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No âmbito de nossa pesquisa, analisaremos de modo mais aprofundado o envolvimento de sujeitos sociais, usuário ou profissionais Mas, os depoimentos indicam

SUS % LEITOS DO

SUS LEITOS POR 1000HAB. RJ 15.420.450 38 7.002 18,56 0,45 PE 8.486.638 15 2.943 7, 80 0,35 SP 39.827.690 57 12.343 32,72 0,31 AL 3.037.231 5 880 2,33 0,29

RN 3.013.740 5 747 1.98 0,25 PR 10.284.503 152 400 6,36 6,36 GO 5.647.035 11 1.201 3,18 0,21 PB 3.641.397 5 700 1,86 0,19 ES 3.351.669 3 595 1,58 0,18 10° SE 1.939.426 2 320 0.85 0,16 11° MG 19.273.533 21 2.889 7,66 0,15 12° SC 5.866.487 4 760 2.01 0.13 13° TO 1.243.627 1 160 0,42 0,13 14° CE 8.185.250 8 1.043 2,76 0,13 15° PI 3.032.435 2 360 0,95 0,12 16° MA 6.118.995 3 662 1,75 0,11 17° MS 2.265.813 2 200 0.53 0,09 18° RS 10.582.887 6 910 2,41 0,09 19° AC 655.385 1 53 0,14 0,08 20° BA 14.080.670 7 1.051 2,79 0,07 21° MT 2.854.642 2 202 0,54 0,07 22° DF 2.455.093 1 125 0,33 0,05 23° AM 3.221.940 1 126 0,33 0,04 24° PA 7.065.573 1 56 0,15 0,01 Total 181.552.919 216 37.728 100 0,21 Total Brasil 183.989.711 0,21

Fontes: Área Técnica de Saúde Mental/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE – Estimativa Populacional 2008.

Ao analisarmos os resultados de três estados da região nordeste em destaque na tabela, obtemos algumas indicações interessantes. Ponderando sobre a quantidade de hospitais psiquiátricos em relação à população total, constatamos que apesar do estado da Paraíba (PB) ter uma população um pouco mais numerosa do que a de nosso estado (RN), ambos possuem a mesma quantidade de hospitais psiquiátricos. Esse dado da realidade nos instiga a pensar sobre a constituição da rede de atenção psicossocial, em particular, no município de Natal. Destacamos que dentre os 05 (cinco) hospitais psiquiátricos do RN, (03) três estão localizados na capital, revelando a difícil realidade da maioria das cidades dos interiores do estado, que não oferecerem atenção necessária para aqueles sujeitos em sofrimentos psíquicos quando se encontram em momentos de crise, ou até mesmo serviços de atenção básica. Ademais, o fato de a capital contar com (03) três hospitais psiquiátricos não implica necessariamente a oferta de um atendimento satisfatório. A atual polêmica em torno do fechamento de parte das alas do HJM põe a nu as más condições sanitárias e de trabalho destes hospitais. Some-se a isto o fato destes três hospitais terem que responder as demandas da capital e de sua região metropolitana e também aquelas advindas do interior do estado, onde grande parte das cidades não disponibiliza serviços básicos de atenção em saúde mental, sobrecarregando toda rede psicossocial da capital.

Apesar da população do Ceará ser quase três vezes maior que a do estado do Rio Grande do Norte (RN), este primeiro estado apresenta um percentual de leitos psiquiátricos/1000 habitantes bem inferior ao apresentado pelo RN. Esses números nos apontam elementos que descortinam a forma como vem se materializando o processo de reforma psiquiátrica em nosso Estado. O Rio Grande do Norte ainda apresenta um elevado número de leitos psiquiátricos, contrariando o objetivo almejado: a desinstitucionalização, indicando, haver provavelmente, um ritmo lento no processo de reforma psiquiátrica. Percebam que, dentre os 24 (vinte e quatro) estados pesquisados, o RN ocupa o 5º(quinto) lugar no ranking. Esta posição aparentemente positiva exprime, na verdade, uma contradição flagrante. Efetivamente, a reforma psiquiátrica objetiva reduzir o número de leitos em hospitais psiquiátricos. Todavia, no Rio Grande do Norte, a diminuta oferta de vagas em hospitais psiquiátricos não se acompanha de uma ampliação e melhor qualidade dos serviços que devem compor a rede de atenção psicossocial. Deste modo, é comum a superlotação das unidades hospitalares, além da sobrecarga dos ainda diminutos serviços substitutivos, que findam por assegurar parte da demanda, sem dispor de condições efetivas para tal.

Os números da tabela abaixo evidenciam ainda as discrepâncias com relação aos serviços oferecidos pela rede de atenção psicossocial, em especial os centros de atenção psicossocial.

Número de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) por tipo e UF e Indicador CAPS/100.000 habitantes

Brasil – 31 de janeiro de 2009

UF População CAPS I CAPS II CAPS III CAPSi CAPSa

d Total Indicador CAPS /100.000 hab Paraíba 3.742.606 26 9 2 7 5 49 0,99 Sergipe 1.999.374 18 3 2 1 2 26 0,90 Alagoas 3.127.557 33 6 0 1 2 42 0,82

Rio Grande do Sul 10.855.214 56 33 0 11 15 115 0,80

Ceará 8.450.527 34 27 3 5 13 82 0,79 Santa Catarina 6.052.587 36 13 0 6 7 62 0,73 Rio Grande do Norte 3.106.430 9 10 0 2 5 26 0,69 Rondônia 1.493.566 10 5 0 0 0 15 0,67 Mato Grosso 2.957.732 25 1 0 1 5 32 0,66 Paraná 10.590.169 32 25 2 7 18 84 0,65 Bahia 14.502.575 88 25 2 4 11 130 0,60 Maranhão 6.305.539 35 13 1 2 3 54 0,59 Piauí 3.119.697 18 5 0 1 3 27 0,58 Mato Grosso do 2.336.058 6 6 0 1 2 15 0,51

Sul Minas Gerais 19.850.072 65 41 8 8 8 130 0,51 Rio de Janeiro 15.872.362 30 37 0 12 15 94 0,50 São Paulo 41.011.635 50 68 16 23 46 203 0,45 Pernambuco 8.734.194 14 17 1 4 10 46 0,45 Espírito Santo 3.453.648 5 7 0 1 3 16 0,39 Goiás 5.844.996 8 13 0 2 3 26 0,38 Tocantins 1.280.509 5 2 0 0 0 7 0,35 Pará 7.321.493 14 11 1 1 4 31 0,33 Amapá 613.164 0 0 0 0 2 2 0,33 Acre 680.073 0 1 0 0 1 2 0,29 Roraima 412.783 0 0 0 0 1 1 0,24 Distrito Federal 2.557.158 1 2 0 1 2 6 0,22 Amazonas 3.341.096 0 2 1 0 0 3 0,10 Brasil 189.612.814 618 382 39 101 186 1326 0,55

Fontes: Área Técnica de Saúde Mental/DAPES/SAS/MS e Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística/IBGE – Estimativa Populacional 2008. Nota 1 - O cálculo do indicador CAPS/100.000 hab., considera que o CAPS I dá resposta efetiva a 50.000 habitantes, o CAPS III, a 150.000 habitantes, e que os CAPS II, CAPSi e CAPSad dão cobertura a 100.000 habitantes. Nota 2 - Parâmetros : Cobertura muito boa (acima de 0,70), Cobertura regular/boa (entre 0,50 e 0,69), Cobertura regular/baixa (entre 0,35 a 0,49), Cobertura baixa (de 0,20 a 0,34 ), Cobertura insuficiente/crítica (abaixo de 0,20 ).

A partir da análise dos dados, podemos notar os limites do processo de reforma no Rio Grande do Norte. Com efeito, o Estado da Paraíba (PB), desponta com uma quantidade de 26 (vinte e seis) CAPS I, ou seja, uma oferta três vezes maior se comparada aos dados de nosso estado. A tabela nos mostra como os serviços oferecidos pela rede psicossocial ainda são escassos e em sua maioria concentram-se em serviços de menor porte, a exemplo dos CAPS I e II. Ressaltamos que estes não possuem condições de serem inteiramente substitutivos63.

63Os serviços substitutivos são pensados para se constituir enquanto rede, que compreende dispositivos

Enfatizamos que nosso Estado não dispõe de CAPS III64, aqueles responsáveis pelo

acolhimento dos sujeitos em sofrimento psíquico em situações de crise. Diante da realidade posta, a concretização do processo de reforma parece obstada. A quem recorrer em momentos agudos de crise? Se há um número reduzido de serviços alternativos, principalmente daqueles de maior complexidade, “não resta” outra via se não a velha forma, reforçando modos tradicionais de tratar os inúmeros sofrimentos psíquicos: o Hospital Psiquiátrico. O que contraria os objetivos da atual política em saúde mental.

A ausência de serviços realmente substitutivos em saúde mental põe em risco o trabalho de outros serviços dessa mesma natureza, contudo, com capacidade para níveis de complexidade inferiores. Por exemplo, um usuário potiguar que freqüenta um CAPS há três anos ou mais, ao entrar em quadro de crise, não resta alternativa à família senão o hospital psiquiátrico, pois em nosso Estado não há serviço substitutivo para atender demandas em casos de internação. O que fazer com este sujeito em agudo sofrimento? Como desfazer a necessidade de um hospital psiquiátrico? Como falar em desinstitucionalização, desospitalização, reinserção social? Em um quadro tão adverso quanto o dos tempos atuais, que segrega, discrimina, violenta, estigmatiza o diferente.

Interessante perceber que, em Natal, o processo de reforma tem sido marcado por contradições, com avanços e recuos. No depoimento da coordenadora municipal de saúde mental, a qual participou ativamente da criação dos primeiros centros de atenção psicossocial este movimento aparece claramente. Buscar os determinantes deste processo supõe situá-lo no contexto sócio-econômico e político vivenciado pelo Brasil, com suas particularidades no município de Natal. Com efeito, a criação do primeiro CAPS em Natal coincide com as contra- reformas implementadas a partir a partir de 1994, em nome do controle da inflação, tendo na mudança na moeda nacional – o real – seu fato mais marcante, ou sua expressão fenomênica. Tais contra-reformas reduziram a capacidade de investimento dos governos, sobretudo, no campo das políticas sociais, em particular, nas políticas de saúde. Poderíamos nos referir a uma crise na reforma, em Natal?

Os depoimentos e análises acima evidenciam aspectos do processo de reforma em Natal. Para adentrarmos na realidade desse processo no contexto local, propomos o exercício da crítica e o exame das possibilidades concretas para materialização da mesma em nosso município através da análise da rede de atenção em saúde mental, em sua configuração atual.

64 Ressaltamos aqui dados oficiais do ministério da saúde não contabiliza, ainda, o único serviço desta

2.4. OS CAPS E A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: LIMITES E CONTRADIÇÕES NA CONSTITUIÇÃO DE UMA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

De acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde do Brasil, a nova forma de