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7.2 – Segmentos operacionais a) Produtos e serviços comercializados:

Distribuição de energia elétrica

No 1º trimestre de 2012

No primeiro trimestre de 2012 (“1T12”), a energia elétrica total distribuída pela Energisa atingiu 2.590,4 GWh, representando um aumento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2011. Contribuíram para este desempenho: i) as vendas no mercado livre, oriundas das atividades de comercialização da Energisa Comercializadora e vendas relacionadas aos diversos projetos de geração da Companhia, que condicionaram uma expansão de 22,8% no mesmo período, para 202,7 GWh; ii) as vendas de energia elétrica no mercado próprio da Companhia, que cresceram 6,2%, totalizando 1.944,3 GWh. Os consumos das classes comercial e residencial se mantiveram em expressivas expansões no trimestre, com crescimentos de 10,2% e 5,7%, respectivamente; iii) a energia associada aos consumidores livres (origem das receitas de disponibilização do sistema de transmissão e de distribuição), basicamente industriais, que somou 356,4 GWh no 1T12, com avanço de 8,6% na mesma base de comparação.

Mercado Consolidado de Energia Elétrica por Segmento (Em GWh)

Trimestre

Descrição 1T12 1T11 Variação %

a) Vendas de Energia no Mercado Próprio 1.944,3 1.830,7 + 6,2

* Residencial 736,7 697,0 + 5,7

* Industrial 350,3 345,1 + 1,5

* Comercial 384,9 349,2 + 10,2

* Rural 135,3 120,3 +12,5

* Outras classes 337,1 319,1 + 5,6

b) Suprimento de Energia Elétrica 77,2 95,2 - 18,9

c) Fornecimento não Faturado Líquido 9,8 12,0 - 18,3

d) Vendas de energia ao Mercado Livre 202,7 165,0 + 22,8

e) Vendas Totais de Energia (a+b+c+d) 2.234,0 2.102,9 + 6,2

f) Energia associada aos Consumidores Livres 356,4 328,2 + 8,6

g) Energia Elétrica Total Distribuída (e+f) 2.590,4 2.431,1 + 6,6

No mercado próprio, destaque para a controlada Energisa Paraíba, cujas vendas aos consumidores cativos aumentaram 7,6% no trimestre, puxadas pela classe comercial que expandiu o consumo em 12,4% no mesmo período.

A demanda do mercado de energia por distribuidora e por classe de consumo no 1T12 foi a seguinte:

Mercado de Energia Elétrica

das Distribuidoras no primeiro trimestre de 2012 (Em GWh)

Descrição EMG ENF ESE EBO EPB

a) Vendas de Energia no Mercado Próprio 277,0 78,9 583,7 157,2 847,6

Variação % das Vendas (*) + 3,7 + 6,3 + 5,3 + 7,0 + 7,5

b) Suprimento de Energia Elétrica 5,9 - 66,3 3,3 1,7

c) Fornecimento não Faturado Líquido 1,9 0,9 1,5 0,3 5,1

d) Vendas Totais de Energia Elétrica (a+b+c) 284,8 79,8 651,5 160,8 854,4

f) Energia associada aos Consumidores Livres 75,1 - 169,4 - 111,9

Variação da Demanda dos Consumidores Livres - % (*) + 4,7 - + 10,4 - + 8,5

g) Energia Elétrica Total Distribuída (d+f) 359,9 79,8 820,9 160,8 966,3

Variação da Energia Total Distribuída - % (*) + 3,5 + 7,7 + 6,5 + 4,0 + 5,2

(*) Variação % em relação ao 1T11

EMG – Energisa Minas Gerais / ENF – Energisa Nova Friburgo / ESE – Energisa Sergipe / EBO – Energisa Borborema / EPB – Energisa Paraíba

O Grupo Energisa manteve no 1T12 o foco e as ações gerenciais visando a contínua redução de perdas de energia elétrica nas suas distribuidoras. Os esforços engendrados resultaram em mais uma queda das perdas consolidadas, que se situaram no patamar de 10,84% nos últimos doze meses encerrados em março de 2012, ou seja, uma melhoria de 1,03 ponto percentual em relação ao mesmo período findo em março do ano passado.

