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Revisitando o WC+1 – Espectáculo músico-performático-sanitário escatológico

Eduardo Paes Barretto67

Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro, Portugal Fernanda Zanon Torchia

Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro, Portugal João Vilnei de Oliveira Filho

Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade - i2ADS/FBAUP; Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte - LICCA/UFC

Resumo: WC + 1 was a spectacle performed on 7 and 8 December 2014, as an expansion of the "I

Seminário de Criação Compartilhada" in Aveiro, guided by Luca Belcastro, which aimed to promote the development of projects for the creation of works with an emphasis on collaborative work between the performance and the composition.

In this article, we present the construction of this particular WC in a personal tone, as a reflection of each author's relationship with the development of the show, and we discuss views on the process of collective and multidisciplinary creation.

Palavras-chave: Colaborative creation, House, Musical spectacle, Germina.Cciones, WC Este artigo é, pelo menos, três artigos.

Introdução e conclusão foram escritas "a seis mãos", como era de se esperar em um texto com mais de um autor.

O miolo traz três diferentes olhares sobre o WC+1. Eduardo começa, escrevendo sobre seu envolvimento nas primeiras reuniões do Germina.Cciones e sua visão dos trabalhos desenvolvidos. Na sequência, Fernanda traz um olhar duplo, de espectadora e de quem acompanhou o processo de criação do espetáculo através da convivência direta com o grupo que nele participou. João finaliza, relacionando a montagem do espetáculo à pesquisa que atualmente desenvolve.

As três partes do artigo foram escritas sem que seus autores soubessem o que estava a ser descrito pelo companheiro. Essa opção permite que surjam visões diferentes sobre experiências partilhadas e dá margem à construção de um texto com mais vozes, que se aproxima à experiência coletiva de montagem do espetáculo.

É somente antes de se escrever a conclusão que os autores partilharão entre si os textos produzidos. Da reflexão sobre essa leitura e do recorte-e-cola desse novo texto 3-em-1 será escrita a última parte do texto.

Quem sabe assim, no final, este artigo seja muito mais que três.

Eduardo

Meu envolvimento com o WC+1 começou em meados do mês de julho de 2014, em virtude do "Seminário de Criação Compartilhada", ministrado por Luca Belcastro, idealizador da "Plataforma Cultural Internacional Germina.Cciones"68, em sua segunda vinda à Aveiro. A proposta do projeto era desvincular a distinção entre o compositor e instrumentista e que repercutem nas palavras de Murray Schafer:

67 Email: dudubarretto@gmail.com

Hoje há uma tendência para a fusão destas coisas. Obviamente eu sou o autor e

compositor de muito material que está neste trabalho. Mas não sou o compositor de tudo. E talvez você não consiga dizer o que foi meu e o que foi de outra pessoa. E espero que este seja o caso no final. Nós não saberemos. (1994, 113)

Assim, este processo criativo estaria apoiado na interação dialógica gerada entre os indivíduos envolvidos neste coletivo, e seria construída a partir do entendimento intersubjetivo e na relação consensual entre seus componentes.

Senti-me bastante motivado por estas qualidades, uma vez que elas iam ao encontro de anseios concernentes à minha atividade artística. Estava à procura de formas alternativas para dar vazão à criatividade, e acreditava que um espaço capaz de propiciar uma orientação horizontal e não-hierárquica entre as pessoas seria um terreno fértil para

fomentar a troca, o debate e a inventividade. Somado a isso, a própria socialização em si já despontava como mais-valia, já que o ambiente durante o trabalho como intérprete solista é amiúde marcado por um individualismo-solitário69. E ainda, trabalhando durante anos como guitarrista solista, era-me importante buscar meios de me identificar mais como artista, em sentido mais abrangente que meramente limitar-me a ser um instrumentista especializado.

Avalio que esta proposta transdisciplinar cumpriu um papel de grande aprendizado com outras artes (cênicas, performance, e música; e mesmo dentro dessa, entre compositores e intérpretes), sendo essa pluralidade bastante enriquecedora para ampliar meus horizontes de atuação. Inclusive, o exercício de romper com o foco habitual, centrado exclusivo e excessivamente no alto rendimento técnico da performance musical, contribuiu ainda de forma colateral na diminuição dos níveis de ansiedade.

