• Nenhum resultado encontrado

SCA seria composto por uma articulação cooperativa em três níveis : ao menos três cooperativas singulares

NQIAS CAPIIULQ

SCA seria composto por uma articulação cooperativa em três níveis : ao menos três cooperativas singulares

no caso as CPAs -, devem articular-se para formar as

centrais cooperativas, e estas por sua vez formam xima cooperativa de nível terciário : a CNCA^® (veja anexo III) .

As CPAs sao responsáveis pela organização econômica de seus assentamentos, incluindo a produção coletiva, a armazenagem, a infra-estrutura social básica, a aquisição de máquinas e equipamentos, a racionalização de mão-de- obra e os financiamentos (MST, 1991, SCA : 6-7).

As Cooperativas Centrais dos Assentados (CCA) têm por função a organização a nível estadual da economia de seus grupos associados, no que diz respeito ao comércio, ao transporte, ao desenvolvimento de projetos agroindústriais, à organização de um "fundo de crédito rural" e à celebração de convênios com organizações governamentais (MST, 1991 : 6-7). Seus objetivos incluem ainda a aquisição e gestão de máquinas e equipamentos inacessíveis aos seus associados, além da elaboração de projetos conjuntos de desenvolvimento entre os vários gruposi© (MST, 1990b ; 11-12).

Com sede em São Paulo, a CNCA seria responsável pèla coordenação do planejamento global do desenvolvimento econômico do SCA, prevendo também formas mais sistemáticas de assistência técnica, inclusive com a formação de xima escola para suprir a demanda atual de quadros profissionais qualificados, a criação de u m departamento

ifj o Ci <I 1- z Uf <í' <ír c ü> o o <T‘ M M H <t • t r r-> UJ a- ú. >T. Çj õ íji 1 <I K E lü E •J' •• M <í> UJ K O õ O ü. <I íl (T‘ O Z <t c- ct o 1 M M M O X ÜJ A. OM V* cu cm oo «••c o cm wo o 04 ♦ O «O mm N 4 ••• « Om M4 >- 4> «4 ct. «» i.fii a>o oo • coo 4 4 «»MO «.44 O O N OOC ^44 OO 04(. C? •o» #«> 10 ».«I o * •^4> * -• »••c 4 C 4 4 4 C >*« (. 4 X 4 » 4 »• U A II II u «C U1 P* O 3 <A O 4 O 4» C c 4 1. • V) 4 ♦> c O 4 4 ♦> V L O u 4 -m* V O C m 4 «C ttí m II tl II 0> O) %> K lU CO

Obs : As ’cooperatiyas de cotercializaçSo* podei associar diversos assentateotos, o u espaço regional.

de estudos econômicos, a gestão de atividades de exportação ou importação, a representação de interesses e amparo jurídico do sistema, e a captação de linhas de crédito e de repasse de recursos (MST, 1991 : 6-7). Disporia assim, pelo seu escop>o e natureza jurídica, de um maior lastro de negociação com as instituições governamentais e os bancos.

Dentre as metas aprovadas para o SCA, encontra-se o desenvolvimento da produção agropecuária e agroindustrial em maior escala, a mecanização agrícola, a centralização da comercialização, um melhor aproveitamento da mão-de- obra, o estímulo à criação de agrovilas, a introdução de técnicas e sistemas de produção com maior produtividade física das áreas, o aumento da renda de seus associados, a busca de produtos e mercados de maior rentabilidade, a realização de convênios para a assistência agronômica, administrativa e contábil, e a criação de um "fxindo de crédito rural" (OP.CIT, 1991 : 15).

Uma das primeiras dificuldades da implementação do sistema reside na carência de recursos para a montagem de sua infra-estrutura administrativa. Outro impasse está representado pelo fato das CPAs carecerem de regulamentação jurídica específica, para além da existência da Lei n.5.764, de 16 de dezembro de 1971, que

tem definido os limites da política nacional de cooperativismo (OP. CIT : 20).

3 . 2 Q r i g e J L i i a C o O P e r a C S n A g r í c o l a

Formas mais simples de associativismo, como o mutirão e a "troca de dia de serviço", encontram-se na trajetória dos assentados antes mesmo da formação do MST (BONIM,

1987), e são parte de uma tradição camponesa mais genérica^o.

