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Não Sim Parcialmente

3.4 Sequências didáticas como proposta de intervenção: justificativa para sua elaboração

3.4.1 Sequenciamento didático: pressupostos teóricos-metodológicos

Para propormos a elaboração de um sequenciamento didático que venha a servir como proposta de intervenção para os professores de Geografia e que vise atender aos fins já apresentados, passamos a explicitar o conceito deste produto, bem como algumas considerações sobre sua concepção e viabilidade de aplicação. Nas palavras de Oliveira (2013, p. 53), a sequência didática:

É um procedimento simples que compreende um conjunto de atividades conectadas entre si, e prescinde de um planejamento para delimitação de cada etapa e/ou atividade para trabalhar os conteúdos disciplinares de forma integrada para uma melhor dinâmica no processo ensino-aprendizagem.

Trata-se de uma base de ações, ou seja, uma ordem sistematizada de atividades que visam promover uma abordagem adequada de determinados conteúdos, objetivando uma melhor análise e compreensão dos mesmos. Ainda nesta vertente de pensamento, a autora reforça:

[...] a sequência didática é um procedimento para sistematização do processo ensino-aprendizagem, sendo de fundamental importância a efetiva participação dos alunos. Essa participação vai desde o planejamento inicial informando aos alunos o real objetivo da realização da sequência didática no contexto da sala de aula até o final da sequência para avaliar e informar os resultados (OLIVEIRA, 2013, p. 54).

Entendemos que a elaboração e a posterior aplicação de um sequenciamento didático perpassam pelo envolvimento de todos os sujeitos tidos como alvos dessa ação. Assim, o interesse, a dedicação e o empenho do docente, por si só, não serão suficientes para tornar o sequenciamento didático uma ferramenta de trabalho eficaz, fazendo-se, portanto, necessário, a participação efetiva do aprendiz.

Corroborando com essa afirmação, Oliveira (2017, p. 13-14), ensina que:

As sequências didáticas possibilitam o máximo aproveitamento do que os alunos podem oferecer durante a aula, posto que, em cada fase sua participação é admitida. Compreende-se assim, que a aula expositiva organizada em sequências didáticas pode favorecer a construção de uma forma geográfica de pensar, na medida em que o discurso do professor esteja baseado em princípios lógicos da ordem espacial. Esta estrutura suscita a participação dos estudantes a partir do diálogo, para que possa materializar a lógica espacial a partir das experiências dos alunos no mundo vivido.

Transpondo-se essa estrutura de pensamento para a situação ensino/aprendizagem, evidencia-se que o sequenciamento didático só terá eficácia, em sua proposição, se contar com a efetiva participação do corpo discente durante as atividades propostas.

Nas palavras de Zabala (1998), a sequência didática constitui-se como uma série ordenada e articulada de atividades que formam unidades didáticas para fomentar e facilitar a abordagem de ensino-aprendizagem sobre determinados temas. Pelo que está posto, concordamos no sentido de que o propósito crucial para opção pelo uso dessa metodologia de trabalho encontra correspondência no fato de a

mesma se apresentar como um norte, um caminho previamente elaborado com vistas a alcançar um determinado objetivo, qual seja, nesse caso, o êxito no processo de ensino-aprendizagem.

Já para Guerrero (2012), as sequências didáticas são procedimentos que podem ser utilizados em sala de aula, configurando-se, portanto, como uma metodologia de trabalho voltada para o ensino-aprendizagem por meio de atividades previamente planejadas e organizadas para sua efetiva aplicabilidade. Apesar de as ideias acerca do conceito de sequenciamento didático se assemelharem com Oliveira (2013, 2017) e Zabala (1998), as palavras de Guerrero (2012) ressaltam o termo “aplicabilidade”, que se constitui como elemento essencial e de grande relevância para qualquer produto ou instrumento metodológico que se destine a “propiciar” a abordagem de um dado conteúdo ou temática em sala de aula. Portanto, um sequenciamento didático não deve somente obedecer a padrões de elaboração, mas sobretudo, deve ter viabilidade em sua aplicação.

