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tipo de remuneração em cooperativas de produção apresenta dificuldades de relêvo, sendo muitos os sistemas

Pr.Q.b.lemas e desperdiciog :

tipo de remuneração em cooperativas de produção apresenta dificuldades de relêvo, sendo muitos os sistemas

experimentados, mas poucos os que resultaram eficazes, de forma a constituir u m dos pilares do sucesso de muitos processos de descoletivização^s

No caso do grupo, desde sua gênese constata-se uma preucupação em nivelar as diferenças econômicas. A determinação de um tempo de trabalho univoco e obrigatório, sem ganhos extras para trabalhos suplementares, visava neutralizar ao máximo possível os desníveis de renda e os conflitos decorrentes. A proposta de pagamento por horas de trabalho aplicado é rejeitada, refletindo principalmente a persistência de conflitos em torno das formas de medição dos horários de trabalho em diversos assentamentos^^.

Em outubro de 1991 foi implementada uma nova forma de r e muneração, baseada na soma de períodos de trabalho alocado, a partir de unidades correspondentes à "meio dia

de trabalho", i.é, o equivalente à quatro horas^®.

Nesse contexto, valeria a pena ressaltar que a equalizaçâo da renda de um grupo coletivo pode significar tanto um aumento de sua coesão, quanto uma fonte de tensões que ajneaçam sua persistência.

Como sugere Neide Esterci, a s a t ^ f a ç ã o de relações solidárias pode ser, muitas v e z e ^ / mais valorizada que indicadores econômicos de produtividade do trabalho

em muitos casos, os pequenos produtores estariam, inclusive, dispostos a aceitar a lentidão imposta pelo

ritmo de trabalho em grupo para tornar mais amena uma

tarefa a ser realizada e explorar a ocasião com o objetivo de estreitar relações s o c i a i s "(1987 : 195).

No caso analisado, entretanto, os baixos Índices de produtividade surgem como um problema capital, indutor de tensões e insatisfações. Ao mesmo tempo, a equalizaçâo da renda parece contribuir para a persistência de rendimentos decrescentes da mão-de-obra, afetando tanto a produtividade quanto a alocação do tempo de trabalho : "Se

estivesse sozinho trabalharia sábado e domingo "{C) . Uma

via de compreensão desta tendência passa pela visualização do papel fundamental desempenhado pela competição no estímulo à produtividade, fator este não absorvido na dinâmica do grupo em foco (BENECKE, 1980).

necessariamente ao tempo de trabalho, constituindo-se antes numa somatória deste e da intensidade e qualidade do trabalho. Além disto, o setor primário propicia uma grande diversidade de situações de trabalho, segundo a sazonalidade agrícola ou os diferentes setores. Sua avaliação parece exigir assim, a adoção de procedimentos mais complexos daqueles a que estamos normalmente habituados. De qualquer forma, a não percepção de lucros diferenciados parece ser u m desincentivo determinante das unidades coletivas fBINSWANGER ET ELGIN, 1989 : 05).

- problemas da esi:>ecialÍ2acão

Da perspectiva do MST, o modelo ideal de cooperativa deveria basear-se na divisão e especialização do trabalho, considerando limitantes os resultados econômicos de processos de produção "artesanais".

Por outro lado, uma das contradições características da produção cooperativizada consiste nas coações impostas pela divisão do trabalho, implicando em tendências à hierarquização e despersonalização^® (BENECKE, 1980 :

107). 0 cultivo da especialização viria, assim, a contrariar as expectativas criadas pela tradição da autonomia camponesa : "a especialização gue o trabalho em

grupo estabelesce, leva não ao sentimento de

desvalorização do trabalho e do "ser colono", mas também à

uma hierarquia interna gue acirra o antagonismo..."

(ZIMMERMANN, 1989 : 163).

