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Sistema de gestão ambiental na produção de água mineral

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NA PRODUÇÃO DE ÁGUA MINERAL

por

MARÍLIA ULISSES NOBRE DE MEDEIROS

TECNÓLOGA AMBIENTAL, CEFET/RN, 2004

TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AGOSTO, 2008

© 2008 MARÍLIA ULISSES NOBRE DE MEDEIROS TODOS DIREITOS RESERVADOS.

A autora aqui designada concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,

em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura da Autora: ___________________________________________ APROVADO POR:

_____________________________________________________________ Prof. Carlos Henrique Catunda Pinto, Dr. – Orientador, Presidente

(2)

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Medeiros, Marília Ulisses Nobre de.

Sistema de gestão ambiental na produção de água mineral / Marília Ulisses Nobre de Medeiros. – Natal, RN, 2008.

120 f.

Orientador: Carlos Henrique Catunda Pinto.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

1. Sistema de gestão ambiental – Dissertação. 2. Água mineral– Dissertação. 3. Tecnologias mais limpas – Dissertação. 4. Reuso – Dissertação. I. Pinto, Carlos Henrique Catunda. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

(3)

CURRICULUM VITAE RESUMIDO

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Dedico este trabalho a pessoas especiais:

Meus pais.

Minha irmã.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida, por ter me oferecido oportunidades, perseverança e busca incessantes que permitiram a conclusão deste trabalho e de tantas outras realizações.

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, pela grande contribuição na formação profissional e pessoal, em especial aos professores José Yvan Pereira Leite e Wyllys Abel Farkat Tabosa, pelo estímulo, orientação e demais contribuições.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial à Coordenação do Programa de Engenharia de Produção da UFRN, por terem oferecido esta oportunidade.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Henrique Catunda, pela compreensão e atenção durante a pesquisa.

Aos docentes e funcionários do Programa de Engenharia de Produção, por terem contribuído com seus conhecimentos e presteza para o desenvolvimento deste trabalho, em especial aos professores Sérgio Marques Júnior e Karen Maria da Costa Mattos por tantos ensinamentos.

Aos participantes desta banca examinadora, pela gentileza e contribuições para a melhoria deste trabalho.

Agradeço a Djalma Júnior e a Paula Salmana, pela confiança e grandiosa cooperação.

Aos colegas de turma, pelo espírito de cooperação e companheirismo demonstrado e aos verdadeiros e valiosos amigos, pelo incentivo e colaboração de sempre.

À minha família, meu alicerce e fonte eterna de inspiração, por todo o apoio, incentivo, compreensão e amor incondicional em todos os momentos.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para o meu engrandecimento pessoal e profissional e para a conclusão dessa etapa.

Meus sinceros agradecimentos

(6)

Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NA PRODUÇÃO DE ÁGUA MINERAL

MARÍLIA ULISSES NOBRE DE MEDEIROS

Agosto/2008

Orientador: Carlos Henrique Catunda Pinto

Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

É cada vez mais evidente a questão da escassez de água, agravada pela urbanização acelerada, crescimento populacional, aumento da demanda e dos custos de seu tratamento, fatores que também estão ligados ao aumento do consumo das águas minerais, cuja composição química ou características físico-químicas fazem com que sejam consideradas benéficas à saúde. O crescimento acelerado desse consumo em todo o mundo aponta a preocupação com a qualidade das águas, a saúde e o incentivo ao consumo de produtos naturais. No entanto, apesar de bastante valioso, esse recurso é explorado, na maioria das vezes, sem que haja otimização da produção ou ações que evitem desperdícios. Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de minimizar os impactos ambientais negativos causados pela produção de água mineral, principalmente no que diz respeito à geração de efluentes e desperdícios no processo produtivo, através do estudo, desenvolvimento e aplicação de ferramentas de produção mais limpa para gestão ambiental, pertinentes para esse setor. A aplicabilidade do Sistema de Gestão Ambiental foi determinada por meio da caracterização dos aspectos ambientais do processo produtivo em uma empresa do setor, no estado do Rio Grande do Norte e da discussão dos panoramas que demonstram a tendência por um desenvolvimento sustentável. Ações como reflorestamento, otimização do uso de energia e da água, reciclagem de resíduos sólidos e reutilização de água foram aplicadas durante a pesquisa, resultando na redução considerável de desperdícios de matérias-primas e insumos, e conseqüentes ganhos ambientais e econômicos. Foi proposta uma metodologia específica priorizando os conceitos de Gestão Ambiental e integrando com a Gestão da Qualidade. Como fundamentos para a elaboração dessa metodologia, foi realizada uma análise de similaridade entre os sistemas e, principalmente, uma análise das experiências observadas no estudo de caso, incluindo especificidades, necessidades e dificuldades da empresa. Diante dos resultados, concluiu-se que a implantação de um SGA como estratégia de uma empresa traz benefícios ambientais, econômicos e sociais, podendo este trabalho ser adequado e aplicada a outras empresas e outros setores.

(7)

Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fulfillment of requirements to the degree of Master of Science in Production Engineering

ENVIRONMENTAL MANAGEMENT SYSTEM ON MINERAL WATER PRODUCTION

MARÍLIA ULISSES NOBRE DE MEDEIROS

August/2008

Thesis Supervisor: Carlos Henrique Catunda Pinto Program: Master of Science in Industry Engineering

It’s more and more evident the subject of the shortage of water, worsened by the accelerated urbanization, growth of the population, increase of the demand and of the costs of its treatment, factors that are also tied up to the increase of the consumption of mineral waters, whose chemical composition or physical-chemistries characteristics do with that are considered beneficial to the health. The growth accelerated all over the world in its consumption aims the concern with the waters quality, the health and the incentive to the consumption of natural products. However, in spite of quite valuable, that resource is explored, most of the time, without optimization of production or actions that avoid wastefulness. This research is justified for the need of minimizing the negative environmental impacts caused by the mineral water’s production, mainly in what it say about the generation of effluents and wastes in the productive process, through the study, development and application of cleaner production tools for the environmental management, pertinent for that section. The applicability of Environmental Management System was determined by means of the characterization of the environmental aspects of productive process in a company of the section, in the state of Rio Grande do Norte and of the discussion of the panoramas that demonstrate the tendency for a sustainable development. Actions as a reforestation, optimization of energy and water uses, recycle of solid residues and water reuse were applied during the research, resulting in the considerable reduction of wastes of raw materials and inputs and consequent environmental and economic won. A specific methodology was proposed with concepts of Environmental Management, integrating with Quality Management. As foundations for the elaboration of the methodology, it was realized a similarity analysis among the systems and, mainly, an analysis of the experiences observed in the case study, including specificities, needs and difficulties of the company. With these results, the implantation of a EMS as a company strategy has environmental, economic and social benefits, and this research can be applied and adequate to others companies and sectors.