Conforme ensina Oliveira (2013), o uso de sequências didáticas auxilia o desenvolvimento de um processo interativo entre professores e alunos, promovendo um diálogo que clarifica a compreensão da realidade, estimulando a criatividade e a construção de novos conhecimentos. Desse modo, vale salientar que o escopo principal desse tipo de recurso não está focado na fixação de um conhecimento de forma mecanizada, mas sim no processo de construção coletiva do mesmo.

Com base nos ensinamentos de Oliveira (2017), apresentamos a seguir uma proposta, um modelo estruturante para a elaboração de uma sequência didática voltada para aulas expositivas, mas pontuadas por atividades práticas que possam dinamizar o processo de ensino-aprendizagem (Figura 8).

Figura 8. Proposta de estrutura de sequência didática.

Fonte: Adaptado de Oliveira (2017).

Nessa estrutura de sequenciamento didático, está a ideia de uma programação para aula organizada em três momentos, a saber, introdução, desenvolvimento e finalizações. Como momento introdutório, sugere-se a apresentação de uma situação problema, ilustrada por meio de uma imagem, figura, mapa, música ou texto que possam suscitar o interesse dos discentes, ou a motivação, a captura da atenção e o encontro entre a expectativa e os saberes prévios.

Num segundo momento, inicia-se a etapa de desenvolvimento da sequência didática, priorizando a explicação do conteúdo em si e propondo a realização de atividades. No tocante a explanação do conteúdo em tela, a proposta estruturada recomenda o uso do diálogo por meio de questionamentos, exemplos e narrativas que possam familiarizar o discente com o tema em pauta, intermediada pelas experiências docentes e o reconhecimento das estruturas formativas que dispõe. Ainda durante essa etapa, o sequenciamento didático sugere a realização de atividades, enfatizando como ferramentas de pesquisa a busca de informações, bem como, estudo em meios diversos como livros, revistas, internet, mapas, dentre outras fontes. Por fim, as

atividades propostas sugerem que os envolvidos no processo de ensino- aprendizagem elaborem algumas conclusões acerca dos temas propostos.

Ao final de uma aula estruturada a partir desse sequenciamento didático, a proposta recomenda que o professor busque generalizar e sintetizar as conclusões elaboradas pelos discentes. A partir dessas conclusões, seria possível, em tese, avaliar a temática estudada quanto a sua importância, metodologia implantada durante a aula, aplicabilidade das ferramentas didáticas e avaliação da aprendizagem, detectando “acertos e erros”, dentre outros aspectos relevantes.

No caso específico do material textual apresentado apêndice a esse relatório, as etapas demonstradas (Figura 8), foram assim organizadas: no momento introdutório, sempre se recomenda o uso de algum material ou questionamentos que possam vir a instigar o interesse do aluno sobre o tema, averiguar seus conhecimentos prévios e suscitar um debate inicial sobre o mesmo; no tocante ao desenvolvimento do conteúdo, nossa proposta de trabalho apresenta sugestões de atividades práticas. Tais atividades visam demonstrar de forma concreta a funcionalidade e a real aplicabilidade dos conhecimentos cartográficos tratados durante as aulas; na etapa de finalização, o material textual elaborado sugere a realização de um debate acerca das conclusões gerais obtidas. Por fim, apresentamos sempre ao final de cada sequenciamento didático, a proposta de uma nova atividade prática sobre o tema trabalhado, podendo a mesma ser realizada, inclusive, de forma extraclasse.

De modo geral, pode-se afirmar que as sequências didáticas tratam de uma proposta que tem como procedimento metodológico a construção e reconstrução de conceitos sobre as mais diversas temáticas inerentes à educação básica. Consistem na realização de uma série de atividades que visam à sistematização de conceitos individuais e na qual continuamente são desenvolvidas atividades com pequenos grupos, visando generalizar e sintetizar conclusões acerca do tema abordado.