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Rupturas e propostas para uma formação jurídico-penal interdisciplinar na FDUFBA

3. AS POSSIBILIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO DA

3.1. O DIÁLOGO ENTRE OS CAMPOS DE SABERES NA FORMAÇÃO JURÍDICO-

3.1.1 Rupturas e propostas para uma formação jurídico-penal interdisciplinar na FDUFBA

urgente para se adequar a missão universitária de nosso tempo, no sentido de vir a ser um espaço de (trans)formação de atores competentes, responsáveis e capazes de compreender as nuances da sociedade em que estão inseridos e na resolução dos problemas que afigurem.

Para que isso ocorra, a FDUFBA precisa perceber que o seu papel vai muito além de formar juristas capacitados para o ingresso no mercado de trabalho, ou seja, necessita compreender que como um “palácio do saber”133, a sua forma de atuação deve ser muito mais

plural, devendo se ater à função social de seu ensino, à relevância de sua pesquisa científica e ao estabelecimento do diálogo com a comunidade externa.

Nesse sentido, também precisa assumir a responsabilidade de proporcionar a interdisciplinaridade na formação jurídico-penal, para “transgredir as fronteiras, sempre generosas, do sono dogmático, da zona de conforto do penalismo adormecido na labuta técnico- jurídica”134 para desse modo, estudar o fenômeno criminal em seus mais diversos aspectos e

assim, pensar em atuações socialmente responsáveis e em práticas inovadoras para os fenômenos contemporâneos.

3.1.1 Rupturas e propostas para uma formação jurídico-penal interdisciplinar na FDUFBA

Para possibilitar uma formação jurídico-penal interdisciplinar na FDUFBA, entendo ser necessário realizar algumas mudanças de postura no âmbito institucional, no modelo de ensino-aprendizagem e na perspectiva dos estudantes, na tentativa de romper com antigas práticas de formação disciplinar, advindas de modelos tradicionais de ensino jurídico, influenciados pelas Universidades lusitanas do período imperial, que buscavam suprimir toda uma formação humanista, sociológica e crítica para a “formação de técnicos operadores do sistema jurídico”135, voltados para ingresso no mercado de trabalho.

O pensamento interdisciplinar na formação jurídico-penal na FDUFBA não pode se limitar à iniciativas pontuais de alguns docentes, por isso me parece importante uma mudança estrutural, que seja inserida no Projeto Político Pedagógico do curso e, dessa forma, oriente

133 FLÓREZ MIGUEL, Cirilo, Mundo técnico y humanismo: discurso de apertura del curso académico

1994-1995, Universidad de Salamanca: Salamanca, 1994, p. 97. (tradução minha)

134 ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Por que a Criminologia (e qual Criminologia) é importante no

ensino jurídico? Revista Jurídica da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, ano 111, nº 6,

2013, p. 183.

135 ZAFFARONI, Eugenio Raul. Derecho Penal Humano y Poder em el Siglo XXI. México: CESCIJUC,

práticas renovadoras de docentes e discentes com relação à implementação da interdisciplinaridade no cotidiano desta instituição.

Dessa forma o PPP do curso de Direito da UFBA deve estabelecer a importância da interdisciplinaridade para a formação jurídica dos discentes e de que forma possibilitará a aplicação do diálogo constante e horizontal entre os campos de saberes dos componentes curriculares e no currículo jurídico do curso. No mesmo sentido, é importante estabelecer medidas para uma capacitação permanente dos docentes na prática pedagógica e interdisciplinar, vinculando-o aos princípios e orientações estabelecidos no PPP do curso.

Para pôr em prática essa formação interdisciplinar, acredito que seja necessária a realização de uma restruturação do currículo jurídico da FDUFBA, possibilitando uma maior flexibilização em seu modelo. A forma de organização atual é compreendida por uma maioria de disciplinas obrigatórias e uma minoria de disciplinas optativas, tornando o currículo engessado, o que limita a autonomia dos discentes para escolher arranjos curriculares distintos.