É evidente que nem tudo foi “mil maravilhas”. Também fez parte deste aprendizado momentos menos agradáveis, exaustivos e desgastantes. Os encontros e posteriores ensaios aconteciam com periodicidade semanal, durante o horário pós-laboral. Dado que era um grupo grande e heterogêneo, a presença periódica, a pontualidade de horário e os diferentes comprometimentos (ou a falta deles), decorrente das prioridades e interesses de cada um em abraçar a causa comum, deu margem para que houvesse, por vezes,

desentendimentos e discussões.

Ainda na fase de adaptação à proposta de trabalho, meu intuito era o de, pelo menos a princípio, conhecer e contribuir com o que estivesse ao meu alcance em propostas já existentes. A temática da casa de banho já havia sido estabelecida pelos membros participantes desde o primeiro encontro com o Luca, realizado alguns meses antes. Foi curioso notar que, por mais natural e cotidiano que fossem, o fato de trazer a tona assuntos como necessidades escatológicas, dejetos e outros tópicos considerados constrangedores, gerou uma espécie de tabu em parcela da audiência que se sentiu desconfortável perante a situação de estar, de certa forma, expondo suas intimidades. Muito em virtude dos assuntos levantados nas primeiras reuniões, resolvi comentar (em

69 A despeito do aparente pleonasmo, considero aqui o “individualismo” (enquanto substantivo) como uma descrição objetiva de uma situação, ao passo que “solitário” (enquanto adjetivo) manifesta a repercussão emocional subjetiva acarretada por aquele estado. Por exemplo, uma corrida pode ser interpretada de diversas maneiras: devido à uma impossibilidade de conter alegria; à pressa de cumprir um horário; como forma de extravasar energia...

tom de convite) com João, uma vez que ele estava no processo de preparação do projeto no âmbito de sua investigação de doutoramento, “a construção da Casa Impossível”. Passada a interrupção das férias de verão, e após o primeiro ou segundo encontro desde sua adesão, surpreendi-me ao saber que me havia escalado como responsável pela “produção” do projeto de performance/instalação “a casa de banho da Casa Impossível”. Conforme descrito pelo próprio João:

Durante o período de ensaios para o primeiro PRISMAS [Festival Permanente de Criação] estarei vivendo nessa casa e pretendo viver os ensaios gerais como a casa de banho da “Casa

Impossível”: tomar um duche, lavar os dentes, usar fio dental, urinar, pentear-me, secar o cabelo… enfim, introduzir nos ensaios gerais a experiência de utilização de uma casa de banho real. Em Novembro [até então a data prevista para a apresentação do espetáculo] será

apresentado o registo dessas ações, de alguma maneira que eu pra já desconheço.

De fato, os resultados aos quais chegaríamos ainda eram totalmente desconhecidos… Jamais poderia vislumbrar que ficaria nas inusitadas situações de cantarolar, seminu no duche (Imagem 1), músicas do cancioneiro infantil; de me enrolar, feito múmia, com papel higiênico (imagem 2); ou ainda de entrar a caráter formal para tocar uma peça e –

intencionalmente – ser acometido por um surto contagiante de comichões…

Imagem 1. Eduardo ao duche. Imagem 2. Enrolados, a volta da sanita.

Além da temática, a estrutura das diversas cenas do espetáculo também foram relevantes para conferir unidade ao WC+1, evitando que ele aparentasse a uma coletânea seccionada de cenas avulsas. Nessa perspetiva, o espetáculo pode ser divido em duas partes

reversíveis, como um palíndromo. Este nível subdivide-se, por sua vez, em outros dois pares (AB-BA): a primeira cena categorizada em “A” foi "Fräulein im Spiegel" (a’), enquanto a última foi "Espelhos" (a”). Ambas estavam baseadas em poemas, – de Arthur Schnitzler e Clarice Lispector, respetivamente – exploravam reflexos e foram protagonizadas pela mesma atriz. As duas cenas identificadas como “B”, "Portal dos Sonhos" (b’) e "A Corda e o Espaço Inconectável" (b”), abordam o dilema entre “despertar para a realidade”, ainda que efêmera e inexorável, ou permanecer com um contentamento ilusório. Neles, a casa de banho é encarada como lugar de privacidade e refúgio para se refletir sobre a vida. Daí resulta um novo desmembramento: a’-b’-b”-a”. Costurando estas cenas de atmosfera mais densa, as miniaturas apresentadas pelo João e por mim (x) conferiam coesão e, ao mesmo

tempo, contraste. "Gêmeos" (X) é a cena central, espécie de eixo de simetria, e a única muda do espetáculo. Ela mesma, conforme o próprio nome já sugere, é formada por um dístico de identidade semelhante.

