• Nenhum resultado encontrado

Seleção do mercado alvo (targeting)

3. Os indivíduos procuram apoio social Ocorre quando as duas situações anteriores não são suficientes para reduzir a dissonância, representado a mais forte das três Funciona

2.7.2 Rotinas de praia como destino

O Turismo atinge várias definições e permite diferentes abordagens, mas de uma forma geral vamos afirmar que o turismo é um negócio. Isto porque apresenta um produto, promovido num mercado, que se desloca para ser consumido num determinado destino. Para Kotler (2000), produto turístico é algo que pode ser oferecido a um mercado com a finalidade de chamar a atenção, ser adquirido, utilizado e consumido, com o objetivo de satisfazer um desejo ou necessidade. Sendo um conjunto de elementos, pode ser comercializado direta ou indiretamente, motiva deslocações de indivíduos, concebendo uma procura e uma receita. O produto turístico e as suas componentes têm a capacidade de diferenciar o produto, segmentar a procura e estimular a aquisição e consumo. O serviço torna-se mais completo quando estes se interligam e sinergicamente se consolidam. Naturalmente, o sucesso de um produto turístico depende em muito do conjunto de itens que o suporta e da qualidade da sua inter-relação com os visitantes. Para Cunha (2003), não há “produtos” turísticos universais, porque cada País e cada região possui o negócio turismo, quer sejam produtos, mercados e destinos turísticos com caraterísticas diferentes que influenciam diferentemente o produto que lhes diz respeito. Embora havendo produtos e serviços comuns entre países ou regiões e outros que se podem transpor, a sua composição resulta das diferentes condições de cada local, e é esta diferenciação que torna decisiva as preferências dos consumidores. É desta combinação entre composição, diferenciação e relação, que nascem os destinos turísticos.

O negócio turismo: produtos, mercados e destinos turísticos definem uma sequência corporativa de relações de negócio. Numa relação inversa e projetando um ideal de oferta, destinos de excelência,

36

em mercados de eleição, promovem produtos que permitem vivenciar experiências únicas. Numa lógica de procura, bons mercados procuram produtos únicos em destinos diferenciados. Turismo também é comunicação (Alegre & Cladera, 2006).

Quanto aos novos produtos turísticos, a sua inserção no mercado implica apostar em produtos criativos, que promovam experiências com capacidade de diferenciação no mercado e com índices de satisfação, perduráveis no imaginário dos turistas. A aposta na inovação e diferenciação de novos produtos, só se consegue com o conhecimento específico do destino e dos valores endógenos e emergentes do mesmo. Perceber os mercados, entender as flutuações e conhecer os comportamentos dos potenciais turistas, permite chegar com mais eficácia aos mercados alvo, implementando uma promoção efetiva do destino, através de uma personalizada campanha de comunicação (Alegre & Cladera, 2006).

Bercial e Timón (2005) sublinham que um espaço pode transformar-se em destino turístico desde que possua três premissas concetuais e estejam conectadas entre si:

(i) O desenvolvimento social do destino;

(ii) A sustentabilidade dos elementos naturais e ambientais; (iii) A segurança dos aspetos económicos.

Podemos então afirmar que os destinos turísticos devem satisfazer os desejos e necessidades dos atuais consumidores, potenciar motivação e expectativa aos novos turistas, acompanhados de um sistema de gestão de qualidade com capacidade de perceber e tratar o feedback recolhido, incrementando processos de certificação. Só assim se conseguirá atingir novos mercados e trazer novos turistas, melhorando a promoção qualitativa do destino (Bercial & Timón, 2005).

Uma das principais caraterísticas dos destinos sol e praia é o fenómeno da visita repetida por parte do turista. Apesar deste tipo de turistas serem mais propensos a uma nova visita ao destino, a maior determinante é o nível de satisfação, embora a adição marginal ao número de visitas tenha apenas um efeito muito limitado na satisfação global com o destino (Alegre & Cladera, 2006). O próprio negócio da empresa é focado em destinos de férias, pois visa a venda de pacotes turísticos com esse fim. Ou seja, a proporcionalidade de oferecer descanso, diversão e relaxamento, por um determinado preço e um preço baixo, para os “dividendos” que um cliente pode retirar (Alegre & Cladera, 2006).

