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1. Com que freqüência ocorre a supervisão individual?

2. Quais atividades são realizadas durante a supervisão individual? D. ATIVIDADES DOS ESTAGIÁRIOS

1. Quais são as tarefas desenvolvidas pelos estagiários individualmente ou em grupos (sem a presença do supervisor/fora de sala de aula)?

ANEXO D

QUESTIONÁRIO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A INSTITUIÇÃO FORMADORA E ESCOLAS

Senhor professor/supervisor/diretor de escola,

Um grupo de supervisoras de estágio de inglês do Norte do Paraná está realizando um projeto de pesquisa que tem por objetivo mapear o modo como esses futuros professores estão sendo formados e qual o impacto do estágio na escola que os recebe. Deste modo, ficaríamos muito gratas se puder responder as questões abaixo, para auxiliar-nos a identificar oportunidades de desenvolvimento na relação entre as nossas instituições. Acrescente mais folhas, caso seja necessário. Os dados serão utilizados em relatórios do projeto, porém permanecerão confidenciais as fontes consultadas.

Muito obrigada,

_________________________________________________________________ Escola: ____________________________Cidade:_________________________ Estágio realizado nas seguintes séries: __________________________________ Escola funciona como campo de estágio desde: _______vimento com estagiários desde:_________

PARTE 1 – AVALIAÇÃO

Como avalia a realização do estágio supervisionado de inglês na sua escola/sala de aula, quanto a

a) organização das atividades desenvolvidas pelos estagiários

b) comunicação com o supervisor de estágio da instituição formadora c) comunicação com o estagiário

e) contribuição para o professor f) desempenho dos estagiários g) duração do estágio

PARTE 2 – SUGESTÕES

Quais aspectos do estágio supervisionado de inglês precisam ser melhorados? Como se sente em relação a assumir maior responsabilidade pela formação dos novos professores de inglês?

Você vê algum outro papel para o estagiário diferente dos que desempenhou neste ano?

Você vê a necessidade de um trabalho interdisciplinar com outras disciplinas de prática de ensino?

Como a disciplina de língua inglesa pode colaborar com o projeto político- pedagógico da escola?

Quais as possíveis contribuições das relações estabelecidas com a universidade através do estágio supervisionado de inglês?

A CAUSA ESTÁ NA EXPERIÊNCIA

As aulas de estágio supervisionado são sempre momentos nos quais procuro relacionar a teoria à prática. Considero o ambiente de prática um local onde os alunos, além de refletirem sobre suas ações, podem compartilhar experiências positivas e negativas.

Sempre que discutimos e refletimos em sala sobre abordagens, metodologias, aulas assistidas por eles, chegamos à conclusão de que, para que o aluno desenvolva a tão almejada competência, ele precisa estar inserido em uma situação de uso da língua que faça sentido a ele. Interagindo, participando, vivendo situações contextualizadas - são formas de se atingir resultados positivos na aquisição de língua estrangeira.

Embora discutamos bastante sobre isso, ao elaborar as aulas para, enfim, iniciar a prática, alguns, talvez muitos alunos tendam para o uso da gramática pura, descontextualizada considerando ser essa a melhor forma para o ensino de língua estrangeira, sobretudo em salas numerosas, com escassez de recursos entre outros fatores.

Um dia desses, em uma das muitas orientações, após a reflexão sobre as idéias contidas em um ponto, uma aluna disse:

- Professora, eu acho seu discurso muito bonito, só que o que vemos é que quando um professor entra em sala e fecha a porta, o plano que ele tem em mãos pode ser muito bonito, mas o que prevalece é a maneira que ele aprendeu na vida toda em banco escolar.

Acredito que, em alguns casos, a raiz de uma aprendizagem essencialmente gramatical, descontextualizada de sentido e de uso, tem um peso maior na vida do aluno do que um ou dois anos de formação em um curso de graduação. Como mudar essa forma de pensar?

(Alessandra) Vinheta 2

A primeira experiência em sala de aula

Noite sem dormir, preocupações mil porque estava chegando a hora de enfrentar a sala de aula. A professora supervisora tentou me acalmar dizendo que eu estava bem preparada, e com certeza tudo sairia muito bem. Ao entrar na sala, percebi que os alunos estavam eufóricos para conhecer uma professora nova. A aula

fluiu muito bem e aos poucos os alunos foram se acomodando e participando ativamente da aula.

