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Legislação Relativa ao DPRF Parte 2 Prof. Leandro Macedo

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Policial Rodoviário Federal

Legislação Relativa ao DPRF – Parte 2

Prof. Leandro Macedo

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(5)

MÓDULO 4

Introdução . . . . 7

1 Conceitos de Registro e Licenciamento . . . . 7

2 Competência para expedição . . . . 8

3 Pontos de contato . . . . 8

4 Transitando com veículos 0 Km . . . . 9

5 Padronização do documento . . . . 11

6 Novo registro . . . . 11

7 Documentos exigidos para registrar um veículo . . . . 13

8 Um passeio pelo CTB . . . . 14

9 Entendendo a Resolução nº 110/00 do CONTRAN . . . . 15

10 Infrações correspondentes . . . . 16

11 Jurisprudência . . . . 18

12 Medidas Administrativas e Penalidades . . . . 18

13 Poder de Polícia de Trânsito . . . . 19

14 Formas de atuação do Poder de Polícia . . . . 20

15 Atribuições para aplicação de sanções de Trânsito . . . . 24

16 Medidas administrativas e penalidades . . . . 24

17 Penalidades . . . . 25

18 Medidas administrativas . . . . 36

19 Acúmulo de penalidades . . . . 41

(6)

MÓDULO 5

Introdução . . . . 47

1 Educação para o trânsito . . . . 47

2 Educação para o trânsito - CTB . . . . 48

3 Jurisprudência . . . . 54

4 Responsabilidade no CTB . . . . 55

5 Responsabilidade objetiva dos órgãos e entidades com circunscrição sobre a via . . . . 55

6 Responsabilidade nas relações de consumo . . . . 57

7 Responsabilidade por infrações de trânsito: próprias e impróprias . . . . 59

MÓDULO 6 Introdução . . . . 65

1 Natureza jurídica dos crimes de trânsito . . . . 65

2 Parte Geral . . . . 66

3 Parte Especial . . . . 74

4 Tabela-resumo dos crimes em espécies . . . . 88

MÓDULO 7 Atribuições ao DPRF . . . . 89

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INTRODUÇÃO

Veremos a seguir os temas registro e licenciamento de veículos, que não são tão complexo como os vistos anteriormente e as medidas administrativas e penalidades, que são extremamente importantes para compreendermos as sanções aplicadas em decorrência de infrações cometidas .

1. Conceitos de Registro e Licenciamento

Embora o tema seja tratado em capítulos diversos do CTB, mais especificamente nos capítulos XI e XII, o legislador não nos deu uma definição expressa do que seria registro e licenciamento de veículos . Sendo assim, vamos fazê-lo:

a) Registro de veículos – foi a forma encontrada pelo legislador para qualificar o proprietário

do veículo perante os órgãos executivos de trânsito . Esta obrigatoriedade surge com o objetivo de evitar que proprietários de veículos ficassem impunes quando na direção de tais veículos, uma vez que estes podem ser tanto objeto de infrações de trânsito quanto de infrações penais .

Uma vez feita a qualificação do proprietário do veículo, ou seja, após constar todos os seus dados nos bancos de dados do Detran de sua residência ou de seu domicílio, o veículo deverá, ato contínuo, ser emplacado . Lembre-se que é por meio da placa, elemento de identificação externa do veículo, que se chega ao proprietário do veículo .

O registro se materializa no documento chamado Certificado de Registro do Veículo (CRV), no qual vêm consignados os seguintes dados: nome do proprietário, município de residência, a categoria à qual pertence e suas características, todas essas informações são relevantes para o fim a que se presta o documento e possuem caráter de permanência .

b) Licenciamento – É uma licença anual expedida pelo Detran de registro do veículo, a fim de

permitir que os veículos transitem na via pública pelo período de 12 meses a partir da data a ser firmada em resoluções do Contran e portarias do Detran, conforme se verá abaixo . Por fim, apresentados os conceitos, cabe destacar que os veículos de uso bélico são os únicos veículos automotores isentos do uso de placas (art . 115, § 5º, do CTB), de registro (120, § 2º, do CTB) e de licenciamento (130, § 1º, do CTB), conforme determina a Lei nº 9 .503/1997 .

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2. Competência para expedição

Antes de montarmos um quadro comparativo, é importante observar que o órgão que é competente para registrar o veículo também será para licenciar o veículo .

DOCUMENTO DE HABILITAÇÃO COMPETÊNCIA PARA EXPEDIÇÃO 1 . Registro e licenciamento de veículo automotor Detran

2 . Registro e licenciamento de veículo elétrico Detran 3 . Registro e licenciamento de veículo articulado Detran 4 . Registro e licenciamento de veículo reboque Detran 5 . Registro e licenciamento de veículo semirreboque Detran

6 . Registro e licenciamento de veículo tração animal Órgão executivo de trânsito do município 7 . Registro e licenciamento de veículo de propulsão

humana Órgão executivo de trânsito do município

Feito isso, fica fácil perceber que nos deteremos às competências dos Detrans, que são a expedição dos documentos de registro e licenciamento de veículos automotor, elétrico, articulado, reboque ou semirreboque .

Neste momento, devemos atentar para o seguinte aspecto: as normas referentes a registro e licenciamento estão no CTB, são normatizadas pelo Contran e implementadas pelos Detrans, por delegação do Denatran .

As atribuições do Detran, de expedição do documento de registro e licenciamento, ocorre por delegação do Denatran (órgão máximo executivo de trânsito da União), o que garante um controle e uma padronização nacional do processo de registro e licenciamento .

3. Pontos de contato

Este tópico foi criado para que seja possível visualizar em que momento o registro e o licenciamento se tangenciam, ou seja, em que momento se encontram relacionados . Em alguns dispositivos da legislação de trânsito, ocorre essa interligação . Vejamos cada um deles:

a) Simultaneidade: conforme o art . 131, § 1º, o primeiro licenciamento é feito

simultaneamente ao primeiro registro . Veja a lógica do dispositivo: o que permite que um veículo transite na via é o seu licenciamento; por outro lado, o veículo para transitar na via deve estar emplacado . Sendo assim, não teria o menor sentido levar o carro zero para registrar e, ao sair do posto de vistoria, não poder transitar com ele na via pública, pois é o licenciamento que autoriza a transitar na via, daí a necessidade da simultaneidade .

b) Dados em comum: a Resolução nº 61/1998 diz que o certificado de licenciamento anual

(que vem expresso nos arts . 131 e 133 do CTB) é o Certificado de Registro e Licenciamento Anual (CRLV) . Na verdade, não poderia ser de outra forma, pois os dados do registro devem ser repetidos no Certificado de Licenciamento Anual, para que os agentes de trânsito

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possam fazer uma autuação, por exemplo, qualificando o proprietário do veículo, ainda que este esteja ausente .

Perceba que a lógica encontrada pelo Contran é pertinente uma vez que este Conselho deixou claro que o CRV não é documento de porte obrigatório e a dispensa de portar este documento obriga que o certificado de licenciamento possua os dados do certificado de registro .

Impende observar que a Resolução nº 310/2009 do Contran, que altera os modelos e especificações dos CRV e de CRLV, em seu art . 3º, informa que no CRLV, no campo destinado ao nome e ao endereço, deverá constar apenas o nome, não sendo mais impresso o endereço do proprietário, a fim de o preservar em caso de roubo e furto do veículo, com o respectivo documento .

c) Mesmo Detran: no art . 130 do CTB está expresso que o veículo deve ser licenciado onde

estiver registrado, ou seja, o Detran que o registrou será o órgão competente para licenciá-lo .

4. Transitando com veículos 0 Km

Este item ganha relevância em virtude do desconhecimento que o envolve . Pessoas que fiscalizam veículos, que vendem veículos, e é claro, você, que compra veículos, normalmente, desconhecem essa regulamentação .