Com a manutenção deste modelo, mesmo estabelecendo formas de incentivar o diálogo entre campos de saberes, ainda prevalecerá uma concepção formativa pautada em um número superior de disciplinas obrigatórias, e por isso tornando-as mais importantes para os discentes, o que impossibilita a ocorrência da interdisciplinaridade.

Portanto, acredito que um novo modelo curricular deva ser pensado para a FDUFBA. Um modelo que incentive a autonomia do estudante, para que este possa, de acordo com suas preferências, elaborar uma parte do caminho formativo que deseja seguir em sua graduação. Para isto, é necessário que o currículo tenha certa flexibilidade, com um maior número de componentes curriculares136 optativos disponibilizados semestralmente, possibilitando modelos mais adequados aos interesses de cada estudante.

Nesse formato proposto, os discentes tornam-se protagonistas de seu processo formativo, passando a escolher de forma mais livre as áreas de interesse para a sua formação pessoal, possibilitando uma estrutura em que os componentes curriculares são tratados em um mesmo grau de importância. Essa é uma premissa necessária para a efetivação da interdisciplinaridade na formação jurídica da FDUFBA.

Proponho, também, uma ruptura no formato tradicional de realização exclusiva de aulas expositiva na formação jurídico-penal da FDUFBA. A análise das narrativas dos

136 A mudança de nomenclatura se faz importante ao pensar em um currículo flexível e interdisciplinar.

Disciplina pressupõe fragmentação e isolamento do campo de conhecimento em relação aos demais campos de saberes. Componentes curriculares, em contrapartida, pressupõe um campo de saber que dialoga e se insere em um universo de outros campos de saberes.

estudantes, realizada no capítulo anterior, evidenciou que esse formato de ensino majoritariamente utilizado nesta instituição. Nas aulas expositivas, o professor é responsável por transferir o conhecimento para os estudantes que, na condição de expectadores, só podem receber aquelas informações e armazená-las para utilização posterior em avaliações.

É necessário incentivar práticas mais discursivas na formação jurídico-penal dos estudantes da FDUFBA, pois “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”137. Dessa forma, a sala de aula

precisa ser um espaço de construção coletiva do conhecimento, de modo que os estudantes tenham espaço e possam participar ativamente deste processo. Através da discussão de temáticas, embate de ideias e democratização dos espaços de fala em sala de aula pode ser possível a superação das práticas expositivas, nas quais o professor ocupa o protagonismo da fala e do conhecimento, para um modelo de construção coletiva, no qual estudantes possam participar também como atores dessa relação dialógica de ensino e aprendizado.

Com essa mudança de postura, o papel de centralidade do professor pode ser substituído por uma organização mais participativa, democrática e colaborativa que incentiva o diálogo entre os atores do processo de ensino-aprendizagem sobre os temas discutidos em sala de aula, sejam eles leis, teorias ou casos práticos, estimulando com isso, uma assunção de responsabilidade por parte dos discentes com relação ao seu próprio processo de aprendizagem, que deixa de ser concebido de forma passiva, para uma postura mais ativa e comprometida.

Outro aspecto que considero importante para tornar possível a proposta de interdisciplinaridade na formação jurídico-penal da FDUFBA se relaciona com a pouca ocorrência de outras práticas metodológicas de ensino, distintas do formato tradicional, compreendidas pela utilização de recursos audiovisuais – filmes, documentários, séries, etc. – e recursos didáticos de outros campos de saberes – literatura, poesia, teatro, músicas, etc. – evidenciados pela narrativas dos sujeitos entrevistados no capítulo anterior.

Nesse sentido, os relatos dos estudantes entrevistados apontaram para um modelo de ensino que, de forma geral, ocorre por meio de aulas expositivas nas quais o professor faz uso exclusivamente da sua voz e do quadro, para ministrar as suas aulas.

Dessa forma, acredito que as aulas poderiam ser ministradas através da utilização de outros conteúdos, externos ao âmbito da sala de aula, para contribuir com um pensamento mais reflexivo dos discentes e uma compreensão mais sensível das particularidades que envolvem o

fenômeno criminal. Para isso, acertadamente Morin138 considera ser fundamental o estudo das humanidades para a compreensão mais efetiva da condição humana.

