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CAPÍTULO IV PERCURSO DA INVESTIGAÇÃO

4.5. Técnicas e Instrumentos de Análise de Dados

É sabido que as técnicas e instrumentos de tratamento de dados têm como primordial objetivo responder aos questionários que deram origem à investigação. Essas repostas podem trazer associadas um conjunto de fatos inesperados para os próprios investigadores, decorrentes principalmente da complexidade do próprio objeto em estudo e das crescentes reformas no sistema educativo. Além disso, cada investigador tem a sua forma de ver, analisar e compreender os dados recolhidos.

Partindo dos aspetos referidos, Morgado (2013, p.94) considera que existem dois tipos distintos de análise:

“– Análise Estatística – circunscrita aos dados de natureza mais quantitativa, recolhidos, por normas, através de questionários;

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– Análise de Conteúdo – para trabalhar dados qualitativos, obtidos através de outros métodos de recolha – entrevistas, observação, notas de campo, entre outras – que se integram no âmbito do estudo de casos”.

A opção que seguimos inscreveu-se numa metodologia de cariz qualitativo e socorreu-se de uma análise de conteúdo da informação recolhida através das entrevistas, da observação não participante e dos documentos recolhidos (análise documental), uma vez que pretendíamos não só conhecer os procedimentos dos professores, mas também os significados que atribuíam às ações que desenvolviam.

Na verdade, através da pesquisa científica conseguimos chegar à compreensão dos fenómenos para os quais procuramos respostas. Daí a pertinência das opiniões de Rosa e Arnoldi (2006) e Luna (1988, apud Júnior & Júnior, 2011, p. 238), ao considerarem a pesquisa como “uma atividade de investigação capaz de oferecer e, portanto, produzir um conhecimento novo a respeito de uma área ou de um fenômeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe”.

4.5.1. Análise de Conteúdo

Existem diferentes técnicas e instrumentos de análise de dados que podem ser usados numa pesquisa, mas a mais praticada nos trabalhos acadêmicos é a analise de conteúdo, que Bardin (1995, p.46) esclarece em comparação com a análise documental:

“(…) a documentação trabalha com documentos; a análise de conteúdo com mensagens (comunicação); a análise documental faz-se, principalmente por classificação-indexação; a análise categorial temática é, entre outras, uma das técnicas de análise de conteúdo; O objetivo da análise documental é a representação condensada da informação, para a consulta e armazenagem; o da análise de conteúdo, e a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão desse conteúdo), para evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a da mensagem”.

Como refere Bardin, (2011, p. 51), a análise documental pode ser definida como “uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob a forma diferente do original a fim de facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciação”. Neste sentido, a análise documental foi também uma técnica importante e complementar das informações recolhidas pela observação e pelas entrevistas. Neste processo, procuramos identificar informações que nos permitissem compreender as práticas curriculares dos professores no ensino

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pré-escolar ao ensino secundário em Timor-Leste. Ao falarmos da definição, Pacheco (2006, p. 107-108) cita três autores que salientam a definição da análise do conteúdo:

1. “Stemler (2001), a análise conteúda é “uma técnica sistemático e replicável para cumprir muitas palavras de texto em poucos categorias conteúdas, baseada em regras explicitas de codificação”

2. Berelson e Lazarsfeld (1952) definiram a Análise documental com “uma técnica de investigação para a descrição objectiva, sistemática, e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação”.

3. Holsti (1968), a análise conteúda como “uma técnica para fazer inferências por identificação sistemática e objetiva das características específicas de uma mensagem”. Em conformidade com Pacheco (Ibid., p.108) nota-se que as três diferenças mais importantes em relação à definição de Berelson são: “quanto às finalidades (“fazer inferências” em fez de “descrição”); quanto a natureza do procedimento (“identificação sistemática e objetiva”, mas já não necessariamente “quantitativa”); quanto ao objeto (“as características específicas da mensagem “em vez do “conteúdo manifesto”). O que não anula que outros investigadores apontem ideias contrárias a que foi descrita pela nossa investigação.

Todos os documentos que considerámos pertinentes no estudo foram recolhidos na própria escola. Os documentos disponíveis nas escolas serviram também para complementar o suporte bibliográfico da pesquisa retirada de alguns sites ligados ao Ministério da Educação.

Provavelmente, esta técnica seja escolhida por ter como particularidade transformar os dados brutos em dados interpretáveis. Para isso, o investigador tem que ter habilidades e competências para exercer tal feito. Flick (2009) diz que é através de técnicas mais ou menos refinadas que a análise de conteúdo é realizada, além de servir para fazer as interpretações logo após a recolha de dados. A análise de conteúdo também tem o papel de estruturar, planear e sintetizar os dados para facilitar a compreensão das respostas dos problemas investigados. Ratificando essa ideia,Romero (1991, p.15) defini a análise de conteúdo como uma:

“utilização de métodos, técnicas e instrumentos que, indistintamente, são usados pelos investigadores da informação e da comunicação para analisar e explicar objetiva, sistemática, quantitativa e qualificativamente as formas e os significados das ideias, palavras, imagens e factos atuais que, protagonizados e difundidos pelo homem, podem provocar – e realmente provocam – reações sociológicas e psicológicas nas audiências que são recetoras daquelas ideias, palavras, imagens e acontecimentos”.

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Regra geral, a análise de conteúdo inclui as seguintes etapas (2011): a definição dos objetivos e do quadro de referência teórico; a constituição de um corpus; a definição de categorias e unidades de análise; a quantificação (quando necessária) e a Interpretação dos resultados obtidos. Diante das etapas apresentadas, logo após as entrevistas, foram feitas as transcrições e uma leitura flutuante que nos desse base para as interpretações e análises a que nos propomos.