É claro que estamos tratando de uma excepcionalidade, uma vez que a regra é termos veículos registrados transitando . Sendo assim, vamos analisar cada uma das situações previstas pelo Contran, em sua Resolução nº 04/1998 (alterada pela Resolução nº 554/2015):

a) Transporte de carga e pessoas em veículos 0 Km – É permitido o transporte de cargas

e pessoas em veículos novos, antes do registro e licenciamento, adquiridos por pessoas físicas e jurídicas, por entidades públicas e privadas e os destinados aos concessionários para comercialização, desde que portem a “autorização especial” .

Essa “autorização especial” é válida apenas para o deslocamento para o município de destino e será expedida para o veículo que portar os equipamentos obrigatórios previstos pelo Contran (adequado ao tipo de veículo), com base na nota fiscal de compra e venda; com validade de 15 dias transcorridos da data da emissão, prorrogável por igual período por motivo de força maior . Além disso, será impressa em três vias, das quais, a primeira e a segunda serão coladas respectivamente, no vidro dianteiro (para-brisa) e no vidro traseiro, e a terceira arquivada na repartição de trânsito expedidora .

Saiba que a permissão se estende aos veículos inacabados (chassis), do pátio do fabricante ou do concessionário até o local da indústria encarroçadora .

b) Transporte remunerado de carga e pessoas em veículos 0 Km – Após estudar o item “a”,

é muito comum as pessoas perguntarem se esse transporte pode ou não ser remunerado . Antes de respondermos, é necessário percebermos que a atividade “trânsito” é regulamentada pela legislação de trânsito, agora a atividade “remunerada” sobre veículos é regulamentada por um poder concedente, que, em regra, não é um órgão de trânsito .

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Sendo assim, os veículos adquiridos por autônomos e por empresas que prestam transportes de cargas e de passageiros, poderão efetuar serviços remunerados para os quais estão autorizados, atendida a legislação específica, as exigências dos poderes concedentes e das autoridades com jurisdição sobre as vias públicas . Enfim, os veículos deverão se enquadrar no item “a” e na legislação referente à concessão de sua atividade .

c) Transporte “não” remunerado de carga e pessoas em veículos 0 Km – Complementando

o estudo, para que se transporte cargas e pessoas, sem remuneração, basta atender a legislação de trânsito; porém, o Contran exigiu que fosse carga própria ou pessoas com vínculo, a fim de que não restasse dúvida sobre uma possível atividade remunerada .

Por fim, os veículos consignados aos concessionários, para comercialização, e os veículos adquiridos por pessoas físicas, entidades privadas e públicas, a serem licenciados nas categorias

particular e oficial, somente poderão transportar suas cargas e pessoas que tenham vínculo

empregatício com os mesmos .

d) Veículos 0 Km descarregados – Neste último tópico, embora de maneira, tácita, o Contran,

no art . 4º da Resolução nº 04/1998 (alterada pela Resolução nº 554/2015), refere-se apenas a veículos descarregados, uma vez que todas as circunstâncias de transporte carregado foram abordadasanteriormente . Sendo assim, nesta circunstância, antes do registro e licenciamento, o veículo novo, nacional ou importado que portar a nota fiscal de compra e venda ou documento alfandegário poderá transitar:

I – do pátio da fábrica, da indústria encarroçadora ou concessionária e do Posto Alfandegário, ao órgão de trânsito do município de destino, nos quinze dias consecutivos à data do carimbo de saída do veículo, constante da nota fiscal ou documento alfandegário correspondente; II – do pátio da fábrica, da indústria encarroçadora ou concessionária, ao local onde vai ser embarcado como carga, por qualquer meio de transporte;

III – do local de descarga às concessionárias ou indústrias encarroçadora;

IV – de um a outro estabelecimento da mesma montadora, encarroçadora ou concessionária ou pessoa jurídica interligada.

Perceba que no veículo descarregado, só há prazo para deslocamento até o município de registro, em qualquer outro caso não há prazo .

Finalmente, cabe observar que, ao transitar com veículo sem registro e licenciamento, fica o condutor sujeito à penalidade constante do art . 230, inc . V, do CTB, que é uma infração de natureza gravíssima . Veja o dispositivo:

“Art. 230. Conduzir o veículo:

[ . . .]

V – que não esteja registrado e devidamente licenciado; Infração – gravíssima;

Penalidade – multa e apreensão do veículo; Medida administrativa – remoção do veículo;”

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5. Padronização do documento

Vejamos onde encontrar a regulamentação do tema: • Resolução nº 599/2016 do Contran .

• Resolução nº 310/2009 do Contran .

Diante do exposto, vamos fazer algumas considerações:

1. O CRV e o CRLV,possuem um dígito verificador no número de série, que possui doze dígitos

(número + DV) .

2. Para o cálculo do dígito verificador a que se refere o item anterior, será utilizado o módulo

onze, com peso de 2 a 9, voltando ao 2, a partir da mais baixa ordem, ou seja, da direita para a esquerda – este módulo 11 é, na verdade, uma operação matemática, que será concluída em uma divisão por 11, a fim de obter o dígito verificador . Cabe observar que, em uma divisão por 11, é possível obter resto de 0 a 9, que será o dígito verificador .

3. Resolução nº 310/2009 do Contran determina que no CRLV, no campo destinado ao nome

e endereço deverá constar apenas o nome, não sendo mais impresso o endereço do proprietário .

4. Resolução nº 599/2016 do Contran alteraa os modelos e as especificações do CRV e do

CRLV e sua produção e expedição . A partir de 01/01/2017, o CRLV terá um novo modelo, conforme anexo dessa resolução .

6. Novo registro

Conforme abordado antes, o registro se materializa no documento chamado CRV, no qual vêm consignados os seguintes dados:

• Nome do proprietário; • Município de residência;

• Categoria à qual pertence o veículo; • Todas as suas características .

Todos esses dados são relevantes e possuem caráter de permanência .

Dessa forma, pela relevância dos dados consignados no CRV, sempre que houver transferência de propriedade, mudança de Município, alteração de características e mudança de categoria, deve ser expedido um outro registro, ou melhor, um novo CRV .

Ainda quanto ao exposto, vamos analisar as situações que envolvem a expedição de um novo registro:

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a) Alteração de característica – Embora não encontremos na legislação uma definição

expressa do que seria característica de veículo, podemos trabalhá-la como uma descrição do veículo, por meio de seus elementos característicos, como cor e combustível, por exemplo .

O Contran definiu que, para que haja uma alteração de característica, de forma legal, é necessário que o proprietário providencie uma autorização prévia do órgão executivo de trânsito do estado ou do DF (Detran), em que o veículo foi registrado e também um Certificado de Segurança Veicular (CSV), expedido por empresas acreditadas junto ao Inmetro, atestando que o veículo se encontra seguro para transitar na via .

b) Mudança de categoria – Quanto às categorias de veículos, estas se encontram reproduzidas

no art . 96, III, do CTB .

c) Mudança de município – A mudança de município é mais uma das situações que requerem

a expedição de um novo registro . O candidato deve perceber que a necessidade de expedição de um novo registro surge apenas quando a mudança é entre municípios, não ocorrendo, evidentemente, quando a mudança ocorre dentro do mesmo município . Veja o quadro-resumo:

Mudança de endereço O que acontece com o registro? O que acontece com o licenciamento? No mesmo município O proprietário deve informar o novo endereço no prazo de 30

dias, apenas .