(8)

SUMÁRIO

Capítulo 1 Introdução... 1

1.1 Contextualização ... 1

1.2 Objetivos ... 4

1.3 Relevância da Pesquisa ... 4

1.4 Estrutura da Dissertação ... 5

Capítulo 2 Referencial Teórico ... 6

2.1 A Questão Ambiental ... 6

2.2 As Transformações no Ambiente Competitivo ... 11

2.2.1 A Pressão da Legislação Ambiental ... 11

2.2.2 A Pressão dos Impactos Ambientais... 12

2.3 Sistemas de Gestão e suas Práticas... 12

2.3.1 Gestão Ambiental ... 13

2.3.1.1 Objetivos e Finalidades da Gestão Ambiental ... 14

2.3.1.2 Fundamentos Básicos da Gestão Ambiental ... 16

2.3.1.3 Norma BS 7750 ... 16

2.3.1.4 Série ISO 14000 ... 17

2.3.2 Integração de Sistemas de Gestão... 21

2.3.2.1 Sistemas de Gestão da Qualidade... 22

2.3.2.2 Similaridade entre as Normas ... 23

2.4 A Questão da Água... 26

2.4.1 A Água como Recurso... 30

2.4.1.1 Finalidades e Usos... 30

2.4.2 Caracterização dos Recursos Hídricos... 32

2.4.2.1 Impactos e Desafios ... 33

(9)

2.4.4 Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos... 36

2.4.4.1 Ordenamento Legal ... 37

2.5 A Indústria de Água Mineral... 41

2.5.1 Perfil do Setor ... 42

2.5.2 Classificação das Águas Minerais Naturais... 43

2.5.3 Características das Fontes ... 43

2.5.4 Características da Produção ... 43

2.5.5 Água Mineral e Economia ... 44

2.6 Influências da Produção de Água Mineral no Meio Ambiente ... 47

2.6.1 Principais Aspectos Ambientais ... 48

2.7 Medidas de Produção mais Limpa ... 49

Capítulo 3 Metodologia da Pesquisa ... 52

3.1 Tipologia da Pesquisa... 52

3.2 Universo da Amostra... 53

3.3 Instrumento de Coleta de Dados ... 54

3.4 Análise dos Dados ... 54

3.5 Conclusão da Metodologia da Pesquisa ... 55

Capítulo 4 Estudo de Caso ... 56

4.1 Diagnóstico da Empresa ... 56

4.1.1 Identificação do Empreendimento ... 56

4.1.2 Descrição da Área de Influência ... 57

4.1.3 Descrição do Processo Industrial ... 61

4.1.3.1 Captação ... 62

4.1.3.2 Reservatórios... 62

4.1.3.3 Envase ... 63

(10)

4.1.3.5 Estocagem ... 65

4.1.4 Produção de Água Mineral em Garrafões de 20 Litros ... 66

4.1.5 Qualidade da Água Mineral ... 68

4.2 Identificação dos Pontos Críticos ... 68

4.2.1 Checklist ... 71

4.3 Procedimentos para Implantação do SGA... 72

4.3.1 Política Ambiental ... 72

4.3.2 Planejamento... 73

4.3.3 Implantação e Operacionalização ... 74

4.3.4 Verificação... 75

4.3.5 Análise ... 76

4.3.5.1 Administração ... 76

4.3.5.2 Gestores... 76

4.4 Plano de Ação... 77

4.4.1 Proposição de Ações e Implantação de Melhorias ... 78

4.4.1.1 Treinamento ... 81

4.4.1.2 Administração, Gestores e Ecotime ... 82

4.4.1.3 Água ... 83

4.4.1.4 Energia ... 86

4.4.1.5 Resíduos Sólidos ... 87

4.4.1.6 Manutenção ... 89

4.4.1.7 Reflorestamento ... 90

4.5 Resultados do Estudo de Caso... 91

4.6 Validação da Pesquisa ... 93

4.7 Análise Descritiva ... 94

(11)

Capítulo 5 Conclusões e Recomendações ... 95

5.1 Conclusões da Pesquisa Bibliográfica... 95

5.2 Conclusões da Pesquisa de Campo ... 96

5.3 Problemas Encontrados ... 96

5.4 Recomendações de Ordem Prática ... 97

Referências Bibliográficas ... 99

Apêndice I Comparativo entre a ISO 14000 e a BS 7750... 103

Apêndice II Legislação e Publicações sobre Água Mineral... 107

Apêndice III Checklist (Lista de Verificação)... 109

Apêndice IV Exemplos de Slides Apresentados no Treinamento dos Colaboradores... 113

Apêndice V Índice do Manual do Sistema de Gestão Ambiental ... 114

Apêndice VI Modelo de Instrução de Trabalho ... 115

Apêndice VII Modelo de Planilha de Controle ... 117

(12)

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 2-1 Evolução da abordagem sobre a questão ambiental... 08

Quadro 2-1 As atividades humanas e o acúmulo de usos múltiplos produzem diferentes ameaças e problemas para a disponibilidade de água ... 27

Quadro 2-2 Usos com derivação de águas ... 31

Quadro 2-3 Usos sem derivação de águas... 32

Tabela 2-2 A evolução da administração das águas públicas no Brasil ... 38

Tabela 2-3 Produção de água mineral por estado em relação à produção brasileira (2007) .... 42

Quadro 2-4 Aspectos ambientais relevantes nas etapas de produção de água mineral ... 48

Tabela 2-4 Benefícios ambientais do Programa P+L (1999-2002) ... 50

Quadro 4-1 Etapas de composição da fase de planejamento... 74

Quadro 4-2 Etapas de implantação e operacionalização do SGA ... 75

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 Esquema do Ciclo PDCA ... 20

Figura 2-2 Principais fontes de contaminação das águas subterrâneas ... 28

Figura 2-3 Consumo anual brasileiro de água mineral per capita, em litros, de 1996 a 2001. 45 Figura 2-4 Consumo de água mineral em litros, em alguns países no ano de 2001... 45

Figura 2-5 Mercado regional brasileiro de água mineral, em litros ... 46

Figura 3-1 Esquema com as etapas metodológicas da pesquisa ... 55

Figura 4-1 Foto aérea da área do empreendimento a 300 metros ... 57

Figura 4-2 Planialtimétrico da região ... 58

Figura 4-3 Mapa de localização e acessos da área do empreendimento a 600 metros... 60

Figura 4-4 Fluxograma da produção de água mineral... 61

Figura 4-5 Inspeção e lavagem dos garrafões de 20 litros ... 64

Figura 4-6 Envase e tamponamento, seguidos pela colocação do lacre nos garrafões ... 64

Figura 4-7 Confecção dos rótulos, rotulagem e inspeção dos garrafões de 20 litros ... 65

Figura 4-8 Fluxograma da produção dos garrafões de 20 litros... 66

Figura 4-9 Área de descarga de carros e caminhões ... 67

Figura 4-10 Esquema de sistema para reuso de água ... 84

Figura 4-11 Entrada da água da lavagem dos garrafões no sistema de reuso, passando pelo primeiro filtro, seguindo para a primeira caixa de passagem... 85

Figura 4-12 Desvio de encanamento para nova cisterna ainda no período de construção ... 85

Figura 4-13 Disposição das camadas das leiras ... 88

Figura 4-14 Composto final produzido ... 88

(14)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABINAM Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV Análise do Ciclo de Vida

ANA Agência Nacional de Águas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BPIC Boas Práticas para Industrialização e Comercialização

BS British Standards

BSI British Standards Institution

CEEIBH Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas CEMPRE Compromisso Empresarial Para Reciclagem

CMMAD Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

CNPMA Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliação de Impacto Ambiental

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DNAE Departamento Nacional de Águas e Energia

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica DNPM Departamento Nacional da Produção Mineral

(15)

EPI’s Equipamentos de Proteção Individual

EUA Estados Unidos da América

FAO Food and Agriculture Organization

GEMS Green Environmental Management System

GM Gabinete Ministerrial

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IETC International Environmental Technology Center ISO International Organization for Standardization

IT Instrução de Trabalho

LV Lista de Verificação

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério de Minas e Energia

MS Ministério da Saúde

NBR Norma Brasileira

O3 Ozônio

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

P+L Produção Mais Limpa

PC Planilha de Controle

PDCA Plan, Do, Check, Action (planejar, executar, verificar, corrigir)

PET Polietileno Tereftalato

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos PNRH Plano Nacional de Recursos Hídricos

(16)

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais RQMA Relatório da Qualidade do Meio Ambiente

SDS Secretaria de Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável

SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente

SGA Sistema de Gestão Ambiental

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

TR Technical Report

TS Technical Specification

UL Underwrites Laboratories Incorporation

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

UNIAGUA Universidade da Água

UNEP United Nations Environment Programme

UNIDO United Nations Industrial Development Organization

(17)

Capítulo 1

Introdução

Este trabalho traz uma apresentação das questões ambientalmente relevantes para a população – clientes, fornecedores e demais partes envolvidas na produção de água mineral. Realiza um diagnóstico e propõe melhorias através de um estudo de caso aplicado em uma empresa do setor, no Rio Grande do Norte, a fim de minimizar os impactos ambientais negativos decorrentes de sua atividade, tornando-a mais próxima da sustentabilidade.

