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6. Conferência Internacional de Estatísticos do Trabalho

6.1. International Conference of Labour Statisticians (29 October 1923)

6.1.8. Exposição a acidentes e exposição ao risco

6.1.8.1. Taxa de Gravidade

As taxas de acidentes conforme definidas acima não eram suficientes por si só, pois não davam nenhuma indicação acerca da perda económica resultante desses acidentes. Uma única morte podia, muitas vezes, provocar uma perda económica muito maior para a família da vítima ou para a comunidade, do que um grande número de incapacidades temporárias menores. No cálculo das taxas de acidentes, ambas as classes de danos contavam para um mesmo valor e o risco de acidente numa indústria em que a proporção de acidentes fatais ou severos era grande, como por exemplo a mineração, podia ser muito diferente do risco noutra indústria em que a proporção de acidentes era muito pequena, no entanto, as taxas de frequência podiam ser idênticas em ambas as indústrias. Houve, por isso, a necessidade de calcular taxas de gravidade que expressassem o risco de acidentes em termos de dias de trabalho perdidos como consequência do acidente. A base era a mesma das taxas de acidentes, ou seja, trabalhador a tempo inteiro ou mil horas de exposição.

Era, pois, necessário saber quanto tempo cada vítima de um acidente industrial ficou incapacitado de trabalhar, e para isto era necessário separar em categorias principais de: fatalidade, incapacidade permanente e incapacidade temporária. No caso de incapacidades temporárias o cálculo das taxas de gravidade não implicava grandes dificuldades, uma vez que a duração da incapacidade em termos de dias de trabalho era geralmente conhecida. (International Labour Office, 1923)

No caso de acidentes fatais, a única medida que podia ser adotada era a do tempo durante o qual a pessoa lesada teria sido capaz de desempenhar o seu trabalho, caso o acidente não tivesse ocorrido. Sendo a perda de tempo de trabalho, no caso de incapacidade total permanente, equivalente à esperança média de vida útil, devia ser dado o mesmo peso de gravidade a estes casos quanto aos casos fatais. Quando o trabalhador estava parcialmente incapacitado para a vida, o método de cálculo da perda de tempo de trabalho era mais difícil. A prática geral era assumir que o tempo perdido era proporcional ao grau de incapacidade, cuja determinação foi abordada na secção anterior. Assim, se fosse decidido que o grau de incapacidade causado por um acidente era de 30 por cento, então, era considerado tempo perdido 30 por cento da esperança média de vida útil. (International Labour Office, 1923)

As taxas de gravidade eram usadas apenas, daquilo que se sabe, na Suécia e em alguns dos Estados da América do Norte. Os métodos aplicados nestes dois países diferiam um pouco; tendo em conta a novidade e a importância destas taxas, talvez

fosse aconselhável explicá-los um pouco mais. Nos Estados Unidos, para citar o relatório oficial:

“Não existe nenhum registo americano que mostre a idade média em que os trabalhadores industriais deixam de ser empregados, ou o número de anos produtivos que um trabalhador assalariado pode racionalmente antecipar. Na ausência de tais registos, a sua comissão foi forçada a confiar no julgamento pessoal, supervisionado e guiado por várias investigações especiais. A esperança média de vida útil é uma função da mortalidade e da reforma; é menor que a esperança média de vida no intervalo entre reforma voluntária e reforma obrigatória do emprego remunerado e da morte. É bem-sabido, no entanto, que a esperança de vida da nossa população industrial está significativamente abaixo da esperança de vida experienciada pelas companhias de seguros de vida. Enquanto que as evidências das estatísticas de acidentes, tal como o conhecimento comum, mostram que relativamente poucos trabalhadores assalariados se mantêm na indústria depois dos 55 anos. No geral, parece razoável supor que a esperança de vida útil, entre as idades de 20 e 50, é cerca de dois terços da esperança de vida total apresentada pela American Experience Table. A experiência em termos de indemnização de vários Estados indica que a média de idade das pessoas vítimas de lesões fatais provocadas por acidentes industriais é de aproximadamente 33 anos. A Comissão adotou, portanto, 20 anos ou 6.000 dias de trabalho, como a média do grau de gravidade dos acidentes fatais…”

No caso de incapacidade temporária, era a duração real da incapacidade em termos de dias de trabalho... Para uma incapacidade parcial permanente a variante de peso era uma parte alíquota de 6.000 dias de trabalho, proporcional ao grau médio de incapacidade resultante do comprometimento corporal em causa.9 (International

Labour Office, 1923)

Na Suécia foi realizado um estudo especial com base em 15 anos de experiência em estatísticas de acidentes e mortalidade, e a esperança média de vida útil foi calculada em 24,13 anos no período de 1903 a 1907; 25,17 anos para o período de 1908 a 1912; 25,00 anos de 1913 a 1917. A esperança média de vida útil foi sendo, então, estimada em 25 anos ou 7.500 dias de trabalho. O tempo perdido para incapacidade parcial permanente foi determinado pela atribuição de um certo peso a lesões específicas, partindo do princípio que o tempo perdido devido a acidentes era proporcional ao grau de incapacidade. (International Labour Office, 1923)

A diferença nas conclusões a retirar da estatística de acidentes, de acordo com as taxas de gravidade ou frequência, podia ser ilustrada pelos quadros 5 e 6 que apresentavam as taxas de frequência e gravidade na Suécia em 1918 e no Estado de Oregon em 1915-1918. Taxas de frequência e de gravidade não eram, obviamente, comparáveis entre si; a primeira era uma percentagem e a segunda uma expressão do número de dias perdidos por trabalhador a tempo inteiro. (International Labour Office, 1923)

9 United States Bureau Of Labour Statistics: The Standardisation of Industrial Accident Statistics. Bulletin

Quadro 6 – Frequency and Severity of Accidents in some Principal Industries in Sweden, 1918 (1) Fonte: 10

Quadro 7 – Frequency and Severity of Accidents in Oregon, 1915-1918 (1) Fonte:11

Destas tabelas, ver-se-á que as indústrias em que os acidentes ocorreram com maior frequência nem sempre foram aquelas em que a perda por acidentes foi maior. Na Suécia, a taxa de frequência foi aproximadamente a mesma na construção e na navegação, mas a taxa de gravidade foi mais de cinco vezes maior no último que na agricultura. No Oregon, a taxa de frequência foi quase a mesma na mineração e na

10 (International Labour Office, 1923) 11 (International Labour Office, 1923)

indústria, mas a taxa de gravidade da mineração foi quase o dobro da indústria. (International Labour Office, 1923)

6.1.9. Uniformização das estatísticas de acidentes industriais