O desdobramento final, portanto, fica da seguinte maneira: a’-x-b’-X-b”-x-a”.

Fernanda

Acompanhei o processo de criação do WC+1 de fora, ouvindo o que o Dudu e o João contavam quando chegavam em casa depois dos ensaios. A impressão que tive é que nem eles sabiam ao certo como seria o espetáculo. Confesso que fiquei surpreendida, pois não esperava que o resultado final fosse ficar tão interessante e envolvente.

Participei do primeiro encontro com o Luca Belcastro, mas não quis continuar no projeto por já ter uma experiência de trabalho em grupo. Naquele momento, não estava disposta a usar o meu tempo para participar de projetos e já previ que alguns atrasos e problemas poderiam acontecer.

Um dos aspetos interessantes na conceção do WC+1 foi a criação coletiva. Até onde percebi, não havia somente músicos atuando. Havia atores e performers. Com isso, o espetáculo não era um concerto, nem show, nem peça teatral e nem uma performance. Era tudo isso e nada disso: era algo único, com personalidade.

Nunca havia assistido uma apresentação cujo tema fosse a casa de banho. A começar por isso, o WC+1 já se fez diferente, ao abordar um tema ao qual não nos costumamos ater, ou sobre o qual não queremos conversar. O WC+1 abordou temas como nossa imagem refletida no espelho, nossos afazeres na casa de banho que vão além de nos aliviarmos, nossas intimidades com o local, onde cantamos sem timidez e tiramos a roupa sem pudor. Ao longo do espetáculo, sensações contrastantes surgiam. Sensação de nojo ao ver o João beber a própria urina, sensação de vergonha por ver o Dudu tirar a toalha, sensação de apreensão por não saber se o Gerson tiraria as calças e mostraria sua parte íntima (que naquele momento deixaria de ser íntima e seria pública). As cenas não tinham conexão, a meu ver, mas permearam o fio condutor que era a casa de banho e seus múltiplos

significados.

E dessa forma o espetáculo acabava mas continuava em minha mente. Após assistir ao WC+1, comecei a refletir sobre essas sensações que me incomodaram. Por que temos nojo de algo que é nosso? Por que a urina e as fezes são “seres estranhos e nojentos” se elas vêm de nós mesmos? Por que sentimos vergonha pelo corpo nu? Passaram-se alguns meses e eu ainda não sei responder essas questões. Deve ser porque ainda não estou preparada para falar sobre isso.

João

Um dia, Eduardo convidou-me para um encontro do "Germina.Cciones Portugal". A ideia era dar continuidade aos trabalhos realizados anteriormente, a partir da montagem de um espetáculo que os integrasse e que fosse construído por várias mãos.

Aquilo que me seduziu a participar do projeto foi seu tema, devido principalmente à aproximação que poderia construir com minha pesquisa de doutoramento: a casa de banho.

No âmbito da minha pesquisa, procuro conjugar o trabalho teórico ao prático no

e a idiorritmia70, conceito retomado por Barthes (2003). É na articulação entre leituras sobre jogo, cidade e performance, a reflexão sobre artistas com preocupações similares e os trabalhos que realizei, que costuro "a construção da Casa Impossível". Com ela, proponho o exercício de pensar e construir uma casa como se pensa e constrói uma cidade,

transformando ruas em corredores, bancos de praça em salas de jantar ou o vizinho em

room-mate. No fim, descobrir formas de viver e trabalhar a cidade como se de uma grande

casa se tratasse (Monteys and Fuertes 2011:12), a partir de uma relação de intimidade dos diferentes espaços de ambas, com base em uma "troca de memórias e de sentidos" (Canton 2009, 35), matéria tão rica em interesse e potencialidades.

