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Teoria, método e análise; I Ontologia e epistemologia;

Seleção do mercado alvo (targeting)

Capítulo 3 – Metodologia de Investigação

I. Teoria, método e análise; I Ontologia e epistemologia;

III. Metodologia.

Através de uma pesquisa qualitativa pretende-se conseguir uma compreensão ou ganhar conhecimento qualitativo acerca das razões e motivações subjacentes a um determinado facto (Malhotra & Birks, 2006), precisamente o caso desta investigação. Existem outros processos de análise de marketing, tais como a pesquisa descritiva e a pesquisa exploratória. A descritiva utiliza um conjunto de métodos e procedimentos científicos com o objetivo de recolher dados que descrevam as caraterísticas de uma população-alvo, sendo estas, atitudes, comportamentos de compra ou preferências pessoais do individuo (Hair et al., 2003). Quanto à pesquisa exploratória, de acordo com Burns & Bush (2006), é utilizada para recolher informações de um modo geral de um problema de pesquisa e é normalmente levada a cabo, quando o investigador não tem muito conhecimento acerca do problema e precisa de informação adicional ou atualizada. A mesma, embora sistemática, é muito flexível e permite ao investigador quaisquer fontes até que este considere como obtido o conhecimento que achar necessário. Este tipo de pesquisa não possui uma série formal de objetivos, plano de amostragem ou questionário.

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Assim sendo, a presente dissertação tem como unidade de análise principal, uma entidade operadora de viagens e as suas ofertas, tendo por isso uma metodologia exploratória qualitativa. Esta recorre a dados secundários documentais e a dados primários, como entrevistas e reuniões. Algumas das reuniões e entrevistas mais importantes e mantendo algum sigilo profissional, foram com as seguintes pessoas:

 S.A. – Diretora e Sócia da empresa Inominável;  F.S. – Gestor e Sócio da empresa Inominável 2;

 T.O. e B.Z. – Diretor da Cadeia e Responsável da Zona Norte de uma das maiores redes de turismo em Portugal;

 P.M. e P.H. – Diretor e Sócio e Gestor de uma Cadeia de Hotéis em Espanha;  R.B. – Diretor e Sócio de uma Cadeia de Hotéis em Espanha;

 S.R. – Responsável Comercial de uma das maiores redes de turismo em Portugal.

3.4 Modelo de estudo de caso

O projeto de pesquisa de um estudo de caso evoluiu nos últimos anos como uma ferramenta útil para investigar tendências e situações específicas em muitas disciplinas científicas. O estudo de caso foi especialmente usado em ciências sociais, psicologia, antropologia e ecologia. Este método de estudo é especialmente útil para tentar testar modelos teóricos usando-os em situações do mundo real. Mas, concretamente o que é um estudo de caso? Basicamente, é uma análise aprofundada de uma situação particular, em vez de um levantamento estatístico abrangente. É um método usado para restringir um amplo campo de pesquisa, levando a uma leitura num tópico facilmente pesquisável. Embora não responda completamente a uma pergunta, ele dará algumas indicações e permitirá uma elaboração e criação de hipóteses sobre um assunto. Ele é usado principalmente para analisar situações reais e já ocorridas, sendo útil para testar, se teorias científicas e modelos, realmente funcionam num mundo real (Yin, 2014).

A resposta como argumento mais utilizado para este tipo de análise, deve-se pelos motivos, de um estudo de caso ser um campo tão estreito que os resultados não podem ser extrapolados para caber uma questão inteira e eles mostram apenas um exemplo estreito. Por outro lado, argumenta-se que um estudo de caso fornece respostas mais realistas do que ambas e é provavelmente melhor tentar uma sinergia às duas abordagens. Por exemplo, uma pesquisa estatística pode mostrar quanto tempo as pessoas “consomem”, falando com telemóveis, mas é o estudo de caso de um grupo estreito

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que determinará os seus motivos. O outro fundamento principal a recordar durante estudos de caso é a sua flexibilidade. Enquanto um cientista puro está a tentar provar ou refutar uma hipótese, um estudo de caso pode introduzir resultados novos e inesperados durante o seu curso e conduzir a sua pesquisa pela tomada de sentidos novos. Finalmente, um ponto periférico é que, ao informar outros resultados, os estudos de caso fazem tópicos mais interessantes do que pesquisas puramente estatísticas, algo que tem sido realizado por professores e editores de revistas por muitos anos. O público em geral tem pouco interesse em páginas de cálculos estatísticos, mas alguns estudos de caso bem colocados podem ter um forte impacto (Yin, 2014).

A forma de projetar e conduzir um estudo de caso, vem com a vantagem do projeto de pesquisa concentrar-se em casos específicos e interessantes. Isto pode ser uma tentativa de testar uma teoria com um caso típico ou pode ser um tópico específico com maior relevo. A investigação deve ser minuciosa e a tomada de notas deve ser meticulosa e sistemática. Desta forma, analisar os resultados de um estudo de caso, tende a ser mais baseada em opiniões do que em métodos estatísticos. A ideia usual é tentar agrupar seus dados de uma forma construtiva e sob uma narrativa em torno dela. Além disso, ao contrário de um estudo científico que lida com factos, um estudo de caso é baseado em opiniões próprias pelo autor e é muito projetado para provocar um debate fundamentado. Não há realmente uma resposta certa ou errada quando se trata de um estudo de caso (Yin, 2014).

