PNB» (p. 370):
1i it
RFιτ =aοι+a Pι ΝΒ [32 ]
(onde RF são as receitas fiscais totais, i o país, e t o tempo)
A utilização destas taxas, segundo os autores, permitem-lhes controlar a
relação entre taxas médias de impostos e o rendimento per capita e, por isso, isolar os
efeitos da progressividade (entendida como variações nas taxas marginais de
impostos, mantendo constantes as taxas médias). Para Skinner (1989) este método,
apesar de simples, «traz alterações discricionárias no código fiscal [...] e que tais
alterações não medem os wedges das taxas marginais, uma vez que reflectem as
receitas inframarginais cobradas sobre uma base fiscal existente» (p. 46).
Os resultados do estudo apontam para a existência de uma relação
negativa entre crescimento e taxa média ou taxa marginal; o que vai ao encontro dos
resultados de Marsden (1983) para os 10 pares de países, usando taxas médias; de
166
legisladas; e de Skinner (1987) para países africanos. As potenciais relações positivas
endógenas entre taxas médias de impostos e rendimento per capita (Peltzman (1980)
e Rabushka (1985)), e negativa entre crescimento económico e rendimento per capita
inicial (Landau (1983), Barro (1984) e Kormendi e Meguire (1985)), conduziram a
regressões onde é efectuado este controlo e os coeficientes das taxas médias e
marginais continuam negativos, mas não são estatisticamente significativos.
Em regressões para o nível de output, Koester e Kormendi (1989) encontram
uma relação positiva da taxa média de imposto, interpretando este coeficiente
positivo como proxie para o efeito procura, isto é, países maiores tributam mais (da
mesma forma que Rabushka (1987)); e uma relação negativa com a taxa marginal de
imposto, e o coeficiente desta variável, segundo os autores, traduz o efeito distorcivo
tradicional dos impostos. Para os autores, os efeitos sobre o nível e crescimento do
output resumem-se da seguinte forma: «mantendo as taxas médias de impostos
constantes, taxas marginais de impostos mais elevadas estão associados a
deslocamentos paralelos para baixo do percurso de crescimento global» (Koester e
Kormendi (1989): 383).
A importância do cálculo das taxas marginais de impostos levanta a
dificuldade de definir quais são realmente as taxas marginais de impostos (em muitos
estudos utilizam-se sistemas proporcionais em que a taxa marginal é única e igual à
taxa média).
Estearly (1993) ultrapassa estas dificuldades utilizando, não as taxas marginais
de impostos, mas as distorções nos preços provocadas por essas taxas. Para o efeito,
desenvolve um modelo de crescimento endógeno com dois tipos de capital, e utiliza
dados para 151 bens em 57 países comparativamente aos EUA, em que as distorções
nos preços relativos dos inputs são uma medida do grau de distorção que existe nas
economias devido a controlo de preços, taxas de câmbio no mercado negro,
diferentes impostos e direitos aduaneiros, e que têm impacto no crescimento de longo
prazo. Para o autor, a magnitude desse impacto depende do valor da elasticidade
167
dos factores no crescimento e Bem-Estar são limitados, qualquer que seja a taxa de
distorção.
Figura 11 – Taxas de impostos distorcivas e crescimento, para elasticidades de substituição da produção alternativas (Easterly (1993)) -0,05 -0,01 -0,02 -0,03 -0,04 0,04 0,03 0,02 0,01 0 0,05 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 0,07 0,08 0,09 1 Elasticidade substituição=3,0 Elasticidade substituição=2,0 Elasticidade substituição=5,0
Taxa implícita de imposto sobre o capital Cresci-
mento
Fonte: Easterly (1993)
Os resultados de Easterly (1993), de que os impostos sobre o capital
desaceleram o crescimento, vão ao encontro dos resultados obtidos por Barro (1990),
King e Rebelo (1990) e Jones e Manuelli (1990), com a diferença de que a queda no
crescimento não se deve apenas à diminuição do investimento, mas também à
eficiência do investimento. Easterly (1993) conclui que inputs mais baratos,
nomeadamente inputs intermédios, educação, saúde, investimento em edifícios e
equipamento são favoráveis ao crescimento e, por isso, subsidiar inputs e bens de
investimento favorece o crescimento, apesar dos efeitos negativos no Bem-Estar. Pese
embora o facto da decisão de subsidiar um dos bens de capital à custa de um
imposto sobre o outro reduza o crescimento. No entanto, nada garante que as
variações nos preços seja um bom indicador da grau de distorção na economia, ou
que as alterações nas taxas de impostos se transfira para as variações de preço, sem
ter em conta estas repercussões através do equilíbrio de mercado (Myles (1999): 16).