1.1 Contextualização

A questão ambiental é um tema de relevância cada vez maior devido à necessidade ratificada da promoção do Desenvolvimento Sustentável. A evolução dos modelos de desenvolvimento preocupados com a dinâmica de degradação que se instalou no cenário mundial é evidente, e uma crise ambiental pode ser iminente se não forem tomadas providências severas quanto à exploração desenfreada dos recursos naturais.

O surgimento de um novo paradigma global no século XX alterou os conceitos sobre os quais se edificou a maior parte das instituições mundiais. A busca pela correção dos problemas gerados pela ação antrópica, que ameaçam a continuidade da vida em nosso planeta, é questão central na maior parte das discussões econômicas e ambientais e foco de atenção da sociedade moderna.

(18)

comunidade onde atua. Diante desta nova postura surge uma necessidade e a oportunidade de adequação a essas novas exigências. Daí vem o questionamento de como as práticas da gestão ambiental são percebidas e utilizadas como vantagem competitiva pela indústria.

Essas pressões ambientais da estrutura da indústria influenciam de forma bastante significativa o desempenho das empresas no mercado. A geração de impactos ambientais, o cumprimento das legislações vigentes e exigências ambientais das partes interessadas na estrutura e processo produtivo das indústrias levam as empresas a adotarem condutas ambientais específicas.

Dessa forma, as empresas vêm avaliando, de forma prática, seus posicionamentos estratégicos atuais e definindo qual a posição que desejam ocupar, já que suas performances dependem das condutas adotadas e da estrutura de mercado na qual está inserida.

Os sistemas de gestão de Qualidade e de gestão de Qualidade Ambiental são fatores encorajadores no papel do novo direcionamento dado à atividade industrial, promovendo a revisão do processo produtivo e direcionamento das atividades em favor do compromisso empresarial ambiental, viabilizando as práticas limpas e/ou qualquer outra ferramenta de apoio que venha ao encontro de uma produção mais eficiente, também sob o ponto de vista ambiental.

Os Sistemas de Gestão orientados pela série de normas ISO 9000 e ISO 14000 têm tido elevada aceitação no mercado. Isto abriu várias opções de pesquisa sobre o tema, de modo que se tem um acompanhamento atualizado da realidade administrativa de algumas empresas, propiciando um bom volume de informações aos interessados. Tais informações permitem um maior intercâmbio entre mercado de trabalho e a teoria difundida.

A prática de integração entre os sistemas de gestão está cada vez mais presente na administração das empresas. Esse fato é justificado pela similaridade entre vários pontos das normas e dos aspectos que elas envolvem. “Entre a gestão ambiental e a gestão da qualidade, existem pontos de integração inseparáveis, confirmando na prática, o que vários autores já pregam teoricamente sobre a integração entre os setores da empresa” (PORDEUS, 2001).

(19)

globalizado onde, dentre os demais fatores, a questão ambiental torna-se cada vez mais relevante e o mercado, cada vez mais competitivo.

Devido à falta de disponibilidade de água potável e à contaminação que a mesma vem sofrendo, o consumo de água mineral vem apresentando constante expansão, verificando-se, nos últimos anos, crescimento da ordem de 20% ao ano, segundo estatísticas do DNPM (2007) e da ABINAM (2007).

Assim, alguns estudos têm sido realizados quanto à aplicabilidade de sistemas de qualidade, tecnologias limpas e à questão dos resíduos nas indústrias de águas minerais, enfatizando estratégias, metodologias de aplicação e funcionalidades, bem como a utilização de novas tecnologias mais limpas. O levantamento desta bibliografia se faz necessário para obtenção do conhecimento em novas áreas e tecnologias relacionadas ao assunto de interesse.

A reflexão aqui desenvolvida se insere no debate sobre tecnologia, economia e meio ambiente. A partir de uma perspectiva analítica pertencente aos três campos mencionados, são investigadas questões referentes às possibilidades de estímulo e aplicação de tecnologias mais limpas no aprimoramento científico e tecnológico.

Esta pesquisa se propõe a estudar a aplicação de sistemas de gestão ambiental em uma empresa de produção de água mineral, como meio de aperfeiçoar o setor através da otimização do sistema de produção e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos negativos decorrentes de sua atividade produtiva e de seu produto, além de agregar ganhos econômicos para o empreendedor.

(20)

1.2 Objetivos

Desenvolver um estudo analítico em uma empresa do setor de águas minerais do estado do Rio Grande do Norte, compreendendo seu processo produtivo sob a ótica das questões ambientais, tecnológicas, econômicas e de qualidade, apontando soluções que incorporem um modelo de Sistema de Gestão Ambiental baseado na série ISO 14000 com uso de novas tecnologias.

Mais especificamente, implantar um modelo de SGA, apresentando as questões

ambientalmente relevantes na produção de água mineral, com redução de desperdícios e ganhos econômicos.

1.3 Relevância da Pesquisa

Até poucas décadas atrás, a água era vista como um bem não econômico, ou seja, tão abundante e inesgotável que não possuía valor econômico. Atualmente já se sabe que a água doce disponível para consumo é uma parcela muito pequena do total de água existente na Terra; mais ainda, que “comparando a distribuição dessa água doce no globo com a respectiva população, percebe-se como a água está mal distribuída” (NOGUEIRA, 2007).

De acordo com a ANA (BRASIL, 2007), trinta e dois países no mundo já enfrentam escassez de água. Mais de um bilhão de pessoas não têm acesso à água limpa para beber e quase três bilhões carecem de quaisquer serviços de saneamento básico.

Apesar de o Brasil possuir 12% da água doce do mundo (UNIÁGUA, 2007), a contaminação dos lençóis freáticos e a má distribuição natural fazem com que existam locais críticos de escassez de água. A situação no Rio Grande do Norte não é diferente e na capital do estado, a contaminação por nitrato atinge níveis críticos, aumentando o consumo e a exploração da água mineral.

(21)

lucrativa, com menor consumo de água, energia e matéria-prima, minimizando os resíduos produzidos e obtendo-se ganhos de fácil mensuração econômica e relevância ambiental significativa.

1.4 Estrutura da Dissertação

No capitulo 01 é realizada uma breve contextualização sobre as questões ambientais e o meio industrial – em especial o de produção de água mineral – enfocando as atuais pressões do mundo globalizado para a promoção do desenvolvimento sustentável e do diferencial comercial junto aos fornecedores e consumidores, proporcionados pelo atendimento às legislações e a busca do diferencial competitivo, através do uso de tecnologias mais limpas e sistemas de gestão. Também são apresentados os objetivos da pesquisa, a relevância e a organização do trabalho.

No capitulo 02 são apresentadas definições, classificações, aspectos legais e demais informações referentes às questões ambientais, aos sistemas de gestão e a relação com o ambiente competitivo. Em seguida são descritas informações sobre a indústria de água mineral e a relação entre a produção e o meio ambiente.

No capitulo 03 são descritos o procedimento metodológico os elementos utilizados para o desenvolvimento do trabalho, desde a pesquisa bibliográfica até os resultados obtidos no estudo de caso aplicado.