Participar do projeto parecia-me uma boa oportunidade de incluir aquela casa de banho à Casa que estava a construir. Foi assim que comecei a participar dos encontros de

preparação do espetáculo.

No mesmo dia em que iniciei os "33 vídeos para a Casa Impossível"71, projeto que registava com um vídeo diário o período que usei espaços de Aveiro como espaços de casa, passei a escrever pequenas atas dos encontros que realizávamos no

Germina.Cciones. É a partir dessa documentação que irei construir este texto.

No mesmo dia em que ganhou nome, WC+1, o espetáculo dividiu-se em dois. Em 09/09, decidiu-se que a primeira parte incluiria os trabalhos inseridos na temática da casa de banho. A segunda seria uma apresentação musical de parte do grupo que não se sentira atraído pelo tema. Esse "+1", tal qual era pensado na altura, não foi realizado, apesar do nome ter sido mantido. A possibilidade e a abertura para a mudança parece-me uma característica marcante em projetos dessa natureza e que pode ser encontrada, como escreve Guerrero, na ideia de projeto de casa: "a passagem ao objecto, à casa, traz consigo uma ou outra surpresa imprevisível, não projectada ou não contemplada" (2011, 12). Sem a possibilidade de ser realizado, e com algum "jogo de cintura", "+1"

transformou-se num momento de celebração, no qual partilhámos minis com o público à entrada do GrETUA72 após o espetáculo.

Em 20/10, o WC+1 ganhou novas datas, 7 e 8 de dezembro. Também nesse dia soubemos que Gerson, um dos participantes do grupo, já criara uma iguana chamada "Jones, Iguana Jones"73.

Em 10/11, menos de um mês antes da estreia, eu e Eduardo apresentámos ao grupo a nossa ideia, uma cena dividida em quatro sketches, que serviriam para, ao mesmo tempo, separar e unir os demais trabalhos74. O primeiro sketch é uma espécie de história da limpeza, escrita a partir da relação de diferentes povos com a água e a higiene (Bryson 2011). No segundo, Eduardo toma um duche e canta em um dos lados do palco, enquanto troco repetidamente de roupa75. No terceiro, sentados à sanita e sem falar, primeiro

Eduardo bebe uma grande quantidade de água de uma garrafa para, em seguida, ser substituído por mim que volto a encher a garrafa com urina e beber no mesmo sítio em que

70 "Sem ligação direta com a vida conventual, a idiorritmia designa igualmente, no curso de Barthes, todos os empreendimentos que conciliam ou tentam conciliar a vida coletiva e a vida individual, a independência do sujeito e a sociabilidade do grupo." (Barthes 2003, XXXIII)

71 Mais informações em www.youtube.com/jvilnei. 72 Grupo Experimental de Teatro de Aveiro.

73 Parte da documentação presente nas atas reúne frases descontextualizadas, que surgiram durante as reuniões. A Iguana Jones foi uma dessas frases.

74 Um dos trabalhos, "Portal de Sonhos", era dividido em dois momentos.

75 Essas roupas foram utilizadas durante a fase final de trabalhos da Casa e podem ser visualizadas

ele bebeu. Na última, enrolados em papel higiénico, recitamos trechos do capítulo "banheiros", de "A Casa Subjetiva", quando a autora chega a conclusão de que pouco importam os modernos aparelhos presentes nas atuais casas de banho; no final, "caga-se" (Brandão 2002, 116). E pronto.

A reunião seguinte, no dia 17, foi a última com registo em ata e marca o primeiro ensaio geral.

Com bilhetes a 3 euros, o dinheiro levantado pelo espetáculo foi suficiente para pagar gastos com a compra de equipamentos e as minis do "+1", além de financiar parte de um jantar comemorativo no japonês.

Conclusão

Sentamos os três juntos em 19/05/2015. Depois de revisada, a introdução foi mantida tal qual estava antes de partilharmos os textos.

Cada um leu o texto do outro e escreveu comentários. Depois, Eduardo foi o primeiro a rever o seu texto, em voz alta. Seguido por Fernanda, Eduardo novamente e, por fim, João. João uniformizou os termos comuns aos três.

Durante a leitura, comemos pão de queijo com Compal laranja. E decidimos que este fim seria uma conversa. Eduardo é o negrito, Fernanda o itálico e João o sublinhado.

