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2. CAPÍTULO I:

4.4 Análise dos dados

4.4.1 Sistema de Ingresso nos cursos ofertados pelo IF Sudeste MG Campus Muriaé

A partir da vigência da Lei Federal n. 12.711 de 29 de agosto de 2012 e sua respectiva regulamentação pelo Decreto n. 7.824 e a Portaria Normativa n.18, ambos de 29 de outubro de 2012, e posteriormente alterada pela Lei 13.409/2016 para inclusão das pessoas com deficiência, foram ajustadas as formas de acesso no IF Sudeste MG Campus Muriaé para atender a disposição de que trata a lei.

Até então, a única forma de acesso os cursos ofertados pelo IF Sudeste MG Campus Muriaé – integrados, técnicos concomitantes e subsequentes, graduação – era através do processo seletivo, sem nenhuma forma diferenciada à diversidade do público que buscava alguma vaga no instituto.

Com a questão legal de 2012, o processo seletivo passou a contemplar em todos os seus cursos a reserva de vagas para os grupos prioritários de acesso, dividindo o número de vagas conforme determinava a legislação. Assim, 50% das vagas foram divididas entre estudantes oriundos de escola pública. O novo sistema de acesso foi assim organizado:

Tabela 1 - Divisão de vagas conforme Lei n. 12.711/2012 Quantidade de Cursos e Vagas

Alunos de Escolas Públicas (mínimo de 50%)

Demais vagas Renda ≤ 1,5 salário-mínimo per capita

(mínimo de 50%)

Renda > 1,5 salário-mínimo Pretos, Pardos e Indígenas

(no mínimo igual a respectiva população da unidade da federação onde está instalada a

instituição% do IBGE)

Demais vagas Pretos, Pardos e Indígenas (no mínimo igual a respectiva

população da unidade da federação onde está instalada a

instituição % do IBGE)

Demais vagas

Tabela 1.1 - Divisão de vagas conforme Lei n. 12.711/2012 alterada pela Lei n. 13.409/2016 Quantidade de Cursos e Vagas

Alunos de Escolas Públicas (mínimo de 50%)

Demais vagas Renda ≤ 1,5 salário-mínimo per capita

(mínimo de 50%)

Renda > 1,5 salário-mínimo Pretos, Pardos e Indígenas e

por pessoas com deficiência (no mínimo igual a respectiva

população da unidade da federação onde está instalada a

instituição% do IBGE)

Demais vagas Pretos, Pardos e Indígenas e por pessoas com deficiência (no mínimo igual a respectiva

população da unidade da federação onde está instalada a

instituição% do IBGE)

Demais vagas

Fonte: Dados obtidos no site do MEC

Ressaltamos que a legislação de 2012 garante não apenas vagas aos estudantes de escola pública como determina que as vagas ofertadas pelas instituições federais de ensino (Universidades Federais e Institutos Federais) sejam no mínimo118 50% do total destinado a cada curso. Nestes termos, assim foi definida a reserva de vagas para o processo seletivo 2013/1 do campus Muriaé referente ao curso Técnico Integrado em Agroecologia:

Tabela 2 - Divisão de vagas para o curso Agroecologia

Curso Técnico Integrado em Agroecologia – 40 vagas

Grupo A

(ampla concorrência: destinado a qualquer aluno que não se enquadre nos requisitos dos Grupos B,C,D e E)

20 vagas

Grupo B

(estudantes que tenham cursado o Ensino Fundamental completo em escolas públicas, em cursos regulares ou no âmbito da modalidade da Educação de Jovens e Adultos; ou estudantes que tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do ENCCEJA ou exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino; e com renda familiar bruta mensal igual ou inferior a 1,5 salários mínimos por pessoa)

05 vagas

Grupo C

(estudantes que tenham cursado o Ensino Fundamental completo em escolas públicas, em cursos regulares ou no âmbito da modalidade da Educação de Jovens e Adultos; ou estudantes que tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do ENCCEJA ou exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino; e com renda familiar bruta mensal igual ou inferior a 1,5 salários mínimos por pessoa; e que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas)

05 vagas

Grupo D

(estudantes que tenham cursado o Ensino Fundamental completo em escolas públicas, em cursos 05 vagas 118 A expressão grifada ressalta não só uma questão quantitativa, mas abre às instituições federais a

regulares ou no âmbito da modalidade da Educação de Jovens e Adultos; ou estudantes que tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do ENCCEJA ou exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino; e com renda familiar bruta mensal superior a 1,5 salários mínimos por pessoa)

Grupo E

(estudantes que tenham cursado o Ensino Fundamental completo em escolas públicas, em cursos regulares ou no âmbito da modalidade da Educação de Jovens e Adultos; ou estudantes que tenham obtido certificado de conclusão com base no resultado do ENCCEJA ou exames de certificação de competência ou de avaliação de jovens e adultos realizados pelos sistemas estaduais de ensino; e com renda familiar bruta mensal superior a 1,5 salários mínimos por pessoa; e que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas)

05 vagas

Fonte: Dados organizados a partir do Edital do Processo Seletivo do IF Sudeste MG 2013/1

No ano de 2012, houve noventa e cinco candidatos inscritos para o curso de Agroecologia, sendo trinta e quatro para o Grupo A, doze para o Grupo B, trinta para o Grupo C, doze para o Grupo D e sete para o grupo E (Ver Tabela DI1).

