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E STUDO 1 – “D IFICULDADES DE ACESSO À INFORMAÇÃO VISUAL DO M ULTIBANCO ”

III. O RGANIZAÇÃO E XPERIMENTAL 1 E NUNCIADO DO PROBLEMA

2. E STUDO 1 – “D IFICULDADES DE ACESSO À INFORMAÇÃO VISUAL DO M ULTIBANCO ”

O primeiro estudo foi desenhado para realizar uma primeira exploração sobre as dificuldades de acesso à informação visual por parte de pessoas com deficiência visual nos dias de hoje, um dos grandes obstáculos com que esta população se depara devido às suas incapacidades visuais.

Cada vez mais existem equipamentos com interfaces visuais que oferecem uma panóplia de serviços, desde venda de bilhetes para transportes públicos, a comida ou a prestação de serviços vários e começam a fazer parte integrante da realidade quotidiana da nossa sociedade. Ao mesmo tempo, alguns destes serviços cada vez mais são realizados desta forma em substituição das formas tradicionais (com serviços prestados por pessoas), e passam a fazer parte integrante dos campi universitários.

De entre a oferta de equipamentos possíveis de ser analisados, neste estudo optou- se pela escolha de um equipamento que faz parte do quotidiano dos portugueses: os terminais multibanco. As caixas automáticas da rede multibanco tiveram um crescimento e uma aderência em Portugal muito grande, de 12 terminais com que iniciaram em 1985 para a realidade actual de cerca de 14 mil terminais, com um valor de cerca de 900 milhões de operações realizadas anualmente (SIBS, 2010). Esta empresa é responsável pelo desenho e manutenção do software presentes nos terminais e tem a singularidade de ter conseguido manter o mesmo interface em todos os equipamentos existentes no país (Pereira e Espadinha, 2007), ou seja quando se questiona sobre uma caixa multibanco apenas existem variações de hardware, o que não acontece nos outros tipos de serviços.

Esta opção foi igualmente seleccionada de entre as outras possíveis de contribuírem para o objectivo, dado que no início deste estudo a empresa SIBS (Sociedade Interbancária de Serviços, SA) encomendou um estudo sobre as condições de

acesso e de utilização aos seus equipamentos de multibanco. Esta iniciativa envolveu três escolas da Universidade Técnica de Lisboa (Faculdade de Arquitectura, Faculdade de Motricidade Humana e Instituto Superior Técnico) e uma equipa multidisciplinar, sendo que a parte de avaliação dos utilizadores foi liderado pela Faculdade de Motricidade Humana, e a maioria dos resultados recolhidos pela equipa desta instituição (Professora Doutora Leonor Moniz Pereira e Cristina Espadinha) ainda não foram alvo de publicação.

Assim utilizou-se esta oportunidade para realizar em simultâneo um estudo inicial sobre a problemática do acesso à informação visual, a pessoas cegas ou com baixa visão, que faz parte do funcionamento dos terminais multibanco. Deste trabalho, fez parte um questionário aplicado a vários grupos alvos, incluindo utilizadores com deficiência visual e onde se procurava conhecer os hábitos de utilização do multibanco, as barreiras e as características destes utilizadores.

2.1.

F

UNDAMENTAÇÃO DO INSTRUMENTO

Na Europa desde 1999 foi aprovada uma directiva onde pela primeira vez foi mencionada explicitamente que todos os terminais e equipamentos de utilização pública deveriam assegurar o acesso às pessoas com deficiência e ou idosas (Aalykke et al., 2008; Kemppainen, 2009). Esta mesma equipa europeia recomendou que a legislação deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico de forma a promover a acessibilidade a serviços e a equipamentos para todos os cidadãos, ao mesmo tempo que devem ser estudadas soluções integradoras com tecnologias de apoio pessoais.

Emiliani e Stephanidis (2005) reforçam a importância de equipas multidisciplinares, incluindo os próprios utilizadores, colaborarem em investigações sobre a acessibilidade na sociedade da informação e seus serviços.

O instrumento foi estruturado a partir do pressuposto que as pessoas com deficiência visual poderiam ter dificuldades em quatro etapas distintas, de acordo com a revisão realizada no referido projecto (FA, FMH e IST, 2005): localizar, aceder, interagir e comunicar com o terminal. Estas dificuldades estão associadas a diversas características derivadas da incapacidade visual destas populações.

Em seguida será realizada uma síntese dessa análise inicial que esteve por base da construção do questionário (FA et al., 2005; Gill, 2000, 2004; Manzke, Egan, Felix e Krueger, 1998):

- a localização de um equipamento num ambiente desconhecido pode ser difícil para toda a gente especialmente se não existir um bom contraste com o meio. Na população cega ou as pessoas com baixa visão, que tenha um campo visual muito restrito, revela maiores dificuldades em encontrar um local não familiar, localizar um objecto assim como identificar pormenores nos mesmos como ranhuras, botões com diferentes funções, a posição relativa entre eles ou outros tipos de detalhes;

- a lacuna que existe no acesso à informação escrita é normalmente realizada por sistemas complementares (como o aumento dos caracteres e/ou dos contrastes, a escolha dos tipos de letra, a informação áudio complementar) ou alternativos (braille e/ou informação áudio) existindo múltiplas combinações de leitura e escrita entre a escrita a negro ampliada, o braille e a informação áudio, a necessidade de mais tempo, mais atenção e interesse;

- a leitura das instruções dos terminais não segue o processo habitual da esquerda para a direita e de cima para baixo. O seu foco de atenção do utilizador que tem dificuldades visuais pode não estar dirigido para o local adequado a cada fase da operação, e com isso impossibilitar a realização da mesma;

- o tempo disponibilizado para a realização de cada acção poderá dificultar a selecção da opção pretendida, especialmente quando o ambiente tem diversos estímulos, o ecrã é pequeno ou com pouco contraste;

- a utilização de interfaces áudio neste tipo de serviço suscita problemas como a falta de compreensão da mensagem pela presença de ruído de fundo, a segurança e o respeito pelo direito à privacidade.

Depois dos principais problemas identificados e da análise de utilização de um