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PARTE II GESTÃO AMBIENTAL NA REFORMA AGRÁRIA

4. QUESTÃO AMBIENTAL NA REFORMA AGRÁRIA

5.1 PROJETOS DE ASSENTAMENTO E PROJETOS AGRO-EXTRATIVISTAS

5.1.3 Renda e Qualidade de Vida

Na maioria dos lotes, as atividades agrícolas e pecuárias são voltadas apenas para a subsistência das famílias, sendo desenvolvidas estritamente para essa finalidade em 53% e 40% dos lotes57, respectivamente (Gráfico 5.15). Esse fato é observado com mais intensidade nos assentamentos de Goiás e Minas Gerais. No PA Carro Quebrado, por exemplo, a produção agrícola de todos os entrevistados é direcionada apenas para a subsistência. Outras atividades, como o extrativismo, a caça e a pesca, também são praticadas para a subsistência das famílias. 53% 40% 13% 21% 40% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Atividades desenvolvidas no lote direcionadas apenas à subsistência das famílias

Agricultura Pecuária Extrativismo Caça Pesca

Gráfico 5.15 – Atividades desenvolvidas no lote direcionadas apenas para a subsistência das famílias.

Conforme pode ser verificado no Gráfico 5.16, as duas fontes que mais aparecem como principal fonte de renda não estão ligadas às atividades desenvolvidas dentro do lote. A fonte que mais aparece como principal é pensão ou aposentadoria, sendo a mais importante para 23,6% das famílias. A segunda que mais se destaca é a prestação de serviço no campo ou na cidade, representando a maior fonte de renda para 21,4% dos assentados.

57

Para o cálculo percentual sobre as fontes de renda e subsistência das famílias, deve-se considerar a amostra total com 89 assentados entrevistados. Houve falhas no preenchimento das respostas à pergunta referente a esse item e, por isso, 11 questionários tiveram que ser desconsiderados.

A agricultura, embora seja muitas vezes voltada apenas para a subsistência, destaca-se como principal fonte de renda em 15,7% dos lotes. Por outro lado, a pecuária representa a maior fonte de renda para 10,1% das famílias. O extrativismo também aparece como a maior fonte de renda para 13,5% das famílias, sendo quase todas elas assentadas no PAE Equador. No PAE Porto Rico, embora seja um assentamento também voltado para o extrativismo, essa atividade não aparece como principal fonte de renda para nenhuma das famílias que responderam.

A bolsa-família entra como renda principal para 6,7% das famílias, todas essas assentadas em Goiás e Minas Gerais. Para 4,5% dos assentados, a principal fonte de renda vem da produção de farinha e/ou queijo no próprio lote. Na categoria “outros”, visualizada no Gráfico 5.16, estão inseridas famílias que têm como principal fonte de renda: o seguro- desemprego, o salário do sindicato, o valor de um imóvel que vendeu e a atividade de pesca.

23,6% 21,4% 15,7% 13,5% 10,1% 6,7% 4,5% 4,5%

Pensão ou Aposentadoria Prestação de Serviço

Agricultura Extrativismo

Pecuária Bolsa-família

Produção de farinha e/ou queijo Outros

Gráfico 5.16 – Principal fonte de renda das famílias.

Como segunda maior fonte de renda, a pecuária destaca-se em primeiro lugar (31,5%), a prestação de serviço no campo ou na cidade aparece em segundo (15,7%) e a bolsa-família encontra-se em terceiro lugar (9,0%). Aproximadamente 21% das famílias não têm nenhuma segunda fonte de renda (Gráfico 5.17).

4,5% 15,7% 2,3% 31,5% 1,1% 9,0% 2,3% 11,2% 1,1% 21,3%

Pensão ou Aposentadoria Prestação de Serviço

Extrativismo Pecuária

Artesanato Bolsa-família

Produção de farinha e/ou queijo Agricultura

Exploração Madeireira Não tem 2ª fonte de renda

Gráfico 5.17 – Segunda maior fonte de renda das famílias.

A pecuária (12,3%), a agricultura (10,1%) e a prestação de serviço no campo e na cidade (7,9%) destacam-se como terceira maior fonte de renda, conforme pode ser visualizado no Gráfico 5.18. Entretanto, um percentual significativo (56,2%) das famílias não tem nenhuma terceira fonte de renda.

1,1% 10,1% 4,5% 7,9% 2,3% 4,5% 12,3% 1,1% 56,2%

Pensão ou Aposentadoria Agricultura

Extrativismo Prestação de Serviço

Artesanato Bolsa-família

Pecuária Produção de farinha e/ou queijo

Não tem 3ª fonte de renda

Em relação ao atendimento das necessidades básicas da família, 47% dos entrevistados disseram que a renda familiar está sendo suficiente para cobrir os gastos sem, no entanto, gerar algum excedente. Para um percentual significativo (44%), a renda familiar está sendo insuficiente para atender as necessidades básicas das famílias. Apenas para 9% dos assentados a renda familiar está gerando algum excedente. Em todos os assentamentos, exceto no PA Brejinho, pelo menos um assentado disse estar nessa última situação. O PA Carro Quebrado foi o que teve um maior número de assentados com renda insuficiente (Gráfico 5.19)

A avaliação da renda familiar como suficiente ou não para o atendimento das necessidades é baseada em critérios subjetivos. Às vezes, uma determinada renda para uma família numerosa pode ser considerada suficiente, enquanto que essa mesma renda para uma outra com menor número de membros pode ser insuficiente. Isso decorre das diferentes percepções que cada família tem a respeito do sejam as suas reais necessidades. Em função disso, nesse trabalho preferiu-se perguntar sobre essa percepção dos entrevistados, do que obter o valor monetário dessa renda e tentar avaliar por meio de critérios objetivos a situação econômica das famílias.

2 7 2 4 6 1 2 3 2 10 9 2 10 10 8 11 1 8 1 1 0 5 10 15 20 25 PAE Equador PAE Porto Rico PA Princesa PA Zaqueu Machado PA Brejinho PA Mingau PA Carro Quebrado

Renda Insuficiente Renda suficiente sem gerar excedente

Renda suficiente e gera excedente

Gráfico 5.19 – Renda familiar em relação ao atendimento das necessidades básicas.

Apesar do elevado percentual de assentados com renda insuficiente, a grande maioria (79%) afirma que houve uma melhoria na qualidade de vida após terem vindo para o assentamento. Por outro lado, a qualidade de vida, na opinião de 9% dos entrevistados piorou e para 12% continuou igual a que tinham antes. Em nenhum dos projetos agro-extrativistas e no PA Princesa, houve assentado que afirmou que a qualidade de vida piorou (Gráfico 5.20). De um modo geral, muitos quando falam da melhoria da qualidade de vida, dizem que a vida ficou mais tranqüila e que agora eles têm um lugar melhor para morar. Aqueles que acham que a qualidade de vida está pior, em geral, atribuem as causas às dificuldades em obter renda e à falta de estrutura do assentamento em que vivem.

1 10 2 9 1 6 1 17 3 2 16 2 5 12 3 9 1 0 5 10 15 20 25 PAE Equador PAE Porto Rico PA Princesa PA Zaqueu Machado PA Brejinho PA Mingau PA Carro Quebrado

Igual Melhor Pior

Gráfico 5.20 – Qualidade de vida atual em relação a que a família tinha antes de vir para o assentamento.