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CAPÍTULO IV METODOLOGIA

4.1 Técnicas de investigação usadas

Para a definição de um itinerário turístico-cultural é necessário, antes de mais, um estudo do que se pretende valorizar e destacar no território de estudo. Para isso, definiu-se a metodologia a usar, que de acordo com Herman (1986: 5), citado por Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (2012: 15) é “um conjunto de diretrizes que orientam a investigação científica”. Assim, recorreu-se a fontes primárias e secundárias de forma a alcançar o objetivo definido para a presente investigação.

No que diz respeito às fontes secundárias, na pesquisa bibliográfica recorreu-se a livros, artigos, documentos, sites e outras fontes científicas que ajudaram inicialmente a definir os conceitos-chave e a compreender os diferentes paradoxos da investigação. Ao mesmo tempo, foi possível revelar importantes informações que permitiram caracterizar o território em estudo, bem como, evidenciar a falta de dados sobre o potencial turístico da área interior do município de Vila Nova de Gaia. As leituras possibilitaram também fazer um balanço prévio do problema de partida e fazer um enquadramento de abordagem a entrevistas.

Relativamente a estas, para além de uma efetiva interação no terreno, esta técnica contribuiu para tomar em atenção outros aspetos da investigação que, de outra forma, não seria possível, tais como alargar e retificar o campo de intervenção.

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Em termos de fontes primárias, foi realizado trabalho de campo no período de agosto de 2013 a agosto de 2014, com visitas às freguesias e lugares em estudo e foi efetuado um levantamento fotográfico, aquando da participação em algumas atividades organizadas pelas entidades locais. Nestas visitas, de marcação prévia, percorreu-se as áreas em estudo acompanhados por moradores que proporcionaram visitas guiadas. As atividades em que se participou compreendem:

 Festival Animario;

 Caminhada Entre o Douro e o Uíma organizada da Associação de Solidariedade Social de Lever;

 visita guiada à Companhia de Fiação de Crestuma pelo caseiro Teixeira Gonçalves;  visita no dia aberto do Centro de Educação Ambiental de Lever com visita guiada às

instalações da ETAR de Lever;

 Dia Internacional da Cultura Científica com palestra do arqueólogo Dr. Gonçalves Guimarães, no Parque Botânico do Castelo;

 Caminhada Solidária Rota dos Moinhos em Crestuma organizada pela Associação Crastumia;

 Evento Descobrir Crestuma organizado pelo Movimento Social Democrático Feminino com visita ao Parque Botânico do Castelo, em Crestuma, e palestra do arqueólogo Dr. António Manuel da Silva. Esta última atividade terminou com a realização de um pequeno percurso pelo património industrial de Crestuma, com palestras da Dra. Fátima Teixeira, do Solar dos Condes de Resende e Dra. Raquel Santos, licenciada em Turismo. Foram ainda realizadas dez entrevistas semiestruturadas. De acordo com Quivy e Campenhoudt (2008), as entrevistas exploratórias não têm como objetivo a recolha de dados específicos, mas sim descobrir pistas e refletir sobre problemáticas que, de outro modo, o investigador não se teria apercebido facilmente. Assim, o entrevistado dá a conhecer as suas experiências e perceções da temática.

Entendeu-se optar por esta metodologia devido às vantagens que poderia trazer ao estudo. De acordo com Quivy e Campenhoudt (2008), as principais vantagens da utilização desta metodologia passam por permitir uma maior profundidade dos dados recolhidos para análise, e a sua flexibilidade, que se caracteriza pela pouca diretivade, respeitando a linguagem, as motivações e a sequência de ideias dos entrevistados. Como desvantagem, os mesmos

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autores também consideram o facto de nem sempre o entrevistador ser neutro na direção da entrevista e a flexibilidade, isto quando o entrevistado tem dificuldades em lidar com técnicas semi-directivas, porque, nem todos os entrevistados têm facilidade em verbalizar as suas próprias ideias. Os autores Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (2012), acrescentam às desvantagens desta metodologia, o ocultar de dados devido a medo de perder o anonimato, e o facto desta técnica poder implicar muito tempo e o conteúdo ser mais complicado de analisar.

A escolha dos entrevistados baseou-se no conceito de “testemunhas privilegiadas” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 71), ou seja, trata-se de pessoas ou associações que devido à posição, responsabilidade ou ação que desempenham, têm conhecimento da problemática em análise. Assim, a escolha inicial dos entrevistados baseia-se nos cargos de referência ocupados, tendo as restantes escolhas resultado de indicações dadas durante as entrevistas iniciais.

As dez entrevistas exploratórias realizadas para o estudo foram semiestruturadas, baseando-se num guião inicial flexível e adaptável às respostas dos entrevistados e que teve como vantagem maior a partilha de experiências (consultar guiões de entrevista nos Anexos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7). Assim sendo, as perguntas não seguiram obrigatoriamente a ordem inicial indicada pois preferiu-se possibilitar ao entrevistado partilhar e falar abertamente, consoante a sua vontade. É necessário também mencionar que aquele foi reencaminhado, sempre que necessário, nas questões para que, no final a entrevista respondesse aos objetivos inicialmente propostos. Estas serviram essencialmente para conhecer a realidade em questão, através da expressão de diferentes pontos de vista de quem conhece o território em estudo. Deste modo, devem ser vistas como um complemento à recolha de dados para a definição do itinerário.

As entrevistas tiveram como objetivo geral perceber a opinião pessoal dos entrevistados sobre a realidade turístico-cultural no município de Vila Nova de Gaia, qual a intervenção dessas “testemunhas privilegiadas” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 71) no local/património e qual o seu contributo para a promoção e divulgação do território. Desta forma, foi possível obter informação diversificada sobre a área em estudo. O guião inicial foi, por isso, adaptado de acordo com o entrevistado, sendo o mais importante, obter diferentes pontos de vista que ajudassem a compreender a problemática.

À parte da entrevista realizada por e-mail ao Vereador da Câmara de Vila Nova de Gaia, todas as restantes foram realizadas no local combinado pelos entrevistados, nos edifícios da sede das instituições que representavam ou em escritórios profissionais, tendo sido realizado um

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contacto prévio por telemóvel e e-mail. Salienta-se o facto de todos os entrevistados serem do sexo masculino e de ter sido mostrada disponibilidade imediata por parte de todos os entrevistados em contribuir para o estudo. A duração média das entrevistas foi de 45 minutos, num ambiente calmo, necessário para a qualidade da realização das entrevistas, tendo sido as entrevistas presenciais gravadas.

Relativamente à estrutura das entrevistas, estas foram cuidadosamente preparadas e divididas em 3 partes. Na primeira parte, eram realizadas as saudações iniciais e relembrados através de uma breve apresentação dos objetivos da entrevista, fazendo sempre referência à confidencialidade de algum dado apresentado durante a entrevista caso o entrevistado não quisesse revelado no estudo. Na segunda parte perguntou-se o nome e uma breve descrição dos percursos dos entrevistados para contextualizar a sua ligação ao território e diversas questões sobre o território em estudo. Na terceira parte concluiu-se a entrevista com um agradecimento pela colaboração do entrevistado.