Continua válido, observando, sempre o calendário do estado

do novo endereço . Entre municípios É caso de novo registro (CRV) sempre o calendário do estado Continua válido, observando,

do novo endereço . Entre estados É caso de novo registro (CRV) sempre o calendário do estado Continua válido, observando,

do novo endereço .

d) Transferência de propriedade – Quando houver transferência de propriedade deve ser

expedido um novo registro . O detalhe da transferência de propriedade é que o legislador exigiu providências tanto de quem vende (ex-proprietário) como de quem compra o veículo (novo proprietário) . Veja como ficaram essas responsabilidades:

d.1) Responsabilidade do ex-proprietário – Este deve providenciar a troca da propriedade

nos bancos de dados do Detran, em que o veículo está registrado, para eximir-se da responsabilidade das infrações cometidas pelo novo proprietário . Essa transferência de propriedade nos bancos de dados é feita por uma comunicação de venda, que nada mais é que o envio da cópia do verso do CRV, onde está consignada a transação . A obrigatoriedade está expressa no art . 134 do CTB, nosso qual informa que, no caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade devidamente assinado e datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a

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data da comunicação . Cabe observar que o objeto da comunicação de venda é a troca da responsabilidade administrativa, uma vez que a penal e a civil não se transmitem .

d.2) Responsabilidade do novo proprietário – Este deve providenciar a transferência de

propriedade no documento “CRV” . Caso não o faça num prazo de 30 dias, responde pelo art . 233, que é infração de natureza grave . Embora não seja objeto de questões de provas, é muito comum os alunos perguntarem se a transferência feita pelo novo proprietário supre a omissão do ex-proprietário em fazer a comunicação de venda? A resposta é que supre, uma vez que, para alterar a propriedade no documento, esta certamente foi alterada no banco de dados do órgão .

7. Documentos exigidos para registrar um veículo

Antes de adentrarmos no tema, devemos atentar para duas realidades de veículo: o 0 Km (novo), que nunca foi registrado, e o usado, que está precisando de um novo registro, pois o anterior deve ser mudado .

É importante o candidato perceber que o CTB, em seu art . 122, faz referência aos documentos para expedição do registro, referindo-se ao primeiro registro; já no art . 124, faz menção aos documentos exigidos para expedição de novo registro . Vejamos então cada uma das situações .

7.1 Documentos para expedição do primeiro registro – veículo 0 Km

Há duas situações a serem analisadas, conforme previsão do art . 122 do CTB:

a) Em caso de veículo importado por membro de missões diplomáticas, de repartições

consulares de carreira, de representações de organismos internacionais e de seus integrantes – o documento a ser apresentado será fornecido pelo Ministério das Relações Exteriores .

b) Demais veículos – o documento a ser apresentado será a nota fiscal fornecida pelo

fabricante ou revendedor, ou documento equivalente expedido por autoridade competente . Como documento equivalente, devemos entender aquele capaz de atestar a procedência do veículo, como, por exemplo, aquele expedido pelos órgãos alfandegários em caso de veículo importado por pessoa física ou jurídica .

7.2 Documentos para expedição do novo registro – veículo usado

Previsão feita no art . 124 do CTB, de maneira genérica, uma vez que há quatro casos de novo registro previsto no art . 123 do CTB, que requer documentação variada . Os documentos foram dados pelo legislador em lista única .

Dessa forma, vamos desmembrar o art . 124, de acordo com cada uma das situações apresentadas no art . 123:

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a) Mudança de categoria e mudança de Município: Certificado de Registro de Veículo anterior;

Certificado de Licenciamento Anual; certidão negativa de roubo ou furto de veículo expedida no Município do registro anterior, que poderá ser substituída por informação do Renavam; e comprovante de quitação de débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito vinculadas ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas infrações cometidas .

Perceba que o legislador não exigiu o comprovante de residência, imprescindível para evitar que o veículo seja registrado em Município diferente de onde reside o seu proprietário .

b) transferência de propriedade: os documentos exigidos são os mesmos do item “a” e o

comprovante de transferência de propriedade, que é o verso do CRV, atestando a transação .

c) alteração de características: os documentos exigidos são os mesmos do item “a” incluindo,

ainda, o certificado de segurança veicular e de emissão de poluentes e ruído, o comprovante de procedência e a justificativa da propriedade dos componentes e agregados adaptados ou montados no veículo . Além disos, é preciso possuir autorização prévia conforme o art . 98 do CTB .

Finalmente, cabe ressaltar que os veículos da categoria de missões diplomáticas, de repartições consulares de carreira, de representações de organismos internacionais e de seus integrantes, além das exigências previstas acima, devem apresentar autorização do Ministério das Relações Exteriores .

8. Um passeio pelo CTB

Há diversos casos na legislação de trânsito de registro e licenciamento que foge à regra geral e que nos chama a atenção por terem sido colocados pelo legislador de forma esparsa na legislação, dificultando o aprendizado . Vejamos cada um desses casos:

a) Veículo oficial: os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal somente

registrarão veículos oficiais de propriedade da administração direta, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qualquer um dos poderes, com indicação expressa, por pintura nas portas, do nome, da sigla ou do logotipo do órgão ou da entidade em cujo nome o veículo será registrado, excetuando-se os veículos de representação e os utilizados em caráter reservado policial, conforme o art . 120, § 1º, do CTB .

b) Veículos de tração: os tratores e demais aparelhos automotores destinados a puxar ou

a arrastar maquinaria agrícola ou a executar trabalhos agrícolas, desde que facultados a transitar em via pública, são sujeitos ao registro único, sem ônus, em cadastro específico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acessível aos componentes do Sistema Nacional de Trânsito . O trator de roda, o trator de esteira, o trator misto ou o equipamento automotor destinado à movimentação de cargas ou execução de trabalho agrícola, de terraplenagem, de construção ou de pavimentação só podem ser conduzidos na via pública por condutor habilitado nas categorias B, C, D ou E, conforme arts . 115, § 4º e 144, ambos do CTB . Quando esses veículos forem utilizados exclusivamente em áreas particulares, não estarão sujeitos a registro e licenciamento, assim como não há de se falar em habilitação para seus condutores .

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c) Veículos de aluguel: os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual ou coletivo

de passageiros de linhas regulares ou empregados em qualquer serviço remunerado, para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de característica comercial, deverão estar devidamente autorizados pelo Poder Público concedente, conforme art . 135 do CTB .

d) Veículo de tração animal e propulsão humana e ciclomotores: compete aos órgãos

executivos de trânsito do Município registrar e licenciar, na forma da legislação, os veículos de tração animal e de propulsão humana, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações . Já os ciclomotores serão registrados e licenciados pelo órgão executivo de trânsito do estado ou do Distrito Federal, conforme Lei nº 13 .154/15 .

e) Veículos de coleção: aqueles que, mesmo tendo sido fabricados há mais de trinta anos,

conservam suas características originais de fabricação e possuem valor histórico próprio poderão ser registrados na espécie coleção, conforme Anexo I do CTB .

f) Veículos de escolares: os veículos especialmente destinados à condução coletiva de

escolares somente poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão ou pela entidade executiva de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para tanto: • registro como veículo de passageiros;

• inspeção semestral para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança; • pintura de faixa horizontal na cor amarela, com 40 cm de largura, à meia altura, em

toda a extensão das partes laterais e traseira da carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sendo que, em caso de veículo de carroçaria pintada na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser invertidas;

• equipamento registrador instantâneo inalterável de velocidade e tempo;

• lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispostas nas extremidades da parte superior dianteira e lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade superior da parte traseira;

• cintos de segurança em número igual à lotação .