Percebi que muitos deles têm interesse em aprender, já outros vão para a escola somente para se divertir e perturbar colegas e a própria aula. Talvez a aula fosse mais proveitosa se pudéssemos exercer uma autoridade mais rígida. Alguns abusam muito, outros colaboram promovendo uma troca de conhecimentos. Conquistando os alunos através da realização das atividades propostas, sentindo a vontade de aprender de alguns, aplicando técnicas lúdicas, confiando no que estava fazendo e pelo olhar de aprovação da professora supervisora, a aula foi realizada. Senti alívio, mas uma vontade de abraçar a causa da educação, preparar os alunos para um futuro melhor e fazer parte dessa luta, foi sem dúvida um pensamento constante depois de verificar o olhar de agradecimento daqueles que querem aprender, e receber beijos dos alunos, dizendo que tinham adorado a aula e esperavam que eu voltasse. Me emocionei - dar aula vai muito além de apenas passar um conteúdo; é preciso muita dedicação, paciência e amor. (Helena)

A QUESTÃO DO TEMPO

O tempo: implacável, veloz, insensível, escorre por entre as mãos e se esvai sem deixar traço. O tempo é assim, quando menos se espera, já foi.

Como em todas as aulas, procuro me acomodar no fundo da sala. Um aluno gentilmente se prontifica para me dar um lugar, desocupa sua carteira, para meu constrangimento. “Professor, sente aqui”, diz o aluno. “Não se preocupe, eu procuro um lugar vazio”, respondo meio sem jeito. Não gosto de perturbar a forma como os alunos se organizam, como estabelecem seus espaços e criam territórios invisíveis, mas perceptíveis. Mas, sinto que eles têm a noção do respeito, o sentido da gentileza, apesar de parecerem indisciplinados algumas vezes, sinto que são receptivos ao abrirem seus espaços a um estranho como eu. A demora do retorno dos alunos à sala, depois do intervalo, é grande. Entre o tempo que levam para se acomodarem, o lento retorno de alguns e a hesitação do aluno-professor em começar a aula, se passam 15 minutos. É muito tempo, penso eu, em relação ao total da aula. Essa é uma observação recorrente em minhas anotações. Fico imaginando como poderíamos resolver essa situação. Não seria o caso de começar a aula logo, mesmo antes de todos retornarem do intervalo? Dessa forma os alunos não se acostumariam a retornarem mais rápido à sala de aula? O tempo, o ritmo das atividades, é importante, penso. De alguma forma a motivação está ligada ao modo como os segundos e os minutos se relacionam com as atividades em sala de aula. O tempo é precioso e deve ser bem aproveitado, reflito: a sala de aula é negócio sério e qualquer momento de aprendizagem deve ser bem aproveitado.

Quando finalmente os alunos respondem a chamada, e estão prontos para iniciarem as atividades, sobram apenas 30 minutos para o final da aula. A atividade a ser realizada é para ser feita em grupos, e, até que todos reacomodem suas carteiras, se passam mais 10 minutos. O tempo é implacável, penso novamente, se não for bem aproveitado se esvai, sem deixar traço.

Os alunos conseguem iniciar a atividade, mas são subitamente interrompidos pelo “apito” que sinaliza o final da aula. Tal qual trabalhadores de uma fábrica se alvoroçam a pegar suas coisas para sair o mais rápido possível. É a última aula e é preciso sair, sem perder tempo.

(Francisco)

A SESSÃO QUE NÃO HOUVE

O relógio na parede indicava 9h20. Os alunos deveriam estar ali às 9h10. Eu aproveitava para rever o material. Surge então Lúcia, sozinha. Os outros? “Professora, acho que foram ao show da Exposição”. Seria de se esperar que, com tantas atrações competindo pela atenção, a escolha seria difícil. A Exposição Agropecuária, evento anual na cidade, competia desigualmente com Moita Lopes, Leffa e Celani.