Plosser (1993) é o autor que encontra a relação negativa mais significativa
entre a taxa de crescimento do PIB per capita e o peso dos impostos sobre o
rendimento no PIB, para os países da OCDE. No entanto, esta relação empírica pode
168
níveis de rendimento, e de acordo com Barro (1991), o rendimento é uma
determinante do crescimento económico. Easterly e Rebelo (1993a)7766 mostram que os efeitos da tributação na taxa de crescimento são difíceis de isolar em termos
empíricos, e que quando incluem o rendimento inicial a relação negativa entre
crescimento e impostos desaparece.
Os autores desenvolvem a análise de Plosser (1993) e, para além de outras
determinantes do crescimento rendimento inicial, inscrições na escola, assassínios, revoluções e mortes em guerra , incluem quatro medidas diferentes das taxas de impostos: taxas estatutárias, peso das receitas fiscais no PIB, taxas marginais de
impostos sobre o rendimento ponderadas pelo rendimento, taxas marginais de uma
regressão entre as receitas fiscais e a base fiscal ( o conceito deste indicador foi obtido
a partir de Koester e Kormendi (1989). A amostra é constituída por 100 países, no
período 1970-88, e é estendida ao período 1870-1988 para 28 países. Easterly e Rebelo
(1993a) concluem, ao efectuarem várias regressões com estas variáveis, que a
evidência que as taxas de impostos importam para o crescimento económico é muito
frágil.
Engen e Skinner (1996) optam por uma metodologia distinta de análise do
efeito da política fiscal no crescimento. Os autores classificam os trabalhos anteriores
que utilizam medidas agregadas de impostos como regressões “top-down” e propõem
o cálculo do efeito da tributação na oferta de trabalho, investimento e produtividade
que designam de “bottom-up”. Os resultados dos autores apontam para um aumento
na taxa de crescimento de 0,22% quando reduzem 5% todas as taxas marginais e 2,5%
as taxas médias.
Em Mendoza, Milesi-Ferretti e Asea (1997) as taxas marginais de impostos são
calculadas conforme propõem Mendoza et al (1994), que seguem uma nova
76 Easterly e Rebelo (1993a) concluem que existe uma relação forte entre nível de desenvolvimento e a estrutura fiscal, uma
vez que os impostos sobre o comércio internacional são mais importantes em países mais pobres e os impostos sobre o rendimento em países mais desenvolvidos. Por outro lado, encontram uma correlação consistente entre investimento em transporte e comunicações e crescimento. Por último, que a política fiscal é influenciada pela dimensão da economia (medida pela sua população), mas que os efeitos dos impostos no crescimento são difíceis de isolar empiricamente.
169
metodologia de cálculo das taxas marginais efectivas agregadas de impostos:
estimam as taxas de impostos ad-valorem que representam os wedges que distorcem
os planos óptimos num enquadramento macroeconómico, de agentes
representativos, construídas através da comparação de rendimento e preços, antes e
depois de impostos77. Os autores mostram que estas estimativas não diferem substancialmente das taxas marginais de impostos ponderadas pelo rendimento. Ao
utilizarem estas taxas marginais de impostos sobre o consumo, rendimentos do trabalho
e do capital (entre outras variáveis explicativas, como o nível de PIB inicial, inscrição no
ensino secundário, peso das compras governamentais no PIB, e alterações nas
relações comerciais) estudam o seu impacto no crescimento do PIB per capita num
painel de médias quinquenais para 18 países da OCDE, no período 1965-91, e
concluem que as únicas variáveis, estatisticamente significativas em todas as
regressões efectuadas, são o rendimento inicial e os termos de troca, enquanto as
taxas de impostos não são estatisticamente significativas para explicar o crescimento.
Esta última conclusão vai ao encontro da conjectura de supraneutralidade de
Harberger: alterações na política fiscal pode afectar as taxas de investimento e
melhorar o Bem-Estar através de ganhos de eficiência, mas não afecta o crescimento.
Harberger (1964b) mostrou que o conjunto de impostos directos e indirectos são pouco
explicativos do crescimento do produto porque os seus efeitos nas taxas de poupança
e investimento não são suficientemente fortes: mesmo que as taxas de poupança
possam aumentar 1 ou 2 pp., a taxa de crescimento do output não aumenta mais do
que 0,1 a 0,2 pp. face a alterações nos impostos. No entanto, os resultados de
Mendoza, Milesi-Ferretti e Asea (1997) evidenciam que o tipo de imposto que os
governos aplicam é importante, sugerindo que os impostos sobre o rendimento são
mais prejudiciais ao crescimento do que os impostos sobre o consumo.