9. Entendendo a Resolução nº 110/00 do Contran

Essa Rrsolução informa que os Detrans, órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, estabelecerão prazos para renovação do Licenciamento Anual dos Veículos registrados sob sua circunscrição, de acordo com o algarismo final da placa de identificação, respeitados os limites fixados na tabela a seguir:

Algarismos final da placa Prazo final para renovação

1 e 2 Até setembro

3, 4 e 5 Até outubro

6, 7 e 8 Até novembro

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De outra forma, O Contran, em sua Resolução nº 110/2000 apenas estipulou os prazos máximos de licenciamento do país, cabendo, evidentemente, a cada Detran estipular seus calendários, de acordo com suas conveniências, de maneira que não ultrapassem os prazos acima .

Uma pergunta muito comum feita por diversas pessoas é quando um agente de trânsito aborda um veículo e vai fiscalizar se seu licenciamento está ou não vencido . Como proceder? Que tabela usar? O fato de ser agente de trânsito federal muda alguma coisa nesse tipo de fiscalização? Resposta: Para responder a questão, temos que considerar algumas hipóteses:

1ª hipótese: Imagine que estivéssemos no ano de 2015 e o CRLV apresentado fosse de 2015 .

Certamente o condutor não poderia ser autuado, uma vez que este documento tem validade de um ano . Agora, imagine que o CRLV apresentado fosse de 2013, e estivéssemos no ano de 2015 . Certamente o condutor deveria ser autuado, uma vez que o documento estaria vencido, pois sua validade é de um ano . Enfim, a dúvida surge apenas quando o condutor apresenta o CRLV 2014, uma vez que existem duas tabelas a consultar, a do Detran e a apresentada anteriormente . Com isso, vamos para a 2ª hipótese .

2ª hipótese: Se condutor apresentar o CRLV 2014, e considerando o ano corrente como de

2015, há duas situações a considerar . A primeira é quando o veículo se encontrar fora da unidade da federação em que estiver registrado, caso em que os agentes de fiscalização de trânsito e rodoviário em todo o território nacional deverão adotar os prazos estabelecidos na tabela do Contran para verificar se o licenciamento está ou não vencido . A segunda é quando o veículo é abordado dentro do estado em que está registrado . Nesse caso, devemos utilizar a tabela do Detran de registro .

Para responder ao último questionamento, é importante que o candidato saiba que o PRF, ora utiliza a tabela do Contran ora utiliza a tabela do Detran de registro do veículo, a depender se abordou um veículo registrado fora ou dentro do estado em que está lotado, incidindo sobre o PRF a regra como para os demais agentes de trânsito .

10. Infrações correspondentes

Quanto ao registro e ao licenciamento, há expresso no CTB, quatro infrações que comentaremos a seguir:

1ª Conduzir veículo que não esteja registrado e devidamente licenciado: infração – gravíssima;

penalidade – multa e apreensão do veículo; medida administrativa – remoção do veículo (art . 230, inc . V, do CTB) .

Comentário:

Com base neste artigo, é possível explicitar dois tipos de infrações, o primeiro caso se refere ao condutor que comprou veículo novo (0 Km) e é flagrado transitando com seu veículo, sem registro, de maneira irrestrita, ou seja, sem estar amparado pelas situações excludentes da Resolução nº 04/1998 do Contran (alterada pela Resolução nº 554/2015); e o segundo caso refere-se ao condutor que é flagrado transitando com seu veículo, ainda que registrado, mas com licenciamento vencido .

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2ª Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos neste Código:

infração – leve; penalidade – multa; medida administrativa – retenção do veículo até a apresentação do documento (art . 232 do CTB) .

Comentário:

Aqui se pune o condutor que esquece o documento em casa, causando, com isso, um transtorno à fiscalização . Note que a infração é diferente da infração de conduzir sem possuir habilitação (gravíssima) ou sem possuir registro (gravíssima) .

Cabe, ainda, observar, com base no art . 266 do CTB, que as infrações se acumulam, ou seja, ocorrendo duas infrações, o agente de trânsito deve lavrar dois autos de infração . Sendo assim, considere a seguinte situação hipotética: imagine que Mévio estivesse com seu licenciamento vencido e, como é conhecedor da legislação de trânsito, fez o seguinte comentário com Tícia, sua esposa: “Meu amor, é melhor deixarmos o documento do carro em casa, uma vez que não portá-lo é infração de natureza leve e se formos flagrados com ele vencido constitui infração de natureza gravíssima” . Se um agente de trânsito flagrar Mévio sem os documentos do veículo, na situação descrita acima, qual é o procedimento a ser adotado pelo agente?

Resposta: como as infrações são cumulativas, Mévio responderá pelo art . 230, inc . V do CTB combinado com o art . 232 . Ao ser abordado, o agente, após consulta, descobrirá o licenciamento vencido e o fato de não portá-lo obriga o agente de trânsito a lavrar os dois autos de infração .

3ª Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo de trinta dias junto ao órgão executivo de

trânsito, ocorridas as hipóteses previstas no art . 123: infração – grave; penalidade – multa; medida administrativa – retenção do veículo para regularização (art . 233 do CTB) .

Comentário:

Antes de iniciarmos os comentários do art . 233, devemos explicitar as hipóteses do art . 123:

“Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo quando: I – for transferida a propriedade;

II – o proprietário mudar o Município de domicílio ou residência; III – for alterada qualquer característica do veículo;

IV – houver mudança de categoria .”

Em qualquer das situações apresentadas é obrigatória a expedição de um novo registro em 30 dias . O que você deve estar se perguntando é como os órgãos de trânsito controlariam este prazo de 30 dias? Para responder a essa pergunta, duas considerações se fazem necessárias, uma vez que os procedimentos não são uniformes . A primeira consideração a ser feita é que, em caso de transferência de propriedade, no verso do CRV é consignada a data da transação e o novo proprietário terá o prazo de trinta dias a contar dessa data para tomar as providências necessárias, ou seja, de simples controle pelos Detrans .

A segunda consideração engloba os demais casos, nos quais o proprietário do veículo deverá tomar providências imediatas, a fim de que seja deflagrada a contagem de 30 dias pelos órgãos de trânsito, uma vez que não existe na legislação uma forma de controle desse prazo . Como exemplo, poderíamos citar a mudança de município, quando o proprietário deve informar a

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data de mudança de endereço imediatamente para que seja deflagrado o prazo de controle a partir dessa informação .

4ª Deixar de atualizar o cadastro de registro do veículo ou de habilitação do condutor: infração

– leve; penalidade – multa (art . 241 do CTB) . Comentário:

Antes de comentarmos o dispositivo, devemos frisar que, para os órgãos de trânsito, o proprietário do veículo é aquele registrado no Detran, e não aquele que detém a posse do veículo .

Sabedores disso, vamos aos comentários pertinentes, pois há duas considerações a fazer . Primeiramente, devemos notar a redação art . 123, § 2º, do CTB, no qual o proprietário do veículo tem 30 dias para comunicar a mudança de endereço feita no mesmo Município . Caso não o faça, responde pelo art . 241 do CTB . A segunda consideração é quanto à atualização do cadastro de habilitação do condutor que, embora exigível, não há apresenta prazo estipulado na legislação, tornando o dispositivo, até que seja regulamentado o prazo, sem aplicação .

11. Jurisprudência

Cabe observar que o CTB condiciona o licenciamento do veículo ao pagamento de débitos de multa . Sobre o tema, faz-se necessária a exposição da jurisprudência:

“STJ Súmula nº 127 – 14/03/1995 – DJ 23.03.1995 - Renovação da Licença de Veículo - Pagamento de Multa – Notificação. É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado.”

Diante do exposto, percebe-se que é inaceitável, conforme nosso ordenamento jurídico, condicionar a prestação de um serviço público ao pagamento de penalidades, até porque foi ofertada à administração o caminho para cobrança de seus débitos, via ação de cobrança, após a inscrição dos débitos em dívida ativa não tributária .

