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O panorama sobre a cooperação na biblioteca é marcado por duas matérias, a primeira se relaciona à cooperação interna entre biblioteca e comunidade acadêmica; e a segunda refere-se à cooperação entre a biblioteca e instituições externas. Os dados coletados apontam que a cooperação interna possui ações mais frequentes em relação ao processo de planejamento do acervo vinculado à elaboração dos projetos pedagógicos dos cursos e difusão dos recursos bibliográficos, parceria com professores para a orientação quanto ao uso da biblioteca e parceria com outros setores na realização de eventos.

Em relação à cooperação no processo de planejamento do acervo vinculado à elaboração do projeto pedagógico e à difusão de recursos bibliográficos, mostrou-se que a cooperação, quando ocorre, é exclusivamente para auxiliar nas bibliografias, vejamos os DSCs que se seguem.

[...] toda época de planejamento, bibliotecário e coordenadores de cursos entram em contato para alinhar os projetos pedagógicos com o que tem na biblioteca [...], (IC: É importante ter uma política institucional de desenvolvimento de coleções – Formação, desenvolvimento e processamento de coleções)

Na elaboração do PPC, a participação do setor de biblioteca é periférica, com consultas ao acervo, verificação e organização dos exemplares existentes na biblioteca, para que se possam compartilhar bibliografias adquiridas de outros cursos e a solicitação de ampliação e atualização dos livros e periódicos ligados à área. A escolha da bibliografia fica a critério dos professores e coordenadores do curso, a biblioteca não tem essa opção. (IC: A biblioteca é consultada no processo de elaboração do Projeto Pedagógico dos Cursos – Comunidade Acadêmica)

As poucas vezes que ocorre cooperação entre biblioteca e professores é quando da entrega dos trabalhos de conclusão de curso na biblioteca, antigamente ficava junto às coordenações, depois eram entregues algumas impressas, então passou a ser entregue em arquivo PDF, com autorização do aluno para se colocar no sistema da biblioteca [...]. (IC: Poucas vezes ocorre cooperação entre biblioteca e professores – Comunidade acadêmica)

O discurso de um dos coordenadores de curso aponta que não ocorre participação da biblioteca na elaboração do projeto pedagógico, e a justificativa para o fato é a falta de comunicação entre as partes.

A parceria com professores para a orientação quanto ao uso da biblioteca pode ser percebida nos seguintes DSCs, porém, ressalta-se que ocorre mediante a demanda e entre poucos atores.

O incentivo também acontece quando os professores são avisados que os livros que pediram chegaram, então eles avisam aos alunos, para que possam buscar os livros emprestados. (IC: Há incentivo, por parte da biblioteca, para os alunos a utilizarem – Serviços de atenção aos usuários) [...] Também [tem] alguns professores que, todo início de semestre, trazem alunos para fazer as visitas orientadas, mas não são todos, é a minoria, na verdade. (IC: Poucas vezes ocorre cooperação entre biblioteca e professores – Comunidade acadêmica)

Sobre as ações cooperativas entre biblioteca e outros setores do campus, o DSC seguinte demonstra que as ações ocorrem, porém, sutilmente percebe-se que a biblioteca é um agente passivo dessas ações.

[...] a biblioteca trabalha com outros setores que promovem atividades. Um deles é a assistência estudantil, que promove bastante atividades para os alunos e sempre que pedem auxílio à biblioteca, como exposição de fotos, contação de histórias, alguma coisa assim, a biblioteca ajuda. (IC: A biblioteca poderia estimular mais o hábito de leitura – Serviços de atenção aos usuários)

A cooperação no plano da comunidade interna é demonstrada por Macedo (2005). A autora sugere que a biblioteca escolar deve, por intermédio do bibliotecário e colaboradores, reunir esforços com os docentes para buscar a execução do processo de ensino-aprendizagem, por meio de serviços peculiares às finalidades curriculares, para promover a capacitação informacional do aluno.

Também no que se refere à cooperação na biblioteca escolar, Durban Roca (2012), ao apresentar a dimensão educacional que corrobora para a biblioteca atuar como centro de recursos de aprendizagem, descreve que as ações da biblioteca devem catalisar as demandas educacionais que necessitam do uso dos recursos da biblioteca, apoiando toda escola em atividades e projetos específicos e promovendo ações de suporte a aprendizagem de habilidades para a pesquisa e para a obtenção de informação.

Sobre a cooperação da biblioteca com agentes externos, percebe-se a carência de relações, parcerias ou projetos com outras bibliotecas ou instituições. No diagnóstico foi apontado que a biblioteca coopera com a Fundação Dorina Nowill, recebendo os materiais em Braille; e no DSC, que a biblioteca doa materiais para outras bibliotecas do município. Ambas as cooperações apresentam-se como uma forma de cooperação unilateral.

Pressupõe-se que esse comportamento seja um reflexo do comportamento do próprio

campus em relação ao estabelecimento de parcerias.

O campus não mantém relações estreitas com a Prefeitura, com a Emater ou com outra instituição externa. As iniciativas ocorrem polarizadas, por professores ou pela biblioteca [...].Outros exemplos é parceria da biblioteca que ocorre através da doação de livros para outras bibliotecas da cidade [...]. (IC: O campus não mantém relacionamentos estreitos com instituições externas – Relações com a comunidade externa)

As recomendações que sugerem à biblioteca manter relacionamentos estreitos e cooperativos com outras bibliotecas e instituições advêm de documentos sobre as características da biblioteca pública, escolar ou universitária. No Manifesto da

IFLA/UNESCO sobre bibliotecas públicas é mencionado que, em relação ao funcionamento

e gestão de bibliotecas públicas, deve ser garantida a cooperação com colaboradores relevantes. (IFLA, 1994)

Quanto à perspectiva da biblioteca escolar, Durban Roca (2012) apresenta que estreitar o relacionamento com bibliotecas públicas e com instituições culturais adjacentes à escola é um dos elementos favoráveis à dimensão física que contribui para a biblioteca se enquadrar como um centro de recursos para a aprendizagem.

Em relação à perspectiva da biblioteca universitária, Tarapanoff (1981) acrescenta que a esta deve se mostrar como pertencente a um sistema oposto a uma biblioteca isolada, considerando que nenhuma dessas unidades é autossuficiente; aconselha ainda que elas devem estabelecer objetivos de cooperação com outras bibliotecas. Em consonância, Mangue (2007) assinala que a biblioteca universitária deve, em seus objetivos, orientar-se para a cooperação com outras unidades para amplificar o potencial informativo por meio do intercâmbio entre instituições correlatas.