O capitulo 04 contém todas as etapas do estudo de caso, do diagnóstico inicial aos resultados obtidos, além da validação da pesquisa e da avaliação da empresa.

(22)

Capítulo 2

Referencial Teórico

Este capítulo apresenta a revisão bibliográfica utilizada para a discussão da pesquisa. São apresentadas definições, classificações, aspectos legais e demais informações referentes às questões ambientais, aos sistemas de gestão e suas relações com o ambiente competitivo. Em seguida são descritas informações sobre a água como recurso, suas classificações, a indústria de água mineral, o perfil do setor, a relação entre a produção e o meio ambiente e os aspectos legais para a sustentabilidade.

2.1 A Questão Ambiental

A evolução da humanidade e do conhecimento científico e suas aplicações tecnológicas propiciaram o surgimento das sociedades industriais modernas, quando os pensamentos garantiam que os bens materiais e o conforto estariam sempre disponíveis.

O crescimento da população humana exerce forte pressão sobre o meio ambiente e as mudanças das últimas décadas vêm alterando o relacionamento das organizações com o capital natural. A questão ambiental assumiu importância fundamental quando surgiu a consciência para problemas globais como disponibilidade e qualidade da água, disposição de resíduos, diminuição da biodiversidade, esgotamento dos recursos naturais, mudanças climáticas, aquecimento global, erosão dos solos e desastres naturais.

(23)

responsabilidade social. O desafio atual enfrentado pelas organizações é de alcançar soluções capazes de harmonizar os planos econômico, ambiental e social.

Capra (1982) salienta que “até os anos 70 a expressão Meio Ambiente era difundida e utilizada genericamente referindo-se apenas ao meio natural”, ou seja, à natureza ou aos ecossistemas naturais, acepção essa que ainda predomina na maioria leiga da população. No entanto, o termo “inclui não só o meio natural, mas também o meio artificial pleno de realizações materiais humanas, como os meios sociocultural e político-institucional em toda a sua dimensão” (VIOLA, 1995).

A questão da proteção ambiental nas organizações só transformou-se em um dos fatores de maior influência a partir da década de 80. Inicialmente, as preocupações estavam focadas apenas nos segmentos que causavam danos diretos ao meio ambiente, através das diversas formas de poluição. Atualmente, o problema é muito mais abrangente, estando relacionado não somente ao problema da poluição gerada na saída dos processos, mas envolvendo a operação por completo.

No Brasil não é diferente. Dono da maior floresta tropical e da maior bacia hidrográfica do planeta, o Brasil é um dos países mais citados quando o assunto é meio ambiente, sendo legítima a necessidade de haver equilíbrio entre o crescimento socioeconômico e os requisitos ambientais, da consciência de que as questões ambientais são de interesse global, exigindo uma atitude transparente e competente.

O Artigo 225 da Constituição Federal do Brasil (1988) estabelece que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e para as futuras gerações".

(24)

Tabela 2-1 – Evolução da abordagem sobre a questão ambiental.

Data Local Acontecimento Contribuição

1970

Stanford EUA

Surge o termo

Educação Ambiental

•Iniciam-se discussões sobre a temática ambiental. 1972 Roma Itália Publicação do relatório Limites do Crescimento

(Clube de Roma)

•Iniciam-se as teses de esgotamento dos recursos naturais;

•Introduz a perspectiva preservacionista;

•Prevê o futuro, caso não haja modificações nos modelos de crescimento econômico.

1972 Estocolmo Suécia Elaboração da Declaração do Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo)

•Enfoca a pobreza como raiz do problema ambiental;

•A questão social como resultado de um modelo de desenvolvimento econômico passa a ser eixo dos debates da problemática ambiental;

•Propõe a tese conservacionista: difusão de idéias de conservação em oposição ao debate preservacionista. 1974 Haia Holanda I Congresso Internacional de Ecologia

•Primeiro alerta sobre a redução da camada de ozônio, causada pelo uso dos CFCs (clorofluorcarbonos). 1987 Nova York EUA Elaboração do Relatório Brundtland

•Introduz o conceito de Desenvolvimento Sustentável;

•Prioriza a satisfação das necessidades das camadas mais pobres da população;

•Define como condições básicas para o desenvolvimento, a conservação dos ecossistemas e dos recursos naturais;

•Questiona os limites que o estado atual da tecnologia e organização social impõe ao meio ambiente. 1988 Brasília Brasil Promulgação da Constituição Federal

•Coroamento de um processo evolutivo no trato das questões ambientais no Brasil;

(25)

1989

Brasília Brasil

Criação do

IBAMA

•Criado com a intenção de associar a proteção ambiental ao uso conservacionista dos recursos naturais.

1991 Londres Inglaterra

Inicia-se o desenvolvimento e

elaboração das normas da série

ISO 14000

•Seqüência da série ISO 9000 (Gestão da Qualidade). Foram elaboradas com o objetivo de desenvolver normas internacionais para a Gestão Ambiental. 1992 Rio de Janeiro Brasil Elaboração da

Agenda 21 (Rio

92)

•Agenda de compromissos que abrangeu 180 países e foi endossado por 105 chefes de Estado, constituindo no documento de maior abrangência e de maior alcance com relação à questão ambiental;

•Restabelece o enfoque do meio ambiente em relação ao desenvolvimento;

•Utilizada na discussão de políticas públicas de infra-estrutura, habitação, recursos hídricos;

•Recomenda medidas a serem tomadas referentes à proteção ambiental através de políticas de desenvolvimento sustentado. 1996 Londres

Inglaterra

Publicação da série ISO 14000

•Define especificações, princípios, diretrizes para o uso e aplicabilidade da norma, bem como procedimentos de auditoria do sistema. 1997 Kyoto

Japão

Publicação do

Protocolo de Kyoto

•Estabeleceu os níveis de emissões de gases e poluição atmosférica “aceitáveis” dos países desenvolvidos.

1999

Genebra Suíça

Publicação do relatório anual da

OMS

O stress é considerado epidemia global, visto como o sintoma mais claro da situação da falta de adaptação da espécie humana às pressões da vida cotidiana.

2002

Joanesburgo África do

Sul

Rio+10

•Avaliou a mudança global desde a Rio-92;

•Pretendeu buscar um consenso na avaliação geral das condições atuais e nas prioridades para ações futuras;

(26)

A transição para um novo paradigma de desenvolvimento em que a busca pela sustentabilidade torne-se postura freqüente no meio empresarial não se constitui uma tarefa fácil, nem se trata de um processo rápido e tranqüilo. Para que haja o abandono do modelo de desenvolvimento, que submete somente sua racionalidade econômica ao conjunto de atividades que o sustenta, é necessário compreender e colocar em prática, conceitos necessários ao entendimento de seus processos, para minimização dos desperdícios.

“A expressão Desenvolvimento Sustentável tem sido objeto de polêmicas desde sua formulação, principalmente quando se busca precisá-la” (DIAS, 2000). Existem várias interpretações para o termo Desenvolvimento Sustentável, pois cada grupo social deve sintetizar uma proposta de sustentabilidade de acordo com sua realidade.

O termo passou a ser formalmente utilizado no Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum, resultante de um longo e grandioso trabalho realizado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) – órgão da ONU – nos anos 80. Essa foi a definição adotada pelo governo brasileiro, que possui dentro do Ministério do Meio Ambiente a SDS – Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável.

Segundo esse relatório (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE, 1991, p. 49):

Desenvolvimento Sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de entender as necessidades e aspirações humanas.

Portanto, atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual se apóia a idéia de desenvolvimento sustentável. Trata-se de um equilíbrio entre tecnologia e ambiente, na busca da eqüidade e justiça social, sem haver comprometimento da conservação dos recursos naturais.