Esse estudo das humanidades compreende o diálogo com a literatura, a poesia, a arte, o cinema, a música e, através da interdisciplinaridade, possibilita aos estudantes um aprofundamento na compreensão da complexidade do ser humano e de suas relações com o outro e com o mundo, contribuindo, assim, com uma reflexão mais efetiva sobre essa sociedade plural e multifacetada que estão inseridos.

Trata-se enfim, de estimular a criatividade e o pensamento crítico dos estudantes, demonstrando a existência dos variados aspectos da vida real ou simulada, que não se limitam aos muros universitários e nem às legislações positivadas estudadas nas aulas de Direito penal.

Nesse sentido, a FDUFBA pode incentivar tais práticas utilizando dos próprios ambientes da Universidade, realizando discussões de temas jurídico-penais por meio da análise de filmes, livros, poesias ou documentários em sala de aula. Caso exista uma impossibilidade fática pela ausência de recursos audiovisuais, pode-se transpor os muros das salas de aula e, se percebendo parte de uma Universidade plural e que produz conhecimento nos mais diversos âmbitos, realizar essas atividades humanísticas em outros campus da UFBA.

Para trabalhar com a leitura fílmica, por exemplo, o cinema da sala de arte da UFBA pode ser utilizado, potencializando a compreensão dos estudantes sobre diversos aspectos de sua formação jurídico-penal, através de outras percepções sobre a vida real ou simulada. No mesmo sentido, pode-se discutir por meio da análise de livros de poesia ou de literatura, ou ainda, através da aproximação com as artes cênicas na Escola de Belas Artes e com exposições no museu de Arte Sacra. Todas essas atividades podem ser desenvolvidas no próprio ambiente da UFBA, tornando-as acessíveis a todos os estudantes.

É preciso, portanto, que a FDUFBA atue como uma incentivadora da cultura e da reflexão na formação jurídico-penal de seus estudantes, pois entendo que na contemporaneidade não é aceitável que uma instituição acadêmica pública perpetue um ambiente no qual o estudante vivencie a sua graduação “somente focado na sua formação de profissão, sem qualquer incentivo para explorar a diversidade e multiplicidade que deveriam ser características de uma instituição universitária”139 e negar essa perspectiva significa assumir

a postura de reprodução de um modelo ultrapassado para o contexto científico do século XXI.

138 MORIN, Edgar. op. cit., p. 43.

139 SOUSA SANTOS, Boaventura de; ALMEIDA FILHO, Naomar de. A universidade no século XXI:

Um outro aspecto que precisa ser diversificado na formação jurídico-penal, que ficou evidenciado nas narrativas das entrevistas realizadas, diz respeito à forma de avaliação dos componentes curriculares jurídico-penais, tendo em vista que parece contraditório um incentivo ao pensamento crítico e interdisciplinar e a realização exclusiva de métodos tradicionais de avaliação de aprendizagem, que se limitam à realização de provas escritas, de caráter subjetivo e objetivo, que em muito se assemelham às provas de concursos públicos.

Nesse sentido, é preciso ir além dessas formas de avaliação conteudísticas para (re)pensar propostas plurais que estimulem a reflexão e produção científica dos estudantes no âmbito jurídico-penal, tendo em vista que essas avaliações de aprendizagem não podem servir, exclusivamente, para treinar os estudantes para a aprovações em concursos públicos e no exame da OAB.

Para que isso ocorra, é necessário que os estudantes sejam estimulados à confecção de artigos científicos como forma de avaliação dos componentes curriculares, desenvolvendo, assim, competências de pesquisa e escrita acadêmica. No mesmo sentido, outras formas de avaliação podem ser proporcionadas, como a realização de seminários nos componentes curriculares, workshops, colóquios, possibilitando, com isso, que os estudantes potencializem a sua criatividade e as competências argumentativas, por meio das exposições orais em público, nesses espaços de discussão científica que caracterizam o ambiente universitário.

A extensão universitária também precisa ser estimulada na formação jurídico-penal da FDUFBA, de modo que tais atividades deixem de ser pontuais e passem a ser incluídas estruturalmente no Projeto Político Pedagógico da instituição na condição de atividades curriculares obrigatórias140.

