• Nenhum resultado encontrado

RESEX EXTRATIVISTA DE SÃO JOÃO DA PONTA: ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS

GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM ÁREA DE PROTEÇÃO MARINHA: RESEX MARINHA DE SÃO JOÃO DA PONTA

PERSPECTIVAS CONCEITUAIS

3. RESEX EXTRATIVISTA DE SÃO JOÃO DA PONTA: ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS

A RESEX Marinha de São João da Ponta (Figura 1), unidade de Conservação (UC) com jurisdição legal da Amazônia Legal, trata-se de um ambiente que possui um bioma marinho costeiro, com um território composto por populações extrativistas tradicionais. Anteriormente à sua criação, houve, em 1984, um povoamento no local que posteriormente se con gurou no município de São Caetano de Odivelas. A sua emancipação ocorreu no ano de 1995.

GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM ÁREA DE PROTEÇÃO MARINHA: RESEX MARINHA DE SÃO JOÃO DA PONTA

Figura 1 - Mapa de Localização da RESEX São João da Ponta - PA

Fonte: IBGE (2010). Autoria: equipe de pesquisa. Produção: Danusa Rocha.

A RESEX de São João da Ponta – espacializada na Figura 1 – está localizada no nordeste paraense. Incidem sobre o território da UC os municípios de Curuçá (3,38%), São Caetano de Odivelas (5,13%) e São João da Ponta, com 97, 64% da área total dos 3.203,00ha (IBGE). Como se depreende de ICMBIO (2010), ela foi criada por meio do Decreto s/nº de 13 de dezembro de 2002.

A RESEX Marinha de São João da Ponta foi criada a partir da mobilização participativa das comunidades com apoio da igreja católica e de alguns parceiros institucionais (TEISSERENC, 2014). A UC possui como órgão gestor o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBIO) e, atualmente, incidem sobre seu território as comunidades de Aires, Acu, Jacarequara, Coqueiro, Umariteua, Brasilândia, Deolândia, Boa Vista, São Francisco, Porto Grande, Guaruma Pucu, Guarajuba, Guarajubinha, Guarajubinha 2. Tem predominância de vegetação típica de manguezal, ambiente ecológico explorado pela maior parte da comunidade local para subsistência e comercialização do caranguejo.

A RESEX será considerada a partir da

[...] ideia de uma área historicamente ocupada por populações que se utilizam de produtos orestais para subsistência e comercialização, dependentes da utilização de produtos nativos da oresta e realizam uma exploração ecologicamente sustentada (ALLEGRETTI, 2008, p. 17).

Essa UC foi ocupada, historicamente, por populações que se utilizam de produtos orestais. Com o passar dos anos, tais comunidades adquirem notabilidade em virtude da mobilização e do engajamento dos seus representantes em movimentos que priorizam a valorização e o desenvolvimento local. Como efeito, ter-se-á uma série de acontecimentos favoráveis com apoio de parceiros institucionais (universidades, instituições públicas, igreja católica, entre outras) que objetivam contribuir na resolução de demandas sociais, econômicas, ambientais e políticas públicas direcionadas à realidade tipicamente amazônida.

Este foi um trabalho que oportunizou uma mudança importante em termos de desenvolvimento da Reserva. Porém, com a ressalva de que ainda há muito a ser feito no sentido do reconhecimento das competências produtivas e da qualidade de vida nas comunidades. Adverte-se que, ao tratar-se do município de São João da Ponta (Figura 2), este requer maior

GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM ÁREA DE PROTEÇÃO MARINHA: RESEX MARINHA DE SÃO JOÃO DA PONTA

atenção, por apresentar elevada incidência sobre o território da UC ocupado por populações extrativistas tradicionais cuja subsistência é basicamente a do extrativismo.

Figura 2 - Mapa de Localização do Município de São João da Ponta-PA

Fonte: IBGE (2010). Autoria: equipe de pesquisa.

Produção: Danusa Rocha.

O município de São João da Ponta está espacializado na Figura 2, no qual é possível observar que ele está localizado na mesorregião do nordeste paraense e microrregião do salgado. Possui localização central na latitude 00°50’59’’sul e longitude 47°55’12’’oeste, com altitude de 34 m em relação ao nível do mar. Limita-se ao norte e oeste com o município de São Caetano de Odivelas, ao sul com os municípios de Terra Alta e São Caetano de Odivelas e a leste com os municípios de Terra Alta e Curuçá. Apresenta como acesso principal a rodovia 136 (Rodovia Castanhal - Curuçá) e PA-375 e possui clima equatorial quente e úmido, característico da região.

Segundo o IBGE, foi elevado à categoria de município com a denominação de São João da Ponta pela lei estadual nº 5920, de 27-12-1995, desmembrado de São Caetano de Odivelas, sendo este então sede no antigo distrito de São João da Ponta. Em divisão territorial datada de 15-VII-1997, o município é constituído do distrito-sede.

O município em questão possui uma área de aproximadamente 230 km e uma população de 3.877 (IBGE, 2010), informação que é contestada pela prefeitura local que, conforme levantamentos preliminares, conta com uma população de aproximadamente 6.150 habitantes. Os cidadãos pontenses (Gentílico: são joãopontenses ou pontenses) notavam divergências quanto ao desinteresse de seguidas administrações de São Caetano de Odivelas por aqueles que habitavam o então território correspondente ao atual município de São João da Ponta. Isso ocorria, por exemplo, quando muitos serviços eram reivindicados, como posto de saúde, estradas, escolas, creches entre outros fundamentais à cidadania, porém sem sucesso.

Dessa maneira, a ausência dessas e outras contemplações sociais acabaram contribuindo para a busca pela emancipação municipal. Tal construção se deu por meio de parcerias deliberativas nas comunidades tradicionais dentro de uma perspectiva ambientalista. A partir de então, faz sentido se falar em governança territorial ambiental. Entre as comunidades que compõem o município de São Caetano de Odivelas, encontra-se a de São Francisco (Figura 3), a qual é composta por aproximadamente 50 famílias, que contaram com o apoio do PNRA/INCRA para a construção de suas casas. A maioria dos moradores utiliza os recursos pesqueiros da RESEX, assim como da agricultura, porém com menor expressão.

GOVERNANÇA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM ÁREA DE PROTEÇÃO MARINHA: RESEX MARINHA DE SÃO JOÃO DA PONTA

Figura 3 - Uso e cobertura do solo da comunidade de São Francisco-PA

Fonte: IBGE (2010). Autoria: equipe de pesquisa.

Produção: Danusa Rocha.

A Figura 3 traz a espacialização da cobertura e uso do solo da comunidade, o qual facilita o entendimento dos recursos ambientais, assim como a sua aptidão para a comercialização local; entre os produtos, está o caranguejo, de maior expressividade, seguido da produção de mandioca, açaí e frutos nativos.