Para BONIM ET AL. a "comunidade camponesa" já estaria presente nas trajetórias destes sem-terra, através dessas formas simples de cooperação (1987 : 93). Na opinião de Neide Esterci, por outro lado, deveríamos contestar a hipótese de que formas de solidariedade como o mutirão expressam um "ethos comunitário" do camponês, que o predisporia à u m tipo de organização econômica baseada na coletivização da posse da terra (1987 : 195-197). Ao que parece, o uso de formas simples de CA tem sido tradicionalmente vinculado, e portanto compatível, à organização familiar da produção. Não explica por si só, portanto - e concordando com Esterci-, a opção pela cooperação na produção.

Seja como for, a trajetória específica dos sem-terra engendrou experiências associativas peculiares, e vários

sfio os fatores que contextuaiizam e explicam sua emergência.

A necessidade de estratégias mais elaboradas de cooperação agrícola entre os assentados teria surgido sobretudo pela influência do MST. Em seus primórdios, as demandas deste se pautavam no modelo de organização familiar da produção, voltado para o suprimento de alimentos para o mercado interno ÍGAIGER, 1987).

A cooperação começa a ser esboçada com a formação do movimento no Estado, por volta de 1983, tendo como referência as primeiras experiências de CA em assentamentos sediadas no RS ("Nova Ronda A l t a ‘‘2i e "Novo H o l a n d ê s " ).

Teria surgido a partir do consenso sobre a inviabilidade da pequena propriedade convencional (não associativa) no sistema capitalista vigente, e sobre as vantagens da economia de escala. Além disto, o caráter coletivo do trabalho e da posse da terra aparecia como uma forma "superior" em contraposição ao caráter "individualista" do capitalismo.

As cartilhas do MST sobre CA, lançadas desde 1986 nos acampamentos, os seminários e cursos, e as visitas às experiências coletivas no RS, parecem ter sido os principais vetores de disseminação da proposta.

inicialmente a introdução sistemática da CA nos assentamentos, já que nâo dispunha de propostas bem elaboradas para tanto(MST, 1989 : 07). A idéia de CA permanecia vaga e presente apenas numa parcela de seus militantes. Para a maioria dos sem-terra que participaram das ocupaçOes, a proposta surgiu apenas na fase dos acampamentos. Nestes, o MST parece ter colaborado incisivamente para a difusão da CA : "todo o trabalho gue se fazia nos acampamentos era uma política de socializar a

terra "(V2 )2 2_

Posteriormente o setor público decide teonbém estimular a prática da CA, embora de forma ambígua. Inicialmente as prerrogativas do INCRA/SC determinavam critérios para a seleçcLo de beneficiários que não levavam em conta a existência dos agrupamentos formados. Em função de alguns problemas acarretados^s, e como sugestão do MST, os critérios passarsim a privelegiar o assentamento de grupos de CA.

Entre as diretrizes estipuladas para a implementação da reforma agrária no Estado, reiterada em diversos documentos governamentais, está o "apoio preferencial à cooperação agrícola e às formas associativas de ação nos

assentamentos" (MIRAD, 1988 : 02)24. Teria por função

maximizar as receitas, racionalizar a exploração de recursos e a preservação do meio ambiente, e permitir uma

organizaçSo competitiva em moldes empresariais.

A CA parece facilitar o trabalho administrativo do setor público, assumindo xima parte de suas atribuiçOes, e agilizando as negociações (pelo fato de reduzir o universo dos beneficiários à representação de suas entidades). Por outro lado, os agentes públicos muitas vezes apostam nas vantagens da CA, demonstrando interesse na viabilização dos assentamentos. Além disso, o MST passa a pressionar sistematicamente o setor em prol da "não pulverização"2 6 ^ i.é., da concentração de recursos nos grupos de CA mais dinâmicos.

A viabilização de créditos e as ações de capacitação, passam a se vincular prioritariamente à dinamização da CA

(INCRA, 1990 : 58-62 e RELATORIO PROCERA PARA BNDES - 1988 e 1989). Além disso, os bens de posse coletiva financiados não são, ao contrário dos demais, ressarcidos ao Estado.