12. Medidas administrativas e penalidades

As medidas administrativas e as penalidades são tópicos de extrema relevância na legislação de trânsito em virtude das várias informações que cerceiam o tema, como a possibilidade ou não de um veículo ser multado por estacionamento irregular e o veículo sequer ser removido . Será que o CTB prevê esse tipo de conduta? Sem maiores comentários: SIM!

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13. Poder de polícia de trânsito

Aqueles que são conhecedores do tema poderes e deveres da administração, trabalhado nos cursos de Direito Administrativo, saem na frente no entendimento deste tópico, pois, para sua compreensão, analisaremos de forma detalhada o Poder de Polícia de Trânsito à luz do CTB . Ressalte-se que os órgãos da Administração, para cumprirem suas funções institucionais e preservarem o interesse da coletividade, devem possuir determinadas prerrogativas .

Basta pensar, à luz do código linguístico, o significado da palavra “poder” .

Se “poder” é uma capacidade de impor sua vontade a terceiros, independentemente da anuência deste terceiro, e se isto for feito no sentido de preservar o interesse da coletividade . Que poder seria esse?

Trata-se dos poderes do Estado, que tem como objetivo atingir o bem comum .

É claro que essa prerrogativa é um verdadeiro poder-dever, uma vez que são indisponíveis, ou seja, de uso obrigatório . Atingir o bem comum, o interesse público, é o único caminho a ser trilhado pela administração .

Dando um passeio no curso de Direito Administrativo, de forma sucinta, a fim de não perdemos o foco da análise do tema em tela, podemos citar como poderes da Administração: o hierárquico, o disciplinar, o normativo e, por fim, o poder de polícia .

Os três (hierárquico, disciplinar e o normativo) têm o condão de regular internamente a atividade da Administração Pública . O poder hierárquico é decorrente do escalonamento vertical da estrutura administrativa . Já o poder disciplinar surge na possibilidade de punição dos servidores públicos e daqueles que contratam com a Administração . Por fim, o poder normativo surge da necessidade de complementação das leis administrativas para torná-las aplicáveis, como, por exemplo, quando o Contran regulamenta o CTB .

Quanto ao poder de polícia, que é o que nos interessa, poderíamos defini-lo como qualquer intervenção ou restrição imposta pelo Estado nas atividades, nos direitos ou nos interesses individuais, a fim de beneficiar o interesse coletivo .

Em que pese possuirmos uma doutrina farta sobre o tema, o nosso ordenamento jurídico oferece de forma gratuita o conceito de poder de polícia, que, sob hipótese alguma, poderia ser desprezado por nós no trato do tema . Com isso, vamos para a análise do art . 78 do Código Tributário Nacional, que expressamente nos informa:

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou

disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos . (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28 .12 .1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado

pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder .”

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Dessa definição podemos extrair as seguintes características:

1. É atividade da Administração Pública e não deve ser confundido com o poder de polícia de

segurança pública, pois, enquanto o primeiro atua sobre direito, interesse ou liberdade, o segundo atua sobre pessoas, coibindo a ocorrência de infrações penais, ora de forma preventiva ora de forma repressiva .

2. A atuação do poder de polícia consiste tanto numa obrigação de “fazer‟ quanto de “não

fazer” por parte do particular, pois regula a prática de ato ou abstenção de fato, conforme expresso .

3. Conforme previsto no parágrafo único transcrito, deve-se observar os limites da lei

aplicável, portanto o poder de polícia de trânsito tem seus limites previstos no próprio CTB .

4. Ainda quanto ao parágrafo único, na atuação do poder de polícia, em regra, ao privar o

particular de bens ou de direitos, faz-se necessária a instauração do devido processo legal .

5. A discricionariedade do poder de polícia aparece de forma incontestável na atividade de

fiscalização, quando da escolha do veículo a ser fiscalizado . Temos também uma atuação discricionária, segundo um juízo de valor do agente autuador, na escolha do dispositivo que melhor se afeiçoa à infração cometida . Cabe observar que não pode o agente de trânsito deixar de autuar o condutor infrator, pois a ato administrativo de autuação é natureza vinculada .

14. Formas de atuação do poder de polícia

O poder de polícia, como veremos, pode ser fracionado . De forma surpreendente, podemos encontrar em nossa lei de trânsito a forma que se dará essa quebra ou fracionamento .

Com isso, o CTB, de forma inovadora, trouxe um fracionamento do poder de polícia, ou seja, suas formas de manifestação .

Cabe ressaltar que o tema também foi trabalhado na doutrina, pelo ilustre mestre Diogo de Figueiredo Moreira Neto .

Analisaremos, então, as disposições do CTB, que se refere ao tema, pois é o que nos interessa para prova:

“Art. 269, § 1º. A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas

adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa .”

Perceba que, além das formas de atuação do poder de polícia de trânsito, temos também descrito o fim público a que se dirige tal atividade da Administração: proteção à vida e à incolumidade física da pessoa . Assim, vamos analisar as formas de atuação do poder de polícia, fazendo as remissões necessárias dentro da legislação de trânsito .

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A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas:

a) Ordem de polícia – aqui o Poder Público se manifesta por meio da criação de leis e atos

normativos que causem restrições ao desempenho das liberdades individuais, a fim de preservar o interesse coletivo .

De outra forma, poderíamos exemplificar o exposto, fazendo menção às regras de habilitação . Nessas regras, o legislador e o Contran impõem uma série de restrições aos particulares para que tenhamos condutores realmente habilitados na direção de veículos automotores . Isso faz com que toda a sociedade tenha à sua disposição um trânsito livre de acidentes .

São normas que causam restrições aos interesses individuais, a fim de preservar o interesse público .

b) Consentimento de polícia – é uma forma de manifestação do Poder Público que permite o

desempenho de atividades por parte dos particulares .

Os consentimentos dados pela Administração têm como fundamento a ordem de polícia . Antes da Administração consentir qualquer atividade do particular, deve observar os detalhes de sua regulamentação .

Podemos, juridicamente falando, tratar o consentimento de polícia como sinônimo de alvará . Encontramos na legislação de trânsito tanto o alvará de licença como o alvará de autorização, a saber:

b.1) Alvará de licença – devemos entender esta modalidade de consentimento como um ato

administrativo vinculado, declaratório e permanente .

Para melhor compreensão das características mencionadas, vamos exemplifica-la à luz do CTB . Quando um candidato à habilitação para dirigir passa em todos os exames de obtenção da habilitação, a Administração fica obrigada a expedir seu documento de habilitação . É isso que chamamos de ato administrativo vinculado .

Quando dizemos que o ato administrativo é de natureza declaratória significa que a Administração não cria direito algum para o particular, mas apenas declara o direito que este possui, por ter passado pelos exames de habilitação .

Por fim, diz-se permanente porque não sofre variações por conveniência e oportunidade do administrador .

b.2) Alvará de autorização – devemos entender esta modalidade de consentimento como um

ato administrativo discricionário, constitutivo e precário . Para melhor compreensão dos institutos ora mencionados, vamos exemplificar à luz do CTB .

Na legislação de trânsito, temos uma série de situações em que apenas é permitido o trânsito de veículos em situações excepcionais, quando detentores de um documento chamado de Autorização Especial de Trânsito (AET) .

Na cessão desse documento, o órgão com circunscrição sobre a via avalia condições de conveniência e oportunidade (discricionariedade), sempre à luz da segurança viária e fluidez do trânsito .

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Feita a opção pela expedição da AET, cria-se (constitui-se) para o particular um direito de trânsito com seu veículo a título precário, ou seja, revogável a qualquer tempo .