A Energisa Paraíba destacou-se mais uma vez e encerrou março de 2012 com perdas totais de 13,43%, índice 1,82 ponto percentual menor que o registrado nos doze meses terminados em março do ano passado. Nas demais distribuidoras controladas pela Companhia, as perdas em março de 2012 se situaram nos seguintes níveis: Energisa Minas Gerais em 8,86%; Energisa Nova Friburgo em 5,50%; Energisa Borborema em 7,62%; e Energisa Sergipe em 10,11%.

Distribuição de energia elétrica Em 2011, 2010 e 2009

A energia elétrica total distribuída pela Energisa em 2011 somou 9.955,8 GWh, representando um aumento de 7,5% em relação a 2010. Contribuíram para este desempenho as vendas no mercado livre, em especial as vendas relacionadas aos diversos projetos de geração da Companhia, que condicionou uma expansão de 67,7% no mesmo período, para 764,3 GWh. Já as vendas de energia elétrica no mercado próprio da Companhia totalizaram 7.328,3 GWh em 2011 (1.917,3 GWh no 4T11) – um avanço de 2,7% em relação ao ano anterior. O consumo doméstico se manteve em expansão ao longo do exercício e as vendas para o segmento residencial cresceram 6,6% no ano. Destaque para a controlada Energisa Paraíba, cujas vendas residenciais aumentaram 8,3% nesse mesmo período.

A energia associada aos consumidores livres (origem das receitas de disponibilização do sistema de transmissão e de distribuição), basicamente industriais, somou 1.379,6 GWh no ano, com avanço de 2,9% na mesma base de comparação.

Mercado Consolidado de Energia Elétrica por Segmento (Em GWh)

Exercício

Descrição 2011 2010 2009

a) Vendas de Energia no Mercado Próprio 7.328,3 7.132,6 6.593,5

• Residencial 2.764,6 2.592,8 2.352,9

• Industrial 1.419,6 1.488,5 1.409,3

• Comercial 1.384,1 1.337,4 1.233,4

• Rural 464,6 471,9 430,2

• Outras classes 1.295,4 1.242,0 1.167,7

b) Suprimento de Energia Elétrica 482,6 343,6 134,5

c) Fornecimento não Faturado Líquido 1,0 (10,5) (9,6)

d) Vendas de Energia ao Mercado livre 764,3 455,8 395,9

e) Vendas Totais de Energia Elétrica (a+b+c+d) 8.576,2 7.921,5 7.114,3

f) Energia Elétrica associada aos Consumidores Livres 1.379,6 1.340,4 1.283,4

g) Energia Elétrica Total Distribuída (d+e) 9.955,8 9.261,9 8.397,7

A demanda do mercado de energia por distribuidora e por classe de consumo em 2011 foi a seguinte:

Descrição EMG ENF ESE EBO EPB

a) Vendas de Energia no Mercado Próprio 1.076,1 318,3 2.162,0 601,8 3.170,1

Variação % das Vendas - 3,0 - 4,0 + 5,7 + 0,1 + 4,1

b) Suprimento de Energia Elétrica 47,8 - 304,0 30,1 101,6

c) Fornecimento não Faturado Líquido (1,4) (0,3) 2,8 0,3 (0,4) d) Vendas Totais de Energia Elétrica (a+b+c) 1.122,5 318,0 2.468,8 632,2 3.271,3

f) Energia associada aos Consumidores Livres 311,9 - 661,4 - 406,3

Variação da Demanda dos Consumidores Livres - % (*) + 10,5 - + 4,2 - - 4,0

g) Energia Elétrica Total Distribuída (d+f) 1.434,4 318,0 3.130,2 632,2 3.677,6

Variação da Energia Total Distribuída - % (*) + 0,6 - 3,7 + 5,3 + 3,6 + 6,0

(*) Variação % em relação a 2010

EMG – Energisa Minas Gerais / ENF – Energisa Nova Friburgo / ESE – Energisa Sergipe / EBO – Energisa Borborema / EPB – Energisa Paraíba

Outros serviços relacionados à energia elétrica

A Companhia, por meio de suas Controladas, também atua nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica, além de prestar serviços das Controladas que não são distribuidoras de energia elétrica.

b) Receita proveniente do segmento e sua participação na receita líquida consolidada da Companhia:

