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A teoria geral da internacionalização, principalmente a abordagem econômica (DUNNING, 1993, 1997) e a cultural-comportamental (JOHANSON; VAHLNE, 1977, 1990), pode ser utilizada como referencial para o estudo da internacionalização de empresas brasileiras, e especificamente para o processo vivenciado pelo Banco do Brasil, de ampliação da sua atuação no exterior.

A abordagem econômica explica a internacionalização sob a lógica dos motivadores econômicos, em torno de aspectos mais tangíveis, além de ressaltar o predomínio das vantagens competitivas como o principal indutor para a decisão das empresas em iniciar operações no mercado externo. E relaciona o porte da empresa e a posse de algum recurso material como requisitos que permitem à organização deter alguma vantagem competitiva, e potencializar suas possibilidades e capacidades de internacionalização. E a forma de entrada quase sempre ocorre por meio da montagem de operação no exterior, em modelos inorgânicos.

Por outro lado, a abordagem cultural-comportamental tem por foco a observação de fatores relacionados à cultura e ao comportamento como fatores chave do processo, de caráter mais intangível. Explica que a internacionalização das empresas deve ocorrer de maneira gradual, em direção a países geograficamente e culturalmente mais próximos, com menor comprometimento de recursos e maior controle na exposição a riscos, e com forte ênfase em processos de aprendizagem e criação de conhecimento. A forma de entrada é mais flexível e orgânica, podendo variar desde a montagem direta de operação no exterior até ao estabelecimento de alianças e parcerias estratégicas.

Como complemento às duas primeiras, a arquitetura organizacional se apresenta como terceira via às abordagens das teorias clássicas - a econômica e a comportamental/cultural -, por trazer à tona questões relacionadas à estratégia e estrutura e nova visão sobre as motivações e os determinantes no processo de internacionalização das empresas. A arquitetura organizacional se desdobra em duas dimensões: a dimensão estratégia e suas abordagens sobre as características dos mercados, a definição do posicionamento e das estratégias das empresas rumo à internacionalização, e, segundo, a dimensão estrutura, onde se discute a configuração

- como e onde as unidades estão organizadas - e a coordenação - mecanismos de integração de toda a operação (FLEURY; FLEURY, 2003, 2006, 2012).

Na consolidação das questões discutidas nas três teorias de internacionalização de empresas pesquisadas neste estudo, a econômica (DUNNING, 1993, 1997), a cultural-comportamental (JOHANSON; VAHLNE, 1977, 1990) e a arquitetura organizacional (FLEURY; FLEURY, 2003, 2006, 2012), algumas dimensões relevantes mereceram uma revisão de literatura, com o objetivo de se atualizar as abordagens sobre o tema e também para situar a questão da internacionalização no âmbito das empresas brasileiras.

Os principais temas a serem abordados compreendem, dentre outros, a evolução da internacionalização dos primeiros entrantes (first movies) aos últimos entrantes (late movers), as estratégias de internacionalização e os modelos de entrada no exterior (comércio exterior e investimento direto no exterior - IDE; crescimento orgânico e inorgânico) e os modelos de negócios praticados na internacionalização e as formas de estabelecimento de operações no exterior (abertura de filiais, aliança estratégica, parcerias, aquisições e fusões).

A abordagem sobre competências, seja do ponto de vista da sua importância na internacionalização de empresas e também as suas relações com os processos de criação e gestão do conhecimento e de aprendizagem organizacional (PRAHALAD; HAMEL, 1990, 2005; FLEURY; FLEURY, 2001, 2012; NONAKA; TAKEUCHI, 1997), também mereceram revisão voltada para a realidade brasileira e o objetivo do estudo. Ainda no contexto sobre competências, também mereceu atenção a abordagem mais atual sobre as capacidades dinâmicas e sua importância para a perenidade do processo de internacionalização das empresas (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; TEECE, 2007, 2014).

As competências necessárias para o processo de internacionalização é uma questão que se encontra na ordem do dia de empresas em processo de expansão de negócios para o exterior. A necessidade de competências pode variar caso a caso, a depender, principalmente, do porte da empresa, da estratégia de internacionalização adotada e dos modelos de entrada em outros mercados e países. Pode variar também em função de como a empresa lida com processos de aprendizagem e de criação do conhecimento. As estratégias de internacionalização podem apresentar maior ou menor grau de envolvimento por parte das empresas e podem variar desde modelos

mais complexos, baseados no investimento direto no exterior – IDE, a até modelos de entrada mais simples, com ênfase apenas no comércio exterior, conforme abordagens das teorias econômicas (DUNNING, 1993) ou cultural-comportamental (JOHANSON; VAHLNE, 1977, 1990).

Segundo Fleury e Fleury (2003), a formulação da estratégia gera novo ciclo de aprendizagem, que, por sua vez, pode gerar novas competências organizacionais. Ao seu final, esse ciclo tem um feedback, uma vez que as novas competências geradas retroalimentam os processos de aprendizagem, que tornam a empresa mais capacitada para a discussão da sua estratégia. O conhecimento seria a “matéria- prima” de todo esse ciclo, pois a partir dele a empresa pode desenvolver inovações em soluções de mercado ou de gestão, o que pode lhe conferir algum tipo de vantagem competitiva (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). E pode-se afirmar que a existência de vantagem competitiva pode permitir à empresa o desenvolvimento de estratégias mais vencedoras.

Prahalad e Hamel (2005) abordam a importância da competência essencial como atributo organizacional que permite à empresa o desenvolvimento de alguma vantagem competitiva. Esse atributo garante a perenidade da empresa no longo prazo.

Em abordagem próxima à das competências, Teece et al. (1997) abordaram as capacidades dinâmicas como sendo o comportamento organizacional capaz de integrar, reconfigurar, renovar e recriar os recursos e capacidades da empresa. Esse atributo confere à empresa a capacidade de desenvolver e sustentar vantagem competitiva, mesmo em ambiente de mudança e dinâmico.

Da compreensão geral extraída sobre os modelos de internacionalização estudados e de questões específicas como porte de empresa ou localização geográfica, pode-se depreender que, independentemente da forma utilizada por cada empresa, existe forte relação entre a estratégia de internacionalização a existência de competências organizacionais especificas para esta finalidade.

A figura a seguir demonstra a síntese e a integração do referencial teórico, a partir do contexto estudado, com o problema de pesquisa, método e resultados.

Figura 12 – Síntese do Referencial Teórico Fonte: Autor Internacionalização de empresas: Modelos de Negócios Capacidades Dinâmicas, Competência e Conhecimento Ambiente Competitivo Global Competências para a internacionalização de Bancos CONTEXTO TEORIA  Internacionalização  Conhecimento  Competência

Como o BB vem conduzindo a sua nova estratégia de internacionalização, iniciada a partir de 2009, pela perspectiva das competências e dos fluxos de conhecimento, e quais são, onde existem e onde alocar as competências necessárias para internacionalização do BB?