Apesar de haver número de candidatos suficientes para preenchimento das vagas destinadas a cada grupo, foram necessárias mais de uma chamada para completar o total de vagas destinadas a formação da turma 2013/1. Podemos verificar na tabela abaixo o número de chamadas registradas para preenchimento das vagas por grupo de acesso:

Tabela 3 - Divisão de vagas para o curso Agroecologia AGROECOLOGIA

Grupo Nº de estudantes inscritos no processo seletivo

Nº de vagas Nº de estudantes que efetivaram a matrícula

Média das notas de ingresso119 (prova=60ponto s) A 31 20 1ª Chamada: 16 24,34 pontos 40,56% 2ª Chamada: 05* B 12 05 1ª Chamada: 04 22,37 pontos 37,28% 2ª Chamada: 01 C 30 05 1ª Chamada: 04 166/6= 27,67 pontos 46,11% 2ª Chamada: 00 3ª Chamada: 01 + 01** D 12 05 1ª Chamada: 04 26,75 pontos 44,58% 2ª Chamada: 01 E 07 05 1ª Chamada: 04 23,75 pontos

119 Para cômputo das médias foram realizadas as somadas das notas alcançadas pelos candidatos classificados e que efetivaram a matrícula, o resultado obtido foi dividido pelo mesmo número de candidatos – média simples. O mesmo procedimento foi adotado em todas as outras tabelas e quadros apresentados nesta pesquisa.

39,58% 2ª Chamada: 00

3ª Chamada: 01**

Fonte: Elaboração da própria pesquisadora a partir de dados obtidos no Registro Acadêmico do campus Muriaé

A partir dos dados organizados na tabela acima, podemos inferir que as notas obtidas no processo seletivo, referentes aos Grupos A, B, C, D e E, estão abaixo de 60% (valor estabelecido no campus como mínimo a ser alcançado para aprovação em disciplinas). Muito embora não haja nota de corte no processo seletivo, utilizamos, para efeito de comparação, as notas obtidas pelos grupos para verificarmos o capital cultural acumulado pelos estudantes quando chegam ao Instituto. Assim sendo, estão em ordem decrescente de notas os grupos: C, D, A, E e B.

Devemos relembrar que o ingresso é feito através de prestação de exame seletivo, para o qual os candidatos previamente escolhem o grupo de concorrência. Nesse ponto, chamamos a atenção para a questão da segunda chamada no Grupo A (* inscrição havia sido feita no Grupo D), cuja efetivação de matrícula aconteceu por meio de mandado de segurança120, uma vez que o/a estudante em questão alegou ter selecionado erroneamente o grupo de acesso no ato de inscrição para o processo seletivo. Isso resultou na negação de sua matrícula por parte do campus Muriaé, uma vez que no período de confirmação da matrícula os documentos apresentados pelo (a) estudante não correspondiam ao grupo em que estava inscrito. No entanto, por força de mandado de segurança, o/a estudante acabou tendo efetivada sua matrícula. O que resultou em um estudante a mais no cômputo de matrículas frente ao número de vagas disponibilizadas no campus. Essa situação nos leva a refletir sobre o preparo da instituição sobre a questão das cotas, o domínio do texto legal e a organização dos 120 No ato da inscrição o/a estudante selecionou o Grupo D, porém sua realidade estudantil não correspondia à exigência do Grupo, uma vez que a este grupo devem recorrer somente alunos que tenham estudado todo o ensino fundamental em escola pública. Nesse caso, em especial, não se aplica critérios de renda ou autodeclaração de cor ou raça. Uma das alegações proferidas por parte do/a candidato aprovado no número de vagas é que a média que alcançou era o suficiente para para garantir sua classificação dentro do grupo A, onde teve sua matrícula efetivada. No site do MEC, no espaço destinado a “Perguntas Frequentes”, consta: “8) Quem concorrer pelas cotas também poderá entrar pela ampla concorrência? Nos primeiros quatro anos de implementação da lei, os estudantes cotistas devem disputar vagas tanto pelo critério de cotas quanto pelo de ampla concorrência, já que as vagas serão oferecidas gradativamente. A partir de quatro anos, a permanência desse modelo ficará a critério de cada instituição de ensino”. Essa condição garante a presença de duas listagens paralelas, nas quais devem constar os nomes de todos aqueles que participaram do processo seletivo (Ampla Concorrência) com a classificação em ordem decrescente de pontuação; em outra listagem deverão aparecer o nome dos candidatos separados por grupos de escolha. Assim, se um desses candidatos, mesmo que não tenha sido contemplado com a colocação dentro das vagas do grupo cotista selecionado, ainda poderá ter a chance de ser chamado na listagem geral. Assim como foi feito do caso citado acima, muito embora o direito de ingresso só tenha se concretizado por medida judicial.

procedimentos de atendimento ao público, bem como o conhecimento prévio da organização do processo seletivo acerca da adoção das listas de aprovação.

Outro dado relevante diz respeito à terceira chamada do Grupo E (**). O/A Estudante se inscreveu no Grupo C, mas entrou na vaga do Grupo E por não haver candidatos na lista de espera do Grupo E, conforme mostra a segunda chamada para o mesmo grupo. Neste caso, a vaga foi redirecionada121 para o grupo prioritário (Grupo C) que continha número de candidatos excedentes e aprovados a espera de vaga. Ou seja, de acordo com o processo de chamadas para ocupação das vagas, após a divulgação dos classificados no processo seletivo e conseguinte matrícula, caso houvesse vaga (ou alguma desistência), a chamada deveria respeitar a seguinte ordem de Grupos: C, B, E, D, A. De acordo com esse esquema, as vagas ociosas deveriam seguir a prioridade da sequência dos grupos.

4.4.2 Avaliação das Notas de Ingresso dos estudantes de Ampla Concorrência que