No 1º trimestre de 2012 e 2011

Energisa Consolidada Participação na Receita (%)

Descrição 1T12 1T11

Distribuição de energia 93,4 94,8

Geração e comercialização de energia 5,5 4,5

Serviços especializados 1,1 0,7

Total 100,0 100,0

Nos exercícios de 2011, 2010 e 2009

Energisa consolidada Participação na Receita (%)

Exercício

Descrição 2011 2010 2009

Distribuição de energia 94,2 95,5 98,1

Geração e comercialização de energia 4,7 3,2 1,2

Serviços especializados 1,1 1,3 0,7

Total 100,0 100,0 100,0

c) Lucro proveniente do segmento e sua participação no lucro líquido consolidado da Companhia:

No 1º trimestre de 2012 e 2011

Energisa Consolidada Participação no Lucro Líquido (%)

Descrição 1T12 1T11

Distribuição de energia 94,3 99,7

Geração e comercialização de energia 4,3 2,9

Serviços especializados 1,4 - 2,6

Total 100,0 100,0

Nos exercícios de 2011, 2010 e 2009

Energisa consolidada Participação no Lucro Líquido (%)

Exercício

Descrição 2011 2010 2009

Distribuição de energia 96,5 96,0 97,7

Geração e comercialização de energia 2,2 1,8 0,6

Serviços especializados 1,3 2,2 1,7

7.3 – Produção, Comercialização e Mercados

a) Características do processo de produção:

A Companhia é uma sociedade de participação (holding), sendo os produtos e serviços relacionados no item 7.2 acima fornecidos por suas Controladas.

A base doos negócios da Companhia é a distribuição de energia elétrica (as receitas advindas das operações de distribuição de energia nas diversas controladas foram equivalentes a 95,1% da receita operacional bruta consolidada da Companhia em 2011), mas a Companhia tem participações em empresas de comercialização de energia elétrica, geração de energia elétrica e serviços correlatos à distribuição de energia.

Distribuição de energia elétrica:

As Distribuidoras do Grupo Energisa adquirem praticamente toda a energia necessária ao suprimento do seu sistema de distribuição de energia elétrica. Em 2011, as controladas Energisa Geração Rio Grande, Energisa Nova Friburgo e a SPE Cristina Energia geraram em suas usinas hidrelétricas 75,6 GWh, o que representa 0,8% da energia total distribuída pelo Grupo Energisa. A energia comprada para atendimento ao seu mercado é, em sua totalidade, de origem hidráulica, tendo como seus principais supridores os leilões de energia elétrica regulados pela ANEEL e promovidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (“CCEE”), por meio de Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (“CCEAR”). Em 2011, as Distribuidoras do Grupo Energisa adquiriram 9.843 GWh para atender aos seus mercados.

b) Características do processo de distribuição:

As Distribuidoras do Grupo Energisa efetuam leitura do consumo de energia elétrica diretamente em medidores instalados nos domicílios dos consumidores, faturando em conta correspondente. A distribuição de energia é feita diretamente no domicílio do consumidor nas tensões de 69 kV ou 138 kV, em alta tensão, ou nas tensões 127 ou 220 volts, em baixa tensão.

Sistemas de Distribuição das Distribuidoras do Grupo Energisa

A seguir, as informações referentes ao sistema de distribuição de energia elétrica das Distribuidoras do Grupo Energisa:

Principais propriedades e indicadores operacionais em 31 de dezembro de 2011

Energisa

Descrição EMG ENF ESE EBO EPB Consolidada

Área de Concessão (Km2) 16.331 1.000 17.465 1.789 54.595 91.180

Municípios Atendidos 66 1 63 6 216 352

Números de Consumidores Cativos (mil) 394 94 625 172 1.168 2.453

População Atendida (mil) 979 182 1.771 483 3.284 6.699

Propriedades na Transmissão Km de Linhas 69 kV 487 16 1.017 3 2.089 3.612 Km de Linhas 138 / 230 kV 582 - 7 - - 589 Total de Km de Linhas 1.069 16 1.025 3 2.089 4.202 Propriedades na Distribuição Número de Subestações 44 6 27 2 61 140

