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A partir da construção do conceito de material didático digital e da explicação sobre os instrumentos de avaliação e suas convergências, é possível inferir que tais instrumentos podem

auxiliar os professores numa escolha e avaliação criteriosa de materiais de formato digital. Isso pode ocorrer numa perspectiva de envolvimento e reflexão dos professores no processo de familiarização com os materiais, na exploração das suas potencialidades pedagógicas, na adequação ao currículo e promoção da aprendizagem.

No entanto, é possível deduzir que todos os referenciais citados servem de orientação geral sobre como os professores podem fazer uso das TDIC e consequentemente dos materiais didáticos digitais. Entretanto, não trazem recomendações específicas de ‘como’ os professores podem escolher e avaliar esses materiais; tampouco informam como os professores podem estabelecer e discutir critérios de escolha para a sua seleção, levando em consideração o contexto escolar. Para dar sequência a essa discussão, no próximo capítulo, abordo a formação de professores nos programas e projetos governamentais brasileiros de implantação das TDIC na educação, no intuito de trazer uma proposta de formação continuada de professores para a escolha e avaliação de materiais didáticos digitais.

CAPÍTULO 2 | Formação de professores para a utilização das TDIC na

Educação

Neste capítulo apresento um ‘panorama macro’ dos programas e projetos de utilização das TDIC no contexto educacional; em seguida, contextualizo os conceitos de Formação Inicial e Continuada utilizados nesta tese, no intuito de explicar as abordagens de formação continuada de professores em tais programas e projetos. Por fim, faço uma proposta de formação de professores para a escolha e avaliação de material didático digital.

2.1 Panorama nacional dos programas e projetos de utilização das TDIC

O Capítulo 1 resgata a construção do conceito de material didático digital, a ressignificação dos instrumentos de avaliação e os referenciais de formação e certificação de professores em TDIC, que suscitam a questão da escolha e avaliação desses materiais.

No intuito de dar continuidade a tal resgate, neste segundo capítulo apresento um panorama macro do desenvolvimento dos programas e projetos de utilização das TDIC no contexto educacional no Brasil, desde o início da década de 80, para, em seguida, identificar as abordagens de diferentes formações de professores para a utilização das TDIC na Educação.

Dentre tais programas e projetos de implantação do uso das TDIC no contexto educacional brasileiro, traço aqui um breve histórico de sete iniciativas, de âmbito nacional, que são mais frequentemente discutidas na literatura da área: Educom27, Formar28, Proninfe29, Proinfo30,

Programa Mídias na Educação31, Proinfo Integrado32 e o Projeto UCA33, sendo, este último, o contexto em que se insere este estudo de tese.

No ano de 1983, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou o Projeto Educom, que objetivava criar Centros Piloto em universidades brasileiras para: (1) desenvolver pesquisas sobre

27 No ano de 1983, o MEC desenvolveu o Projeto Educom (Educação por Computadores). 28 No ano de 1986, o MEC criou o Projeto Formar.

29 Em 1989, o MEC instituiu o primeiro Programa Nacional de Informática Educativa – Proninfe.

30 No ano de 1997, foi lançado pela SEED/MEC (Secretaria de Educação a Distância), o ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação).

31 A SEED/MEC criou, no ano de 2005, na modalidade de educação a distância com suporte na plataforma do e- Proinfo, o Programa Mídias na Educação.

32 Em consonância com o ProInfo, a SEED lança, no ano de 2007, o ProInfo Integrado (Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional).

33 No ano de 2007, o Projeto UCA (Um Computador por Aluno) inicia como uma política pública brasileira e, neste mesmo ano, inicia-se o ‘pré-piloto’ em cinco escolas públicas brasileiras, localizadas em São Paulo/SP, Porto Alegre/RS, Palmas/TO, Piraí/RJ e Brasília/DF.

o uso do computador no ensino e na aprendizagem, especialmente no ensino médio; (2) formar professores para o magistério da rede pública de ensino; (3) produzir softwares educativos (OLIVEIRA, 1997; ALMEIDA, 2000b, 2009). Cada centro piloto tinha um perfil e uma forma de atuação distinta; no entanto, os centros mantiveram em comum uma linha de pesquisa: formação de recursos humanos para a utilização do computador na educação.

Após a implantação desses centros piloto no país, no ano de 1986, o MEC criou o ‘Projeto Formar’. Segundo Prado (2003), o Formar pode ser caracterizado como desencadeador do processo de disseminação da informática na educação do país, pois, visava implantar em cada estado brasileiro um Centro de Informática na Educação (CIED). Almeida (2000b) explica que, para viabilizar o funcionamento desses centros, seria necessário preparar professores de todas as partes do Brasil, para a utilização, implantação, multiplicação e disseminação das práticas de uso da tecnologia na educação. Assim, este projeto foi estruturado da seguinte forma: (a) formação inicial de professores multiplicadores; (b) ações dos CIED em estados brasileiros; (c) apoio dos centros piloto pelas universidades participantes do Projeto Educom.

A partir desta estrutura, o Projeto Formar dividiu-se em dois cursos de especialização na área de Informática na Educação: o Formar I, em 1987 e o Formar II, em 1989, ambos organizados e realizados pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Dando continuidade às iniciativas anteriores, em 1989, o MEC instituiu o primeiro ‘Programa Nacional de Informática Educativa – Proninfe’. Este programa visava quatro aspectos: (1) formação de professores para uso, implementação e pesquisa na área da tecnologia na educação; (2) utilização da informática na prática educativa e nos planejamentos curriculares; (3) integração, consolidação e ampliação de pesquisas; (4) socialização dos conhecimentos e experiências desenvolvidas em informática educativa. Para atender tais aspectos, o MEC apoiou-se na estrutura dos CIED, a fim de dar suporte técnico e pedagógico para o trabalho de informática desenvolvido nas escolas públicas do ensino regular, técnico e superior (Centros de Informática na Educação Técnica - CIET; Centros de Informática na Educação Superior – CIES), distribuídas pelo território brasileiro. (OLIVEIRA, 1997; PRADO, 2003).

Em 1997, foi lançado pela SEED/MEC (Secretaria de Educação a Distância), o ProInfo (Programa Nacional de Informática na Educação). Os objetivos deste programa eram: (1) instalar laboratórios com computadores e disponibilizar recursos/conteúdos digitais educacionais nas escolas públicas urbanas e rurais de ensino básico de todo o Brasil; (2) possibilitar a formação de professores (na modalidade presencial e a distância) para o uso pedagógico e tecnológico dos computadores.

A SEED/MEC criou, no ano de 2005, na modalidade de educação a distância com suporte na plataforma do e-Proinfo34, o Programa ‘Mídias na Educação’. De acordo com Almeida (2009),

este programa visava proporcionar formação continuada para o uso pedagógico integrado das diferentes TDIC (TV e vídeo, computador, informática, rádio e impresso) na perspectiva da autoria do professor e do aluno.

Em consonância com o ProInfo, a SEED lança, em 2007, o ProInfo Integrado (Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional). Este programa tem como público alvo: gestores, professores, técnicos e outros agentes educacionais da escola pública. Segundo o MEC, o programa tem como objetivo o uso pedagógico das TDIC no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor35, TV Escola e

DVD Escola36, Domínio Público37 e, pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais38.

Neste mesmo ano de 2007, formaliza-se o Projeto UCA39. Este programa inicia-se como uma

política pública brasileira e, ainda no mesmo ano, implanta-se o Pré-piloto em cinco escolas públicas brasileiras. Em 2010, o Projeto UCA entra na Fase Piloto, abrangendo aproximadamente 300 escolas públicas brasileiras, pressupondo a formação de recursos humanos. A partir desse panorama histórico sobre o desenvolvimento dos programas e projetos de utilização das TDIC no contexto educacional, ressalto que, cada um desses programas e/ou projetos também tinham como objetivo e preocupação a formação continuada de professores. Assim, antes mesmo de tratar da formação de professores para a utilização das TDIC, abordo os conceitos de formação inicial e continuada, para em seguida identificar as abordagens de formações de professores para a utilização das TDIC na Educação.