Lúcia se desculpa pelos demais – mas ela também precisa se ausentar. “Desculpe professora, mas também eu tenho que ir, meu namorado está esperando”. Relembro a tarefa da semana, recomendo que leia o texto da unidade e que continue fazendo o glossário. Nos despedimos e fico ali, sentada à mesa para 8, imaginando outras situações em que os alunos definem quando e como querem ter aulas: uma certa semana em outubro, um feriado na quinta, uma terça festiva. Pra que serve um calendário, me pergunto. Por outro lado, freqüência não é tudo. Pego a bolsa, apago a luz, tranco a porta e me dirijo ao estacionamento já quase vazio.

(Telma)

A SOMBRA DO CAOS

Era uma terça-feira, primeira aula. Eu já esperava aflita na porta da sala. Faltavam uns cinco minutos para o início da aula e alguns alunos já começaram a entrar na sala. Uns carregavam a mochila nas costas, outros traziam somente um caderno nas mãos. Não se via nenhum sinal de estojo, caneta, lápis...

Quando o sinal tocou entramos em sala e de repente uma multidão de adolescentes entrou também. Todos se empurravam, gritavam e riam alto. Ao assistir aquela cena fiquei apreensiva, já imaginando o que esperava a estagiária.

Era a sombra do caos. Ela, então, iniciou a aula acalmando os ânimos e questionando os alunos sobre algo relacionado ao conteúdo. A maneira como ela formulou as perguntas e a metodologia utilizada para questioná-los chamaram a atenção dos alunos, fazendo com que eles fixassem os olhos nela. Após o warm up, a estagiária iniciou a explicação. Alguns alunos olhavam para ela, outros não. Ela se manteve firme. No final da explicação houve muitas perguntas. Um pouco nervosa ela respondeu a todas. Ao término da aula sentamos para conversar.

- Que prova de fogo, disse ela. Achei que não iria sobreviver. Fiquei com vontade de juntar minhas coisas e desaparecer. Mas pensei: vou ter que enfrentar. Não posso desistir agora.

Admirei aquela estagiária. Com calma, dedicação e coragem ela realizou um bonito trabalho. Consegui ver na postura dela muito do que refletimos em sala. (Alessandra)

A TAREFA E A DISCUSSÃO

O material pedia amostras de que o ensino de inglês é visto como mercadoria. Na semana anterior, perguntas sobre porque se aprende a língua estrangeira tinham gerado um acalorado debate entre os quatro estagiários. Seria o momento de confirmar se a leitura do texto fazia sentido.

Ao redor da mesa estavam a professora e três alunos. Uma delas, Joana, havia faltado. Traziam amostras de folhetos de escolas de inglês. Primeiro foi a vez de Lúcia, que apresentou o de sua escola. Este refletia o interesse em demonstrar que a aprendizagem da língua pode ser divertida e proveitosa. O colorido se distanciava dos tradicionais azul e vermelho, cores associadas aos países onde o inglês é primeira língua. Seria essa uma mudança no modo de conceber a língua? Roberto mostrou, então, um folheto de outra escola – desta vez em azul e vermelho, aludindo a ícones da Inglaterra e dos Estados Unidos. A professora lembrou de uma unidade do livro didático público, que também trazia imagens de Sidney, Londres, Nova York e Washington. Imagens e textos foram considerados como complementares, na tentativa de se vender a imagem de uma língua como pátria. Não era isso que dizia o texto lido na semana anterior? Frederico apresentou seu folheto, que enfatizava a metodologia da escola. Seu público: o adulto. Um texto sério, avaliou.

Foram comparados os textos, as imagens e o que os autores lidos anteriormente diziam. Releram os objetivos para o ensino de inglês coletados em entrevistas. A professora sintetizou: pais e alunos pensam mais em perspectivas instrumentais, professores admitem que a aprendizagem de inglês pode enriquecer culturalmente. Pais pensam no inglês como língua internacional, que representa um capital simbólico no mundo globalizado. Professores pensam no inglês como

língua estrangeira. Mais vozes dissonantes, agregadas a tantas outras que igualmente emergem em cacofonia.

(Telma)

A VAIDADE EM PRIMEIRO LUGAR

Era quarta-feira, dia chuvoso. Havia poucos alunos na sala ampla, arejada e bem cuidada. Só havia alguns tacos que insistiam em não parar no lugar. Fazia um pouco de frio. Os alunos estavam encolhidos na carteira e não conversavam muito. Já sabiam que naquele dia seria a regência da estagiária. Na aula que antecede a regência, a professora da sala costuma passar um “sermão” nos alunos para que eles se comportem, para que não dêem trabalho, que um dia eles passarão pela mesma ou por uma situação parecida, etc.

Quando eles entraram eu já estava sentada em um canto da sala e a estagiária já tinha preparado todo o material. Tudo impecável. Ela era impecável. Sempre muito elegante em seus saltos altos, calças justas, colares, brincos, todos os adornos possíveis. Quando falei em sala das normas, do vestuário, da postura de um estagiário, essa mesma aluna me disse:

- Professora, eu só me visto assim. Não consigo mudar. Isso não vai atrapalhar o andamento da aula.

Pensei bem, refleti e cheguei à conclusão de que não se consegue mudar o perfil de uma pessoa. Se ela é acostumada a andar de saltos o dia todo, esse tipo de calçado é confortável para ela. Por isso, não me importei. A roupa era um pouco extravagante, mas não era nada sensual a ponto de eu precisar repreendê-la. A aula começou, e como a estagiária era muito dinâmica, ela andava muito pela sala, gesticulava, pedia para que os alunos repetissem, que respondessem suas perguntas. Estávamos todos prestando atenção quando, ao virar para o quadro rapidamente, o salto da estagiária enroscou em um dos tacos soltos. Ficamos atônitos. Aquele segundo pareceu durar horas. Fiquei esperando a queda. Alguns alunos taparam a boca, outros gritaram, outros riam. Levantei da cadeira e, antes de chegar até a moça, ela se segurou e não caiu. Que susto! A partir desse momento a aula não foi mais a mesma. Os alunos não paravam de comentar. Ela não conseguiu mais ter o todo da sala e, consequentemente, ficou nervosa. Que pena! Ela estava indo tão bem. Ela pediu para que eu não a avaliasse naquele dia. Disse que daria uma outra aula para a avaliação. Fiquei imaginado como ela estaria vestida na próxima avaliação. Será que ela usaria outro salto daquela altura? (Alessandra)

ACERTANDO O PASSO

Manhã de quarta-feira da primeira semana de agosto. Eu e nove estagiários do 3º. Ano do curso de Letras nos encontramos no colégio estadual em que os alunos fizeram o estágio de observação a fim de darmos nosso feedback. Além de nós e das duas professoras colaboradoras, estavam presentes a vice-diretora e uma supervisora, candidatas à direção e vice-direção. Apesar do convite, as outras supervisoras e a diretora não puderam comparecer.

Era um momento histórico. Estávamos fazendo esta atividade pela primeira vez. Todos ansiosos, apreensivos e esperançosos de que o diálogo daquele momento pudesse criar novas oportunidades para os professores (em formação e em exercício), para os alunos e para a comunidade escolar.

Fizemos um semi-círculo na sala e colocamos no quadro o pôster feito pelo grupo. A exposição oral começou com a minha explanação sobre o objetivo da reunião e uma breve descrição das atividades que envolvem o estágio supervisionado de 3º. e 4º. anos.

O pôster estava caprichado, os alunos estavam preparados para falar e os participantes com vontade de ouvir e querendo interagir. Foi na avaliação da reunião que pudemos ressaltar a proposta do Projeto Parceria Universidade- Escola e que tivemos o aceite da escola para o desenvolvimento da proposta. Apesar de estar presente na escola por vários anos, aquele foi o início da construção de uma parceria em que os professores colaboradores, a direção, os estagiários, a supervisora de estágio se comprometiam com a formação e, principalmente, com a qualidade do ensino na escola. Foi realmente muito produtivo.

Conseguimos abrir portas, janelas, fechaduras e o interesse da escola em ter projeto interdisciplinar com a prática de ensino de diferentes licenciaturas. Foi um sucesso! Foi uma realização e tanto. Anos de investimento para chegarmos a isso e fiquei extasiada. Saí dali querendo ligar para todo mundo para compartilhar minha felicidade.

ADORÁVEL BAGUNCEIRO!

Chego ao local do estágio. Uma bela manhã fria e ensolarada de junho. Escola profissionalizante na saída da cidade. A sala onde minhas duas alunas fazem sua regência é muito ampla e bem iluminada – mais parece um pequeno auditório. As carteiras são confortáveis – azuis e almofadadas, e uma velha televisão no canto!

