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Gil (2008) define o método como um caminho para de chegar a determinado fim, através de um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos para se atingir o conhecimento. Para Kaplan, Hegenberg e Mota (1972) a metodologia teria como finali- dade a descrição e análise dos métodos, demonstrando sua utilidade, e indicando suas potencialidades e áreas nebulosas.

O método de pesquisa empregado envolveu um estudo descritivo, numa pesquisa positivista. Martins (1997) considera que a pesquisa positivista utiliza como técnica de investigação os estudos descritivos, buscando descrever as características de determinada população ou fenômeno e o estabelecimento entre variáveis e fatos. Ainda segundo o autor, o tratamento dos dados é realizado através da aplicação de técnicas estatísticas e a validação dos resultados apoiada em níveis estatísticos de significância.

O método utilizado para a análise das relações entre as variáveis será a correlação canônica. A análise de correlação canônica é um procedimento estatístico multivariado

que verifica a estrutura de relações existentes entre dois conjuntos de variáveis (ABREU; VETTER; FAISSOL, 1978). É caracterizada por Spacov (2000) como uma generalização da análise de regressão linear, ao buscar o conjunto de correlações máximas entre dois vetores de variáveis aleatórias, enquanto a regressão linear encontra a correlação máxima entre uma única variável aleatória e um vetor destas.

Basicamente, a técnica resume a informação de cada conjunto de variáveis-resposta em combinações lineares, sendo que a escolha dos coeficientes dessas combinações é feita tendo-se como critério a maximização da correlação entre os conjuntos de variáveis-resposta. Essas combinações lineares construídas são denominadas de variáveis canônicas, enquanto que a correlação entre elas é chamada de correlação canônica. Essa correlação mede o grau de associação existente entre dois conjuntos de variáveis. Denominando os conjuntos de variáveis por p e q respectivamente, o número de correlações canônicas é igual ao menor número de variáveis no conjunto p ou q e sua magnitude decresce com a ordem que foram estimadas. (CRUZ; REGAZZI, 1997).

No estudo temos quatro conjuntos de variáveis, sendo três relacionados a Governança Corporativa (Estrutura de Propriedade, Conselho de Administração e Emissão de ADR’s) e o último relacionado ao Desempenho Organizacional das empresas coletadas na amostra. Desta forma, será verificada a existência de correlação canônica entre cada um dos grupos de variáveis de governança e o grupo de variáveis de desempenho organizacional.

Trabalhos recentes utilizaram o método análise de correlação canônica em amostras de empresas da BM&FBOVESPA. Cunha et al. (2013) buscaram verificar se houve reflexos estatisticamente significativos nos indicadores contábeis após a promulgação da Lei n.º 11.638 (2007) que alterou a Lei das Sociedades Anônimas, impondo alterações significativas, entre elas a adoção das normas brasileiras de contabilidade em conformidade com as normas internacionais, implicando em diversas mudanças nas demonstrações contábeis. A coleta dos dados ocorreu por meio das Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) de 2000 a 2008 disponibilizadas no sítio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tendo como amostra 16 empresas listadas na BM&FBovespa classificadas no setor de consumo cíclico, no subsetor tecidos, vestuário e calçados, segmento fios e tecidos que possuíam todas as DFPs do período de 2000 a 2008. Aplicaram-se as técnicas estatísticas de regressão linear e de correlações canônicas e os resultados mostraram que há correlação canônica estatisticamente significativa entre os indicadores contábeis antes e depois da promulgação da citada Lei. Desta forma, os autores puderam concluir que, de maneira geral, de acordo com as empresas pesquisadas, os indicadores contábeis não sofreram alteração estatisticamente significativa pelo fato de as demonstrações contábeis serem elaboradas atendendo aos novos preceitos.

Ainda utilizando o método de correlação canônica, Beuren e Almeida (2015) buscaram identificar o impacto da adoção de normas internacionais de contabilidade, sob a lente da Teoria da Estruturação, na área de controladoria de empresas do Novo Mercado

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da BM&FBovespa. Das 118 empresas participantes do segmento, 36 responderam aos questionários, enviados aos controllers e/ou pessoas da controladoria que participaram do processo de adoção destas normas, e constituíram a amostra. Os questionários continham quatro blocos, sendo o primeiro de identificação e os demais cada um com quatro perguntas, sendo um bloco para avaliar a significação, outro para a dominação e um terceiro para a legitimação. Os resultados apontam que o processo de convergência impactou na estrutura da controladoria, e a ação se refletiu nesta estrutura, sendo que novas regras sociais e recursos influenciaram a ação dos gestores, por meio da discussão e do poder de influência, legitimando novas normas e valores. Os autores concluíram que o processo de adoção das normas internacionais de contabilidade impactou a área organizacional da controladoria e provocou a produção e a reprodução de sua ordem social.

A amostra da análise será composta por todas as empresas abertas que foram negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA Holding) no ano de 2015 e que apresentaram liquidez significativa, ou seja, as empresas que apresentarem liquidez anual maior que 0,001% do índice da empresa com maior liquidez no ano analisado. Tal seleção das empresas se deve ao fato que empresas com liquidez muito baixa possuem uma probabilidade menor de terem suas cotações adequadas ao valor de mercado (SILVEIRA, 2002). A fórmula para o cálculo da liquidez acionária (LQ) é a utilizada por diversos autores como Silveira (2002),Okimura (2003), Lanzana (2004) e é dada por:

𝐿𝑄 = 100 × 𝑝 𝑃 × √︂𝑛 𝑁 × 𝑣 𝑉 Onde:

LQ - índice de liquidez da ação;

p - número de dias em que houve ao menos um negócio com a ação no período; P - número total de dias do período analisado;

n - número de negócios com a ação no período analisado;

N - número de negócios com todas as ações no período analisado; v - volume em dinheiro negociado com a ação no período analisado;

V - volume em dinheiro negociado com todas as ações no período analisado. Com a aplicação deste critério, a amostra da pesquisa se apresentou com 249 empresas. Apesar da amostra ser representativa das companhias da BM&FBOVESPA Holding, não será possível generalizar os resultados para a população, pois amostras não probabilísticas não garante sua representatividade (MARTINS, 2000).

Das empresas componentes da amostra inicial, tivemos vários casos excluídos por inconsistência dos dados ou pela presença de outliers. Com relação às variáveis de Desempenho Organizacional encontramos 09 (nove) empresas com inconsistência nos dados e 30 (trinta) outliers; nas variáveis de Estrutura de Propriedade foram detectados apenas 01 (um) outlier e nenhuma empresa com dados inconsistentes; com relação às variáveis do Conselho de Administração, foram 02 (duas) empresas com dados inconsistentes e 05

(cinco) outliers; e com relação às variáveis de Emissão de ADR’s, 04 (quatro) empresas apresentaram inconsistência nos dados, não sendo estas variáveis analisadas quanto a presença de outliers por se tratarem todas de variáveis dicotômicas. Como encontramos empresas com outliers em mais de uma categoria de variável, a amostra final foi composta por 200 (duzentas) empresas.

Os dados foram coletados por meio de publicações obrigatórias por lei e por órgãos reguladores como a CVM, sítios eletrônicos das empresas e sítio eletrônico da BM&FBOVESPA.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 ESTRUTURA DE PROPRIEDADE X DESEMPENHO ORGANIZACIONAL