3.5 Objetivos da investigação

O objetivo teórico da presente investigação e como já referido anteriormente, procura perceber as dinâmicas e relações estabelecidas entre os dois pacotes de venda de uma determinada empresa com campo de atuação no turismo. Este visa trabalhar essencialmente o serviço oferecido, percebendo as suas situações através da segmentação. Mais especificamente quer-se responder a dois tipos de questão já citadas, tais como:

 “Qual o perfil de mercado referente aos pacotes à medida vs pacotes estandardizados?”;

 “Como a oferta da empresa afeta a sua performance?”.

Estas questões por si só serão moldadoras de toda a análise, pois de todos os meios de trabalho é a teoria que surge como coordenadora do processo de construção do conhecimento científico. É em função dela que se articulam os diversos momentos da prática científica, a amplitude do estudo e se

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definem os métodos e técnicas que são necessários. E porque só são determinados numa fase posterior, estes tem de se adequar à teoria (Almeida & Pinto, 1975).

Os factos a investigar e a informação a recolher sobre os mesmos, as articulações e dinâmicas de que se procurará gerar um entendimento e a abordagem metodológica a seguir, decorrerão em grande medida do objetivo teórico do estudo e da sua concretização teórica. As questões chaves são ou serão, as questões associadas à investigação, fazendo com que se privilegie somente alguns casos e inferências em alguns contextos (Miles & Huberman, 1994).

3.6 Processo de recolha de análise de dados documentais

A técnica de análise de dados mais apropriados a cada investigação depende do tipo de dados recolhidos e do design da investigação(Churchill & Iacobucci, 2006). Já Wahyuni (2012) menciona que a estrutura de pesquisa faz a ligação entre a metodologia e um conjunto apropriado de métodos a ter como relevância.

Através de uma pesquisa qualitativa, como a desenvolvida na presente dissertação e conforme os autores Malhotra & Birks (2006), geralmente numa pesquisa deste método, é-se utilizado um número pequeno de casos não representativos e a recolha de dados não é estruturada, nem o seu tratamento é de cariz estatístico.

Guerra, (2006, p. 40), refere que “pelas suas caraterísticas, a análise qualitativa nunca estuda muitos casos, razões porque as críticas mais frequentes consideram que está subjacente uma conceção atomista da vida social que concebe a sociedade como a soma dos sujeitos e que esse atomismo pretende por vezes, ser ultrapassado substituindo-se a totalidade social por interações baseadas nos grupos de medição”. O autor Fortin (2003, p. 23) refere ainda que “o investigador que utiliza o método de investigação qualitativa […] observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno tal como se apresentam, sem procurar controlá-los”.

A análise assenta num estudo de caso exploratório, tendo por base uma recolha de dados primários e secundários. Os dados primários são o recurso a entrevistas e reuniões, sendo os dados secundários, documentais externos e internos. Dentro dos dados primários, tiveram exclusividade, as observações e conclusões do autor, pois labora na empresa em estudo, tendo como funções, a responsabilidade do departamento financeiro, estando ligado a todas as áreas da gestão. As conversas informativas com clientes, fornecedores, parceiros de negócio, colegas da área e a promotora de reconhecido mérito pela sua experiência e domínio de atuação, são consideradas “notáveis” no território de turismo. Estas conclusões foram determinadas com a pretensão de neles se conseguir

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representar o âmago das questões de interesse em estudo, sendo que se pretendeu captar as suas perceções e reflexões no contexto interorganizacional em que se inserem. Remete-nos para um caso concreto no ano integral de 2017, de uma determinada empresa operadora de turismo, sendo a análise de estudo efetuada a 1425 reservas de viagens, num total de 4747 passageiros. O foco principal do negócio da empresa são viagens em autopullman, com destino às costas espanholas. A empresa opera em Portugal, tendo uma faturação atualmente, em mais de dois milhões de euros, contando com várias parcerias, com os principais agentes de Turismo nacional.

No âmbito de dados secundários recorreu-se à pesquisa e recolha de dados fidedignos e documentais para fundamentar este estudo. Foram utilizados documentos de viabilidade económico- financeira realizada por uma entidade externa especialista, documentos internos da empresa, website, reuniões e consulta do programa informático de gestão e contabilístico (Optitravel), de forma a conseguir informações de diferentes contextos, sustentados, tornando assim a pesquisa mais rica e objetiva, limando os pontos possíveis do contexto em causa.

3.7 Conclusão

Como síntese conclusiva, foram expostos o paradigma e a metodologia de investigação adotados na presente investigação, assim como os seus objetivos e instrumentos de recolha de informação e dados utilizados. Foram ainda sublinhadas as considerações relevantes às análises de dados primários e secundários. Em suma, é um paradigma de cariz realístico, de estudo de caso exploratório e uma metodologia qualitativa, tendo como principal objetivo, o perfil e performance do segmento na ótica da oferta de um determinado operador turístico. Foram utilizados instrumentos de recolha preponderantes que fundamentam a tomada de conclusões desenvolvida na análise temática dos conteúdos, tais como, entrevistas, reuniões e documentos internos da empresa e de viabilidade económico-financeira. As duas questões chave serão as principais moldadoras do presente estudo, levando a análise em busca das suas respostas, através de dados primários e secundários, quer internos, como externos. Consideradas e clarificadas as orientações metodológicas para a presente investigação, prossegue-se no próximo capítulo com a análise e discussão dos dados.

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