Dissentindo Leibfritz, Thornton e Bibbie (1997) em regressões das taxas médias
77 Muitos dos estudos empíricos sobre as relações entre política fiscal e crescimento económico são desenvolvidos a partir
170
de crescimento para os países da OCDE, entre 1980-95, e três medidas das taxas de
impostos taxa média agregada, taxa média de impostos directos e taxa marginal, concluem que um aumento de 10% nas taxas de impostos geram uma redução no
crescimento de 0,5%, e que a tributação directa reduz o crescimento mais do que a
indirecta.
Zee (1996) analisa, num estudo com dados seccionais, que envolve 24 países
da OCDE e 54 países não pertencentes a esta organização, no período 1975-89, se a
predição teórica de que o nível, estrutura e instabilidade da fiscalidade têm um
impacto negativo na taxa de crescimento. A partir da amostra, Zee (1996) conclui que
não há uma relação estatisticamente significativa do nível, estrutura e instabilidade da
tributação com a taxa de crescimento, com excepção dos Novos Países
Industrializados (NPI) e de África. Para os NPI há uma relação negativa entre cada
uma das três variáveis e a taxa de crescimento, e o coeficiente negativo da
instabilidade fiscal é significativo. No caso de África, há uma relação positiva
significativa do rácio das receitas fiscais médias no PNB e o crescimento. Para Zee
(1996) uma possível interpretação pode ser a «capacidade de um país atingir uma
frequência elevada de nível de impostos que esteja correlacionado com outros
desenvolvimentos macroeconómicos» (Zee (1996): 1667). Esta afirmação vem dar
realce à dificuldade que existe de isolar os efeitos da tributação no crescimento
relativamente a outras variáveis macroeconómicas (Levine e Renelt (1992), Easterly e
Rebelo (1993a)).
Se muita da literatura empírica se centra tradicionalmente na tributação
distorcionária, a partir de uma ou duas medidas agregadas de taxas de impostos (ex:
Koester e Kormendi (1989), Easterly e Rebelo (1993a)), a teoria prevê que os impostos
pagos sobre os rendimentos do capital e do trabalho, consumo e património
potencialmente influenciam de forma diferenciada o crescimento económico. A
diferença entre as predições da teoria e as variáveis de impostos utilizadas na análise
empírica pode ser um dos factores explicativos dos resultados contrastantes de vários
171
marginais de impostos. Conforme refere Barro (1997) as distorções provocadas pelos
impostos «provavelmente são importantes para o crescimento [...] mas a investigação
é importante para obter resultados fidedignos» (p. 120).
Skinner (1987) e Mañas-Antón (1986) estudam o impacto global e de cada
tipo de imposto, directo e indirecto, sobre o crescimento económico e, enquanto
Mañas-Antón (1986) conclui não existir evidência estatística que suporte a existência
de impactos negativos fortes daqueles tipos de impostos, Skinner (1987) conclui que os
impostos sobre o rendimento individual e de empresas têm um efeito muito mais
negativo do que os impostos aduaneiros e sobre vendas, em países africanos.
A tese que a redução de impostos sobre os rendimentos de capitais
favorece o crescimento é, em termos teóricos, relativamente consensual mas, em
termos empíricos, os resultados são divergentes. No entanto, Persson e Tabellinni (1994),
realizam algumas regressões que mostram evidência que suportam a sua tese de que
a desigualdade e, por conseguinte, alterações nas taxas de impostos sobre os
rendimentos de capitais, conduzem a um menor crescimento.
A hipótese de que os impostos sobre o rendimento são retardadores do
crescimento é também patente nos trabalhos de Rebelo (1991), Jones e Manuelli
(1992), Easterly e Rebelo (1993a), Xu (1994) e Turnovsky (1996). Rebelo (1991) aponta
como mecanismo de influência das taxas de impostos sobre os rendimentos de
capitais a redução nas taxas de remuneração das actividades de investimento do
sector privado, o que reduz a taxa de acumulação de capital e o crescimento
económico. Na literatura económica, encontram-se argumentos a favor da redução
ou eliminação das taxas de impostos sobre os rendimentos de capitais como forma de
aumentar o crescimento e Bem-Estar (Chamley (1986), Lucas (1990), Sinn (1985),
Feldstein (1995a)). Lucas (1990) acredita que «nem os ganhos de capital nem nenhum
rendimento proveniente do capital deveria ser tributado» (p. 293) e defende que
«eliminando a tributação sobre o rendimento de capital iria aumentar o stock de
capital em cerca de 35% [...]»e, num período de 10 anos, «tal aumento iria mais do que
172
da taxa de imposto sobre os rendimentos de capitais, ao aumentar a remuneração do