Como exemplo de alvará de autorização, podemos citar três situações previstas na legislação de trânsito (com grifo nosso no verbo poderá, a fim de ressaltar a discricionariedade):

“Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utilizado no transporte de carga indivisível, que não

se enquadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos pelo Contran, poderá ser concedida, pela autoridade com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias .

§ 1º A autorização será concedida mediante requerimento que especificará as características do

veículo ou combinação de veículos e de carga, o percurso, a data e o horário do deslocamento inicial .

§ 2º A autorização não exime o beneficiário da responsabilidade por eventuais danos que o

veículo ou a combinação de veículos causar à via ou a terceiros .

§ 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre caminhões poderá ser concedida, pela autoridade

com circunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, com prazo de seis meses, atendidas as medidas de segurança consideradas necessárias .”

“Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar, a título precário, o transporte de passageiros em veículo de carga ou misto, desde

que obedecidas as condições de segurança estabelecidas neste Código e pelo Contran .

Parágrafo único. A autorização citada no caput não poderá exceder a doze meses, prazo a partir

do qual a autoridade pública responsável deverá implantar o serviço regular de transporte coletivo de passageiros, em conformidade com a legislação pertinente e com os dispositivos deste Código . (Incluído pela Lei nº 9 .602, de 1998)” .

c) Fiscalização de polícia – das formas de atuação do poder de polícia, esta é a mais intuitiva .

É possível se imaginar um agente de trânsito na via escolhendo veículos para uma eventual fiscalização .

Não pode o detentor de uma licença para dirigir imaginar que poderá conduzir seu veículo de qualquer forma, pelo simples fato de ter obtido um consentimento do Poder Público . Será que o condutor que está com sua CNH em dia poderá conduzir embriagado? É claro que não! É aí que entra a terceira forma de atuação do poder de polícia, verificando os requisitos de manutenção do consentimento .

De modo mais técnico, é por meio dessa forma de atuação que se verifica se o detentor do consentimento é merecedor de sua manutenção, pois, caso cometa atos em desacordo com a legislação, poderá sofrer até a penalidade de cassação, que é a perda do direito de dirigir . O tema fiscalização de polícia ganha relevância quando comparamos a atividade do agente de trânsito que goza dessa prerrogativa funcional com a atividade dos funcionários de empresas contratadas pelo Poder Público para operação de trânsito, que não gozam dessa prerrogativa funcional .

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“Fiscalização – ato de controlar o cumprimento das normas estabelecidas na legislação de

trânsito, por meio do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e entidades executivos de trânsito e de acordo com as competências definidas neste Código.”

“Operação de trânsito – monitoramento técnico baseado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de fluidez, de estacionamento e parada na via, de forma a reduzir as interferências, tais como veículos quebrados, acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informações aos pedestres e condutores.”

d) Medidas administrativas – essa forma de atuação do poder de polícia é peculiar da

legislação de trânsito, porque, embora cause uma ideia de sanção administrativa, com esta não guarda relação .

Vejam essas medidas como medidas emergenciais, que justificam a atuação autoexecutória (dispensando a anuência do poder judiciário) por parte da Administração e com imperatividade (dispensando a anuência do particular) .

As medidas administrativas devem ser entendidas como constrangimentos causados aos particulares, pelo fato de estes terem causado uma interferência ao interesse do coletivo, ora atentando contra a segurança viária (condutor embriagado) ora atentando contra a fluidez (veículo estacionado sobre calçadas) .

Essas manifestações dispensam, inclusive, o devido processo legal, pois o direito que merece ser protegido neste momento, é o coletivo .

Com isso, devemos mencionar que o condutor que tem seu veículo retido em virtude de ter sido flagrado conduzindo embriagado não está sofrendo sanção . Ele vai sofrer o constrangimento de ter que chamar uma pessoa em condições de dirigir para que seu veículo não vá para o depósito público .

Perceba que esse mesmo condutor embriagado terá seu documento de habilitação recolhido para que não volte a dirigir enquanto estiver sobre efeito da substância entorpecente .

Note que, nas duas situações descritas, depois de sanadas as irregularidades, as medidas administrativas aplicadas são desfeitas, ou seja, após restabelecidas a sensação de segurança no trânsito, o condutor poderá voltar a dirigir regularmente .

Com base no exposto, cabe ressaltar que parte da doutrina trata as medidas administrativas como medidas de caráter emergencial, sendo aplicável apenas durante o transtorno causado pela infração de trânsito .

e) Medidas coercitivas – Estas medidas aparecem na legislação de trânsito com o nome de

penalidade .

Aqui se tem a aplicação de sanções administrativas pela autoridade de trânsito, tais como: advertência por escrito; multa; suspensão do direito de dirigir; apreensão do veículo; cassação da CNH e frequência obrigatória em curso de reciclagem .

Por fim, nesse caso, certamente, o particular penalizado terá direito a um devido processo legal, sendo-lhe assegurada ampla defesa .

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15. Atribuições para aplicação de sanções de trânsito

Um tema que nos chama a atenção é a competência para aplicação das sanções prevista na legislação de trânsito . Em um primeiro momento, vamos trabalhar com o que temos de expresso na legislação de trânsito e, num segundo momento, faremos uma análise sistemática da legislação de trânsito .

Com isso, remeto o leitor ao capítulo do CTB que trata das atribuições dos órgãos e entidades do SNT .

Neste capítulo, encontramos as penalidades de suspensão do direito de dirigir, cassação do documento de habilitação, frequência obrigatória em cursos de reciclagem como de aplicação exclusiva dos Detrans .

Já a penalidade de advertência por escrito, conforme este capítulo seria de competência exclusiva dos órgãos executivos rodoviários da União, Estados, DF e Municípios .

Ainda quanto a este capítulo, a multa seria de competência comum (de todos), nada mencionado o referido capítulo acerca da penalidade de apreensão do veículo .

Em uma análise mais detalhada, é possível inferirmos do texto legal que a apreensão do veículo, por constituir uma suspensão do licenciamento do veículo, apenas poderia ser aplicada pelos Detrans, que são os órgãos competentes para licenciar veículos .

Por fim, em uma análise mais crítica a respeito da penalidade de advertência por escrito, poderíamos afirmar que também é uma penalidade que poderia ser aplicada por todos os órgãos de trânsito, pelo fim público a que se dirige: educação para o trânsito, em detrimento da redação imprecisa acerca da regulamentação do instituto pelo legislador do CTB .

Lembre-se de que advertência por escrito é resultado da conversão da penalidade de multa, decorrente de infrações leves e médias .

Ainda quanto à advertência por escrito, não entendemos ser adequada a afirmação de alguns autores de que constitui direito subjetivo público do autuado, ou seja, de que deve ser aplicada sempre antes da imposição da multa .

Acreditamos que se trata de discricionariedade da autoridade de trânsito, devendo surgir regulamentação sobre o tema, explicitando o que deve ser valorado pela autoridade na aplicação ou não de tal penalidade .

Essa regulamentação deve ocorrer a fim de fugirmos de eventuais arbitrariedades do administrador público, pois a aplicação de tal penalidade, não pode ficar sujeita ao humor da referida autoridade .

16. Medidas administrativas e penalidades

É necessário que se inicie o estudo de medidas administrativas e penalidades de forma simultânea para que possamos trabalhar as semelhanças e as diferenças dos institutos .

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• são formas de atuação do poder de polícia;

• ambas estão na esfera de atribuição da autoridade de trânsito;

• estão sujeitas ao princípio da reserva legal, previsto no art . 5º, inc . XXXIX da CRFB; • a cada infração temos as medidas administrativas e penalidades aplicáveis .

