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RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PUBLICIDADE ABUSIVA DE AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por estar incorporada ao contrato, a publicidade a ele se vincula e caso não cumprida pode gerar responsabilização civil solidária (art. 7º, parágrafo único, do CDC)211 de todos os atores envolvidos, seja o fornecedor, a agência de publicidade ou mesmo os veículos de comunicação 212.

205 REsp 1.060.515, ementa, Rel. Des. Convocado Honildo Amaral de Mello Castro, Quarta Turma, julgado em

04/05/2010, DJe 24/05/2010; REsp 1.060.515, voto do relator, Des. Convocado Honildo Amaral de Mello Castro, Quarta Turma, julgado em 04/05/2010, DJe 24/05/2010; REsp 1.094.218/DF, voto vencido do ministro Castro Meira, Rel. Min. Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 25/08/2010, DJe 12/04/2011: “De acordo com a técnica do diálogo das fontes, deve haver uma coordenação flexível e útil entre os preceitos normativos, com a finalidade de restabelecer a coerência do sistema. Assim, ao invés de se ter apenas o monólogo legal sobre determinada situação concreta, admite-se o diálogo entre as normas aparentemente conflitantes, por meio da fixação dos campos de aplicação dos preceitos normativos cotejados, buscando-se extrair a finalidade "comunicada" em ambos”.

206 PINTO, Luiz Rodrigo Vardânega Vidal. Op. cit.: “O Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária define

a publicidade comercial como toda atividade destinada a estimular o consumo de bens e serviços, bem como promover instituições, conceitos ou ideias, incluindo nesta definição a publicidade governamental e o merchandising”.

207 CABRAL, André Luiz Cavalcanti. Aspectos jurídicos da publicidade. João Pessoa, jan./jun. 2003. Disponível em:

https://core.ac.uk/download/pdf/25928709.pdf. Acesso em: 22 de abr. de 2019, p. 134.

208 TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito do Consumidor: direito material e

processual. 5 ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2016, p. 307-308 apud NISHIYAMA, Adolfo Mamoru. A proteção constitucional do consumidor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 214-215.

209 TARTUCE, Flávio. Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 402. 210 MARQUES, Claudia Lima. O “diálogo das fontes" como método da nova teoria geral do direito: um tributo a Erik

Jayme. In: MARQUES, Claudia Lima (Org.). Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 61.

211 NUNES, Rizzatto. Curso de direito do Consumidor. 7ª edição. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 585.

212 DIAS, Lucia Ancona Lopez de Magalhães. A publicidade no Código de Defesa do Consumidor: aspectos jurídicos

centrais e desafios analíticos. Revista do Advogado, São Paulo, n.130, p. 6877, ago. 2016 apud BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. Disponível em: https://www.aasp. org.br/educacional/publicacoes/revista- do-advogado/. Acesso em: 23 abr. 2019 p. 75-76.

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 55692-55831 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Uma das modalidades de reparação é a contrapropaganda213 a ser implementada de igual forma e com a mesma frequência e dimensão da propriedade abusiva214. No que se refere ao objetivo específico deste trabalho, no sentido da verificação da existência e eventual vinculação das entidades de ensino do Distrito Federal às açòes de publicidade, imprescindível o catálogo e a análise das ações afirmadas.

13 INTERNACIONALIZAÇÃO DO DIREITO

A realidade do direito nacional frente a grandes corporações muitas vezes não se mostra suficiente para tornar imperiosa determinadas formas de conduta empresarial.

Certo é que a responsabilidade social deve ser voluntária, mas políticas públicas implementadas por Estados muitas vezes trazem obrigações para entidades privadas no que se refere a possíveis ações com reflexos sociais. As normas jurídicas podem ter a função de incentivar a responsabilidade social de empresas. A internacionalização dos negócios em uma sociedade cada vez mais complexa impõe o surgimento de novas formas de regramento que ultrapassam as fronteiras dos Estados215.

As diretrizes internacionais que possuem o objetivo de implementar as ações de empresas nas áreas sociais, ambientais e éticas são fruto da atuação de diversos organismos internacionais que enunciam várias diretrizes216. O mercado quebra facilmente a fronteira entre os países, sendo que regulamentações globais, ainda que decorrentes de soft law, já são um indicativo para punir empresas socialmente irresponsáveis217.

213 Art. 60 do CDC: “A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de

publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do infrator. § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva”.

214 NUNES, Rizzatto. Ibidem, p. 588.

215 GAMEIRO, Adriano Moreira. O direito transnacional como possível agente fomentador da responsabilidade social

das empresas. Confluências, vol. 12, n. 2. Niterói: PPGSD-UFF, outubro de 2012. Disponível em: http://periodicos.uff.br/confluencias_teste/article/view/20108/11781 Acesso em: 08 de maio de 2019, p. 32

216 SILVA, Alice Rocha da; FIRME, Telma, op. cit., p. 695-696: “Nesse cenário, utilizaram como base intensivas

consultas a amplo elenco de parceiros e partes interessadas, incluindo-se aí todos os países do G20, inclusive os não aderentes, em situação de igualdade, e, ainda, participantes na Ásia, África, América Latina, Oriente Médio e Norte da África. Além disso, representaram os pontos de vista das empresas o Comitê Consultivo de Negócio e Indústria da OCDE, o Comitê Consultivo Sindical da OCDE e a OECD Watch; e outros segmentos interessados como organizações de trabalhadores e ONGs.”

217 DE SOUSA, Marisa Jaconini, A responsabilidade social de empresas privadas como novo elemento na dinâmica

democrática do Brasil, 2010, Tese de monografia (título de Especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais), Universidade Federal de Minas Gerais, Disponível em: http://www.secretariadegoverno.gov.br/.arquivos/monografias/Marisa%20Jacomini%20de%20Sousa.pdf. Acesso em: 07 de maio de 2019, p. 15.

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 55692-55831 aug. 2020. ISSN 2525-8761

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma entidade internacional intergovernamental, da qual fazem parte as nações ditas mais desenvolvidas, sendo que o Brasil, embora não seja membro da entidade, aderiu aos seus princípios218.

E esses princípios muitas vezes trazem regras de condutas que fazem com que as empresas se comportem de determinada maneira, ainda que não exigidas formas específicas de agir pelos entes estatais soberanos, nos territórios em que as entidades empresárias atuam.

14 A RELAÇÃO ENTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA E