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Sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 2007 (páginas 90-93)

2 SOBRE A METODOLOGIA DA PESQUISA

2.3 Sobre os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa.

Desse modo, no presente estudo nosso interesse centra-se nos saberes e nas práticas musicais de professoras unidocentes que atuam na Educação Infantil. Sendo assim, o desvelamento dos saberes e das práticas pedagógico-musicais dessas professoras poderá gerar reflexões acerca da formação e atuação destas, bem como subsidiar políticas de formação musical inicial e continuada. Para tanto, é preciso conhecer qual é a realidade do ensino de música na escola. Dessa maneira, ampliar o conhecimento sobre como professoras da Educação Infantil se relacionam com a música nas salas de aula poderá gerar respostas referentes à necessidade de formação tanto do professor unidocente quanto do professor especialista em música para esse nível de ensino; colaborará, também, para a organização da prática pedagógica das professoras e a sistematização do ensino de música no cotidiano escolar. Corroborando essa idéia Souza et al. (2002) comenta que “é preciso conhecer a fundo a realidade que se pretende transformar para não cairmos em idealismos ingênuos e atitudes desconexas com a realidade em que se está atuando” (SOUZA et al. , 2002, p.120).

Na Educação Infantil, as professoras unidocentes trabalham as diversas áreas de conhecimentos e linguagens com as crianças de modo a construir um conhecimento escolar. Portanto, utilizam a música na construção de diversos conhecimentos desenvolvidos. Assim, na escola, o professor, no exercício de sua profissão, constrói com seus pares e com os alunos maneiras de trabalhar com a música, desenvolvendo um conhecimento sobre ela por meio de sua utilização.

Entendendo que os saberes e as práticas desses profissionais são construídos no percurso de suas carreiras, o que inclui a formação inicial e continuada, outros cursos de formação e, principalmente, o próprio exercício profissional, nos propomos a investigar o modo como a música é compreendida por professoras unidocentes e construída no cotidiano de salas de Educação Infantil.

Considerando a pesquisa como um diálogo entre pesquisador e pesquisado, os investigadores qualitativos levantam a necessidade de um plano flexível de investigação. Desse modo, segundo Bogdan e Biklen (1994), conforme os dados vão sendo coletados, as questões vão sendo reformuladas e não efetuadas “a priori”. Assim, “os investigadores qualitativos partem para um estudo munidos dos seus conhecimentos e da sua experiência, com hipóteses formuladas com o único objetivo de serem modificadas e reformuladas à medida que vão avançando”. (p. 84).

Nesse sentido, ressaltamos que nossas hipóteses e problemas de pesquisa foram sendo reformulados no processo dinâmico da pesquisa. Assim, a análise dos dados foram sinalizando questões antes não percebidas as quais organizamos posteriormente em eixos e sub-eixos de análise.

Para investigar os saberes e as práticas sobre música de professoras da Educação Infantil devemos considerar suas subjetividades, individualidades, suas práticas, seus pontos de vista e o trabalho educativo desenvolvido por elas, não como verdades absolutas capazes de nos levar a generalizações, a obter respostas únicas ou pré-determinadas e sim como conhecimentos que também se modificam historicamente.

Sendo assim, a partir da exposição da problemática e objetivos de nossa pesquisa pretendemos compreender o modo como a música aparece nos saberes e práticas pedagógico- musicais de professoras unidocentes por meio dos seus pensamentos sobre o ensino de música na Educação Infantil e de seus trabalhos construídos no cotidiano de salas de aula de Educação Infantil. Para tanto, participaram do presente estudo três professoras unidocentes que atuam na segunda etapa da Educação Infantil – 2º e 3º períodos – com crianças na faixa etária de 5 e 6 anos, sendo duas atuantes no 3º período e uma no 2º período25.

Os dados a partir dos quais realizamos nossas análises foram construídos com nossa convivência no cotidiano escolar junto às professoras colaboradoras utilizando as seguintes técnicas: a observação participante do trabalho das professoras na sala de aula e em outros espaços escolares, a entrevista e a análise documental. Para cada dia de convivência na escola produzimos notas de campo e também utilizamos gravações em fita cassete e vídeo, os quais foram posteriormente analisados. É importante ressaltar que primeiramente realizamos um levantamento bibliográfico com o intuito de conhecer a produção nas áreas de Educação, Educação Infantil e Educação Musical no que diz respeito ao nosso tema de pesquisa.