• Como diferença das medidas administrativas e penalidades, podemos citar:

• as medidas administrativas, diferentemente das penalidades, não têm natureza de sanção administrativa, mas tão somente de constrangimento de polícia;

• as medidas administrativas estão na esfera de atribuição dos agentes de trânsito – as penalidades apenas podem ser aplicadas pela autoridade de trânsito;

• são aplicadas em momentos distintos, pois as medidas administrativas são aplicadas no momento da autuação, já as penalidades apenas após um devido processo legal;

• não são tratadas no mesmo capítulo do CTB .

Com base no exposto, vamos analisar em tópicos distintos cada uma das medidas administrativas e penalidades previstas .

17. Penalidades

As penalidades administrativas, também chamadas sanções de polícia, estão previstas no art . 256 do CTB, e são aplicáveis apenas pela autoridade de trânsito . Essas penalidades, por interferirem na órbita de direito do administrado, em regra, somente são impostas após o devido processo legal .

Vejamos cada uma das penalidades previstas no CTB .

17.1 Multas

As multas serão impostas e arrecadadas pelo órgão ou pela entidade de trânsito com circunscrição sobre a via onde haja ocorrido a infração, de acordo com as competências estabelecidas no CTB .

Saiba que a cobrança de multa decorrente de infração de trânsito observa algumas peculiaridades, uma vez que o CTB vincula o licenciamento de veículos e a transferência de propriedade ao pagamento da multa .

Sendo assim, quando um veículo é autuado em unidade da federação diversa do licenciamento do veículo, para que o órgão autuador receba as suas multas impostas a veículos de outros estados, é necessário que este órgão esteja, de alguma forma, ligado ao Detran de registro do veículo, para que haja restrição no sistema quanto a registro e licenciamento .

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17.1.1 Infrações ocorridas em outra unidade da federação

Este tema ganha complexidade uma vez que a sua regulamentação ficou diferente daquilo que o legislador imaginou que seria . De outra forma, no art . 260 §§ 1º e 2º do CTB, temos as seguintes previsões sobre o tema:

“§ 1º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa da do

licenciamento do veículo serão arrecadadas e compensadas na forma estabelecida pelo Contran .

§ 2º As multas decorrentes de infração cometida em unidade da Federação diversa daquela do

licenciamento do veículo poderão ser comunicadas ao órgão ou entidade responsável pelo seu licenciamento, que providenciará a notificação .”

Em verdade, o Contran regulamentou o tema na Resolução nº 155/2004, que também foi operacionalizada pela Portaria nº 03/2004 do Denatran .

Atualmente todas as infrações ocorridas em uma unidade da federação, diversa da do registro do veículo, são armazenadas em um banco de dados nacional, administrado pelo Denatran . O nome do sistema criado chama-se Renainf, que é o Registro Nacional de Infrações de Trânsito . Para que possamos entender como esse sistema funciona, devemos fazer as seguintes considerações:

a) A condição para que haja restrição nos sistemas Renavam e Renach é que o órgão autuador

registre suas autuações a veículos de outros estados nessa base nacional;

b) Até a data de vencimento expressa na notificação da penalidade de multa ou enquanto

permanecer o efeito suspensivo sobre o auto de infração, não incidirá qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento e transferência, nos arquivos do órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo registro do veículo;

c) Do valor da multa, arrecadado pelo órgão ou pela entidade executiva de trânsito do

Estado ou do Distrito Federal, aplicada pelos demais órgãos ou entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, serão deduzidos os custos operacionais dos participantes do processo, na forma estabelecida pelas instruções complementares emitidas pelo Denatran . De outra forma, o Detran de registro arrecada e repassa ao Denatran e ao órgão autuador as suas participações;

d) As notificações de autuação e penalidade, assim como o processo administrativo, continuam

sob responsabilidade do órgão autuador, ao contrário do que pensou o legislador no § 2º do art . 260 do CTB .

17.1.2 Cobrança de multas de veículos estrangeiros

Quando a infração for cometida com veículo licenciado no exterior, em trânsito no território nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do país, respeitado o princípio de reciprocidade .

Observe que a multa não é condição para prosseguir viagem, e sim para retirada do veículo do país, podendo o estrangeiro sair livremente . Devemos considerar a possibilidade de o veículo

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sair com todos os seus débitos de forma regular, basta que seja dado o mesmo tratamento ao veículo brasileiro quando no exterior .

Apenas a nível de ilustração, uma vez que não é possível extrair esta informação do CTB, o órgão que deverá implementar esse dispositivo é a Polícia Rodoviária Federal .

A PRF é o órgão de trânsito que atua nas fronteiras do país e, para que os demais órgãos tenham suas multas cobradas pela PRF, deveram celebrar convênio com ela .

Por fim, é evidente que deverá ser regulamentado o processo administrativo para cobrança dos débitos do veículo estrangeiro que for autuado no território nacional, considerando-se, evidentemente, as peculiaridades do referido processo, pois o estrangeiro que está em trânsito no território nacional deverá ser notificado sempre que abordado, já que é impossível a notificação a quem não tem residência fixa .

17.1.3 Correlação entre valores das multas, natureza da infração e pontuação Natureza da infração Valor da multa Pontuação correspondente

Leve R$ 53,20 3 Média R$ 85,13 4 Grave R$ 127,69 5 Gravíssima R$ 191,54 7 Gravíssima 3x R$ 574,62 7 Gravíssima 5x R$ 957,70 7 Gravíssima 10x R$ 1 .915,40 7

Vamos ilustrar o tema por meio de uma tabela para facilitar a compreensão e a visualização do exposto .

É importante destacar que esses valores, atualmente definidos pela Resolução nº 136/2002 do contran serão reajustados a partir de 01/11/2016 quando a Lei nº 13 .281/2016 entrará em vigor . Os novos valores serão:

Natureza da infração Valor da multa Pontuação correspondente

Leve R$ 88,38 3 Média R$ 130,16 4 Grave R$ 195,23 5 Gravíssima R$ 293,47 7 Gravíssima 2x R$ 586,94 7 Gravíssima 3x R$ 880,41 7 Gravíssima 5x R$ 1 .467,35 7 Gravíssima 10x R$ 2 .934,70 7

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17.1.4 Responsabilidade pelo pagamento

Fica estabelecido que o proprietário do veículo será sempre responsável pelo pagamento da penalidade de multa, independentemente da infração cometida .

Isso ocorre até mesmo quando o condutor é indicado como condutor-infrator nos termos da lei, não devendo ser registrado ou licenciado o veículo sem que o seu proprietário efetue o pagamento do débito de multas, excetuando-se as infrações resultantes de excesso de peso que obedecem ao determinado no art . 257 e parágrafos do CTB, conforme a Resolução nº 108/1999 do Contran .

17.1.5 Destinação da multa

A receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito tem destinação específica, ou seja, apenas poderá ser aplicada em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito, e nada mais .

O percentual de 5% do valor das multas de trânsito arrecadadas será depositado, mensalmente, na conta de fundo de âmbito nacional destinado à segurança e educação de trânsito, que será administrado pelo Denatran . Note que esse fundo é nacional, de modo que 5% do total das multas arrecadadas no país deverá ir para o fundo .

A receita de multa arrecadada pelo órgão autuador será aplicada da forma acma descrita, ou seja, com destinação específica, que representa 95% do valor total das multas impostas . Os outros 5% vão para o Fundo nacional de Segurança e Educação para o Trânsito (Funset) .

Por fim, embora a destinação seja específica, as áreas de aplicação do valor arrecadado com a receita de multa são extremamente variáveis, em função dos termos genéricos usados pelo legislador . Como exemplo, poderíamos citar que as receitas arrecadadas com a cobrança das multas de trânsito podem ser aplicadas, entre outros, na elaboração e na atualização do mapa viário do município, no cadastramento e na implantação da sinalização, no desenvolvimento e na implantação de corredores especiais de trânsito nas vias já existentes, na identificação de novos polos geradores de trânsito e em estudos e estatísticas de acidentes de trânsito, pois estão englobados nas atividades citadas .

