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Saneamento e Sustentabilidade

3. Gestão de habitação dos municípios

3.3. A questão da habitação no município de Franco da Rocha

3.3.4. Saneamento e Sustentabilidade

Para Franco da Rocha e os outros municípios do CIMBAJU a SABESP é a concessionária de saneamento responsável pelo fornecimento de água e pelos esgotos sanitários.

138 A SABESP28 é a maior empresa de saneamento da América Latina e Caribe tem um faturamento anual de cinco bilhões de reais. Realizou investimentos em 2007 e 2008 somados na ordem de 2,5 bilhões de reais e pretende investir em 2009 e 2010 somados mais 3,3 bilhões de reais. A princípio apresenta como grande resultado de saneamento ambiental, a redução da mortalidade infantil, nos municípios onde a SABESP atua de um índice em 1979 de 87 mortes por 100.000 nascidos para 12 mortes por 100.000 nascidos no ano de 2006. Conforme dados recebidos da SABESP, para comparação, no Reino Unido, a coleta de esgoto tem o índice de atendimento de 98%. O índice de atendimento do esgoto tratado é de 95%, o que leva a um resultado real final de esgoto tratado de 93%. No Brasil, ainda segundo a SABESP- 36% têm rede de coleta de esgoto e destes 55% tem tratamento de esgoto. O que leva à conclusão de que 19,80% do esgoto do Brasil sofre o processo de tratamento final e chega limpo à nossa rede hídrica29.

A SABESP apresentou como um dos objetivos e metas fundamentais no seu plano estratégico obter a Universalidade do Saneamento Básico na região metropolitana de São Paulo até o ano de 2018. Para esta meta ser atingida a SABESP tem dois grandes obstáculos a vencer e estes dois grandes obstáculos se encontram nos municípios. A SABESP está renovando os contratos de concessão com os municípios. Os contratos metropolitanos estão mais difíceis, pois os municípios devem muito para SABESP. O município de Guarulhos com mais de um milhão de habitantes é um dos que mais contribui para a poluição do Rio Tietê, pois não realiza nenhum tratamento de esgoto sanitário. Guarulhos que tem a sua empresa própria de saneamento e esta tem uma dívida de cerca de 600 milhões de reais para com a SABESP. Este fato transforma-se em um impasse na negociação da concessão. Como

28 Estivemos em dezembro de 2008 na sede da SABESP em São Paulo em uma reunião de apresentação de resultados da SABESP para os analistas da Bovespa e lá colhemos os diversos dados que aqui apresentamos.

29 Como se mistura aos outros 80% não tratados, perde-se no final. Não temos ainda nenhum indicador de reuso da água. Questionado sobre quando se poderia novamente nadar no Tietê, o presidente da SABESP titubeou e concluímos pela sua resposta que isto só será possível depois de 2030.

139 conseqüência fica atrasado cada vez mais o início da colocação da rede de esgotos e a ligação destes com as estações de tratamento de esgoto intermediárias e no caso de Guarulhos com a grande estação de tratamento final da SABESP antes de chegar ao rio Tietê. (No município de Santo André o idêntico fato ocorre também, mas a dívida do SEMASA tem valor menor).

A segunda dificuldade para atingir a universalização em 2018 é representada pelo fato de que por lei a SABESP só pode realizar a rede de água e esgoto em loteamentos e urbanizações se autorizada pelo município. O município, por sua vez só vai autorizar se para área em questão houver um plano de urbanização. Isto quer dizer que a velocidade de universalização, não depende da SABESP, mas sim da capacidade de reurbanização de favelas, bairros e construção de moradias em loteamentos ditadas pelos planos de urbanização de cada município.

A SABESP tem mais de 3,3 bilhões de investimentos para realizar nos próximos e tem condições econômicas de empresa para continuar captando empréstimos no exterior e no Brasil e manter este nível de investimento para os próximos anos. O seu sistema de negociação de contratos com os municípios está funcionando bem e tecnicamente está capacitada também com um sistema de previsão e planejamento e execução de obras. Quando de nossa visita a sede da SABESP, após a apresentação de seus resultados, planos e objetivos chegamos a impressão que a lentidão da máquina administrativa dos municípios da região metropolitana de São Paulo atrapalhará e atrasará a SABESP no alcance de seus objetivos de universalização do saneamento básico.

Nos municípios do CIMBAJU o atendimento do abastecimento de água é satisfatório atingindo 95% da população. Nível de atendimento semelhante tem também a coleta de lixo. Segundo os dados da Fundação SEADE do ano 2000, o problema começa com a rede de coleta de esgoto que tem 68,84 % de atendimento em Franco da Rocha e no município

140 vizinho de Francisco Morato só de 26,86%. Para a questão do tratamento de esgoto não existem informações atualizadas, mas o índice de tratamento é quase nulo.

Quanto às questões de Infra-estrutura, o Plano Diretor de Franco da Rocha destaca o seguinte:

Diretrizes na área de Infra-estrutura (pg.30)

I- Melhorar as condições de saneamento básico, enquanto elemento de saúde pública, através de:

a- Programas de redução de perda de energia elétrica e da água

b- Gestão junto à SABESP visando assegurar a universalização do sistema de abastecimento de água com boa qualidade

c- Articulação junto à SABESP para a implantação de redes coletoras de esgoto, coletores tronco e a disposição final na ETE, visando ao atendimento da população e a despoluição dos rios e córregos que atravessam o município.

d- Controlar as ações de decapamento do solo e os movimentos de terra de forma a evitar o assoreamento dos cursos d’água e o aumento de áreas degradadas.

Nestas diretrizes está expresso claramente que a questão do saneamento básico em Franco da Rocha é fundamentalmente um trabalho de parceria com a SABESP. Em função disso, conforme nos informou o Diretor de Planejamento da Prefeitura Franco da Rocha tem aprovado com a SABESP, um plano para a construção de sete ETE’s - estações de tratamento de esgoto- no município. De momento, os técnicos estão fazendo levantamentos topográficos em cada um destes locais. Para a implantação destas estações de tratamento, não precisam esburacar as ruas para o tratamento do esgoto- já têm canalizações, mas precisam fazer os canais ao lado dos córregos.

Em relação à sustentabilidade houve uma tentativa de convênio com o departamento de Engenharia Ambiental da Universidade de Gênova, por meio do professor Giovanni Spalla. Este convênio foi solicitado pelo Diretor de Planejamento da Prefeitura de Franco da Rocha. Com isto, seriam dados os primeiros passos em direção aos princípios de uma cidade ecologicamente sustentável. Foi uma ótima oportunidade. Perdida, porém. Espera-se ser possível reavivá-la. O convênio entre a Universidade de Gênova, Cimbaju e a FAU USP

141 abrangeria um estudo de impactos ambientais e planos de integração, a partir do programa “Cem Cidades” que realizam projetos de planificação, saneamento, resíduos e ecossistemas. Levaria a uma recuperação ambiental da cidade, com vistas à cidade futura. O objetivo geral seria definir a construção de uma “Cidade Ecológica Metropolitana”, Eco-Cittá, baseada no conceito de transformar o problema ambiental em recursos econômicos e energéticos. Para isto, o descarte da produção e do consumo seria parte integrante do processo produtivo de desenvolvimento da área. Ela deixaria de ser o depósito da miséria, dos resíduos sociais e materiais da região metropolitana. Realizar-se-ia um plano de saneamento total com tratamento dos resíduos e sua transformação em recursos energéticos e econômicos.