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2.3 Sistemas de Gestão e suas Práticas

2.3.1 Gestão Ambiental

2.3.1.4 Série ISO 14000

A ISO 14000 é amplamente difundida no Brasil e no mundo, além de ser bastante compatível com outras normas de gestão existentes. É composta por várias normas, podendo ser separadas nas seguintes áreas, segundo a ABNT (2007):

• Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental – ISO 14001, 14004, 14061;

• Auditoria Ambiental e outras investigações ambientais relacionadas – ISO 14010, 14011, 14012, 14015, 19011;

• Avaliação de Desempenho Ambiental – ISO 14031, 14032, 14050, ISO/WD 14063;

• Declarações Ambientais e Selo Ambiental – ISO 14020, 14021, 14024, 14025;

• Análise do Ciclo de Vida – ISO 14040, 14041, 14042, ISO/TR 14043, 14049/14047, ISO/TS 14048;

• Aspectos Ambientais dos Produtos – ISO Guide 64, ISO/TR 14062, ISO 14050;

• Termos e Definições.

Os documentos pertencentes à série aplicam-se a todas as organizações e distinguem-se em seu contexto de aplicação.

• NBR ISO 14001:2004 ‘Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso’;

• NBR ISO 14004:2005 ‘Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio’;

• NBR ISO 19011:2002 ‘Diretrizes para Auditorias de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental’, em substituição às NBR ISO 14010, 14011 e 14012;

• NBR ISO 14040:2001 ‘Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura’;

• NBR ISO Guia 66:2001 ‘Requisitos Gerais para Organizações que Operam Avaliação e Certificação/Registro de Sistemas de Gestão Ambiental’.

Essas normas fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto à sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, conseqüentemente, a satisfação do cliente), inserindo a organização no contexto ambiental.

Tal como a série ISO 9000, a ISO 14000 também faculta a implementação prática de seus critérios. Entretanto, deve-se refletir o pretendido no contexto de planificação ambiental, que inclui planos dirigidos a tomadas de decisões que favoreçam a prevenção ou mitigação de impactos ambientais, tais como contaminações de solo, água, ar, flora e fauna, além de processos escolhidos como significativos no contexto ambiental.

A ISO 14001 “foi inicialmente elaborada visando o manejo ambiental, ou seja, o que a organização faz para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente, causados por suas atividades” (VALLE, 2002). Ela estabelece o sistema de gestão ambiental da organização e, assim, avalia as conseqüências ambientais das atividades, produtos e serviços, atendendo à demanda da sociedade; definindo políticas e objetivos baseados em indicadores ambientais previamente definidos pela organização, que podem retratar necessidades desde a redução de emissões de poluentes até a utilização racional dos recursos naturais, implicando na redução de custos e em prevenção

Pode ser aplicada a atividades com potencial efeito ao meio ambiente, dentro da organização como um todo. Sua conformidade com os requisitos da norma é demonstrável a terceiros para fins de certificação.

De acordo com Gonçalves (2004, p. 101):

É importante relatar que a ISO 14001 é uma norma de Gestão Ambiental, não de desempenho ambiental. Deste modo, ela define os elementos-chave que constroem um SGA, sem definir com precisão o modo como devem ser organizados ou implementados. Assim, cada organização fica livre para adaptar o SGA às suas necessidades particulares. A ISO 14001 não define níveis, valores ou critérios de desempenho, permitindo que cada organização estabeleça seus próprios objetivos e metas, levando em consideração os requisitos reguladores da legislação nacional, estadual e municipal, bem como os requisitos organizacionais.

O sucesso da sua implementação depende, principalmente, do engajamento consciente de todos os funcionários – independente do cargo e da função – e do comprometimento da alta direção.

No Apêndice I, consta uma tabela com um comparativo entre a ISO 14000 e a BS 7750, onde pode ser observada uma maior restrição na norma inglesa BS 7750.

A EMBRAPA (2007) ressalta que “nem as normas ISO 9000 nem as ISO 14000 são padrões de produto”. Elas estabelecem um padrão com requerimentos para direcionar a organização para manejar processos que influenciam a qualidade ou processos que influenciam o impacto das atividades no meio ambiente.

A Gestão Ambiental fundamenta-se na aplicação do ciclo PDCA de gerenciamento, como ferramenta para que se efetue o monitoramento e constante avaliação da funcionalidade do mesmo, além de garantir as correções necessárias à manutenção do sistema. A figura 2-1 traz o modelo de ciclo PDCA (plan, do, check, action) aplicado à Gestão Ambiental.

Fonte: CENTENO, 2004.

Figura 2-1 – Esquema do Ciclo PDCA.

As normas que tratam de Análise do Ciclo de Vida (ACV) estabelecem as interações entre as atividades produtivas e o ambiente natural, analisando o impacto causado pelos produtos, seus respectivos processos produtivos e serviços com eles relacionados, desde a extração dos recursos naturais até a disposição final dos resíduos. Elas provêem os princípios gerais, a estrutura e a metodologia requerida para se analisar o ciclo de vida de um produto, determinando metas e o escopo de estudo, os impactos causados ao ambiente natural, identificando as melhorias que deveriam ser introduzidas para reduzi-los. Serve como guia para interpretar os resultados e provê exemplos para ilustrar como aplicar o processo de ACV.

Para tanto, a análise deve considerar:

• O consumo de matérias-primas e seus processos de extração e produção;

• Os processos de produção dos materiais intermediários utilizados na fabricação do produto;

• O processamento de todos os materiais até se chegar ao produto final;

• A utilização do produto durante toda a sua vida útil;

• A reciclagem, tratamento e disposição dos materiais resultantes do produto descartado, ao final de sua vida útil.

Todo fluxo de entrada e saída de materiais (balanço material e energético) deve ser analisado e medido, verificando seus efeitos sobre o ar, a água e o solo. Os materiais usados e a formação de substâncias intermediárias, até a decomposição final do produto, também devem ser avaliados, além da comparação do seu impacto ambiental com o de outros produtos, incluindo-se a destinação final dos resíduos e dos materiais recuperáveis ou recicláveis em cada alternativa considerada.