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4 Sujeitos responsáveis pelo acidente de consumo

No documento Direito Penal (páginas 138-141)

O fabricante, o produtor, o construtor e o importador foram incluídos, em conjunto, no polo passivo da responsabilidade civil pelo fato do produto. Ampliou-se o nexo de imputação para se incluir, no polo passivo da obrigação de indenizar resultante do fato de consumo, o responsável real (o fabricante, o produtor e o construtor), e o responsável presumido (o importador).38

Os responsáveis reais são todas as pessoas física ou jurídica que partici-pam direta e ativamente do processo de elaboração do produto para sua inclusão no mercado de consumo. Os referidos fornecedores são os verdadeiros respon-sáveis pela reparação dos danos decorrentes do defeito do produto.

Na responsabilidade pelo fato do produto, o conceito de responsável real engloba o fabricante, o produtor e o construtor, nacionais ou estrangeiros, pelos

36  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 119.

37  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 119.

38  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 173.

danos sofridos pelo consumidor em virtude de acidente de consumo.

Pode ocorrer que o mesmo acidente de consumo vincule um fabrican-te, um construtor ou um produtor com um fornecedor de serviços. Nesse caso, estabelece-se uma relação de solidariedade entre todos os responsáveis reais, podendo cada um ser demandado isoladamente. O importador é o responsá-vel dito presumido, pois não possui qualquer vinculação direta com o produto defeituoso.

No Brasil, o importador-comerciante responde sempre como simples im-portador, não se lhe aplicando as disposições normativas previstas no art.13 do CDC, que têm incidência restrita ao comerciante típico. O responsável real e o responsável presumido são solidariamente responsáveis, podendo o consumidor demandar contra qualquer um deles, conjunta ou separadamente.39

O comerciante atacadista ou varejista aparece como responsável aparente quando vende produtos anônimos ou produtos perecíveis em mau estado de conservação. Figura como responsável aparente, sendo somente responsabili-zado subsidiariamente, quando não identificar o fabricante ou o importador no produto vendido.40

A responsabilidade do comerciante foi substancialmente restringida em confronto com os demais fornecedores. A razão é evidente, já que o seu contato com o produtor é restrito, limitando-se à exposição deste em seu estabelecimen-to comercial e ao fornecimenestabelecimen-to de explicações ao consumidor, as quais lhe foram repassadas pelo próprio fabricante ou importador.41

A exclusão da responsabilidade do comerciante (atacadista e varejista) deu-se por razões de política legislativa, já que o comerciante não tem o poder de alterar técnicas de fabricação e produção de bens. Por isso, o comerciante não foi incluído na regra do art. 12, caput, do CDC, como responsável direto pelos danos causados ao consumidor pelo produto defeituoso, sendo somente respon-sabilizado, subsidiariamente, em situações excepcionais.42

39  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 180.

40  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 180.

41  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 180.

O art. 13 da Lei n. 8.078/1990 (CDC) estabelece as seguintes hipóteses para responsabilização do comerciante: produtos não identificados (inc. I); pro-dutos mal identificados (inc. II); propro-dutos perecíveis mal conservados (inc. III). Nas duas primeiras hipóteses, a responsabilização do comerciante justifi-ca-se em face da dificuldade ou, até mesmo, da impossibilidade de identificação dos nomes dos responsáveis reais (fabricante, produtor ou construtor) ou do importador. A regra do art.13 do CDC tem suscitado interpretações conflitantes. De um lado, interpreta-se restritamente o benefício concedido ao comerciante, permitindo que seja acionado pelo consumidor quando houver simples ausência de identificação. De outro lado, procede-se a uma análise e interpretação pro-funda, admitindo-se apenas a ação direta contra o comerciante quando houver impossibilidade de identificação.43

Essa segunda linha de interpretação é a mais correta, pois havendo possi-bilidade de identificação do responsável real, não é razoável afastar, desde logo, a excludente concedida pelo legislador e admitir a ação direta contra o comercian-te. Imagine-se um consumidor que se intoxicou por uma fruta ou verdura adqui-rida em um grande supermercado, onde normalmente não existe a identificação do produtor. Portanto, antes de ajuizar uma demanda judicial, deve-se conceder ao comerciante a oportunidade de indicar o responsável real. No entanto, a iden-tificação do responsável real no curso do processo não afasta mais a responsabi-lidade do comerciante perante o consumidor, passando a contar apenas com o direito de regresso em momento posterior.44

Na terceira hipótese, que se refere aos produtos perecíveis conservados inadequadamente, o comerciante figura como responsável real, o defeito lhe é imputável de forma direta, já que se descuidou do seu dever de zelar adequada-mente pela conservação e higiene dos produtos perecíveis expostos à venda em seu estabelecimento. Essa questão refere-se à possibilidade de responsabilização do comerciante pela conservação inadequada de produto perecível, que se torna, em função disso, defeituoso e causa danos ao consumidor.

defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 181.

43  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 182.

44  SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no código do consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 182.

5 Causas de exclusão de responsabilidade civil do

No documento Direito Penal (páginas 138-141)