Potência nas Subestações (MVA) 878 127 561 50 979 2.595

Alimentadores 161 28 124 27 275 615

Postes de Rede de Distribuição 234.041 32.938 335.418 82.289 887.276 1.571.962

Transformadores de Distribuição 55.537 3.347 34.841 3.161 47.457 144.343

Capacidade Instalada nos Transformadores (MVA) 1.000 151 642 126 1.055 2.974

Km de Linhas e Redes de Distribuição 25.469 1.849 25.185 4.976 64.867 122.346

Manutenção

As Distribuidoras do Grupo Energisa operam uma política de manutenção preventiva, que é coordenada pelos seus Departamentos de Engenharia de Manutenção. Esses serviços incluem a manutenção preventiva e corretiva de equipamentos dos setores de distribuição e transmissão de energia elétrica, sendo realizados por empregados das Distribuidoras ou terceirizados.

c) Características do mercado de atuação, em especial: (i) participação em cada um dos mercados; e (ii) condições de competição nos mercados.

O setor elétrico brasileiro abrange os negócios de geração, distribuição, transmissão e comercialização de energia elétrica. O sistema elétrico brasileiro é composto por um sistema interligado nacional, constituído por quatro subsistemas elétricos, e por vários sistemas individuais menores na região Norte. Esses quatro subsistemas elétricos (os quais representam, juntos, 98% da capacidade energética do Brasil) estão interligados por uma rede de linhas de transmissão de alta tensão.

A companhia Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás (“Eletrobrás”), sociedade de economia mista controlada pelo Governo Federal, detém juntamente com suas controladas, 61% da capacidade instalada no Brasil, e mais de 60% da transmissão de energia acima de 230 kV. Além disso, alguns estados brasileiros controlam empresas geradoras, distribuidoras ou de transmissão de energia elétrica, incluindo, mas não se limitando à Companhia Energética de São Paulo (“CESP”), Companhia Paranaense de Energia Elétrica (“COPEL”) e Companhia Energética de Minas Gerais (“CEMIG”).

O consumo de energia no Brasil registrou em 2011 um total de 430,1 TWh, valor 3,6% superior ao do ano de 2010, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (“EPE”). Para os próximos anos, espera-se que o crescimento no consumo de energia permaneça correlacionado com o desempenho econômico do País.

Fundamentos Históricos

A Constituição brasileira prevê que a exploração dos serviços e instalações de energia elétrica pode ser realizada diretamente pelo Governo Federal ou indiretamente por meio da outorga de concessões, permissões ou autorizações. Historicamente, o setor elétrico brasileiro foi explorado principalmente por concessionárias de geração, transmissão e distribuição controladas pelo Governo Federal. Nos últimos anos, o Governo Federal adotou diversas medidas para reformular o setor elétrico. Em geral, essas medidas visaram a aumentar o investimento privado e a eliminar restrições aos investimentos estrangeiros, elevando, dessa forma, a concorrência no setor elétrico.

Em particular, o Governo Federal adotou as seguintes medidas:

• Em 1995, por meio de uma emenda constitucional, foi autorizado o investimento estrangeiro em geração de energia elétrica. Anteriormente a essa emenda, praticamente todas as concessões de geração eram detidas pelos Governos Federal ou Estaduais.

• Em 1995, o Governo Federal promulgou a Lei de Concessões e a Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, conforme alterada (“Lei de Concessões de Serviços de Energia Elétrica”) que, em conjunto: (i) exigiram que todas as concessões para prestação de serviços relacionados a energia elétrica fossem outorgadas por meio de processos licitatórios; (ii) gradualmente permitiram que certos consumidores de energia elétrica que apresentassem demanda significativa, denominados consumidores livres, adquirissem energia elétrica diretamente de fornecedores concessionários, permissionários ou autorizados; (iii) trataram da criação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, que, por meio de concessão, permissão ou autorização, podem gerar e vender, por sua conta e risco, a totalidade ou parte de sua energia elétrica a consumidores livres, distribuidoras e comercializadores, entre outros; (iv) concederam aos consumidores livres e fornecedores de energia elétrica livre acesso aos sistemas de distribuição e transmissão; e (v) eliminaram a necessidade, por parte das concessionárias, de obter concessão, por meio de licitações, para construção e operação de usinas hidroelétricas com capacidade de 1 MW a 30 MW, as chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas.

