• Nenhum resultado encontrado

Sistema para apoiar a programação e controle da produção

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 ANÁLISE DOS CASOS ESTUDADOS

5.1.3 Sistema para apoiar a programação e controle da produção

Diferentes abordagens quanto ao uso do computador para a programação da produção foram evidenciadas nos quatro casos estudados. Para a empresa A, a planilha eletrônica é a base computacional da programação da produção. É utilizada para fixar o plano mestre de produção para a primeira semana dentro do horizonte de planejamento. O PCP se apoia nesse recurso com base na simplicidade e facilidade de uso, realizando a programação apenas para os produtos finais, ficando os componentes e peças controlados por Kanban ou pela técnica ROP. Entretanto, mesmo com a gestão visual predominando no chão de fábrica, a empresa utiliza o MRP/ERP para manter os dados atualizados e realizar também pedidos de compra para os fornecedores.

A empresa B utiliza o software CIGMA para programar sua produção, com os ajustes de capacidade sendo realizados pelos programadores do PCP depois de executar o software. O CIGMA gera Kanbans que são nivelados nos Heijunkas disponibilizados para cada célula de produção. Os componentes e peças são puxados por Kanbans, incluindo os pedidos de compra para os fornecedores.

Já a empresa C utiliza uma solução do tipo APS para programar a produção. Essa solução é executada nos computadores locais do PCP, mas está integrada com o ERP, de onde lê as informações necessárias para gerar ordens de produção para o chão de fábrica e pedidos de compra para os fornecedores, e também atualizando o ERP com dados de produção.

Para desenvolver a programação da produção da empresa D, utiliza-se predominantemente o módulo MRP do SAP para gerar ordens de produção, mas o PCP faz uso também de um software de seqüenciamento de produção a fim buscar a máxima utilização dos recursos de produção das linhas de montagem e das células que alimentam essas linhas. Os pedidos para os fornecedores são gerados diretamente por meio do MRP.

O quadro 5.2 resume o sistema de apoio computacional para realizar as atividades de PCP de cada uma das empresas estudadas.

Estrutura e Infra-

Estrutura de PCP Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D

Sistema para apoiar o desenvolvimento do plano mestre de produção Planilha eletrônica e ERP (solução comercial) Software CIGMA (solução específica) ERP corporativo (solução in- house) ERP corporativo (solução comercial) e Otimizador

Sistema para apoiar o desenvolvimento da programação da produção

Planilha eletrônica Software CIGMA Solução do tipo APS MRP/ERP

Método predominante para o controle da produção de peças e componentes

Kanban e ROP Kanban Ordens de produção por meio do APS

Ordens de produção por meio do MRP Quadro 5.2 – Estrutura e Infra-Estrutura de PCP dos casos estudados

Fonte: dados da pesquisa (2007).

De acordo com os dados coletados, a empresa D está mais orientada para sistemas computacionais para desenvolver suas atividades de PCP. Nessa empresa foram identificados pontos fundamentais em que o computador norteia as ações da equipe de PCP, desde o plano mestre por meio do ERP corporativo até a programação detalhada no chão de fábrica com um sistema de seqüenciamento da produção, processando as ordens de produção. A empresa possui um know-how de TI bem definido o que permite aos colaboradores resolverem os problemas diários de informática do PCP. Nesse caso, não é difícil deduzir que o crescimento dos sistemas de informação industrial tem influenciado, sobremaneira, o PCP dessa empresa.

A empresa C também possui exigência computacional corporativa para operacionalizar suas atividades de PCP, mostrando um processo de desenvolvimento minuciosamente definido com base no conhecimento do corpo técnico da empresa que criou sua própria solução de ERP, adicionando outros recursos como a solução do tipo APS. O PCP ainda norteia suas atividades com base nesses recursos computacionais, mas mostra um histórico em que as primeiras práticas do Lean estão em processo de implantação. É o caso de células controladas por Kanban e com a comunicação das informações por meio de Andon, mostrando uma evolução gradual do PCP da empresa para o estágio III.

Já para as empresas A e B os dados de campo mostraram que os PCPs dessas empresas não ingressaram diretamente no processo de evolução dos sistemas de informação industriais. Com maior independência dos recursos de informática (ERP), as empresas optaram por soluções específicas à tecnologia computacional avançada para as atividades de PCP e vêm aprimorando ainda mais a gestão visual para identificação dos problemas de produção no chão de fábrica. As duas empresas costumam utilizar muito mais a comunicação das pessoas e o método Kanban para resolver os problemas de chão de fábrica do que o computador, o que se leva a deduzir que a evolução dos sistemas de informação não afetou diretamente o dia a dia do PCP, muito embora as empresas continuem atualizando os recursos computacionais para outras atividades como processamento de pedidos, comunicação dos dados industriais com fornecedores, entre outros. Essas empresas continuam com equipes de TI responsáveis pela manutenção e atualização dos sistemas de informação, beneficiando outros setores como logística, compras, planejamento em longo prazo, entre outras funções. Mas, de acordo com as evidências, os PCPs dessas empresas ficam praticamente imunes a essas evoluções.

Concluindo, por meio dos dados das quatro empresas estudadas, pôde-se observar que há dois tipos de estrutura e infra-estrutura de PCP:

a. o primeiro tipo é aquele em que os métodos de PCP estão mais orientados aos sistemas computacionais, atuando desde o plano mestre de produção até as ordens de produção enviadas para o chão de fábrica e para os fornecedores. Em outras palavras, o sistema de informação industrial envolve toda a empresa e o PCP está inserido nesse contexto. O PCP

utiliza esses recursos como forma de apoiar suas atividades de planejamento, para gerar ordens de produção, controlar materiais e distribuição. O computador designa os trabalhos para o chão de fábrica ou pelo menos prepondera sobre o método Kanban. Esse é o caso dos PCPs das empresas C e D que baseiam-se mais no computador para fazer as programações e reprogramações da produção. Apesar desse cenário de relação entre PCP/TI mais forte, se observou que ambas as empresas estão se preparando para atingir a excelência operacional do estágio III do modelo proposto. A empresa C com maior maturidade nas práticas do Lean representada pelos treinamentos, aculturação e conhecimento empresarial, já possui o PCP mais próximo da excelência operacional se comparado com o PCP da empresa D, utilizando práticas que promovem a visibilidade de problemas. A passagem de forma integral para o estágio III é apenas uma questão de tempo, pois a empresa vem se preparando para esse estágio avançado de PCP.

b. o segundo tipo é aquele em que o PCP usa os sistemas computacionais de forma mais simplificada. O nível de utilização da informática fica em níveis mínimos para o PCP, permanecendo àquelas exigidas por outras funções e para apoiar no desenvolvimento do plano mestre de produção. É o caso das empresas A e B que possuem o ERP como uma ferramenta de comunicação de dados, mas que norteiam as atividades de PCP principalmente por meio da gestão visual para promover os problemas de chão de fábrica. Quando ocorrem reprogramações, essas empresas costumam utilizar mais a comunicação informal em reuniões de consenso e alterações de Kanbans do que os sistemas computacionais. Portanto, de um ponto de vista da estrutura e infra-estrutura dos sistemas computacionais, as empresas A e B configuram empresas com o PCP no estágio de excelência operacional, ou seja, no estágio III do modelo de evolução.

Na seqüência, será realizada a análise do processo do PCP de cada uma dessas empresas pesquisadas.