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S ANEAMENTO E CONDENSAÇÃO DO PROCESSO

No documento Processo Civil Declarativo (páginas 142-147)

Depois da fase dos articulados, o processo vai ser concluso ao juiz, nos termos do artigo 508 e 265.º, para que este profira despacho pré-saneador, destinado a:

a) Providenciar pelo suprimento de excepções dilatórias, nos termos do nº 2 do artigo 265.º, onde se estabelece que o juiz providenciará mesmo oficiosamente, pelo suprimento da falta de pressupostos processuais susceptíveis de sanação, determinando a realização dos actos necessários à regularização da instância ou, quando estiver em causa alguma modificação subjectiva da instância, convidando as partes a praticá-los.

b) Convidar as partes ao aperfeiçoamento dos articulados, nos termos dos números seguintes. É aqui que lhe cabe, por exemplo, verificar os requisitos internos da PI e da contestação.

N.º 2: O juiz convidará as partes a suprir as irregularidades dos articulados, fixando prazo para o suprimento ou correcção do vício, designadamente quando careçam de requisitos legais ou a parte não haja apresentado documento essencial ou de que a lei faça depender o prosseguimento da causa.

N.º 3: Pode ainda o juiz convidar qualquer das partes a suprir as insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada, fixando prazo para a apresentação de articulado em que se complete ou corrija o inicialmente produzido. Isto não significa que o juiz possa autorizar as partes a trazer factos que alterem o pedido ou a causa de pedir, pois é necessário o respeito pelo n.º 5 do artigo 508.

Se a parte corresponder ao convite a que se refere o número anterior, os factos objecto de esclarecimento, aditamento ou correcção ficam sujeitos às regras gerais sobre contraditoriedade e prova.

As alterações à matéria de facto alegada, previstas nos pontos anteriores, devem conformar-se com os limites estabelecidos no art. 273.º, se forem introduzidas pelo autor, e nos arts. 489.º e 490.º, quando o sejam pelo réu.

Não cabe recurso do despacho que convide a suprir irregularidades ou insuficiências dos articulados.

Depois do juiz requerer o suprimento, a outra parte deve ter possibilidade de se pronunciar para dar cumprimento ao princípio do contraditório, dando a possibilidade de se apresentar novo requerimento, sempre com os limites e com respeito do artigo 273.

Do despacho que admite o suprimento, não cabe recurso.

Audiência preliminar 508-A

1. Concluídas as diligências resultantes do preceituado no nº 1 do artigo 508, se a elas houver lugar, o juiz convoca audiência preliminar, a realizar num dos trinta dias subsequentes, destinada a determinadas finalidades. O juiz quando convoca audiência preliminar deve especificar no despacho quais as finalidades da audiência, embora isso não o vincule, trata-se de mera intenção ou finalidade.

a) Realizar tentativa de conciliação, nos termos do artigo 509.º; As partes são notificadas, bem como os respectivos mandatários. Podem estes comparecer sozinhos desde que com procuração que os autorize expressamente “poderes especiais para confessar, desistir ou transigir” devia ficar na acta os motivos que impediram a conciliação das partes, mas normalmente isso não acontece, a descrição é muito sumária.

b) Facultar às partes a discussão de facto e de direito, nos casos em que ao juiz cumpra apreciar excepções dilatórias ou quando tencione conhecer imediatamente, no todo ou em parte, do mérito da causa; (em regra o juiz apreciará as excepções dilatórias de que não se apercebeu no despacho pré-saneador).

Sempre que o juiz decida do mérito da causa temos de ter em conta o disposto no artigo 508/b/1/B.

c) Discutir as posições das partes, com vista à delimitação dos termos do litígio, e suprir as insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto que ainda subsistam ou se tornem patentes na sequência do debate; o objectivo é clarificar a

posição das partes, quando isso não decorra directamente dos articulados.

d) Proferir despacho saneador, nos termos do artigo 510.º que é ditado para a acta, podendo ser proferido mais tarde nos casos de especial complexidade.

e) Quando a acção tenha sido contestada, seleccionar, após debate, a matéria de facto relevante que se considera assente e a que constitui a base instrutória da causa, nos termos do artigo 511.º, decidindo as reclamações deduzidas pelas partes. Se a acção não foi contestada não há lugar a selecção da matéria de facto.

E na audiência que o juiz selecciona a matéria de facto assente e os factos que vão ser levados à base instrutória, isto é, aqueles que carecem de prova. Caso não se concorde com a selecção feita na audiência, tem de se reclamar na hora, para que depois se possa recorrer.

Esta selecção não constitui caso julgado formal e pode o juiz acrescentar novos factos na audiência de discussão e julgamento da causa.

2. Quando haja lugar à realização de audiência preliminar, ela destinar-se-á complementarmente a:

a) Indicar os meios de prova e decidir sobre a admissão e a preparação das diligências probatórias, requeridas pelas partes ou oficiosamente determinadas, salvo se alguma das partes, com fundadas razões, requerer a sua indicação ulterior, fixando- se logo o prazo; assim nos casos em que o juiz refira no seu despacho que se va indicar os meios de prova, devemos ter os mesmos preparados antes da audiência. A entrega de provas depois pode ser permitida pelo juiz mas apenas em casos devidamente fundamentados. “Atenta à complexidade da base instrutória, (explicar os motivos) Requer-se a V. Exa. que a apresentação dos meios provatórios possa ser feita no prazo de 10 dais a contar da presente data”

b) Estando o processo em condições de prosseguir, designar, sempre que possível, a data para a realização da audiência final, tendo em conta a duração provável das diligências probatórias a realizar antes do julgamento;

c) Requerer a gravação da audiência final ou a intervenção do colectivo.