Dessa forma, os projetos extensionistas devem ser desenvolvidos na FDUFBA por meio de ações com relevância social que afetem o contexto comunitário escolhido, através dos conhecimentos jurídico-penais desenvolvidos em sala de aula e do diálogo estabelecido com a comunidade externa.

Isso possibilita que estudantes passem a ser atores sociais engajados e responsáveis, utilizando dos conhecimentos técnicos obtidos na graduação para a resolução de problemas práticos surgidos na coletividade, materializando o compromisso social necessário para a Universidade pública.

Apenas de forma exemplificativa e embrionária, proponho o desenvolvimento de um projeto de extensão permanente realizado pela FDUFBA no Patronato de Presos e Egressos -

PPE do Estado da Bahia. Semestralmente os estudantes contribuiriam naquele espaço, com práticas interdisciplinares, levando os seus conhecimentos técnicos apreendidos em sala de aula para dialogar com aquela comunidade, objetivando a defesa dos direitos e garantias ao longo da execução da pena.

O projeto de extensão permanente no PPE, inclusive, poderia dar um passo além, transcendendo a noção extensionista para se tornar uma pesquisa-ação, no sentido de uma “definição e execução participativa de projetos de pesquisa, envolvendo comunidades e organizações sociais populares a braços com problemas cuja solução pode beneficiar dos resultados da pesquisa”141. Ou seja, tornar-se um projeto coletivo de confluência de interesses

entre a sociedade e a Universidade, visando a construção de saberes científicos e atuações capazes de satisfazer as necessidades daquele grupo social excluído e marginalizado.

Além das propostas evidenciadas acima, é necessário que haja uma mudança na perspectiva dos estudantes em relação à sua formação jurídico-penal na FDUFBA. Influenciados pelas transformações paradigmáticas propostas no âmbito institucional, através do PPP do curso, os estudantes precisam assumir o papel de protagonismo e responsabilidade pelo seu processo formativo.

É necessário perceber a importância de participar ativa e criticamente das aulas de graduação, materializando o diálogo entre os atores do processo de ensino-aprendizagem, no intuito de construir coletivamente formas de conhecimento capazes de refletirem sobre a compreensão e resolução dos fenômenos criminais.

No mesmo sentido, é importante que os estudantes da FDUFBA compreendam que fazem parte de uma Universidade pública, que considera indissociável a relação entre ensino, pesquisa e extensão. Dessa forma, cabe aos discentes romperem com uma concepção formativa tradicional, voltada exclusivamente para o ensino técnico e linear em sala de aula, e passarem a vivenciar todas as possibilidades formativas que este espaço proporciona.

Os estudantes da FDUFBA devem assumir, portanto, uma postura ativa em seu processo formativo, atuando criticamente e percebendo a importância que têm para a construção de conhecimentos e, sobretudo, para o avanço científico da instituição de ensino a que estão vinculados.

Essas formas de construção de conhecimento mais amplas e democráticas contribuirão para um aumento de maturidade científica por parte dos estudantes, que estarão desenvolvendo outras competências de argumentação, escrita, pesquisa e extensão, de forma crítica e

socialmente relevante, que se afiguram como indispensáveis para uma Universidade pública comprometida com a realidade contemporânea.

3.1.2 O diálogo entre os campos de saberes e a reflexão crítica sobre a prática

Além das mudanças estruturais e metodológicas propostas em relação ao ensino e aprendizagem das ciências jurídico-penais, não se pode desconsiderar o que foi tratado nos capítulos anteriores e perder de vista que uma formação interdisciplinar dos estudantes de graduação na FDUFBA não deve ser um “resultado ‘asséptico’ de uma simples investigação dogmática, mas um exame análogo da realidade subjacente e dos resultados que nela produzem os mandatos normativos”142. Esta é a única maneira pela qual os estudantes terão consciência

dos aspectos empíricos da questão criminal obtidos através da reflexão sobre a realidade social. Significa dizer que é preciso haver não só um diálogo entre os campos de saberes das ciências criminais, mas uma comunicação constante e horizontal entre os mais variados campos de saberes direcionados à contribuir com uma formação jurídico-penal consciente de suas práticas e dos dados da realidade social.