(27)

2.2 As Transformações no Ambiente Competitivo

O setor empresarial, pressionado por exigências cada vez mais fortes do mercado mundial, viu-se impelido a adotar estratégias de gestão ambiental e social, não só para eliminar não-conformidades legais e atender às crescentes investidas dos órgãos ambientais, mas também para garantir sua permanência num mercado altamente competitivo; estratégias que vão da implantação de um SGA à certificação ISO 14001.

Paralelamente, as instituições governamentais e não-governamentais, a mídia, a sociedade civil e as instituições financeiras têm exposto os problemas ambientais da atividade produtiva e forçado às organizações a adotarem sistemas de gestão e controle da variável ambiental. Esses investimentos, antes simplesmente considerados como supérfluos, em seguida necessários, hoje devem ser vistos como estratégicos à atuação das empresas, gerando benefícios sociais, ecológicos e econômicos.

Nesse sentido, Elkington (1999) ressalta que “o momento atual de revolução cultural exige que as empresas, muito mais que as organizações governamentais e não governamentais, estejam preparadas para seguirem em direção ao desenvolvimento sustentável”. Portanto, o salto da sustentabilidade teórica para a prática não é uma questão simples para as empresas, principalmente as transnacionais, que são forçadas a pressionar sua cadeia de negócios através dos seus fornecedores de produtos e de serviços. Essas pressões são seguidas por uma mudança nas expectativas da sociedade, com reflexos no mercado de negócios.

O desempenho ambiental de uma empresa passa a ser reflexo da conduta ambiental adotada, que por sua vez, depende da estrutura de mercado em que está inserida.

2.2.1 A Pressão da Legislação Ambiental

O Brasil possui uma regulamentação diversificada e espalhada por diversos órgãos ambientais e um sistema deficiente de fiscalização.

(28)

inovações que reduzam os custos totais de um produto e aumentem seu valor, melhorando a competitividade das mesmas”. Nesse sentido, a legislação ambiental constitui uma característica importante para a estrutura da indústria.

2.2.2 A Pressão dos Impactos Ambientais

Com relação à indústria de bebidas em geral, Abreu et. al. (2004) afirma que:

As empresas de bebidas, por sua vez, admitem somente o impacto ambiental da exaustão dos recursos hídricos, decorrente do elevado consumo de água no processo produtivo. (...) O ruído e a qualidade do efluente hídrico lançado no corpo receptor, representam impactos ambientais significativos. Os resíduos sólidos gerados associam uma imagem negativa às empresas.

Controles operacionais para efluentes líquidos e resíduos sólidos, bem como dos consumos de água e energia elétrica, passam a ser pontos de extrema relevância a serem discutidos a partir dos aspectos ambientais e impactos negativos gerados nesse tipo de empresa. Os impactos ambientais e seus respectivos aspectos ambientais, de forma genérica, demandam, portanto, maior controle operacional, exercendo pressão na estrutura da indústria.

2.3 Sistemas de Gestão e suas Práticas

“Sistema de Gestão é o conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos, voltados ao estabelecimento da política e objetivos da empresa, bem como ao alcance destes objetivos” (ABNT, 2000). Considera-se, portanto, como sendo a maneira pela qual uma empresa gerencia seus processos ou atividades, tendo bem estabelecidos os seus objetivos e princípios.

(29)

orientação e adequação das partes envolvidas com relação aos procedimentos e processos da empresa.

Para justificar a normalização de sistemas de gestão, a ABNT (2007) relaciona os seguintes benefícios:

• Qualitativos: permitem utilizar adequadamente os recursos (equipamentos, materiais e mão-de-obra); uniformizar a produção; facilitar o treinamento da mão-de-obra, melhorando seu nível técnico; registrar o conhecimento tecnológico; e facilitar a contratação ou venda de tecnologia;

• Quantitativos: permitem reduzir o consumo de materiais; reduzir o desperdício; padronizar componentes; padronizar equipamentos; reduzir a variedade de produtos; fornecer procedimentos para cálculos e projetos; aumentar a produtividade; melhorar a qualidade; e controlar processos.

2.3.1 Gestão Ambiental

É perceptível a falência da atual prática ambiental adotada por alguns setores, que consiste apenas no tratamento e disposição dos resíduos gerados. As ações devem estar voltadas para a redução dos desperdícios, diminuição dos resíduos, manutenção da produção com menor utilização de insumos e matérias-primas, através da adoção de novos critérios para seleção das tecnologias utilizadas.

As pressões econômicas, sociais e ambientais impulsionaram o comprometimento das empresas com a questão ambiental, através da implantação, por exemplo, de Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs), que surgiram da necessidade da adoção de práticas gerenciais adequadas às exigências da legislação e do mercado.

(30)

Tachizawa (2002) conceitua Gestão Ambiental como “o processo de ordenamento do espaço a partir da formalização de um sistema de planejamento, diagnosticando o ambiente, integral, sistêmica e continuadamente”.

As empresas que pretendem obter sucesso em seus negócios devem compartilhar o entendimento de que deve existir um objetivo comum – e não um conflito – entre o desenvolvimento econômico e a questão ambiental.

A gestão ambiental é parte de um sistema global de gestão que prevê ordenamento e consistência para que as organizações abordem suas preocupações ambientais, “através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos, voltados para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental estabelecida pela empresa” (ABNT, 2005). Está essencialmente voltada para quaisquer organizações (companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições).

O SGA é uma estrutura organizacional, periodicamente monitorada e analisada criticamente, a fim de que as atividades ambientais da organização possam ser dirigidas eficazmente e respondam às mudanças de fatores internos e externos. “É recomendado que cada pessoa da organização conheça e assuma suas responsabilidades quanto a melhorias ambientais” (ABNT, 2004).

2.3.1.1 Objetivos e Finalidades da Gestão Ambiental

A idéia central da Gestão Ambiental é controlar os efeitos das atividades da empresa no meio ambiente, reduzindo sistematicamente os impactos ambientais negativos.

Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental devem estar em consonância com o conjunto das atividades empresariais. Eles não podem e nem devem ser vistos como políticas isoladas; devem integrar-se na cultura das organizações.

A busca permanente da melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e do ambiente de trabalho acontece em um processo de aprimoramento constante do SGA global, de acordo com a Política Ambiental estabelecida pela organização.

Há também objetivos específicos claramente definidos na norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004):

(31)

• Assegurar-se de sua conformidade com sua política ambiental definida;

• Demonstrar tal conformidade a terceiros;

• Buscar certificação/registro do seu SGA por uma organização externa;

• Realizar uma auto-avaliação e emitir auto-declaração de conformidade com a norma.

Além dos objetivos oriundos da norma ISO, na prática, podem ser observados outros que também podem ser alcançados através da gestão ambiental:

• Gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e programas relacionados aos ambientes interno e externo da companhia;

• Manter, em conjunto com a área de segurança do trabalho, a saúde dos trabalhadores;

• Produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores, produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;

• Colaborar com setores econômicos, com a comunidade e com os órgãos ambientais, para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente.

Algumas das finalidades básicas da gestão ambiental que podem ser citadas são:

• Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos produtivos e dos seus produtos ou serviços;

• Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;

• Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em áreas correlatas;

• Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos moldes da série de normas ISO 14000;

(32)

2.3.1.2 Fundamentos Básicos da Gestão Ambiental

Os princípios para a gestão ambiental internacionalmente conhecidos estão descritos na série de normas ISO 14000, na norma inglesa BS 7750, na européia EMAS e no programa Atuação Responsável (Responsible Care Program – adotado pela ABIQUIM). “Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14000, ou mesmo certificados ambientais específicos como, por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas” (AMBIENTE BRASIL, 2007).

