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S EGUNDA P ARTE

No documento Educação e formação em turismo (páginas 188-191)

2 Ver Tabela n.º

S EGUNDA P ARTE

A segunda parte do inquérito é composta por quatro questões e analisa, essencialmente, a situação profissional dos recursos humanos com formação específica em turismo, a exercer funções nas instituições em questão.

Profissionais com formação em turismo

A primeira questão da segunda parte é considerada estruturante em relação às restantes questões que integram o inquérito. Nesta questão é solicitado aos respondentes que indiquem se, presentemente, existem profissionais com formação específica em turismo a exercer funções na instituição inquirida.

Gráfico n.º 1 – Profissionais com formação específica em Turismo

38% 62%

Não Sim

um primeiro indício da respectiva dificuldade em assumir novas ou reforçadas competências na área do turismo. Não quer isto dizer que apenas os técnicos de turismo possuem capacidades para exercer funções neste âmbito, contudo adquiriram um background académico que teoricamente os capacita para tal.

A situação torna-se ainda mais preocupante e ao mesmo tempo caricata, se considerarmos que das 46 Câmaras Municipais que afirmaram não empregar técnicos de turismo, 19 possuem pelouro do turismo e 15 indicam que o turismo está integrado noutro pelouro ou é da responsabilidade de determinada divisão, gabinete ou departamento. Então por que razão não existem profissionais com formação específica em turismo a exercer funções nas referidas instituições?

Esta situação é susceptível de diversas interpretações. Por um lado, é sabido que nem todos os concelhos do país estão conscientes das vantagens inerentes à actividade turística e que a maioria orienta as suas políticas e esforços no sentido de melhorar as condições de vida das populações, investindo em infra-estruturas básicas e obras públicas. O turismo é frequentemente visto como um sector de menor importância na actuação das Câmaras Municipais e no contexto das actividades económicas dos concelhos, razão pela qual nem todas as autarquias valorizam, por exemplo, a necessidade de um pelouro do turismo.

Se se reivindica que ao nível local de actuação as Câmaras Municipais sejam responsáveis pela formulação da política local de turismo e pela sua articulação com os demais sectores de actividade locais, assim como, pelo licenciamento das actividades turísticas, faz todo o sentido que técnicos de turismo integrem as equipas de trabalho das autarquias. O conhecimento que adquiriram no decorrer do processo de educação ou formação pode e deve constituir uma valência para a autarquia.

Refira-se, ainda, que a maioria dos concelhos que responderam negativamente à questão, são concelhos do interior com níveis de desenvolvimento inferior à média. Os próprios profissionais tendem a procurar emprego em localidades que ofereçam melhores condições de trabalho e de progressão na carreira. Mais uma vez a questão das assimetrias regionais é invocada para fundamentar o abandono progressivo dos concelhos de interior em detrimento dos concelhos mais desenvolvidos do litoral. Todavia, os dados recolhidos são susceptíveis de uma interpretação diferente. Se considerarmos que as Câmaras Municipais seleccionadas para amostra do presente estudo fazem parte das 19 Regiões de Turismo existentes em Portugal, então o facto de 62% das autarquias empregarem profissionais de turismo, pode ser considerado bastante positivo. Ou seja, uma autarquia ao aderir a uma região de turismo delega na mesma a responsabilidade de promoção turística do concelho. Perante este cenário, torna-se compreensível que a autarquia abdique de contratar técnicos de

turismo, uma vez que compete à região de turismo dispor de recursos humanos nesta área.

Posto isto, foi possível constatar que, apesar de confiarem às regiões de turismo a tarefa de promoção do sector, 62% das autarquias considerar importante empregar técnicos de turismo.

Estrutura

No caso de resposta afirmativa à questão, é solicitado ao respondente que indique qual a(s) estrutura(s) dentro da instituição onde os profissionais de turismo exercem funções, mediante as opções: Gabinete de Turismo, Posto de Turismo e Outra. No caso de responder outra, é solicitado que especifique.

A inclusão deste tópico no inquérito advém da formulação da seguinte hipótese: “A ausência de estruturas com objectivos e funções estratégicas pode traduzir a incapacidade da instituição em “pensar” o turismo.”

Gráfico n.º 2 – Estrutura onde os profissionais de turismo exercem funções

20 46 24 Gabinete Turismo Posto Turismo Outra n = 75

Das 75 autarquias que responderam afirmativamente à questão anterior, 20 assinalaram Gabinete de Turismo, 46 Posto de Turismo e 24 Outra. O valor total de respostas não coincide com o número de autarquias, uma vez que a questão permite

O facto de apenas 20 autarquias possuírem gabinete de turismo demonstra que a capacidade autárquica para “pensar” o turismo em termos estratégicos, é actualmente inferior ao desejável. Mesmo ponderando a hipótese de existirem outras estruturas e recursos humanos dentro das Câmaras Municipais com capacidade para assumir esta função, o resultado final dificilmente poderá ser o mesmo.

Considerando os desafios futuros que se antevêem para as autarquias enquanto órgãos locais de turismo, seria de todo pertinente que, em função da sua dimensão e do grau de dependência do turismo, fossem criados gabinetes específicos para “pensar” o turismo e promover o desenvolvimento sustentável do sector no respectivo concelho.

No período inicial de desenvolvimento do turismo em Portugal, a necessidade urgente de mão-de-obra determinou um esforço acrescido de formação de nível I, II e III, essencialmente, na área da restauração e hotelaria.

Actualmente, os cursos de turismo direccionam-se cada vez mais para a formação de profissionais na área da gestão e do planeamento em turismo46, formando elementos capazes de integrar os referidos gabinetes técnicos.

O turismo precisa de ser projectado em termos estratégicos, pelo que compete a cada Concelho criar condições para a optimização dos proveitos decorrentes do processo de desenvolvimento turístico. A criação de gabinetes de turismo pode e deve ser considerado um primeiro passo nesse sentido.

Das 20 Câmaras que assinalaram a opção Gabinete de Turismo, 14 possuem Pelouro do Turismo, ou seja, 70 %. Neste sentido, é possível constatar que as autarquias que em termos políticos reconhecem o valor do turismo, demonstram uma maior propensão para constituir gabinetes de turismo.

Contrastando com a percentagem de gabinetes de turismo existentes, 46 Câmaras Municipais assinalaram a existência de profissionais de turismo a exercer funções em postos de turismo.

Salvo raras excepções, uma das principais funções de quem trabalha num posto de turismo consiste em receber os turistas e orientar a sua visita pelo concelho, transmitindo-lhes as informações turísticas mais relevantes. Apesar de reconhecer a importância de um serviço desta natureza, a figura do posto de turismo não tem implícito a ideia de reflexão e planeamento, mas sim de execução de uma tarefa, modo geral, de veiculação de informação.

No documento Educação e formação em turismo (páginas 188-191)