3. O despacho que marque a audiência preliminar indica o seu objecto e finalidade, mas não constitui caso julgado sobre a possibilidade de apreciação imediata do mérito da causa.

4 - Não constitui motivo de adiamento a falta das partes ou dos seus mandatários; se algum destes não houver comparecido, pode ainda apresentar o respectivo requerimento probatório nos cinco dias subsequentes àquele em que se realizou a audiência preliminar, bem como, no mesmo prazo, requerer a gravação da audiência final ou a intervenção do colectivo.

Dispensa da audiência preliminar 508-B

O juiz pode dispensar a audiência preliminar fundamentadamente, nos casos previstos nas alíneas do n.º 1 do artigo 508-B.

a) Destinando-se à fixação da base instrutória, a simplicidade da causa o justifique;

b) A sua realização tivesse como fim facultar a discussão de excepções dilatórias já debatidas nos articulados ou do mérito da causa, nos casos em que a sua apreciação revista manifesta simplicidade.

Não havendo lugar à realização de audiência preliminar, se a acção tiver sido contestada e houver de prosseguir, o juiz, no despacho saneador, selecciona a matéria de facto, mesmo por remissão para os articulados; as reclamações das partes são, após contraditório, logo decididas.

As partes são notificadas nos termos do artigo 155.º para a marcação da audiência preliminar.

Quer haja ou não haja audiência preliminar o juiz tem sempre de emitir um despacho, ou que marque a audiência e indique as suas finalidades, ou então que, a dispense de modo fundamentado.

Sempre que não haja audiência preliminar e as partes sejam notificadas do despacho que a dispense começam a correr dois prazos:

1. Para reclamar das situações da matéria de facto. Artigo 508-B n.º 2 2. Indicar provas. Artigo 512.º

Artigo 512.º

N.º 1” Quando o processo houver de prosseguir e se não tiver realizado a audiência preliminar, a secretaria notifica as partes do despacho saneador e para, em 15 dias, apresentarem o rol de testemunhas, requererem outras provas ou alterarem os requerimentos probatórios que hajam feito nos articulados e requererem a gravação da audiência final ou a intervenção do colectivo.”

N.º 2 Findo o prazo a que alude o número anterior sem que haja reclamações contra a selecção da matéria de facto, ou decididas estas, o juiz designa logo dia para

a audiência final, ponderada a duração provável das diligências de instrução a realizar antes dela.

Assim sucede porque nos termos do artigo 508-B n.º 2 não havendo lugar à realização de audiência preliminar, se a acção tiver sido contestada e houver de prosseguir, o juiz, no despacho saneador, selecciona a matéria de facto, mesmo por remissão para os articulados; as reclamações das partes são, após contraditório, logo decididas.

Despacho saneador 510

Findos os articulados, se não houver que proceder à convocação da audiência preliminar, nos casos do artigo 508-B, o juiz profere, no prazo de vinte dias, despacho saneador destinado a:

a) Conhecer das excepções dilatórias e nulidades processuais que hajam sido suscitadas pelas partes, ou que, face aos elementos constantes dos autos, deva apreciar oficiosamente; o despacho só constitui caso julgado relativamente às questões concretamente apreciadas. Ou seja, não é pelo facto de dizer que “as partes são legítimas, têm personalidade e capacidade judiciária, têm interesse em agir, não há nulidades que inquinem o processo” que o juiz não as possa depois verificar.

b) Conhecer imediatamente do mérito da causa, sempre que o estado do processo permitir, sem necessidade de mais provas, a apreciação, total ou parcial, do ou dos pedidas deduzidos ou de alguma excepção peremptória.

Se houver lugar a audiência preliminar, o despacho saneador é logo ditado para a acta; quando, porém, a complexidade das questões a resolver o exija, o juiz poderá excepcionalmente proferi-lo por escrito, no prazo de vinte dias, suspendendo- se a audiência e fixando-se logo data para a sua continuação, se for caso disso.

No caso previsto na alínea a) do nº 1, o despacho constitui, logo que transite, caso julgado formal quanto às questões concretamente apreciadas; na hipótese prevista na alínea b), fica tendo, para todos os efeitos, o valor de sentença.

Não cabe recurso da decisão do juiz que, por falta de elementos, relegue para final a decisão de matéria que lhe cumpra conhecer.

Nas acções destinadas à defesa da posse, se o réu apenas tiver invocado a titularidade do direito de propriedade, sem impugnar a posse do autor, e não puder apreciar-se logo aquela questão, o juiz ordena a imediata manutenção ou restituição da posse, sem prejuízo do que venha a decidir-se a final quanto à questão da titularidade do direito.

(Selecção da matéria de facto) 511

O juiz, ao fixar a base instrutória, selecciona a matéria de facto relevante para a decisão da causa, segundo as várias soluções plausíveis da questão de direito, que deva considerar-se controvertida.

Isto não implica, por exemplo, que em sede de julgamento o juiz possa acrescentar novos elementos à base instrutória, artigo 650/f. Mesmo a relação pode anular as decisões da primeira instância e apreciar outras questões de facto que não foram tidas em conta, artigo 712.º A.

As partes podem reclamar contra a selecção da matéria de facto, incluída na base instrutória ou considerada como assente, com fundamento em deficiência, excesso ou obscuridade.

O despacho proferido sobre as reclamações apenas pode ser impugnado no recurso interposto da decisão final.

Na fixação da matéria de facto o juiz deve apenas fixar factos e não direito, sendo que essa selecção deve ser feita de modo abstracto, deve o juiz não ter em conta a sua posição e a sua apreciação de direito, mas antes seleccionar tendo em aberto todas as possibilidades.

No documento Processo Civil Declarativo (páginas 142-147)