A busca de procedimentos gerenciais adequados varia de uma organização para outra. No entanto, há fundamentos essenciais que podem ser resumidos da seguinte forma:

• Redução do uso dos recursos naturais (matérias-primas), cada vez mais escassos devido ao uso, exaustão e degradação decorrentes das mais diversas atividades, encontrando-se legalmente mais protegidos;

• Redução do consumo de bens naturais (água, ar), minimizando a exploração e, conseqüentemente, os impactos ambientais negativos e os custos, já que se paga cada vez mais por eles;

• Atendimento à legislação;

• Benefícios visíveis por toda a comunidade, uma vez que as pressões públicas exigem cada vez mais um posicionamento ambientalmente correto das empresas, e investidores, financiadores, fornecedores e consumidores dão privilégios e/ou prioridade a empresas ambientalmente sadias.

2.3.1.3 Norma BS 7750

“As normas britânicas BS 5750 e 7750 originaram a série de normas ISO 9000 e 14000, respectivamente, usadas voluntariamente para certificar sistemas e processos das empresas” (ISEGNET, 2007).

(33)

ambiental que visem garantir o cumprimento de políticas e objetivos ambientais definidos e declarados.

A norma não estabelece critérios de desempenho ambiental específicos, mas exige que as organizações formulem políticas e estabeleçam objetivos, levando em consideração a disponibilização das informações sobre efeitos ambientais significativos.

Pode ser aplicada a qualquer organização (independente do seu porte, atividade ou localização) que deseje garantir o cumprimento a uma política ambiental estabelecida e demonstrar esse cumprimento a terceiros.

2.3.1.4 Série ISO 14000

A ISO 14000 é amplamente difundida no Brasil e no mundo, além de ser bastante compatível com outras normas de gestão existentes. É composta por várias normas, podendo ser separadas nas seguintes áreas, segundo a ABNT (2007):

• Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental – ISO 14001, 14004, 14061;

• Auditoria Ambiental e outras investigações ambientais relacionadas – ISO 14010, 14011, 14012, 14015, 19011;

• Avaliação de Desempenho Ambiental – ISO 14031, 14032, 14050, ISO/WD 14063;

• Declarações Ambientais e Selo Ambiental – ISO 14020, 14021, 14024, 14025;

• Análise do Ciclo de Vida – ISO 14040, 14041, 14042, ISO/TR 14043, 14049/14047, ISO/TS 14048;

• Aspectos Ambientais dos Produtos – ISO Guide 64, ISO/TR 14062, ISO 14050;

• Termos e Definições.

Os documentos pertencentes à série aplicam-se a todas as organizações e distinguem-se em seu contexto de aplicação.

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• NBR ISO 14001:2004 ‘Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso’;

• NBR ISO 14004:2005 ‘Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio’;

• NBR ISO 19011:2002 ‘Diretrizes para Auditorias de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental’, em substituição às NBR ISO 14010, 14011 e 14012;

• NBR ISO 14040:2001 ‘Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura’;

• NBR ISO Guia 66:2001 ‘Requisitos Gerais para Organizações que Operam Avaliação e Certificação/Registro de Sistemas de Gestão Ambiental’.

Essas normas fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto à sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, conseqüentemente, a satisfação do cliente), inserindo a organização no contexto ambiental.

Tal como a série ISO 9000, a ISO 14000 também faculta a implementação prática de seus critérios. Entretanto, deve-se refletir o pretendido no contexto de planificação ambiental, que inclui planos dirigidos a tomadas de decisões que favoreçam a prevenção ou mitigação de impactos ambientais, tais como contaminações de solo, água, ar, flora e fauna, além de processos escolhidos como significativos no contexto ambiental.

(35)

Pode ser aplicada a atividades com potencial efeito ao meio ambiente, dentro da organização como um todo. Sua conformidade com os requisitos da norma é demonstrável a terceiros para fins de certificação.

De acordo com Gonçalves (2004, p. 101):

É importante relatar que a ISO 14001 é uma norma de Gestão Ambiental, não de desempenho ambiental. Deste modo, ela define os elementos-chave que constroem um SGA, sem definir com precisão o modo como devem ser organizados ou implementados. Assim, cada organização fica livre para adaptar o SGA às suas necessidades particulares. A ISO 14001 não define níveis, valores ou critérios de desempenho, permitindo que cada organização estabeleça seus próprios objetivos e metas, levando em consideração os requisitos reguladores da legislação nacional, estadual e municipal, bem como os requisitos organizacionais.

O sucesso da sua implementação depende, principalmente, do engajamento consciente de todos os funcionários – independente do cargo e da função – e do comprometimento da alta direção.

No Apêndice I, consta uma tabela com um comparativo entre a ISO 14000 e a BS 7750, onde pode ser observada uma maior restrição na norma inglesa BS 7750.

A EMBRAPA (2007) ressalta que “nem as normas ISO 9000 nem as ISO 14000 são padrões de produto”. Elas estabelecem um padrão com requerimentos para direcionar a organização para manejar processos que influenciam a qualidade ou processos que influenciam o impacto das atividades no meio ambiente.

(36)

Fonte: CENTENO, 2004.

Figura 2-1 – Esquema do Ciclo PDCA.

As normas que tratam de Análise do Ciclo de Vida (ACV) estabelecem as interações entre as atividades produtivas e o ambiente natural, analisando o impacto causado pelos produtos, seus respectivos processos produtivos e serviços com eles relacionados, desde a extração dos recursos naturais até a disposição final dos resíduos. Elas provêem os princípios gerais, a estrutura e a metodologia requerida para se analisar o ciclo de vida de um produto, determinando metas e o escopo de estudo, os impactos causados ao ambiente natural, identificando as melhorias que deveriam ser introduzidas para reduzi-los. Serve como guia para interpretar os resultados e provê exemplos para ilustrar como aplicar o processo de ACV.

Para tanto, a análise deve considerar:

• O consumo de matérias-primas e seus processos de extração e produção;

• Os processos de produção dos materiais intermediários utilizados na fabricação do produto;

• O processamento de todos os materiais até se chegar ao produto final;

• A utilização do produto durante toda a sua vida útil;

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Todo fluxo de entrada e saída de materiais (balanço material e energético) deve ser analisado e medido, verificando seus efeitos sobre o ar, a água e o solo. Os materiais usados e a formação de substâncias intermediárias, até a decomposição final do produto, também devem ser avaliados, além da comparação do seu impacto ambiental com o de outros produtos, incluindo-se a destinação final dos resíduos e dos materiais recuperáveis ou recicláveis em cada alternativa considerada.

2.3.2 Integração de Sistemas de Gestão

“O objetivo preliminar de uma organização deve ser fornecer um produto ou serviço com uma finalidade específica, que tenha qualidade, seja seguro e ambientalmente correto, sob circunstâncias eficientes para cumprir essas exigências” (SAI, 2007).

Tradicionalmente, cada sistema de gestão possui procedimentos específicos a serem seguidos separadamente. No entanto, as similaridades nos princípios de gestão e abordagens para os vários aspectos dos negócios das organizações, proporcionaram um escopo óbvio para maximizar a eficiência e eficácia, aumentando o interesse em promover sistemas de gestão integrados, unindo em um único, áreas como qualidade, meio ambiente e segurança e saúde ocupacional.

Um veículo importante para o controle destas áreas é o Sistema de Gestão Total, que fornece a orientação (treinamento) dos empregados e uma base para a avaliação pelos clientes e organizações de certificação, condensando as exigências comuns dos sistemas individuais, evitando a duplicação de esforços e fornecendo uma base uniforme para as características originais de cada um dos sistemas individuais.

