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Resultados Obtidos

No documento Vertentes e Desafios da Segurança 2019 (páginas 130-134)

Shift working in an isolated environment

4. Resultados Obtidos

4.1. Interpretação e Análise

As principais conclusões retiradas encontram-se resumidas da seguinte forma (Tabela3):

Tabela 3: Resumo dos principais resultados obtidos 1ª Parte - Características individuais Maioritariamente indivíduos do sexo masculino (79%)

Idades compreendidas na faixa etária entre os 20 e os 40 anos Equilíbrio entre solteiros(as) e casados(as) ou uniões de facto Constituem ou provêm de famílias pouco numerosas (75%) Iniciaram a sua actividade laboral, desde que são militares

Irregularidades na longevidade do tempo em que executam trabalho por turnos Elevada carga horária semanal, no intervalo das 48 a 71 horas semanais Elevados tempos de deslocação de casa para o trabalho (61% >1h) Com carga e ritmos de trabalho adequados

Níveis de alerta e de disponibilidade considerados normais 2ª Parte - Efeitos e consequências Na sua maioria executam turnos de 24 horas consecutivas

Maioritariamente consideram que as vantagens dos turnos superam as desvantagens (75%) Apresentam necessidades de tempos de recuperação ligeiramente inferiores aos normais A quantidade e qualidade das horas de sono são consideradas dentro dos parâmetros normais. Não apresentam especiais dificuldades em adormecer ou despertar

Os níveis de cansaço e/ou energia, assim como a maneira de estar ou de sentir apresentam valores de resposta considerados normais

- Reflectem um elevado nível de interferência com a vida doméstica, apesar do reconhecimento de uma maior flexibilidade horária no dia-a-dia

- Apresentam alguns efeitos e consequências físicas ao nível gastrointestinal e ergonómico - Com poucas ou nenhumas perturbações e consequências emocionais

- A capacidade de concentração ou eventuais perturbações a nível de energia disponível e/ou de cansaço estão a níveis considerados normais

3ª Parte – Percepção de trabalho isolado - Há existência da percepção de trabalho isolado

- Na sua maioria indicam que estão nessa situação por períodos superiores a 5 horas - A maioria considera que o turno da noite é onde tal situação principalmente ocorre - Tem conhecimento da existência de mecanismos e instrumentos para dar um alerta

4.2. Discussão e apreciação de resultados

Das respostas obtidas, permite-se então retirar que os pontos negativos mais evidenciados são: a) o elevado tempo gasto na deslocação de casa para o trabalho e vice-versa; b) a elevada carga horária semanal; c) a preponderância de turnos de 24 horas; d) o impacto na vida pessoal; e) a existência de algum desgaste na saúde física (a nível gastrointestinal e ergonómico) e f) a quantidade de tempo que se trabalha de forma isolada. Quanto aos pontos positivos, os principais a indicar são: a) o ritmo de trabalho que é considerado como sendo ajustado; b) a flexibilidade horária; c) o menor número de horas de sono para recuperar; d) a faixa etária predominante e e) considerarem que os TpTNI trazem mais vantagens, do que desvantagens 5. Conclusão

Os dados recolhidos mostram que apesar dos inquiridos demonstrarem sentir- se afectados por estas formas de trabalho, os níveis de afectação não aparentam ser mais elevados, ou até mesmo semelhantes, do que os dados que surgem em alguns estudos já efectuados. A prova é uma larga maioria dos inquiridos admitir que as vantagens destes tipos de trabalhos se sobrepõem às desvantagens. Não esquecer ainda que o grupo alvo deste estudo foram militares, ou seja, indivíduos que foram treinados e formados para desempenhar determinadas funções específicas e que, regra geral, apresentam todos elevados níveis de resiliência.

Uma das ideias à partida para este estudo, era a de que este servisse de ponto de partida a outros, não só diferentes na sua área de aplicação, mas mais aprofundados. Diferentes, ao pretender que outros militares da FAP, que também trabalham por turnos, fossem alvo de estudos semelhantes. Seriam assim também devidamente analisados, para tentar perceber se os eventuais sintomas apresentados corresponderiam, ou não, aos mesmos apresentados por este grupo aqui analisado. Em última análise, procurar buscar os pontos positivos e negativos entre todos. Os positivos, para serem transversalmente aplicados, e os negativos para serem mitigados ou até mesmo erradicados (dentro das limitações decorrentes da condição militar).

Aprofundados, pois pretende-se também averiguar se os efeitos dos trabalhos por turnos se mantêm após a saída dos mesmos de funções. De facto, os militares mais velhos ao reunirem determinadas condições, saem dos turnos, como ficou referenciado. Saem, principalmente, ao atingir determinada idade ou ao se tornarem os mais velhos de determinado grupo de trabalho. Mas… o que é que lhes acontece a seguir? Continuarão a apresentar sintomas semelhantes aos que foram identificados nos inquiridos por este trabalho ou porventura recuperarão de todos os anos de serviço prestados? E se recuperarem, de que forma e a que velocidade acontece essa recuperação? Parcialmente ou completamente? Lentamente ou de uma forma acelerada? São estas, portanto, temáticas e questões pertinentes que irão ser merecedoras de estudos futuros.

6. Referências

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No documento Vertentes e Desafios da Segurança 2019 (páginas 130-134)