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Como citado acima, a coleta de dados inicial se deu a partir do uso de fontes secundárias, do PPAG, dos relatórios de gestão, dos planos municipais, de folhetos de divulgação e do site da PBH. Estas foram as fontes de informação usadas para construirmos um panorama das políticas sociais, no ano de 2006, e fazer a caracterização básica das temáticas (APÊNDICE D). Tendo conhecimento do trabalho de Cortes (1998, p.25), que nos alerta quanto ao risco do material (especialmente os documentos) não responder diretamente às questões colocadas pela pesquisa, definimos pela utilização de um instrumento adicional para viabilizar a classificação dos serviços a partir da teoria de referência, ou seja, elaboramos um questionário.

O questionário construído como instrumento balizador apresenta um conjunto de questões que versam sobre a avaliação críticas dos gestores sobre sua área temática. No mesmo foram considerados, então, os conceitos oriundos do paradigma bidimensional elaborado por Fraser. Este instrumento semi-estruturado possuía tanto questões abertas fechadas, quanto abertas, como pode ser visto na cópia inserida no APÊNDICE E. As questões abertas indicadas tinham como objetivo maior nos fornecer uma compreensão mais expandida dos serviços em referência do que propriamente gerar uma classificação. A expectativa era que as classificações pudessem ser apuradas a partir das questões estruturadas. O instrumento foi composto, então, por nove questões que podem ser agrupadas em cinco blocos que possuem objetivos distintos:

− Questões 1 e 2 – Têm como objetivo obter uma descrição do serviço permitindo sua compreensão e identificação;

− Questão 3 – Apresenta os conceitos de “injustiça” propostos por Fraser (no âmbito da injustiça socioeconômica tínhamos: a exploração, a marginalização econômica; a privação – e, no âmbito da falta de reconhecimento compareceram: a dominação cultural, o não-reconhecimento, o desrespeito) com o objetivo de captar a relação dos mesmos como o objetivo do serviço, segundo a percepção do gestor.

− Questão 4, 5 e 6 – Procura identificar as características dos indivíduos que têm acesso ao serviço. Tratava-se de coletar informação complementar à questão da injustiça, indicada na questão 3, provendo informações adicionais sobre o caráter universalizante (ou não) do serviço.

− Questão 7 – Explora os problemas que o serviço pretende remediar como informação complementar à questão da injustiça indicada na questão 3.

− Questão 8 e 9 – Dedicam-se ao tema da intersetorialidade ou matricialidade do serviço em questão.

A partir do contato com profissionais de cada temática foi definida a lista de distribuição de questionários. Os questionários foram distribuídos por e-mail. Após a distribuição, os gestores foram contatados ao telefone para reforçar o pedido de apoio e de colaboração na pesquisa. A devolução foi feita por e-mail ou correio. O contato direto dos respondentes com a pesquisadora só ocorreu nos casos em que o primeiro necessitava solucionar dúvidas de compreensão. Os esclarecimentos foram fornecidos por telefone ou pessoalmente88.

O número total de questionários devolvidos soma 78, o que corresponde a 73,58% dos questionários entregues. A tabela a seguir deixa claro o desafio analítico gerado pela polissemia do termo “programa”. Veremos que, se usássemos como fonte o PPAG, o número de programas a analisar seria bem menor. Isto decorre do fato dos “programas” apontados pelos gestores estarem dispersos entre as três categorias do PPAG (programa, ação e subação). No que se refere ao folder “Prefeitura: 91 programas sociais” observamos que o número de programas que são executados pelas estruturas organizacionais selecionadas não representa somente parte dos programas citados no documento (72). Entretanto, este número ainda é menor que o de questionários entregues. Como já dissemos a entrega dos questionários foi direcionada pela indicação dos próprios gestores responsáveis pelos programas em

88 Os setores que solicitaram esclarecimentos foram: no direito de cidadania, Procon e SAIC; na saúde, atenção a criança, saúde mental e atenção e prevenção à violência doméstica; na educação, BH sem analfabetos e BH para crianças; na cultura, Beagalê. Em todos os casos os contato foi rico de informações adicionais que permitiram ao pesquisador a melhor compreensão do objeto do serviço.

tela. O folheto algumas vezes aglutinava programas sob um único título ou, em outros, o omitia. Estas são algumas das causas identificadas. A falta de clareza quanto à definição do universo não nos permite, então, apurar a representatividade exata da amostra. De toda forma este fato não invalida a nossa análise, tendo em vista a opção que fizemos pelo método GoM, a ser explicado a seguir.

Tabela 1 – Número de Programas Sociais da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte em 2006 Pesquisa Temática PPAG 2006- 2009 Programas finalísticos (código e nome) Folder:“Prefeitura 91 Programas Sociais” (número, nome) Questionários entregues (nome) Questionários respondidos (número, nome) Política Social 4 51 4 4 Abastecimento 6 9 15 8 Assistência Social 4 27 30 28 Direitos de Cidadania 3 6 12 8 Esportes 2 5 10 5 Educação 5 11 7 6 Saúde 4 7 13 7 Cultura 5 2 15 12 Total 33 72 106 78

Fonte: Elaboração própria

Notas: 1. O BH Cidadania é citado no folder como um eixo de trabalho e não como um programa não tendo sido contado entre os 91 programas.

Ainda uma palavra sobre os questionários respondidos: observamos que nem sempre o respondente atendeu exatamente à orientação previamente dada; em alguns casos o nome do programa é modificado, em outros eles aglutinam ou desmembram o programa. Destacamos que figuram entre os questionários respondidos alguns que tratam de “equipamentos” mesmo que nossa solicitação não incluísse os mesmos, mas sim seus respectivos “programas”. Acreditamos que isto se deva a uma certa confusão entre o “programa” e “equipamento”, os dois parecem se confundir sob a visão de alguns gestores. Destacamos que as respostas em branco foram avaliadas caso a caso, sendo atribuída uma resposta a cada uma delas a partir da leitura geral do questionário (em alguns casos estavam acompanhadas de anotações dos respondentes que facilitaram nossa classificação) e do material informativo sobre o programa, portanto, não serão encontrados dados em branco ou não preenchidos na base de dados usada para esta análise. A freqüência de respostas em branco variou entre as questões nunca ultrapassando 11,5% da amostra (índice observado n. Nos 36 itens do questionário que tinham resposta estruturada a média de resposta em branco por item é de 3, o que corresponde a 3,8%.