Esta abordagem oferece a vantagem de um único conjunto de documentação processual, possibilitando a integração de processos de gestão, como a definição de metas, revisão de sistemas e análise mais eficaz da inter-relação entre as várias áreas dos diversos sistemas.

(38)

2.3.2.1 Sistemas de Gestão da Qualidade

Implementar um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) aumenta a satisfação do cliente, atinge maior consistência e aprimora os processos internos de uma empresa. Minimiza os riscos de que as expectativas do cliente não sejam cumpridas. Cada tipo de negócio tem determinados processos operacionais críticos para seus objetivos estratégicos. O aperfeiçoamento da empresa depende da sua capacidade de perceber a sua força, fraquezas e oportunidades de melhoria.

Os sistemas de gestão da qualidade têm por objetivo atender às necessidades dos clientes e aumentar continuamente sua satisfação. Conforme ABNT (2000), “são conjuntos de elementos inter-relacionados para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à qualidade”, que por sua vez, é conceituada no mesmo documento como “o grau segundo o qual um conjunto de características satisfaz as necessidades ou expectativas, podendo ser expressas de forma implícita ou obrigatória”.

A ISO 9000 define as linhas básicas e oferece as orientações gerais para uma correta gestão da qualidade e garantia de qualidade, além de apresentar modelos de sistemas de qualidade que podem ser utilizados por empresas de qualquer natureza ou porte, em qualquer parte do mundo.

Cláusulas da ISO 9000 enfocam o relacionamento entre fornecedor e cliente. O registro (certificação) ISO permite aos fornecedores a comprovação do seu potencial de atender aos necessários requisitos de qualidade. “Com este registro, os usuários adquirem a confiança de que os produtos e serviços oferecidos estão de acordo com seu nível de expectativas” (UL, 2007).

A série ISO 9000:2000 consiste em quatro normas principais:

• ISO 9000 – Sistemas de Gestão de Qualidade – Conceitos básicos e vocabulário (em substituição à ISO 8402);

• ISO 9001 – Sistemas de Gestão de Qualidade – Requisitos;

• ISO 9004 – Sistemas de Gestão de Qualidade – Orientações para o aumento da performance;

• ISO 10011 – Orientações para a Auditoria de Sistemas de Qualidade.

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• Sistema de Gestão de Qualidade – Sistema geral de gestão de qualidade e requisitos de documentação;

Responsabilidade da Gestão – Comprometimento, foco no cliente, diretivas, planejamento e comunicação;

• Gestão de Recursos – Recursos humanos, infra-estrutura e ambiente de trabalho;

• Realização do Produto – Planejamento, processos relativos a clientes, projeto, compras, operações de produção e serviços e controle dos recursos de monitoração e medição;

Medição, Análise e Aperfeiçoamento – Monitoração e medição, controle da conformidade ou não-conformidade de produtos, análise de dados e aperfeiçoamentos.

A Norma apresentada na versão 2000 apresenta de maneira mais clara seu uso e importância. Faz menção especial da não-pretensão em dar uniformidade aos sistemas, definindo também sua não-intenção em que as empresas alterem a estrutura de seus processos para se alinharem aos seus requisitos, mas sim, que a documentação das empresas deva definir de maneira apropriada suas atividades.

A sua correspondência com a NBR ISO 14001:2004, pode ser verificada em seu anexo A. Destaca-se o fato de que a revisão publicada em 2000 da série NBR ISO 9000 proporcionou o alinhamento das estruturas e requisitos de ambas as normas, facilitando seu entendimento e implementação. Os pontos essenciais serão destacados no item 2.3.2.2 – Similaridade entre as Normas.

Para que um SGQ baseado na ISO 9000 ou em qualquer outra norma realmente agregue valor, ele deve contribuir para melhorar os fundamentos empresariais. Os princípios de gestão nos quais a ISO 9000:2000 é estruturada servem de base para um SGQ eficiente e eficaz. A aplicação correta desses princípios tende a ajudar a reduzir custos e a ineficiência, e a aumentar os lucros.

2.3.2.2 Similaridade entre as Normas

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revisão 2000 da NBR ISO 9000 foi a intenção de alinhá-la à ISO 14001, aumentando a compatibilidade entre elas, em benefício da comunidade de usuários” (ABNT, 2000).

Entre os requisitos especificados por estes modelos de sistemas de gestão, são observadas as seguintes similaridades:

• Ênfase na melhoria contínua do sistema de gestão implementado;

• Necessidade de demonstração da capacidade da empresa em atender à legislação e aos requisitos regulamentares aplicáveis;

• Estabelecimento de política apropriada, documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os funcionários;

• Estabelecimento de objetivos e metas;

• Planejamento dos sistemas e elaboração de programas, ambos com a finalidade de definição da estratégia para atingir objetivos e metas e atender aos requisitos especificados;

• Definição de funções, responsabilidades e autoridades, previsão de recursos para implementação e controle dos sistemas de gestão, nomeação de representante específico da alta administração;

• Treinamento e competência do pessoal envolvido nas atividades pertinentes ao sistema de gestão;

• Controle de documentos e dados;

• Controle operacional;

• Monitoramento e medição dos processos;

• Controle de equipamentos de monitoramento e medição;

• Instituição de canais de comunicação apropriados, entre os vários níveis e funções da organização e, especificamente, para o recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes das partes interessadas externas;

• Controle de não-conformidades;

(41)

• Controle de registros;

• Realização de auditorias internas periódicas;

• Análise crítica da administração para avaliação do desempenho da empresa e da continuidade das melhorias.

O fato de uma empresa dotar-se de múltiplos sistemas de gestão pode representar uma duplicação de esforços e impor dificuldades administrativas, inclusive com reflexos no grau de envolvimento das pessoas. Isto tem, progressivamente, feito com que instituições e empresas passem a interessar-se por sistemas de gestão integrados.

Dependendo das atividades desenvolvidas, do porte, das exigências legais e regulamentares atuantes, e das necessidades específicas de cada empresa, o sistema de gestão pode contemplar a integração dos processos de qualidade com os de gestão ambiental, e ainda com outros, como os da segurança e saúde ocupacional.

Além disso, as similaridades descritas são fatores estimulantes à integração de sistemas nas empresas. Segundo Dias (2000), “os conceitos acabam se integrando na própria prática”. A integração de sistemas de gestão é vista, segundo Ofori (2002), como “uma oportunidade de desenvolvimento de um sistema de gestão consistente e eficiente economicamente”.

A integração também é prevista na própria ISO 14001. “Não é necessário que os requisitos do sistema de gestão ambiental especificados nesta Norma sejam estabelecidos independentemente dos elementos do sistema de gestão existente” (ABNT, 2004).

Ainda segundo a norma (ABNT, 2004):

As organizações podem decidir utilizar um sistema de gestão existente, coerente com a série NBR ISO 9000, como base para seu sistema de gestão ambiental. Enquanto os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental.

(42)

Assim, pode-se dizer que integrar ou adicionar a gestão ambiental à gestão da qualidade contribui para ampliar o atendimento às exigências regulamentares e legais aplicáveis às atividades desenvolvidas pela empresa, além de beneficiá-la com relação ao atendimento às crescentes exigências de clientes e de outras partes interessadas. Também se pode dizer que a existência de um sistema único facilita a compreensão e envolvimento dos funcionários na busca da melhoria contínua e do atendimento aos objetivos e metas estabelecidos.

2.4 A Questão da Água

É sabido que a água é indispensável para se viver. A abundância ou escassez de água determinou o desenvolvimento das civilizações. Atualmente, apesar das conquistas tecnológicas, o mundo enfrenta enormes perigos em razão do esgotamento das reservas de água.