17.2 Advertência por escrito

A penalidade de advertência poderá ser imposta por escrito para infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender essa providência como mais educativa .

A inteligência do CTB informa que a conversão da penalidade multa em penalidade de advertência por escrito não retira a pontuação decorrente da natureza da infração cometida, uma vez que a pontuação não está relacionada com a aplicação da multa e sim ao cometimento da infração, conforme expresso no art . 259 do CTB . Cuidado, pois esta não é posição seguida pelo Contran quando regulamentou o tema na Resolução nº 404/2012 .

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O disposto neste item aplica-se igualmente aos pedestres, podendo a multa ser transformada em advertência por escrito ou na participação do infrator em cursos de segurança viária, a critério da autoridade de trânsito .

A nossa posição é de que: a aplicação da advertência por escrito faz com que o condutor esteja sujeito à suspensão do direito de dirigir devido à pontuação imposta . E mais, quando aplicada a advertência por escrito, o condutor sofre também uma restrição de direitos por 12 meses, pois, ao cometer a mesma infração nesse período, terá necessariamente que pagar a multa .

Enfim, com base no exposto, faz-se necessário observar que, antes da aplicação da referida penalidade, o infrator terá direito a um devido processo legal, nos mesmos moldes do processo administrativo de multa transcrito .

17.3 Apreensão do veículo

Como em todas as outras penalidades, existe aqui uma sanção imposta pela a autoridade de trânsito . Nesse caso, trata-se de uma penalidade que impõe ao infrator de trânsito uma restrição no uso de seu bem por um período determinado .

Na verdade, a apreensão do veículo é uma restrição no licenciamento do veículo, pois é este que permite que o veículo transite na via pública . Assim, como o licenciar veículos é de competência exclusiva do Detran, a aplicação de restrição na licença também o será .

Por fim, somente a autoridade de trânsito dos órgãos executivos de trânsito poderá aplicar a penalidade de apreensão do veículo .

Na apreensão do veículo, embora ainda não regulamentado, entendemos que por sofrer uma privação do bem, o proprietário, por força do art . 5º, incs . LIV e LV da Constituição Federal, tem direito a um devido processo legal .

Por fim, perceba que, diferentemente da remoção do veículo (medida administrativa), o pagamento das multas e dos encargos devidos não dá ao proprietário o direito de retirar o veículo do depósito público, uma vez que, na apreensão do veículo ,existe um prazo de custódia a ser cumprido .

17.3.1 Quadro-resumo

Neste quadro, vamos trabalhar as principais informações sobre o tema, veja:

Circunstância que um veículo

pode ser apreendido Apenas quando prevista na infração, a apreensão assim como as demais penalidades está sujeita à reserva legal Quem pode aplicar a apreensão Apenas a autoridade de trânsito

Prazo máximo da apreensão 30 dias Após quanto tempo o veículo

pode ir à hasta pública O veículo apreendido e não reclamado no prazo de 60 dias Medida administrativa

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17.3.2 Diferença entre apreensão de veículo, remoção do veículo e recolhimento do veículo

Para facilitar a compreensão, foram incluídas, neste estudo, as diferenças entre apreensão, remoção e recolhimento do veículo .

Apreensão do veículo É um ato administrativo, com natureza de sanção administrativa (penalidade), que é formalizado num documento chamado termo de apreensão .

Remoção do veículo É um ato administrativo, com natureza de constrangimento de polícia (medida administrativa), que é formalizado num documento chamado termo de remoção .

Recolhimento do veículo

É um ato material de implementação dos atos administrativos de apreensão e remoção . De outra forma, após preenchidos os termos de apreensão e remoção (atos formais), o veículo deverá ser levado para o depósito público (ato material) . Enfim, recolhimento do veículo é o ato de colocar o veículo sobre o caminhão guincho e levá-lo ao depósito .

17.3.3 Apreensão do veículo nas resoluções do Contran

O Contran, em sua Resolução nº 53/1998, apenas definiu alguns detalhes do procedimento da penalidade de apreensão, nada mencionando a respeito do processo administrativo e da competência para aplicar a penalidade . Dessa forma, deixando de lado as controvérsias a respeito do tema, vamos estudar os tópicos abordados na Resolução nº 53/1998 do Contran que podem ser objeto de prova .

17.3.3.1 Responsabilidade pelo veículo

Uma vez tirado o veículo da posse de seu proprietário, o órgão de trânsito responsável pela custódia responde objetivamente por danos causados aos veículos apreendidos . Na responsabilidade objetiva, quando a Administração Pública afeta uma pessoa de maneira desigual, esta deve ser ressarcida pelo dano sofrido, ainda que a Administração não incorra em dolo ou culpa .

Caberá, então, ao agente de trânsito, responsável pela apreensão do veículo (por lavrar o termo), emitir Termo de Apreensão do Veículo, a fim de eximir o órgão de trânsito de eventual alegação de dano pelo proprietário do veículo, que discriminará:

I – os objetos que se encontrem no veículo; II – os equipamentos obrigatórios ausentes; III – o estado geral da lataria e da pintura;

IV – os danos causados por acidente, se for o caso;

V – identificação do proprietário e do condutor, quando possível; VI – dados que permitam a precisa identificação do veículo .

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17.3.3.2 Termos de apreensão

O Termo de Apreensão de Veículo será preenchido em três vias, sendo a primeira destinada ao proprietário ou condutor do veículo apreendido; a segunda, ao órgão ou entidade responsável pela custódia do veículo; e a terceira, ao agente de trânsito responsável pela apreensão .

Perceba que cada uma das possíveis partes numa ação de indenização por danos provocados no veículo fica com uma via do termo de apreensão .

Como dito antes, o Estado responde objetivamente pelos danos causados ao veículo, podendo mover uma ação regressiva contra o agente se este incorreu em dolo ou culpa, no que se refere ao dever de cuidado com o veículo .

Se o proprietário ou o condutor estiver presente no momento da apreensão, o Termo de Apreensão de Veículo será apresentado para sua assinatura, sendo-lhe entregue a primeira via . Havendo recusa na assinatura, o agente fará constar tal circunstância no Termo, antes de sua entrega .

O agente de trânsito recolherá o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) contra entrega de recibo ao proprietário ou condutor, ou informará, no Termo de Apreensão, o motivo pelo qual não foi recolhido .

17.3.3.3 Prazos

O órgão ou a entidade responsável pela apreensão do veículo fixará o prazo de custódia, tendo em vista as circunstâncias da infração e obedecidos os critérios abaixo:

I – de 01 (um) a 10 (dez) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a qual não

seja prevista multa agravada;

II – de 11 (onze) a 20 (vinte) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a qual

seja prevista multa agravada com fator multiplicador

de três vezes;

III – de 21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias, para penalidade aplicada em razão de infração para a

qual seja prevista multa agravada com fator multiplicador de cinco vezes .

17.3.4 Mandado de busca e apreensão de veículos

Trouxemos este tópico à discussão, pois termos percebido que condutores de veículos têm sofrido uma série de abusos por parte de agentes de trânsito desconhecedores de suas atribuições .

Em que pese a expressão “busca e apreensão de veículos”, o servidor público que aborda veículos com esse tipo de restrição nos sistemas de consultas que lhe são ofertados deve entender que essa restrição surge por uma determinação judicial em virtude de descumprimento de cláusulas contratuais por parte de particulares contratantes .

É o caso de empresas financeiras que ingressam com ações judiciais a fim de reaver o bem que foi negociado com o particular . Com isso, deve o agente de trânsito e/ou policial saber que em

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