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2.5 AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.5.3 SIMULAÇÕES

A introdução de estratégias de ensino flexíveis, que reflitam o conteúdo de maneira significativa para a aprendizagem dos alunos, tem sido um desafio para as instituições de ensino superior. Nesse sentido, busca-se por meio de simulações de problemas definidos pelos próprios estudantes criar as condições necessárias para que ocorra adequadamente os elementos que resultam na aprendizagem em ação. Logo, a simulação é uma estratégia de ensino em que o aluno é exposto a situações práticas onde exercerá papel ativo na aquisição de conhecimentos necessários para a compreensão e resolução do problema. Portanto, o processo de aprendizagem por meio de situações simuladas tem se mostrado um método útil e efetivo para avaliar o desempenho dos estudantes, pois permite feedback e autoconhecimento, garantindo melhor relacionamento interpessoal e resolução dos problemas (SOUZA; DANDOLINI, 2009; VARGA ET AL, 2009).

Para Tanabe (1977), as simulações tiveram sua origem nos estudos de Von Neumann e Ulan que posteriormente desencadearam na aplicação de um tratamento probabilístico na tentativa de solucionar um problema determinístico, originando a análise ou técnica de Monte Carlo. A partir daí, os estudos da simulação voltou-se para o tratamento de problemas eminentemente probabilísticos por acreditar ser este um campo de aplicação pouco explorado à época.

A simulação assumiu a forma de um exercício em grupo, no qual os alunos identificam, estudam e planejam novas iniciativas de negócios. Eles buscam uma oportunidade de negócio, pesquisando mercado, definindo o produto ou serviço e oferecem uma estratégia competitiva, definindo os recursos necessários, balanceando os ganhos e perdas e identificando os possíveis riscos e contingências. A simulação exige uma grande quantidade de tempo a ser gasto na obtenção de informações de fontes primárias e secundárias, incluindo fornecedores e clientes potenciais para que resulte em um plano de negócios. Assim, esse método é bem válido em disciplinas relacionadas a estratégia (JENNINGS, 2000). Na verdade, Peixoto (2003) considera que as simulações podem ser utilizadas em diversos campos e com várias finalidades, com destaque para as pesquisas de mercado, estudos de viabilidade econômica, treinamentos de pessoal ou equipes de trabalho e o ensino.

Segundo Gramigna (1993) as simulações são caracterizadas por uma situação em que um cenário simulado representa modelos reais, tornando possível à reprodução do cotidiano. De acordo com Peixoto (2003), a partir desse conceito pode-se depreender que as simulações possibilitam a simplificação da realidade para fins de estudo ou para que hipóteses e suas variáveis sejam avaliadas, objetivando o desenvolvimento de soluções para problemas específicos de forma que acarretem benefícios para pessoas ou organizações.

A literatura que envolve estudos sobre simulações é ampla e variada. Em parte dela podem ser encontrados conceitos relacionados com a utilização da simulação na atividade de ensino, e mais precisamente, na tentativa de reproduzir em ambientes virtuais o cotidiano das organizações como ocorre nos jogos de empresa (PEIXOTO, 2003).

Os modelos de simulação visam capturar elementos da situação real que são essenciais para os objetivos de formação dos estudantes. Dessa forma, as oportunidades de aprendizagem disponíveis por meio da simulação foram resumidas por Solomon (1993 apud JENNINGS, 2000): a simulação permite a experiência em lidar com situações novas, evitando riscos inaceitáveis; a simulação estimula a discussão de temas complicados; promove a tomada de decisão; aumenta a auto-consciência e o exame de seu comportamento, particularmente em relação ao trabalho em grupo. Contudo, ressalta-se que a experiência simulada não pode ser facilmente e imediatamente transferida para uma situação real de trabalho. Segundo Law e Kelton (1991), a simulação apresenta algumas vantagens, como: - a possibilidade da reaplicação precisa dos experimentos, o que permite o teste de várias alternativas diferentes para o mesmo sistema. A manipulação das condições experimentais, o que não seria possível no sistema real;

- a avaliação de longos períodos em um espaço curto de tempo;

- a economicidade se comparada a experiências no sistema real, pois estas, quando realizadas, podem acarretar consequências danosas ou irreparáveis.

Por outro lado, as simulações também evidenciam algumas desvantagens vinculadas aos softwares existentes, como cita Cornélio Filho (1998) abaixo:

a) necessidade de exatidão na seleção dos dados de entrada do sistema, visto que, dados incorretos ocasionarão informações incorretas;

b) possíveis dificuldades na interpretação dos resultados, principalmente, para as pessoas não versadas na linguagem utilizada no modelo;

c) exigência de sólidos conhecimentos de informática e do objeto da simulação para construção dos modelos;

d) lentidão no processo de desenvolvimento, em virtude do tempo necessário para modelagem e experimentação do sistema.

Apesar das suas desvantagens, Peixoto (2003) argumenta que a utilização de simulações vem sendo crescente e mais significativa, englobando os mais diversos campos do conhecimento, na qual várias técnicas se desenvolveram, sendo os jogos empresariais uma delas.

Ressalta-se que a simulação no campo educacional, por vezes, tem sido incapaz de criar uma tipologia, baseada na natureza da simulação, geralmente aceita (FEINSTEIN; CANNON, 2001). Entretanto, um estudo realizado por Miles, Biggs e Schubert (1986) já evidenciava que os estudantes percebiam a simulação como uma ferramenta poderosa de aprendizagem. Portanto, Shannon (1998) afirma que a simulação é vista como uma forte estratégia de ensino, visto que contribui na formação dos estudantes para agirem conscientemente no processo de tomada de decisão e em sistemas complexos. O uso de simulações exige uma estrutura adequada oferecida pela universidade para que os professores possam se utilizar de mecanismos que buscam favorecer aos estudantes a reflexão do mundo real, a discussão de decisões, a dinamicidade e economicidade e, assim, desenvolver habilidades para a sua formação profissional.