• Nenhum resultado encontrado

O Exmo. Sr. Ministro Francisco Falcão (Relator):

Trata-se de agravo interno contra decisão que não conheceu do agra- vo em recurso especial, por falta de impugnação de fundamentos de negati- va de seguimento ao recurso especial na origem.

Na origem, o recurso especial foi interposto contra acórdão com a seguinte ementa:

AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO COMO AGRAVO INTERNO – APE- LAÇÃO CÍVEL E APELAÇÃO ADESIVA – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULI- DADE DE DECISÃO ADMINISTRATIVA PROFERIDA PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO – AUSÊNCIA DE AMPLA DEFESA E CONTRADITÓ- RIO QUE NÃO SE SUSTENTA – NÃO EVIDENCIADA A PRÁTICA DE QUAL- QUER ILEGALIDADE PELO PODER PÚBLICO NEM MESMO A OCOR- RÊNCIA DE ABUSO DE PODER NA FORMA COMO DESENVOLVIDO O PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE CULMINOU COM A ANULAÇÃO DO CONCURSO PÚBLICO PROMOVIDO PELA PREFEITURA DE SALVADOR DO SUL INVIÁVEL RECONHECER-SE A PRETENSÃO DE ANULAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE TRAMITOU PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO AUSÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES A AL- TERAR A DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA – NÃO HAVENDO RA- ZÕES FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS CAPAZES DE JUSTIFICAR A REFORMA PRETENDIDA IMPERIOSA – A MANUTENÇÃO DA DECISÃO ATACADA NOS TERMOS EM QUE PROFERIDA OBSERVADA A COM- PLEMENTAÇÃO DE FUNDAMENTOS NOS TERMOS DO ART. 1.021 DO CPC/2015 – AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO COMO AGRAVO IN- TERNO E NO MÉRITO DESPROVIDO.

No agravo interno, alega a parte agravante que impugnou os funda- mentos da decisão que negou seguimento ao recurso especial na origem.

voto

O Exmo. Sr. Ministro Francisco Falcão (Relator):

O recurso não merece provimento, pois as alegações da parte agra- vante são insuficientes para modificar a decisão recorrida.

Alega a parte agravante que realizou a impugnação dos óbices de negativa de seguimento ao recurso especial.

Na sua petição de agravo em recurso especial, por sua vez, a parte agravante somente trouxe alegações genéricas a respeito dos óbices. Confor- me entendimento pacífico da Jurisprudência desta Corte, afirmações genéri- cas, são insuficientes, pela sua generalidade, para impugnar os fundamentos específicos da decisão que nega seguimento ao recurso especial na origem.

Nesse sentido, é a jurisprudência:

[...] O agravo que objetiva conferir trânsito ao recurso especial obstado na origem reclama, como requisito objetivo de admissibilidade, a impugnação específica aos fundamentos utilizados para a negativa de seguimento do ape- lo extremo, consoante expressa previsão contida no art. 932, III, do CPC de 2.015 e art. 253, I, do RISTJ, ônus da qual não se desincumbiu a parte insur- gente, sendo insuficiente alegações genéricas de não aplicabilidade do óbice invocado (AgInt-AREsp 1151650/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª T., J. 28.11.2017, DJe 01.12.2017).

[...] Como tem reiteradamente decidido esta Corte, os recursos devem im- pugnar, de maneira específica e pormenorizada, os fundamentos da decisão contra a qual se insurgem, sob pena de vê-los mantidos. Não são suficien- tes meras alegações genéricas sobre as razões que levaram à inadmissão do agravo ou do recurso especial ou a insistência no mérito da controvérsia (AgRg-AREsp 1185164/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., J. 28.11.2017, DJe 07.12.2017).

Para afastar a incidência da Súmula nº 182/STJ, não basta que o recorrente tenha explicitado, de maneira genérica, a desnecessidade do reexame das provas dos autos para a análise da tese suscitada no apelo nobre. Faz-se ne- cessário que o agravante, analiticamente, contraste as conclusões do acórdão combatido com os fundamentos da decisão de inadmissibilidade do recurso especial, demonstrando que, na situação dos autos, a Súmula nº 7/STJ foi aplicada indevidamente (AgInt-AREsp 1070028/SP, Rel. Min. Og Fernandes, 2ª T., J. 17.10.2017, DJe 20.10.2017).

A afirmação de que “a matéria em debate claramente não demanda reexame dos elementos probatórios” revela-se como combate genérico e não específi- co, porque compete à parte agravante demonstrar de que forma a violação aos artigos suscitada nas razões recursais não depende de reanálise do conjunto fático-probatório – deixando claro, por exemplo, que todos os fatos estão devi-

damente consignados no acórdão recorrido (Decisão monocrática no Agravo em Recurso Especial nº 944.910/GO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques). Acrescente-se, ainda, que “a simples menção a normas infraconstitucio- nais, feita de maneira esparsa e assistemática no corpo das razões do apelo nobre, não supre a exigência de fundamentação adequada do Recurso Es- pecial” (AgRg-AREsp 546.084/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T., DJe 04.12.2014).

Com efeito, nas razões do agravo não foi indicado qualquer precedente desta Corte para infirmar o fundamento da decisão agravada que entendeu que a jurisprudência do STJ estaria no mesmo sentido do acórdão recorrido. Verifica-se, portanto, que a impugnação ao fundamento da decisão agrava- da, relativamente à aplicação da Súmula nº 83 do STJ, ocorreu apenas de forma genérica, e não de forma específica. Correto, portanto, o não conheci- mento do agravo em recurso especial com base no disposto no inciso III do art. 932 do CPC/2015 (AgInt-AREsp 1122803/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª T., J. 19.09.2017, DJe 25.09.2017).

Não existindo impugnação à decisão que negou seguimento ao recur- so especial, correta a aplicação do art. 544, § 4º, I, do Código de Processo Civil de 1973 (atual art. 932, III, do Código de Processo Civil de 2015), para não conhecer do agravo nos próprios autos.

Nesse sentido, os seguintes precedentes: AgRg-EREsp 1.387.734/RJ, Corte Especial, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 09.09.2014; e AgRg-EDcl- -EAREsp 402.929/SC, Corte Especial, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe de 27.08.2014; AgInt-AREsp 880.709/PR, 2ª T., Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 17.06.2016; AgRg-AREsp 575.696/MG, 3ª T., Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe de 13.05.2016; AgRg-AREsp 825.588/RJ, 4ª T., Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe de 12.04.2016; AgRg- -REsp 1.575.325/SC, 5ª T., Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 01.06.2016; e, AgRg-EDcl-AREsp 743.800/SC, 6ª T., Relª Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 13.06.2016.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno. É o voto.

Certidão de julGamento