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3   BREVE PANORAMA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL 36

3.2 Iniciativas de EaD do Governo Brasileiro 53

3.2.1 Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) 57

O Sistema UAB, criado pelo MEC no ano de 2005, é um projeto de política pública, desenvolvido pelo Governo Federal, e de articulação entre a Seed do MEC, e a Diretoria de Educação a Distância (DED), da CAPES, com vistas à expansão da ES, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE).

O Sistema UAB sustenta-se em cinco eixos fundamentais:

a) expansão pública da ES, considerando os processos de democratização e acesso; b) aperfeiçoamento dos processos de gestão das IPES, possibilitando sua expansão

em consonância com as propostas educacionais dos Estados e Municípios;

c) avaliação da ES a distância tendo por base os processos de flexibilização e regulação implantados pelo MEC;

d) estímulo à investigação em ES a distância no país;

e) financiamento dos processos de implantação, execução e formação de recursos humanos em ES a distância.

Os primeiros cursos executados no âmbito do Sistema UAB resultaram da publicação de editais. O primeiro edital, conhecido como UAB1, publicado em dezembro de 2005,

permitiu a concretização do Sistema UAB, por meio da seleção para integração e articulação das propostas de cursos, apresentadas exclusivamente por IFES, e das propostas de polos de apoio presencial, apresentadas por estados e municípios. O segundo edital, publicado em outubro de 2006, denominado UAB2, diferiu da primeira experiência por permitir a participação de todas as IPES, inclusive as estaduais e municipais.

Em 2007, o sistema UAB repassou recursos às IPES para a ampliação do acervo bibliográfico dos polos de apoio presencial, cujos livros adquiridos foram destinados às áreas dos cursos ofertados nos polos. A bibliografia básica foi indicada por coordenadores de cursos e corroborada por coordenadores da UAB. Em 2008, merece destaque a atuação do Sistema UAB que fomentou a criação de cursos na área de Administração, de Gestão Pública e outras áreas técnicas.

De acordo com dados disponíveis no portal UAB na Internet, acessado em agosto de 2010, 88 instituições integram o Sistema UAB, entre universidades federais, universidades estaduais e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs). De 2007 a julho de 2009, foram aprovados e instalados 557 polos de apoio presencial com 187.154 vagas criadas. Em agosto de 2009, a UAB selecionou mais 163 novos polos, no âmbito do Plano de Ações Articuladas, para equacionar a demanda e a oferta de formação de professores na rede pública da educação básica, ampliando a rede para um total de 720 polos, com previsão de criação de cerca de 200 polos em 2010 para atender a demanda de 127.633 vagas de nível superior.

A UAB é, portanto, um sistema integrado por IPES que oferece EaD para camadas da população que têm dificuldade de acesso à ES. O público em geral é atendido, mas os professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal.

Neste contexto, os cursos da UAB, oferecidos em polos de apoio presencial pelas IPES, são prioritariamente voltados para a capacitação de professores da educação básica e para potencializar o desenvolvimento regional.

Gráfico 7 – Distribuição de Cursos UAB por Modalidade - 02/07/2009

Fonte: CAPES/ UAB.

Dentre os cursos oferecidos nos polos da UAB, destaca-se, de acordo com o gráfico abaixo, maior concentração nas áreas de Linguística, Letras e Artes, Ciências Exatas e da Terra e Ciências Humanas.

Gráfico 8 – Distribuição dos cursos nos Polos por Grande Área - 02/07/2009

Fonte: CAPES/ UAB

O Sistema UAB foi instituído pelo Decreto nº 5.800, de 8 de junho de 2006, para “o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País” (BRASIL, 2006a). Fomenta a modalidade de EaD nas IPES, bem como apoia pesquisas em metodologias inovadoras de ES respaldadas nas TICs. Além disso, incentiva a colaboração entre a União e

os entes federativos e estimula a criação de centros de formação permanente por meio dos polos de apoio presencial em localidades estratégicas.

Assim, o Sistema UAB propicia a articulação, a interação e a efetivação de iniciativas que estimulam a parceria dos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal) com as IPES e demais organizações interessadas, enquanto viabiliza mecanismos alternativos para o fomento, a implantação e a execução de cursos de graduação e pós- graduação de forma consorciada. Ao plantar a semente da universidade pública de qualidade em locais distantes e isolados, incentiva o desenvolvimento de municípios com baixos IDH e IDEB. Desse modo, funciona como um eficaz instrumento para a universalização do acesso à ES e para a requalificação do professor em outras disciplinas, fortalece a escola no interior do Brasil, minimiza a concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos e evita o fluxo migratório para as grandes cidades.

Dentre os objetivos do Sistema UAB de redução das desigualdades de oferta de ES entre as diferentes regiões do país, percebe-se que 50% dos polos estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, cujos Estados apresentam os menores índices IDH-M e IDEB.

1 6 % 3 3 % 1 0 % 1 8 % 2 3 % N o r te N o r d e ste C e n tr o‐O e ste S u l S u d e ste

Gráfico 9 – Distribuição dos Polos por Região do País

Fonte: CAPES/UAB.

Em síntese, o Sistema UAB funciona como articulador entre as IPES e os governos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas locais por ES. Essa articulação estabelece quais IPES devem ser responsáveis por ministrar determinado curso em certo

município ou certa microrregião por meio dos polos de apoio presencial. A figura 1 sintetiza esse funcionamento.

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Figura 1 – Funcionamento da UAB

Fonte: CAPES/UAB.

Feita a articulação entre as IPES e os polos de apoio presencial, o Sistema UAB assegura o fomento de determinadas ações de modo a garantir o bom funcionamento dos cursos com:

a) produção e distribuição do material didático impresso utilizado nos cursos; b) aquisição de livros para compor as bibliotecas;

c) utilização de TICs para interação entre os professores, tutores e estudantes; d) aquisição de laboratórios pedagógicos;

e) infraestrutura dos núcleos de EaD nas IPES participantes; f) capacitação dos profissionais envolvidos;

g) acompanhamento dos polos de apoio presencial; h) encontros presenciais para o desenvolvimento da EaD.

Os polos de apoio presencial são as unidades operacionais para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância pelas IPES no âmbito do Sistema UAB. Mantidos por Municípios ou

Governos de Estado, os polos oferecem a infraestrutura física, tecnológica e pedagógica para que os alunos possam acompanhar os cursos a distância. O polo de apoio presencial também pode ser entendido como "local de encontro" onde acontecem os momentos presenciais, o acompanhamento e a orientação para os estudos, as práticas laboratoriais e as avaliações presenciais. O objetivo dos polos é oferecer o espaço físico de apoio presencial aos alunos da sua região, ao manter as instalações físicas necessárias para atender aos alunos em questões tecnológicas, de laboratório, de biblioteca, entre outras.

Ao priorizar a educação como forma de inclusão social, a UAB traz avanços na área de ES a distância, já que prevê uma política sustentada e permanente para as IPES com o aporte de docentes, servidores técnico-administrativos e financiamento. Esta expansão promove maior credibilidade na EaD, além de favorecer um processo real de inclusão social (LEAL, 2009).

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