Um dos pontos interessantes que pude observar como espetadora foi, ao fim do

espetáculo, ouvir os comentários do público relacionados ao João ter bebido ou não urina. Será que o público não quis acreditar…?

Acho que as pessoas não estavam preparadas para aquilo, o que é bom. Para mim, uma das ideias da arte é tirar as pessoas do lugar dela, fazerem-nas refletir, e o WC+1

proporcionou isso.

Não me importa muito se as pessoas tiveram consciência do que aquilo foi. Foi urina porque fez sentido na construção da cena e não para assustar. Tanto é que o momento em que volto a encher o recipiente com urina é feito de costas para o palco.

Hum… E o que mais, Eduardo?

Os apontamentos que fiz aqui já apareceram… Não me parece que seja preciso comentar muito mais…

Vocês acham mesmo que foi uma criação coletiva? Porque a impressão que eu tenho às vezes é que foi mais coletivo entre vocês dois…

Vocês querem mesmo falar disso?

Eu posso falar. Eu acho que houve diferentes graus de envolvimento… Em alguns trabalhos houve sim um diálogo mais próximo e recorrente. Quando havia as reuniões, toda a gente comentava e isso claramente interferia nos caminhos que o projeto tomava…

Mas 'tás a falar da tua experiência, não é? Achas que isso aconteceu no espetáculo como um todo?

Acho que sim. Em muitos trabalhos isso foi visível, essa troca e alimentação.

Então foi coletivo em diferentes níveis. Não é?

Acho que sim.

Sim.

Bom, e o resultado final foi melhor do que eu esperava. Pelo menos até uma semana antes do espetáculo…

Bibliografia

Barthes, Roland. 2003. Como Viver Junto : Simulações romanescas de alguns espaços cotidianos : cursos e seminários no Collège de France, 1976-1977. Edited by Claude Coste. 1a edição. São Paulo: Martins Fontes.

Brandão, Ludmila de Lima. 2002. A casa subjetiva : matérias, afectos e espaços domésticos. São Paulo: Editora Perspectiva.

Bryson, Bill. 2011. Em uma casa – Uma breve história da vida doméstica. São Paulo: Companhia das Letras.

Canton, Katia. 2009. Espaço e Lugar. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes.

Guerrero, Julián Santos. 2011. “A casa como problema.” In Pensar a casa. conferências da casa, 1, 9–26. S. M. Feira: Associação Casa da Arquitectura.

Monteys, Xavier and Fuertes, Pere. 2011. Casa collage - un ensayo sobre la arquitectura de la casa. Barcelona: Editorial Gustavo Gili.

Schafer, Murray. 1994. "Encontro com R. Murray Schafer". In Cadernos de estudo: educação musical, nº 4/5, Novembro, p. 107-116. Belo Horizonte: Escola de Música da UFMG.

The "Dolls" of Lina Pires de Campos for piano: teaching and

performance subsidies

Ellen de Albuquerque Boger Stencel76 UNICAMP/UNASP, Brasil

Maria José Dias Carrasqueira de Moraes UNICAMP, Brasil

Abstract: Musical scores constitute an important element in the development of expertise in musicians,

especially from western tonal traditions. This research aims to identify and to outline the pedagogical and interpretative approaches in the pieces called "Bonecas (Dolls)", of Brazilian Composer Lina Pires de Campos (1918 - 2003). This repertoire is important for late beginners up to intermediate students, to achieve accuracy for a good performance, because it involves many mental messages and physical coordination. It proposes to present the performance dimensions that were used in the pieces as well as identifies, analyses and outlines the pedagogical aspects of them. This paper focus the importance of performance teaching, and how the teacher can guide the student to develop musicality and artistic creation, through musical understanding. Those Brazilian pieces can be an introduction to a piano repertoire which is full of rhythmic vitality, rich in ethnic heritage and folk music and the students can found joy in learning them. To teach performance by means of specific repertoire creates moments for learning and developing independence and increasing expectations for musical life.

Keywords: Piano teaching and performance; Brazilian piano

This paper aims to identify and to outline the pedagogical and interpretative approaches in the pieces called "Dolls" of a Brazilian Composer Lina Pires de Campos (1918-2003). It proposes to present the performance dimensions that was used in the pieces as well as