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REVISÃO bIbLIOGRÁFICA OU FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No documento ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE (páginas 78-81)

MOMENTO DE REFLEXÃO

5. REVISÃO bIbLIOGRÁFICA OU FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A segurança A segurança do paciente no campo da assistência da saúde tem recebido atenção especial no âmbito global. As transformações que vêm ocorrendo nas últimas décadas, incluindo aquelas relacionadas aos avanços científicos e tecnológicos e, também, às expectativas das empresas que têm enfrentado mercados globalizados extremamente competitivos, vêem provocando mudanças profundas no trabalho em saúde.

Diante dessa preocupação Hipócrates afirmou há mais de dois anos, “primeiro, não cause dano”, desde então, os eventos adversos, os erros e os incidentes associados á assistência à saúde eram considerados inevitáveis ou reconhecidos como intervenções realizadas por profissionais da saúde não capacitados (Donabedian, 1986).

Este panorama tem justificado as discussões a respeito da segurança do paciente, evidenciado pela própria história com o surgimento das infecções hospitalares com a criação dos primeiros hospitais, em 325 d.C. Na saúde essa relação entre infecções e hospitais já eram aventadas em razão da falta das práticas inseguras.

Kawano et al. (2006) advertem que a ocorrência dos incidentes tem sido uma preocupação desde na Idade Média. Enquanto no Século X em Salermo um grupo de médicos tinha como atribuição fiscalizar e comercialização de medicamentos e punir com enforcamento vendedores de drogas nocivas que tivessem ocasionado à morte daqueles que as utilizavam.

Entre as várias iniciativas, destaca-se o trabalho da Florence Nightingale em 1859, ao reformular a assistência de enfermagem aos soldados feridos introduziu uma série de medidas básicas de segurança, no qual conseguiu reduzir as infecções e a redução da taxa de mortalidade (Sousa, Rodrigues, Santana, 2009). Com essas estratégias, seu conhecimento e propriedade na arte do cuidado, reduziu números expressivos de mortalidade nos campos de batalha, que, apesar da ausência de tecnologia, ficou historicamente comprovado que, a conscientização com as questões da higiene são causas nobres e desperta a preocupação por instituições como a OMS no Desafio Global, que propõe como parte da Segurança do Paciente, a higienização das mãos.

Nos últimos anos, tem-se assistido o marco de confluência do movimento mundial quanto à publicação do relatório a respeito de erros relacionados com a assistência à saúde.

Já que o erro é uma condição humana, devem-se incluir iniciativas nas agendas de formação

de profissionais da saúde, instituições, organizações e sistemas de saúde. Por outro lado, os profissionais de saúde, respondem aos Conselhos pelos atos de negligência, imprudência e imperícia, o que também impulsiona a criação de uma cultura de responsabilidade e exigências na qualificação dos profissionais e o aperfeiçoamento de competências para novas demandas do exercício profissional, direcionadas às suas realidades.

A preocupação com a qualidade do cuidado e a segurança do paciente a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) constituiu um grupo de trabalho para avaliar a segurança do paciente nos serviços e oficializou em 2004 um marco importante aconteceu na criação do programa denominado Aliança Mundial para Segurança do Paciente, com o intuito despertar a consciência sensibilizar e mobilizar os profissionais da saúde para implementação de metas e programas que promovam condições de permeabilizar a recuperação da saúde sem riscos para os pacientes e sugerem alguns caminhos para alcançar o benefício e o comprometimento político para melhorar a segurança na assistência, além de apoiar os países em desenvolvimento de políticas públicas e práticas para segurança do paciente em todo o mundo (Boletim Informativo, 2011).

Desde então, a segurança do paciente tem sido observada por várias organizações nacionais e internacionais, inclusive por aquelas que estão em funções diretas ou indiretamente ligadas ao paciente. No Brasil, na década de 1990 e nos primeiros anos da década de 2000 ações foram incorporadas a respeito da segurança do paciente na assistência à saúde e, consequentemente, no desenvolvimento de investigações científicas.

A Aliança Mundial para a Segurança do Paciente foi criada em outubro de 2004 pela OMS com o objetivo de dedicar atenção aos problemas de segurança do paciente. Ela reúne ministros da saúde, organismos internacionais em prol da segurança do paciente, associações de profissionais, organizações de consumidores entre outros especialistas da área. As primeiras novas soluções adotadas em 2007 pelo comitê internacional são:

gerenciamento dos riscos assoados a medicamentos com aparência ou com nomes;

identificação do paciente; comunicação durante a transferência da responsabilidade pelo paciente; realização do procedimento correto na parte correta do corpo; controle de soluções eletrolíticas concentrada; garantir a adequação da medicação em todo o processo de cuidado;

evitar conexão errada de cateter e de tubo; uso de dispositivo único para injeção e melhorar a higiene das mãos para prevenir infecções associadas ao cuidado á saúde.