Ao analisar os saberes e práticas pedagógico-musicais das professoras unidocentes levamos em conta o contexto em que essas práticas emergiam. Assim, fez-se necessário o uso de uma técnica que permitisse a visualização da situação natural e concreta na qual o trabalho com música era construído e os momentos em que a música aparecia no cotidiano escolar: sala de aula, recreio, pátio, datas comemorativas, etc. Por isso, optou-se pela observação participante que foi utilizada para observar situações naturais (as ações, o que não era dito, as emoções, entre outros aspectos).

O registro das observações e a análise dos acontecimentos encontram-se no caderno de notas, o qual sempre nos acompanhava quando estávamos na escola. Esse instrumento considerado por nós como central no trabalho de campo, era utilizado como referência, apoio para nossa memória para posterior confecção das notas de campo. (apêndice 1)26 Elas envolvem uma parte descritiva sobre o que ocorria na escola e na sala de aula e uma parte reflexiva, partindo das anotações que incluem as nossas observações pessoais.

As técnicas de coleta de dados utilizadas por nós na pesquisa aconteceram concomitantemente. Enquanto produzíamos as notas de campo, analisávamos os documentos escolares e oficiais e realizávamos as entrevistas e, no cruzamento dos dados advindos dessas técnicas construímos nossas análises e interpretações.

Além das entrevistas também optamos por fazer uso de conversas que aconteciam entre nós e as professoras colaboradoras as quais denominamos no trabalho de conversas informais. As conversas aconteciam de modo espontâneo entre nós e as professoras em situações variadas tais como intervalos para o recreio, na sala de professores, dentro do transporte, no refeitório, e até mesmo dentro da sala de aula. Elas foram reconstruídas de memória, com auxílio de pequenas anotações no caderno de notas durante as situações vivenciadas, e quando era possível. Algumas foram gravadas em fita cassete com o consentimento da professora.

Além do caderno de notas auxiliado por registros de gravações em cassete, também utilizamos registros áudio-visuais que foram fotos e vídeo. Foram tiradas 33 fotos, gravadas 13 fitas cassete de 60 minutos cada e 05 fitas de vídeo, perfazendo aproximadamente 5 horas de gravação de momentos distintos que julgamos necessário registrar. O registro em vídeo sempre foi feito por nós, com exceção de uma ocasião em que estávamos participando da apresentação musical das crianças como acompanhante; nessa ocasião acompanhávamos as

26 O Apêndice 1 encontra-se uma das notas de campo que produzimos. Apresentamos uma das notas que

crianças tocando violão e a filmagem foi feita por uma colega, aluna do curso de Pedagogia, que estava fazendo estágio na escola.

As entrevistas foram transcritas por nós e para utilização no texto recorremos à ‘textualização’ das narrativas das professoras. Com relação às textualizações nos pautaremos em Arroyo (2000). Segundo a autora, ao considerar que “as etnografias, relatos de estudos etnográficos, não são construídas a partir de descrições literais do observador e vivido durante o trabalho de campo”, ela defende que elas são pensadas como uma transcriação, que:

remete para a tarefa da textualização, para aquele momento em que as decisões narrativas do pesquisador serão cruciais não só para qualificar seu trabalho analítico, mas também para desvelar os significados (...) da experiência intersubjetiva apre(e)ndida nos fluxos e refluxos do campo. (ARROYO, 2000, p. 55).

Portanto, no terceiro capítulo, no intuito de diferenciar os dados, recorremos a dois registros visualmente diferenciados na construção do texto: a escritura em Times New Roman em itálico refere-se aos trechos retirados de entrevistas e conversas informais; os trechos retirados de notas de campo seguem em Arial em escrita padrão. O material extraído das notas de campo, entrevistas e conversas informais vem identificados e precedidos de data de registro. Durante a transcrição das falas das professoras alguns esclarecimentos são trazidos em nota de rodapé. Os acréscimos nossos são feitos para fornecer esclarecimentos durante as transcrições. Neste caso, os esclarecimentos vêm na escrita padrão e entre parênteses. Quanto às citações, estas seguem as normas acadêmicas.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 2007 (páginas 90-93)