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Subcategoria B3: Funções da avaliação

4. Apresentação, análise e discussão dos resultados

4.2. Categoria B Práticas avaliativas na educação pré-escolar

4.2.3. Subcategoria B3: Funções da avaliação

No quadro 12, apresentamos as unidades de registo relativas às funções da avaliação

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE REGISTO

B3.

Funções da avaliação

“faço sempre a avaliação diagnóstica no início do ano.”(E1)

“depois de fazer a avaliação diagnóstica é que vou refletir e planificar e avaliar de novo. Depois é um processo sistemático e permanente.”(E4)

“avalio inicialmente para fazer o levantamento das dificuldades e interesses das crianças e do grupo.”(E3)

“no início do ano eu faço uma avaliação das crianças e do grupo. Faço mesmo uma grelha. Por Ex: se duas ou três crianças de três anos tem dificuldades ao nível da linguagem, eu assinalo e trabalho com eles através de histórias, conversas […] para colmatar essas dificuldades. ”(E3)

“com a avaliação inicial/diagnóstica, construo o nosso currículo.”(E1)

“claro que é uma avaliação formativa, é para aprenderes, desenvolveres-te aperfeiçoar as tuas práticas. Eu não faço uma avaliação a pensar em notas, quero é ver onde as crianças precisam de ajuda.”(E2)

Quadro 12 - Categoria B - subcategoria B3

Relativamente às funções da avaliação (quadro 12), é importante referir que no ensino pré-escolar existem dois tipos de avaliação: avaliação de diagnóstico e a avaliação formativa, tal com é referido no documento DGIDC: “Avaliação - Procedimentos e práticas organizativas e pedagógicas na avaliação da educação pré-escolar”. A primeira dá ao educador uma perceção da situação do aluno naquele momento, permitindo a caracterização do grupo.

Esta avaliação facilita a perceção dos conhecimentos que cada criança tem, o que já sabe e/ou é capaz de fazer, quais os seus interesses e necessidades, o seu contexto familiar e sociocultural.

Três educadoras referem uma avaliação com funções diagnósticas, formativas e com resultados qualitativos. Duas referem uma avaliação com funções diagnósticas, formativas e com resultados percentuais globais.

“Nós fazemos assim: Temos 20 crianças e duas estão a necessitar de ser trabalhadas na área da comunicação, na área da linguagem estão mal. Então eu sei que tenho 10% mas temos 15 que outras.” (E5)

“É unânime esta opinião pelas educadoras que conheço. Qualitativamente, para não cairmos em exageros.”(E4)).

“é uma avaliação qualitativa, dá-me resultados qualitativos e não quantitativos.” (E2)

“é um resultado de avaliação que não fere, informa apenas e não rotula[…] dizer que a criança A está, ao nível da matemática, com 50% dos objetivos atingidos, e a B, está com 85% dos objetivos atingidos, significa que na área da matemática, terei que ajudar mais a criança A que a B depois de traçar estratégias para isso e perceber porquê. É assim com todos e em todas as áreas. É quantificar a avaliação? Não é!”(E4)

“não é quantificar aprendizagens. é ter uma ideia global do estado do grupo ou da criança. Saber em percentagem de 0 a100, onde se situa naquela área de conteúdo a criança ou o grupo. Permite saber onde deverei trabalhar e investir mais nas minhas planificações. Onde deverei reforçar a minha ajuda que permita colmatar dificuldades. É só para ter a imagem visual gráfica. Não é para mostrar aos pais, é só para minha orientação.”(E5)

“De formar, de diagnosticar e de reorganizar e serve para nos dar respostas, resultados, que muitas vezes nos escapam se não avaliássemos. Vem ao que falamos antes. É para termos respostas que avaliamos.”(E3)

Uma educadora refere que a avaliação tem uma função diagnóstica no início do processo avaliativo: “depois de fazer a avaliação diagnóstica é que vou refletir e planificar e avaliar de novo. Depois é um processo sistemático e permanente” (E4).

Afirmam também que a avaliação na educação pré-escolar deverá ser uma avaliação formativa e contínua, visto realizar-se sistematicamente durante todo o ano, referindo “claro que é uma avaliação formativa, é para aprenderes, desenvolveres-te e aperfeiçoar as tuas práticas” (E2).

Neste sentido, Cabrita (2007, p.74) refere que as funções da avaliação na educação pré-escolar “para além de formativa, interativa, facilitadora da comunicação entre sujeitos, deve ajudar a ultrapassar as dificuldades (…). O seu principal objetivo é contribuir para melhorar a aprendizagem em curso, informando o educador e o educando sobre o seu próprio percurso, êxitos e finalidades”.

Para Perrenoud (1989, p.14) “A avaliação assume uma dimensão marcadamente

formativa, quando visa orientar o aluno (…) procurando localizar as suas dificuldades para o ajudar a descobrir os processos que lhe permitirão progredir na sua aprendizagem” “ou quando assume uma prática contínua que contribua para melhorar as aprendizagens em curso”( idem, 1999, p.78)

Para Hadji (2001, p.20) “a partir do momento em que informa, ela é formativa” Ao mesmo tempo que atribuem a função formativa na avaliação do pré-escolar, duas educadoras declaram atribuir resultados com nomenclatura qualitativa e percentagens gráficas. Não consideram estar a certificar nada apenas a informar-se e informar sobre as aprendizagens. Uma educadora diz que “não é quantificar aprendizagens (…) saber em percentagem de 0 a100, onde se situa naquela área de conteúdo a criança ou o grupo. Permite saber onde deverei reforçar a minha ajuda que permita colmatar dificuldades. É só para ter a imagem visual gráfica. Não é para mostrar aos pais, é só para minha orientação e enviar ao agrupamento para que tenham uma ideia do estado do grupo e da criança” (E5).

Segundo Cardinet (1993, pp. 23-27) uma das funções da avaliação é a certificação que “visa as aquisições, saber o que aluno aprendeu ou não, controla apenas aquilo que já sabe e que adquiriu (…)”.

Uma educadora ainda refere sobre a avaliação permanente e contínua ao longo do ano: “Eu não faço uma avaliação a pensar em notas, quero é ver onde as crianças precisam de ajuda”(E3).

Três educadoras atribuem apenas nomenclaturas qualitativas aos resultados da avaliação para que possam “refletir sobre os dados e reformular as planificações e objetivos” e não “quantificar nada” (E3).

Para Hadji, o principal objetivo da avaliação, bem como das suas funções, não é intimidar as crianças, desprezá-las e muito menos humilhá-las, pelo contrário, é contribuir para melhorar a aprendizagem, uma vez que com a avaliação formativa, principal modalidade de avaliação utilizada na educação pré-escolar “os problemas de avaliação perdem a sua autonomia e passam a constituir uma das dimensões da problemática das aprendizagens” (1994, p.187).

As funções mais vincadas nos discursos das educadoras entrevistadas são de facto a diagnóstica e formativa e ambas são valorizadas e salientadas por Pacheco (1995), Alves (2001), Perrenoud (1993) e em documentos como as OCEPE, a Lei n.º 5/97, a Lei n.º 46/86 e o Decreto-Lei n.º 43/2003 (art. n.º. 5).