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Segunda Etapa Projetação de Soluções (Ação através do Grupo Operativo)

4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.5 Operacionalização da Pesquisa-Ação

4.5.3 Segunda Etapa Projetação de Soluções (Ação através do Grupo Operativo)

Neste momento foram apontados detalhadamente os resultados identificados na primeira fase, sendo apresentados os 22 códigos que emergiram das entrevistas, e apresentadas as compreensões que os educadores e equipes de saúde têm em relação ao fracasso escolar e à dificuldade de aprendizagem (vistos como sinônimos ou sinônimos perfeitos pelos entrevistados), o que fomentou as discussões sobre as possibilidades de ações para minimizar os problemas que foram encontrados. Assim, foi possível a projetação de soluções.

Para Dionne (2007), projetar significa antecipar uma situação nova a ser alcançada, estando a pesquisa somente a serviço das soluções a construir; assim, foram medidos pelo grupo a pertinência e o alcance efetivo dessas soluções.

Foram definidos os objetivos e as estratégias de ação pelo GO, com a elaboração de um plano de ação com soluções plausíveis para a tomada de decisões de forma conjunta. Assim, o GO escolheu os temas possíveis a serem trabalhados, e foram definidos os dias de encontros, que seguiram o calendário da escola de modo correspondente às reuniões pedagógicas, encontros pedagógicos e conselhos (sempre após as atividades oficiais da escola), e a equipe de saúde aceitou a proposta.

As etapas 2 e 3 (descrita na próxima sessão) aconteceram de forma simultânea; quase todas as projetações de soluções foram seguidas de aplicações de soluções, muitas vezes antes da realização de um novo encontro do GO.

Durante os encontros do GO, a ação foi realizada utilizando a metodologia da problematização, como estratégia para disparar as discussões durante o processo de reflexão- ação proposto para intervenção na realidade encontrada com relação à dificuldade de aprendizagem/fracasso escolar e à medicalização na educação, seguindo os pressupostos de Pichon-Rivière.

Inicialmente, o grupo operativo foi estruturado em forma de espiral pelos seguintes membros:

- Eu assumi a posição de facilitadora do processo de comunicação intragrupal, mediando conflitos;

- Observador Externo – Professor CTD, convidado pelo grupo – revisou todas as propostas antes de cada grupo, e buscou registrar no diário de campo, todas as expressões que não eram possíveis ser captadas pelo gravador digital, de forma que nenhuma informação não verbal fosse perdida.

- Observador Externo – Educadora (E15), que a princípio não quis fazer parte do grupo operativo (alegando que a escola já faz tudo que precisa), mas queria contribuir com os registros.

- Demais participantes: 2 profissionais da equipe de saúde (S03, S06) e 6 da equipe da escola (E02, E04, E06, E11, E14, E20). 2 Educadoras (E08, E12) solicitaram participar do GO após seu início, mas ainda no primeiro encontro.

Dificuldades Apresentadas

• Nem todos os integrantes do grupo aceitaram a captura da imagem por filmagem; sendo assim, e respeitando os aspectos éticos da Resolução 466/2012, as discussões foram registradas apenas com o dispositivo de captura de voz, e foram realizados os registros de campo, por meio de notas de campo.

• O sindicato dos enfermeiros que responde pelos profissionais de saúde da família acordou que os enfermeiros não mais atuariam no Programa Saúde da Escola; o profissional médico disse que apoiaria a companheira da equipe, pois se fosse o seu sindicato ele também gostaria de ser apoiado. Assim, a avaliação realizada pela equipe médica e de enfermagem não pôde acontecer, o que impossibilitou algumas aplicações de soluções pensadas pelo Grupo Operativo.

• Houve uma greve de 10 dias e várias paralisações, visto que o movimento grevista foi considerado ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Apesar de ilegal, a pauta era legítima, foi aderida por mais de 80% dos profissionais que solicitavam o repasse do piso salarial nacional 11,36%, e melhores condições de trabalho. Diante disso, foi necessário adiar as atividades do GO e acordado que seguiria o calendário da escola;

• 2 Educadoras (E06, E11) que ficaram responsáveis por aplicar junto ao grande grupo uma das ações propostas pelo GO foram transferidas de escola, e nenhum integrante do grupo as substituiu na ação;

• Os dois participantes da equipe de saúde não compareceram aos encontros do grupo operativo, a responsável pela escola no NASF informou que sua carga horária reduzida dificultaria a participação, e a pessoa da equipe de saúde da família não conseguiu se ausentar da unidade para os encontros do grupo.

• A Educadora (E15) que a princípio tinha ficado responsável pela observação externa, pediu para ser “colaboradora ativa e participante, pois muita coisa pode melhorar” (NC).

Assim, o grupo final ficou composto por: - Eu continuei assumindo a posição de mediadora; - Observador Externo – Professora CTD;

- Demais participantes: 7 profissionais da escola (E02, E04, E08, E12, E14, E15, E20).

Considerando que as atividades do PSE foram suspensas na escola, os atores da saúde não participaram de todas as etapas da pesquisa, ficando restritos à avaliação inicial e a algumas ações já pactuadas.

Dessa forma, foram realizados 4 encontros (para Projetação de Soluções – Segunda Etapa) do grupo operativo (junho – dezembro/2016), sempre em sala de aula, após conselhos e encontros pedagógicos; os dias de plantão pedagógico foram utilizados para aplicação de soluções junto às famílias. Porém, nos 2º, 3º e 4º encontros, antes do início das atividades, a Avaliação do Procedimento (Quarta Etapa) do andamento da Aplicação das Soluções (Terceira Etapa) era realizada.

A estratégia foi a discussão das problemáticas identificadas nas entrevistas, e analisadas segundo a Teoria Unificada de Sameroff (2009;2010); e a técnica foi a comunicação baseada

no diálogo do grupo, a partir de situações disparadoras tendo como base a realidade do contexto, na tentativa de buscar meios para reflexão sobre a relação e a interação, e não com uma visão única do problema.