O conjunto de ações produzidas pelas atividades humanas ao explorar os recursos hídricos para expandir o desenvolvimento econômico e fazer frente às demandas industriais e agrícolas e à expansão e crescimento da população e das áreas urbanas foi se tornando complexo ao longo da história da humanidade.

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Quadro 2-1 As atividades humanas e o acúmulo de usos múltiplos produzem diferentes ameaças e problemas para a disponibilidade de água.

Atividade Humana

Impactos nos Ecossistemas Aquáticos

Valores / Serviços em Risco

Construção de represas.

Interfere no fluxo dos rios, no transporte de nutrientes e sedimentos e na migração e reprodução de peixes.

Altera habitats e a pesca comercial e esportiva; os deltas e suas economias.

Construção de diques e canais.

Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis.

Altera a fertilidade natural das várzeas e controles das enchentes.

Alteração do canal natural dos rios

Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

Altera os habitats e a pesca. Afeta a produção de hidroeletricidade e transporte.

Drenagem de áreas alagadas.

Elimina um componente-chave dos ecossistemas aquáticos.

Perda de biodiversidade; de funções naturais de filtragem e reciclagem de nutrientes; de habitats para peixes e aves aquáticas.

Desmatamento / Uso do solo.

Altera padrões de drenagem, inibe a recarga natural dos aqüíferos, aumenta a sedimentação.

Altera a qualidade e a quantidade da água, a pesca, a biodiversidade e o controle de enchentes.

Poluição não controlada.

Diminui a qualidade da água. Altera o suprimento de água e a

pesca. Diminui a biodiversidade, aumenta os custos de tratamento. Menor biodiversidade afeta a saúde humana.

Remoção

excessiva de biomassa.

Diminui os recursos vivos e a biodiversidade.

Altera a pesca e os ciclos naturais dos organismos. Diminui a biodiversidade.

Introdução de espécies exóticas.

Elimina as espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos biológicos.

Perda de habitats e da biodiversidade natural e estoques genéticos. Alteração da pesca.

Poluentes do ar (chuva ácida) e metais pesados.

Altera a composição química de rios e lagos.

Altera a pesca comercial. Afeta a biota aquática; a recreação; a saúde humana e a agricultura.

Crescimento da população e padrões gerais de consumo humano.

Aumenta a pressão para construção de hidroelétricas; a poluição da água e a acidificação de lagos e rios. Altera ciclos hidrológicos.

Afeta praticamente todas as atividades econômicas que dependem dos serviços dos ecossistemas aquáticos.

Mudanças globais no clima.

Afeta drasticamente o volume dos recursos hídricos. Altera padrões de distribuição de precipitação e evaporação.

Afeta o suprimento de água, transporte, produção de energia elétrica, produção agrícola e pesca. Aumenta enchentes e o fluxo de água nos rios.

(44)

A contaminação das águas subterrâneas é uma fonte importantíssima de deterioração dos recursos hídricos e das reservas disponíveis. A Figura 2-2 mostra as principais fontes de contaminação das águas subterrâneas com efeitos diversificados na qualidade das águas e repercussão na saúde humana.

Fonte: ZALEWSKI, 2002.

Figura 2-2 – Principais fontes de contaminação das águas subterrâneas.

Tundisi (2003) revela alguns dados levantados pelo PNUMA, IETC e pela UNESCO, sobre a disponibilidade de água e a degradação dos recursos hídricos em todo o mundo:

• A última avaliação do PNUMA identifica 80 países com sérias dificuldades para manter a disponibilidade de água, o que representa 40% da população mundial;

• Cerca de 1/3 da população mundial vive em países onde a falta de água vai de moderada a altamente impactante;

(45)

• A falta de acesso à água de boa qualidade e ao saneamento resulta em centenas de milhões de casos de doenças de veiculação hídrica e mais de 5 milhões de mortes a cada ano. Estima-se que entre 10.000 e 20.000 crianças morrem todo dia, vítimas de doenças de veiculação hídrica.

• Em algumas regiões da China e da Índia, o lençol freático afunda de 2 a 3 metros anualmente e 80% dos rios são muito tóxicos para suportar peixes;

• Mais de 20% de todas as espécies de água doce estão ameaçadas ou em perigo em razão da construção de barragens, diminuição do volume de água e danos causados por poluição e contaminação;

• Cerca de 37% da população mundial vive próximo à costa, onde o esgoto doméstico é a maior fonte de contaminação;

• A eutrofização marinha e costeira causada pelo impacto do nitrogênio é uma das principais fontes de poluição, contaminação e degradação de recursos costeiros e marinhos;

• 30 a 60 milhões de pessoas foram deslocadas diretamente pela construção de represas em todo o planeta;

• 120 mil km3 de água estão contaminados e para 2050, espera-se uma contaminação de 180 mil km3, caso persista a poluição.

A FAO (2007) divulgou que “a irrigação para cultivos agrícolas responde, atualmente, por cerca de 70% de toda a água potável retirada de corpos aquáticos. O quadro se aproxima de 90% em vários países em desenvolvimento”. Para esse órgão, é preciso unir esforços nacional e internacionalmente para proteger os recursos hídricos. Uma das medidas seria armazenar chuvas para reduzir o desperdício com irrigação.

Os dados mostram porque as soluções para um mundo com escassez de água exigem uma tomada de posição mais forte e decidida por parte de governos, organismos internacionais, sociedades e industriais. Eficiência e economia devem ser regras para minimizar os impactos negativos a um recurso tão indispensável quanto escasso.

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melhores terras agrícolas e fontes de água estão ficando do lado israelense do muro”, que em sua primeira fase, está sendo erguido ao norte da Cisjordânia. “Em localidades da Cisjordânia, como Tulkarem e Jenín, as famílias ficaram com a terra de um lado e o poço do outro”, complementa. A água é um dos elementos mais simbólicos que separam israelenses de palestinos. Por sua escassez no Oriente Médio, é um recurso precioso para os povos da região e é motivo de contínuas tensões.

2.4.1 A Água como Recurso

Dada sua grande utilidade, a água é considerada um imenso recurso. E um recurso tão importante, que pode definir o desenvolvimento que uma região, um país, uma sociedade pode alcançar. As estatísticas sempre devem ser lembradas: “70% do planeta é constituído de água. Somente 3% é doce e, desse total, 98% está embaixo do solo, em lençóis freáticos” (MATTAR, 2003). Ou seja, o montante disponível para uso e consumo é mínimo em relação à quantidade total de água na Terra.

Mesmo parecendo pouco, esta quantidade foi suficiente para satisfazer às necessidades dos habitantes do globo. E se, como defendem os especialistas, o volume de água que existe no mundo não diminui ou aumenta, apenas muda de estado, continuaria sendo suficiente, não fosse o importante componente desta equação: o crescimento – desordenado – da população mundial, somado ao pouco cuidado, à falta de responsabilidade e de conscientização para a gestão das águas.

Segundo documento produzido pelo Programa Mundial de Avaliação dos Recursos Hídricos, cuja Secretaria está a cargo da UNESCO (1985), na pior das hipóteses, 7 bilhões de pessoas em 60 países estarão enfrentando falta de água na metade do século XXI. Na melhor das hipóteses, 2 bilhões, em 48 países estarão nessa situação, dependendo de fatores como crescimento populacional e o desenvolvimento de políticas públicas.

2.4.1.1 Finalidades e Usos

Imagem

Figura 2-1 – Esquema do Ciclo PDCA.
Figura 2-2 – Principais fontes de contaminação das águas subterrâneas.
Tabela 2-3 Produção de água mineral por estado em relação à produção brasileira (2007)
Figura 2-4 Consumo de água mineral em litros, em alguns países no ano de 2001.
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Referências

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