A priorização dos grupos cooperados levou à multiplicação de formas de CA nos assentamentos - o que é confirmado por FRANCO (OP.CIT. : 195-196). Esta multiplicação entretanto não tem garantido consistência às iniciativas, sendo frequentes as dissoluções de grupos que simularam a organização cooperada meramente para usufruir de recursos adicionais. Desta forma, o associativismo aparece como "...muito mais uma estratégia de acesso a novos investimentos e tecnologias do que uma forma de se

evitar o assalariamento ou de usufruir da cooperação complexa‘\ h k m O X , 1992 : 226).

A inconsistência dos estímulos governamentais à criação de formas CA mais eficazes é reconhecida no fato de que "a quase totalidade dos Projetos de Assentamento implantados no Estado foram concebidos preconizando-se a forma de exploração individual das parcelas. ..

IBID : 59).

Além disso, a estratégia de "não pulverização" passa a questionar, entre os demais assentados, a legitimidade do movimento e de parte de suas l i d e r a n ç a s ® ^ (FRANCO, IBID : 199). E passa a acarretar controvérsias entre o MST e certos setores do Estado preocupados com a igualdade de oportunidades entre os assentados.

Finalmente, estudos sobre o desempenho de diferentes associações demonstram* que "...o volume de recursos

alocados não guarda ■ relação direta à renda obtida"

(LANNOY, OP.CIT. : r216), ;podendo inibir a utilização . maisnr adequada-dos recursos locais, o que viria a questionar .aar e f i c á c i a ’econômica .<da "rião pulverização’’2®.

Outros fatores'entretanto,atambém tem condicionado .a predisposição à CA. Além do papel ambíguo exercido pelo setor -.público, a Igreja parece ter influenciado na preservação de uma atitude receptiva face à idéia de cooperação, fomenteindo valores como a "compartilha", a

"fraternidade" e a "ajuda-mútua" (GAIGER, OP.CIT. : 26 e LISBOA, OP.CIT.). Esta influência adquire peso na medida em que boa parte dos pioneiros do movimento eram membros de suas Pastorais.

A organização coletiva das ocupações e acampamentos, e as interações concretas que ali tiveram lugar, parecem ter influenciado a conformação da CA. As comissões para trabalhos e serviços específicos, os grupos de barraco, as assembléias e outras formas de organização, estimularam a ajuda mútua, a identidade comum e a solidariedade ÍLISBOA, 1988). As frequentes reuniões passam a se constituir num espaço privelegiado para a aquisição de informações e para o debate em torno da cooperação : ..nós fasia sempre as

reunião Cinco, seis barraco se reunia e discutia

problema do acampamento e aproveitava Já colocá no sentido de trabalhá coletivo, né"iX).

As carências e desvantagens de um plantio individualizado, aliado aos fatores de homogeneização, como a presença de parentes, vizinhos e amigos e os hábitos comuns, parecem ter também contado. O "morar junto" já demostraria algumas vantagens de dividir as despesas e os instrumentos de trabalho. E os parcos recursos disponíveis estimulavam a divisão dos investimentos e ao trabalho coletivo. Em alguns casos, o próprio meio ambiente natural induziu o processo de

coletivização. Assim, por exemplo, ntun acsunpamento em Sede Ribeiro, município de Faxinai dos Guedes, dada a escassez da terra, seicentas famílias teriam sido levadas a trabalharem-na em conjunto. '

De forma mais genérica, o surgimento do associativismo pode ser analisado também como expressão de uma política de reforma agrária limitada e incapaz de suprir as necessidades mais prementes dos assentamentos. A precariedade quase absoluta das condições de vida dos assentados parece ter reforçado a busca de soluções cooperat i v a s .

Por outro lado, desde sua origem nos acampamentos, a proposta associativa já sofre resistências, sendo recebida com reservas até entre alguns de seus líderes. Boa parte destas resistências parecem residir na valorização da autonomia camponesa, bem como nas deficiências de escolarização e informação. Ao que parece, quanto maior a vivência nos acampamentos, maiores teriam sido as possibilidades de quebra destas r e s i s t ê n c i a s ^ ©, em função dos debates e experiências ali concentradas.

Além disto, muitos dos fatores que motivaram ou exigiram a formação de grupos associativos nos acampamentos não persistiram com a criação dos assentamentos definitivos. Com a posse de lotes individuais assegurada, constata-se uma tendência ao

■'retorno“ a formas de organizaçSo da produção mais habituais, baseadas em unidades familiares. Estas passam a prevalescer na maioria dos assentamentos.

0 elemento de ruptura com a legalidade vigente,