• A partir de 1995, uma parcela das participações representativas do bloco de controle de geradoras e distribuidoras detidas pela Eletrobrás e por vários estados foi vendida a investidores privados. Ao mesmo tempo, alguns governos estaduais também venderam suas participações em importantes distribuidoras.

• Em 1998, o Governo Federal promulgou a Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, conforme alterada (“Lei do Setor Elétrico”), destinada a reformar a estrutura básica do setor elétrico. A Lei do Setor Elétrico dispôs sobre as seguintes matérias:

(i)

criação de um órgão auto-regulado responsável pela operação do mercado atacadista de energia elétrica e pela determinação dos preços de curto prazo, o Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE (atual CCEE), que substituiu o sistema anterior de preços de geração e contratos de fornecimento regulados;

(ii) exigência de que as distribuidoras e geradoras firmassem os contratos iniciais, via de regra compromissos de take-or-pay, com preços e quantidades determinados pela ANEEL e previsão de decréscimo das quantidades contratadas em 25% ao ano no período de 2002 a 2005, com o intuito de possibilitar a transição ao mercado de livre negociação;

(iii) criação do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela administração operacional das atividades de geração e transmissão do Sistema Interligado; e

(iv)

estabelecimento de processos licitatórios para outorga de concessões para construção e operação de usinas e instalações de transmissão de energia elétrica.

• Em 2001, o País enfrentou uma grave crise energética que perdurou até o final do primeiro bimestre de 2002. Como forma de mitigar essa crise, o Governo Federal implementou medidas que incluíram:

(i) a instituição do Programa de Racionamento nas regiões mais afetadas pela escassez de energia elétrica, a saber, as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil; e

(ii) a criação da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica – GCE (“GCE”), que aprovou uma série de medidas de emergência prevendo metas de redução do consumo de energia elétrica para consumidores residenciais, comerciais e industriais situados nas regiões afetadas pelo racionamento, por meio da introdução de regimes tarifários especiais que incentivavam a redução do consumo de energia elétrica.

• Em março de 2002, a GCE suspendeu as medidas emergenciais e o Programa de Racionamento, em razão do aumento da oferta (devido à elevação significativa dos níveis dos reservatórios) e da redução da demanda. Em 29 de abril de 2002, o Governo Federal promulgou o Acordo Geral do Setor Elétrico, um acerto firmado entre geradoras e distribuidoras, com o objetivo de definir regras para compensação das perdas financeiras geradas pelo Programa de Racionamento. O acordo, fechado em dezembro de 2001, previa financiamento de até R$ 7,5 bilhões do BNDES às empresas e o pagamento de um Reajuste Tarifário Extraordinário - RTE de 2,9% pelos consumidores rurais e residenciais, com exceção dos consumidores de baixa renda, e de 7,9% pelos consumidores de outras classes, a título de recomposição das perdas.

• Em 15 de março de 2004, o Governo Federal promulgou a Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, em um esforço para reestruturar o setor elétrico, tendo por meta precípua proporcionar aos consumidores fornecimento seguro de energia elétrica com baixo custo tarifário. A Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico foi regulamentada por diversos decretos editados pelo Governo Federal em julho e agosto de 2004 e continua sujeita a regulamentação adicional futura.

• Ainda em 2004, os principais aspectos relativos à comercialização de energia elétrica foram regulamentados pelo Decreto nº 5.163, de 30 de julho daquele ano. A regulamentação por parte da ANEEL e do Ministério de Minas e Energia (“MME”) é emitida, específica e periodicamente, de acordo com a ocorrência dos leilões de energia.

Concessões

As sociedades ou consórcios que desejam construir ou operar instalações para geração, transmissão ou distribuição de energia no Brasil devem solicitar ao MME ou à ANEEL uma concessão, permissão ou autorização, conforme o caso. Concessões dão o direito de gerar, transmitir ou distribuir energia em determinada área de concessão por um período determinado. Esse período é, normalmente, 35 anos para novas concessões de geração, e 30 anos para novas concessões de transmissão ou distribuição. As concessões existentes poderão ser renovadas, mediante solicitação da interessada.

A Lei de Concessões estabelece, entre outras coisas, as condições de fornecimento de serviços de energia, os direitos dos consumidores, e as obrigações da concessionária. Os principais dispositivos da Lei de Concessões estão resumidos como segue:

• Serviço adequado - A concessionária deve prestar adequadamente serviço regular, contínuo, eficiente e seguro.