Mesmo que "todos os trabalhos sejam considerados

iguais" (dispositivo presente no regimento do grupo),

podemos pressupor que certos tipos de atividade produtiva possam apresentar-se mais interessantes ou menos penosos que outros, e que alguns exijam mais capacitaçao técnica e suscitem mais prestígio, não havendo coincidência perfeita entre interesses e possibilidades

Não se trata aqui de optar entre divisão do trabalho ou globalização dos processos produtivos. Seria certamente pouco realista propor uma cooperativa de produção baseada na produção inteiramente baseada na lógica a r t e sanal. O desafio reside na busca dos métodos mais adequados para se efetivar esta divisão : com ou sem rotatividade de funções, diversidade de opções de trabalho disponíveis, hierarquia no processo de gestão e na distribuição dos benefícios auferidos, etc.

Da mesma forma, os próprios assentados reconhecem que a divisão de trabalho no grupo - a presença do construtor, do apicultor, do professor, do contabilista, etc -, além de fortalescer sua potencialidade econômica, viria reforçar sua independência.

No caso estudado, houve quem defendesse e quem recusasse a especialização do trabalho. Aqueles que

argumentaram a favor da rotatividade, colocaram questOes como a insatisfação com a rotina, o isolamento de algumas tarefas, bem como o interesse por outras atividades.

Praticamente todos os entrevistados demonstraram perceber entretanto, que certos trabalhos poderiam ser considerados mais penosos que outros. Entre os primeiros foi destacada a lavoura, em contraste com a apicultura, o uso de tratores, a suinocultura e a horta. As atividades de direção administrativa e financeira são vistas como vantajosas pelo fato de permitirem xam maior relacionamento social, mais oportunidades de viagens, e menos desgaste físico. Ao mesmo tempo, existe consenso quanto ao reconhecimento de que certas tarefas exigiam mais capacitação profissional que outras, sendo alguns trabalhos da lavoura indicados entre estes últimas.

0 grupo identifica todavia fatores que relativizariam e "compensariam" tais diferenças, a exemplo das trocas de trabalho eventuais entre as equipes, das vantagens da divisão de trabalho - baseada na repartição equitativa da renda apesar das diferenças de qualificação dos mutirões, e finalmente da busca de maior rentabilidade de

setores considerados mais leves (como a apicultura).

A não rotação de tarefas, para alguns, permite um menor desgaste físico e um aprendizado individual mais intenso. Do ponto de vista coletivo, redundaria nuun melhor

aproveitamento dos investimentos grupais, especialmente em capacitação, tornando-o mais competitivo. A rotatividade foi também contestada pelo fato de bloquearíum rendimento adequado do conjunto ■ de setores, em virtude do tempo necessário para se adquirir "experiência" em cada atividade. Deste ponto de vista, a eficiência da cooperativa deveria estar acima dos interesses individuais dos associados.

Cabe destacar ainda, que as opçOes relativas a tipos de atividade são indicadas e sancionadas por assembléia, com base numa avaliação criteriosa de preferências 'e capacidades. A pesquisa de campo indicou entretanto, que nem todas as preferências expressas 2 vem sendo correspondidas. Apesar da-prerrogativa da escolha de uma atividade produtivat consistir "-‘ em direjLto expresso nos estatutos'^’^ , muitas veses sua concretização esbarra, em dificuldades de vulto,, cem detrimento do "interesse próprio" dos assentados. .Mesmo ;os membros "favoráveis à7 rotatividade evitavam discutir Io assunto, >: :e não íS desfrutavam de perspectivas bem definidas para tanto. Esta wfc defasagem parece ter condicionado, inclusive., abandonos ao grupo-*®.

Em síntese, face ao desenvolvimento incipiente de diversas atividades especificas, os problemas advindos da especialização do trabalho permanecem em estado de

latência n o grupo. Ao mesmo tempo, o regime de trabalho aparece c o m o fonte de uma dae p r incipais tensOes do proceaoo de coletivizaçSo agrícola, em . função doa conflitos e m torno da . d e m a n d a • por igualdade o da diferenciação dos trabalhos alocados, b e m como entre a forma do d i s t r i b u i ç ã o das atividades, o interesse próprio e a n e c e s s i d a d e de eficácia empresarial.

5.5 A -propriedade :

O I N C R A prevê a concessfio de uso das áreas de