No Brasil foi realizado um plano de trabalho com algumas recomendações organizadas por alguns cursos de enfermagem tendo como proposta: abrir uma linha de segurança dos pacientes relacionada à capacitação; rever os direitos e deveres dos profissionais e oferecer serviços para a proteção dos recursos humanos de enfermagem em casos de eventos adversos; realizar estudos sobre força de trabalho em recursos humanos em enfermagem;

facilitar sistemas de reportes sobre eventos adversos; promover a formulação de código

de ética para garantia do paciente e dos recursos humanos de enfermagem; conscientizar os recursos humanos sobre as implicações dos princípios éticos; e incorporar a dimensão segurança emocional no serviço de enfermagem.

Em 2008, foi criada como iniciativa da Organização Pan-Ammericana da Saúde (OPAS) a Rede Enfermagem e Segurança do Paciente (REBRAENSP), atualmente coordenada pela Profa. Dra. Silvia Cassiani com a proposta de disseminar e sedimentar a cultura de segurança do paciente nas universidades, organizações de saúde, escolas, programas, organizações não governamentais, usuários e familiares. Com a intenção de prevenção de danos e de fortalecimento das ações na assistência de enfermagem ao paciente. Favoreceu também a criação de redes de discussão e troca de informações sobre o tema – no âmbito municipal, estadual e nacional - auxiliando na mobilização e a sensibilização dos profissionais na assistência segura e com qualidade (Gabriel, 2010).

Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN- SP), junto com a REBRAENSP, em 2010 elaboraram uma cartilha com os dez passos para a segurança do paciente: 1- identificação do paciente; 2- cuidado limpo e seguro; 3- cateteres e sondas – conexões corretas; 4 - cirurgia segura; 5 – sangue e hemocomponentes – administração segura; 6 – paciente envolvido com sua própria segurança; 7- comunicação efetiva; 8 – prevenção de queda; 9- prevenção de úlcera por pressão e 10- segurança na utilização de tecnologia.

Sabemos que hoje as instituições de saúde enfrentam várias dificuldades, inclusive no âmbito econômico, levando possivelmente a condições de trabalho inadequadas aos profissionais de saúde, com riscos potenciais à segurança do paciente. Somente através do conhecimento seja possível gerar estratégias para melhorar essa segurança e, para se chegar a isso, o enfermeiro deve obter na sua formação uma abordagem ampla inserida em todo eixo curricular do curso refletida no contexto da interdisciplinaridade. Podemos apontar como alguns benefícios dessa proposta um compromisso a ser trabalhado ao gerar estratégias que promovam mudanças e avaliar seu real impacto diante das necessidades dos pacientes.

Diante desse contexto, exigem-se estudos e pesquisas que passem a refletir a respeito das qualidades essenciais dos trabalhadores enfermeiros para a inserção no mundo do trabalho (competitivo e exigente) em que implica uma reconceitualização na abordagem educacional e na avaliação de ajustes dos órgãos formadores, sob pena de que os egressos da escola não se encaixem ou enfrentem dificuldades desnecessárias às novas demandas geradas pela estreita dependência com o mundo do trabalho diante dos requisitos exigidos diante dos preceitos éticos, culturais e assistenciais.

6. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura (RIL) que se constitui um método que reúne e sintetiza o conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados significativos produzidos na prática ( SOUZA et al. 2010). Este tipo de revisão permite envolver a definição de um problema, a busca e a avaliação crítica das evidências disponíveis, a implementação das evidências práticas e a avaliação dos resultados obtidos (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO, 2008).

Para Lakatos, Marconi (2007) as pesquisas bibliográficas permitem conhecer as contribuições culturais ou cientificas do passado, aproximando o pesquisador do que foi escrito ou dito no passado sobre determinado assunto. A pesquisa bibliográfica não é mera repetição sobre o que foi dito ou escrito sobre certo assunto. Mas, propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem chegando a conclusões inovadoras.

A metodologia utilizada em uma revisão integrativa foi definida em seis etapas (Pompeo, Rossi, Galvão, 2009), as quais serão contempladas com as ações realizadas neste estudo, da seguinte forma:

No documento ANUÁRIO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOCENTE (páginas 78-81)