37

Muitas vezes a palavra “rotina” não é analisada como algo positivo à primeira vista, pois significa o hábito de fazer uma coisa sempre do mesmo modo. Exceto quando essa palavra é seguida pela palavra “férias”. Rotina e férias é algo simplesmente como mágico para qualquer pessoa. Uma rotina de férias é algo que se repete por alguns dias seguidos, mas que não aborrece porque se sabe que tem um prazo de validade curto. Talvez por ser algo que se faça muito raramente ao longo de um ano, tenha um “sabor” mais especial. Isto equivale a muitas horas de praia, muitas horas a ler, a passear, a nadar no oceano, “abraçando” as ondas, a ser-se resplandecido pelo sol e simplesmente a descansar. Daí os destinos de praia serem os mais comuns para todas as famílias, pelo simples facto de recarregar as baterias. É como uma breve pausa para começar um novo ano de trabalho e afazeres obrigacionais. As férias na praia são o mais próximo que as pessoas chegam para um estado de despreocupação total, daí serem tão desejadas e tão bem-vindas quando finalmente chegam (Machado, 2000).

O turismo de massas associado ao sol e praia é bastante sazonal e concentrado nos meses de verão. Esta situação conduz a períodos de enorme congestionamento no destino, longas horas de trabalho nesses momentos e baixos níveis de fruição das instalações fora da estação alta. O que influencia o retorno dos investimentos por parte dos agentes de turismo, pois a construção tem de absorver o pico de utilização, mas não pode ser “desconstruída” quando este desce para níveis bastante inferiores devido à sazonalidade (Bramwell, 2004).

Ainda que estejamos perante este tipo de constrangimentos, Ioannides & Debbage (1997), referem que o turismo de massas se pode adaptar à crescente procura por formas mais individualizadas, diversificadas e flexíveis dentro das quais permanecem essencialmente como produtos de massas. Pode ser conseguido através da customização de produtos de massa, crescente escolha dos elementos constantes de pacotes de férias, desenvolver produtos para mercados de nichos e promover destinos fora das principais áreas turísticas (Bramwell, 2004). A introdução de inovações num produto turístico e a atenção em particular das necessidades individuais, não são caraterísticas incompatíveis com férias de sol e praia num contexto de turismo de massas (Aguiló et al., 2005).

Knowles & Curtis (1999) citam Hawkins (1993) ao indicar que se deu início a uma mudança de encontro às férias independentes de pacotes turísticos. Os consumidores procuram um maior grau de controlo e flexibilidade sobre o seu tempo livre. O preço das férias independentes foi sendo reduzido ao longo do tempo, por exemplo, devido à desregulação observada no transporte aéreo pela liberalização do mesmo. A existência duma moeda única no contexto europeu a partir de 2002 também contribuiu para esta situação. A lealdade ao destino, também é um fator influenciador da duração da sua estadia.

38

Resultado muito importante para estabelecer políticas comerciais, pois aquelas que foquem a lealdade ao destino e que a suportem, aumentarão essa mesma estadia no destino (Gokovali et al., 2007).

Os destinos de Turismo em si, não são positivos ou negativos. O valor da decisão difere com a associação afetiva dos diferentes segmentos de mercado turístico (Knowles & Curtis, 1999). Gokovali et al (2007, p. 738) pronunciam que “pessoas diferentes visualizam imagens diferentes do mesmo produto; o número de pessoas com uma particular imagem serão sempre uma percentagem e nunca uma população”. Esta imagem não é meramente uma impressão de destino semelhante a uma câmara, mas uma expressão de apreciação e portanto, uma noção puramente subjetiva. Desde que as perceções das pessoas sobre uma localização sejam as suas realidades, isso irá motiva-las a viajar, seja qual for o destino turístico escolhido (Knowles & Curtis, 1999).