Sento-me num canto onde possa ter uma boa visão das minhas alunas e dos educandos. Elas recebem seus alunos com simpatia. Um por um olha para mim e pergunta a elas “Quem é professora? Vai dar aula prá gente, também?”. São dezoito alunos no total, que se sentam espalhados pela sala. As estagiárias começam perguntando aos alunos as profissões que foram ensinadas na última aula. Alguns respondem prontamente, outros conversam sobre outras coisas. A aula prossegue com um constante movimento saca-rolhas: as professoras perguntam, perguntam, perguntam. Poucos respondem. Cansa só de assistir!!! Fico me perguntando até que ponto um curso inserido numa escola profissionalizante, onde a língua inglesa é apenas dada com um mini-curso, contribui efetivamente para a formação do aluno. Que contribuição trará? O que ficará? Ficará algo??

O interesse de alguns alunos me impressiona de verdade. São os mais bagunceiros, mas os mais participativos. Alguns fazem associações com as palavras que vêem nos games – “professora, lá tem ézi, médium e hard. Então hard é difícil?”. O garoto está aprendendo. Mas seria esse o melhor caminho para sua aprendizagem? Outros alunos estão distantes. Não se sentem envolvidos na aula. Cabeça abaixada sobre a carteira, a mensagem no celular, o retoque na maquiagem...

A discrepância de conhecimentos e a heterogeneidade estão presentes em qualquer ambiente. Seriam esses problemas de fato? Ou aspecto inerente ao trabalho? Volto a observar o grupinho bagunceiro. Eles continuam contribuindo para que a aula prossiga. Não consigo deixar de sentir simpatia por eles!

As palavras sunset e sunrise aparecem no texto. “Professora, o que é sundown?” Novamente o conhecimento de mundo vem para a sala. O aluno bagunceiro fica feliz por ter descoberto o que descobriu na aula de hoje – as palavras do game e o nome do protetor solar. Agora ele sabe mais inglês!

AFINAL, QUEM MANDA AQUI?

Os alunos começam a entrar nas salas ruidosamente, logo após o intervalo. É possível escutar altos e agudos assovios e ver alunos se empurrando enquanto cruzam o apertado e escuro corredor que os leva à suas salas. As alunas-professoras entram na sala de aula junto comigo (o supervisor) e com a professora “titular” da turma. Procuro me acomodar mais ao fundo, junto à turma mais agitada e dispersa da sala. Não há cadeiras nem mesas disponíveis, mas um aluno se apressa a me dar a sua própria cadeira e a buscar um novo lugar para si. Simpático, penso eu, ainda há lugar para gentilezas. Agradeço, meio sem jeito por causar algum tipo de transtorno aos alunos, mas eles não parecem se importar.

Não faz calor, tampouco frio. O clima é um fator neutro (positivo, talvez?) e não parece causar nenhum problema à experiência de ensino que as alunas-professoras estão prestes a vivenciar. Muitas bolinhas de papéis voam pela sala em meio ao ambiente caótico que se instaura nos minutos iniciais da aula. Mas, os alunos aos poucos dão sinais de que percebem o começo da aula e iniciam um processo lento e gradativo de acomodação. É uma rotina à qual se submetem dia após dia, mas aparentemente sem se sentirem totalmente confortáveis. A escola parece um lugar ao qual precisam se adaptar e se acostumar, mas que talvez não tenha um significado claro em suas vidas.

A professora inicia o processo da chamada, contar os alunos que estão presentes. Por orientação minha, procura não aumentar muito o tom de voz enquanto chama os nomes dos alunos. A estratégia parece dar certo, pois ouvem-se menos gritos de “presente!!!”, ou “não vem mais!!!”. Fico pensando, por que razão um aluno não viria mais? Terá começado a trabalhar? Mudou de turno? Cansou-se da escola? O que motiva um aluno a seguir estudando, ou a abandonar os estudos? A professora inicia sua aula procurando contextualizar o tema, torná-lo mais próximo dos alunos. O assunto é a família, seus membros, sua estrutura. Assunto delicado, penso eu. Como serão as famílias destes alunos? Como se sentem em