• Uso de terrenos - A concessionária poderá usar terrenos públicos ou solicitar que o poder concedente desaproprie terrenos privados necessários em benefício da concessionária. Em tal caso, a concessionária deve indenizar os proprietários dos terrenos desapropriados.

• Responsabilidade objetiva - A concessionária é objetivamente responsável pelos danos diretos e indiretos resultantes da prestação inadequada dos serviços de distribuição de energia, tais como interrupções abruptas no fornecimento e variações na voltagem.

• Alterações no controle acionário - O Poder Concedente deve aprovar qualquer alteração direta ou indireta de controle acionário da concessionária.

• Intervenção pelo poder concedente - O Poder Concedente poderá intervir na concessão a fim de garantir o desempenho adequado dos serviços e o cumprimento integral das disposições contratuais e regulatórias. Dentro de 30 dias da data do decreto autorizando a intervenção, o poder concedente deve dar início a um processo administrativo em que a concessionária tem direito de contestar a intervenção. Durante o processo administrativo, um interventor nomeado pelo poder concedente passa a ser responsável por administrar a concessão. Caso o processo administrativo não seja concluído dentro de 180 dias da data do decreto, a intervenção cessa e a administração da concessão é devolvida à concessionária. A administração da concessão é também devolvida à concessionária se o interventor decidir não terminar a concessão.

• Término antecipado da concessão - O término do contrato de concessão poderá ser antecipado por meio de encampação ou caducidade. Encampação consiste no término prematuro de uma concessão por razões relacionadas ao interesse público que devem ser expressamente declaradas por lei. A caducidade deve ser declarada pelo poder concedente depois de a ANEEL ou o MME ter emitido um despacho administrativo final dizendo que a concessionária, entre outras coisas: (i) deixou de prestar serviços adequados ou de cumprir a legislação ou regulamentação aplicável; ou (ii) não tem mais capacidade técnica financeira ou econômica para fornecer serviços adequados. A concessionária pode contestar a encampação ou caducidade em juízo. A concessionária tem direito à indenização por seus investimentos em ativos reversíveis que não tenham sido integralmente amortizados ou depreciados, após dedução de quaisquer multas e danos devidos pela concessionária.

Término por decurso do prazo - Quando a concessão expira, todos os ativos, que são

relacionados à prestação dos serviços de energia são revertidos ao governo. Depois do término, a concessionária tem direito de indenização por seus investimentos em ativos revertidos que não tenham sido integralmente amortizados ou depreciados.

O Novo Modelo para o Setor Elétrico

A Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico introduziu alterações relevantes na regulamentação do Setor Elétrico visando a: (i) fornecer incentivos aos agentes privados e públicos para construir e manter capacidade de geração; e (ii) garantir o fornecimento de energia no Brasil a tarifas reduzidas por meio de processos de leilões públicos de energia elétrica. As principais características da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico incluem:

• Criação de dois ambientes paralelos para comercialização de energia: (i) um para empresas de distribuição, chamado Ambiente de Contratação Regulada; e (ii) outro para

consumidores livres e empresas de comercialização de energia, em que será permitida a concorrência, denominado Ambiente de Contratação Livre;

• Restrições a certas atividades de distribuidoras, de forma a garantir que estejam voltadas apenas a seu principal negócio, assegurando, assim, serviços mais eficientes e confiáveis a seus consumidores;

Restrição ao self-dealing, para fornecer um incentivo para que distribuidoras contratem energia a preços mais baixos disponíveis no mercado, ao invés de comprar energia de partes relacionadas;

• Cumprimento dos contratos assinados antes da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, a fim de proporcionar estabilidade às transações realizadas antes de sua promulgação; e

• Proibição de as distribuidoras venderem eletricidade aos consumidores livres a preços não regulados.

A Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, ainda, excluiu a Eletrobrás e suas subsidiárias do Plano Nacional de Privatização, criado pelo governo em 1990, visando a promover o processo de privatização das empresas estatais.

Coexistência de Dois Ambientes de Contratação de Energia

De acordo com a Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, negócios de compra e venda de energia serão realizados em dois mercados: (i) o Ambiente de Contratação Regulada, que inclui a