Os dados sociais, de caráter empírico, não devem se separar da formação jurídico- penal e isso resulta da proposta interdisciplinar e crítica de considerar o estudo da dogmática penal e do Código Penal em um mesmo nível de relevância que os demais saberes das ciências criminais.

No entanto, os dados sociais relevantes para a compreensão dos fenômenos criminais

são obtidos, sobretudo, por meio das contribuições criminológicas. Esse campo de saber eminentemente interdisciplinar deverá ser utilizado na graduação da FDUFBA em suas mais diversas possibilidades, tendo em vista que pela variedade de objetos e de técnicas de investigação, sua abordagem pode ser direcionada “à criminalidade, à criminalização, à atuação das agências de punitividade, aos desvios não criminalizados e, inclusive, ao delito e ao próprio discurso dogmático”143, potencializando a compreensão das questões criminais em seus vários

aspectos.

142 RÍOS CORBACHO, José Manuel. Sobre la metodología y herramientas en la enseñanza del

moderno Derecho penal. In: REJIE: Revista Jurídica de Investigación e Innovación Educativa Núm.6,

junio. 2012, p. 56 . (tradução minha)

Nesse sentido, cabe ao ensino da criminologia – aqui considerada em sua vertente crítica ou da reação social surgida a partir da década de 60 do século XX144 – a função de reunir os conhecimentos necessários para a diminuição dos níveis de violência fruto do controle social145 através, principalmente, da análise crítica sobre a realidade do sistema penal de nossa região.

Da mesma forma, é importante receber as contribuições da Vitimologia na formação jurídico-penal da FDUFBA, aqui entendida como um campo de saber científico independente, e não como parte da Criminologia, mesmo compreendendo a existência de opiniões contrárias nesse âmbito.

A vítima do delito, que por muito tempo ficou esquecida dos estudos jurídico-penais, que se centravam em sua maioria sobre a compreensão das leis, do delito e do infrator e desconsideravam por completo os aspectos de quem sofreu as consequências desse fenômeno delitivo. Com os estudos vitimológicos, essa vitima passa a ser objeto de estudo e atenção, contribuindo para a busca de soluções para os conflitos criminais.

A Vitimologia se apresenta como um campo de saber interdisciplinar, que através do diálogo com outros saberes das ciências criminais, investiga as diversas formas de vitimização, assim como “seus fatores etiológicos, seus controles, suas consequências e suas respostas superadoras em relação aos conflitos e à delinquência”146

Além das contribuições do Direito penal, da Criminologia e da Vitimologia, também devem ser acrescentados os estudos da Política Criminal na formação jurídico-penal da FDUFBA, tendo em vista a sua importância prática para a compreensão e prevenção do fenômeno criminal.

A Política Criminal, portanto, é uma “disciplina valorativa, fundamentada no fim de prevenção da criminalidade, suas funções são todas aquelas que vão tornar possível essa finalidade geral: compreender o fenômeno criminal e preveni-lo”147 a partir do diálogo e das contribuições advindas dos demais campos de saberes, sobretudo dos estudos criminológicos e vitimológicos.

144 As criminologias críticas ou da reação social se propõem a compreender o sistema penal e o poder

punitivo, distanciando-se metodologicamente das anteriores vertentes criminológicas de cunho etiológico, biologista e racista.

145 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. La enseñanza universitaria de la Criminologia em el mundo de hoy.

In: Cuaderno del Instituto Vasco de Criminología. San Sebastian, nº 03, 1990. p. 70. (tradução minha)

146 BERISTAIN IPIÑA, Antonio. La Victimología de Máximos, Después de Auschwitz. In: Revista

Internacional Derecho Penal Contemporáneo,. n. 26. Bogotá: Legis. 2009. p. 90. (tradução minha)

A partir desses estudos com relação ao fenômeno criminal que deseja prevenir, obtidos através do diálogo interdisciplinar entre os saberes criminológicos e da profunda análise desde as causas geradoras de determinado problema social, a Política Criminal elaborará formas de