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Responsabilidade nas relações de consumo

Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a infração só pode ser constatada se houver a

6. Responsabilidade nas relações de consumo

Esta previsão se encontra no art . 113 do CTB, que certamente lá está pelo excesso de zelo do legislador . Em nada mudaria a legislação de trânsito se lá não estivesse, uma vez que a responsabilidade pelos danos sofridos em uma relação de consumo é regida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), nos mesmos termos apresentados no CTB .

Vejamos a redação do referido dispositivo:

“Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encarroçadoras e fabricantes de veículos e autopeças

são responsáveis civil e criminalmente por danos causados aos usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e equipamentos utilizados na sua fabricação .”

No desmembramento do dispositivo fica fácil a sua análise, a partir das seguintes considerações:

a) Quem pode ser responsabilizado a partir do art . 113 do CTB?

• Os importadores; • As montadoras; • As encarroçadoras; • Fabricantes de veículos; • Autopeças .

Ou seja, sempre uma pessoa jurídica fornecedora .

b) Que tipo de responsabilização prega o dispositivo?

Responsabilidade civil e criminal .

Não se preocupou o legislador de puni-los administrativamente, que é a regra no CTB .

Cabe observar que o nosso ordenamento jurídico apenas vislumbra a responsabilidade criminal da pessoa jurídica em virtude de danos causados ao meio ambiente, com isso, do rol elencado acima, a preocupação maior do legislador foi com a responsabilidade civil .

A fim de ilustrar o exposto, a responsabilidade criminal está prevista na Lei nº 9 .605/1998 e no art . 225, § 3º, da CRFB, conforme transcrito abaixo:

“Art. 225, § 3º, da CRFB: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão

os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados .”

“Art. 3º Lei nº 9.605/1998: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e

penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade .

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,

No que se refere à responsabilidade civil o CDC, em seus arts . 12 e 18 são fornecidas as informações necessárias para entendermos a abrangência do dispositivo .

Em primeiro lugar, pela disparidade de forças entre o cidadão e o empresário, pela dificuldade que o usuário teria de provar suas alegações, o CDC trata do tema como responsabilidade objetiva, ou seja, basta que o proprietário do veículo, na petição inicial, mostre que o dano sofrido está ligado a um defeito de fabricação ou montagem, sem, contudo, mencionar os detalhes técnicos de funcionamento da peça causadora do defeito . No caso exposto, cabe a pessoa jurídica fornecedora, durante a sua contestação, provar o equívoco na alegação do consumidor .

É possível inferirmos também dos dispositivos do CDC que basta ele acionar o fornecedor do produto, que este sim, conhecedor de quem efetivamente fabricou o produto defeituoso, pode mover uma ação regressiva em face do fabricante, em virtude de sua responsabilidade solidária . Veja a seguir os artigos do CDC, que tratam do tema:

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos .

§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera,

levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I – sua apresentação;

II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi colocado em circulação .

§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido

colocado no mercado .

§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando

provar:

I – que não colocou o produto no mercado;

II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro .”

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem

solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas .

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,

alternativamente e à sua escolha:

II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de

eventuais perdas e danos;

III – o abatimento proporcional do preço .

§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo

anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias . Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor .

§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre

que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial .

§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo

possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo .

§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o

fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor .

§ 6º São impróprios ao uso e consumo:

I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,

fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;

III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam .” c) Qual o evento que dá o direito a reclamação?

Danos causados aos usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais e equipamentos utilizados na sua fabricação .

d) Quem são os ofendidos?

Usuários, terceiros e o meio ambiente, ou seja, o comprador ou a sociedade de forma geral .