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6. Conferência Internacional de Estatísticos do Trabalho

6.1. International Conference of Labour Statisticians (29 October 1923)

6.1.11. Taxas de acidentes

Sendo a taxa de acidentes uma fórmula meramente matemática aplicada às estatísticas, ela não dependia das diferentes legislações dos diferentes países e, portanto, devia ser possível chegar a um acordo sobre este assunto.

Taxas de Frequência

Relativamente às taxas de frequência, as recomendações do Comité Internacional Conjunto são as seguintes:

1. Para cada indústria deveria obter-se o seu risco de acidentes, i. e., a proporção entre o número de vítimas de acidentes e o número de trabalhadores expostos ao acidente;

2. O número de vítimas de acidentes seria fornecido pelas notificações dos acidentes, os registos de acidentes, e as decisões legais;

3. O número de trabalhadores expostos a acidentes seria fornecido pelo cálculo do número de trabalhadores efetivos, o número de trabalhadores a tempo inteiro, i.e., o número de trabalhadores que trabalharam 300 dias inteiros de 10 horas por dia;

4. Os dados para calcular este número seriam fornecidos pelas organizações de seguros. Nos casos em que o seguro não sendo obrigatório, não cobria todos os trabalhadores sujeitos à legislação de acidentes, cada país devia esforçar-se para fornecer as informações referentes aos trabalhadores que não tinham seguro, que estavam fora dos seus próprios registos.

Esta recomendação afirmava que as taxas deviam ser calculadas com base em trabalhadores a tempo inteiro que trabalhavam 300 dias completos de dez horas cada dia. (International Labour Office, 1923)

O Comité Americano, ao lidar com este assunto, não aprovou a definição acima e recomendou que a base não deveria ser a de 3.000 horas por ano, mas sim mil ou um milhão de horas. Isto evitava qualquer implicação de que o horário normal de trabalho fosse dez horas por dia ou que o número normal de dias de trabalho por ano fosse 300.

A recomendação era a seguinte:

As taxas de frequência de acidentes deviam ser expressas em termos de número de acidentes por 1.000.000 de horas de trabalho. A base utilizada devia ser o número

real de horas-homem por ano; ou seja, o tempo total de trabalho para todos os empregados do estabelecimento ou o departamento para o ano, reduzido ao número de horas necessárias para um homem fazer o mesmo trabalho. Isto devia ser obtido a partir de registos exatos, se existissem. Se esta informação exata não estivesse disponível desta forma nos registos, devia ser então calculada uma aproximação mediante o número de homens a trabalhar (ou contratados) num determinado dia de cada mês de um ano, e a média desses números multiplicada pelo número de horas trabalhadas pelo estabelecimento para aquele ano deveria ser o número de horas- homem, medindo a exposição ao risco naquele ano. (International Labour Office, 1923)

Infelizmente, em muito poucos casos era possível saber o número de horas trabalhadas por cada indivíduo, e mesmo a aproximação sugerida, a saber, o número de horas trabalhadas pelo estabelecimento durante o ano multiplicado pelo número médio de trabalhadores, nem sempre estava disponível. As grandes empresas, com uma boa gestão, seriam sem dúvida capazes de fornecer a informação, embora implicasse em muitos casos um acréscimo muito grande de trabalho, mas para as numerosas pequenas empresas seria impossível fornecerem a informação, como já foi observado em muitos países em que tentaram fazê-lo. Até que houvesse, portanto, uma melhoria nos registos dos estabelecimentos, a exposição a acidentes era obrigada a permanecer uma aproximação, umas vezes mais precisa outras vezes menos. Todos os países, no entanto, poderiam adotar essa unidade de exposição como uma medida desejável, e com o estado atual das coisas, talvez fosse mais fácil garantir um acordo se fosse considerado como base a do trabalhador que fizesse 300-dias de trabalho. (International Labour Office, 1923)

Taxas de Gravidade

No que diz respeito às taxas de gravidade, estas eram uma conceção moderna, desconhecida na altura em que foi criada a estrutura do Comité Internacional Conjunto. A definição destas taxas formulada pelo Comité Americano era a seguinte:

A gravidade de um acidente devia ser expressa em termos de dias perdidos por mil horas de exposição à força do trabalho, calculados de acordo com a seguinte tabela. (International Labour Office, 1923)

Quadro 8 – Scale of Severity Weights, proposed by the American Committee. Fonte:14

Aqui, a unidade básica era a mesma que nas taxas de frequência, a saber, horas de exposição, sendo as únicas diferenças que num caso se considerava um milhão de horas e noutro caso mil horas. Esta diferença era feita apenas para evitar números decimais (International Labour Office, 1923).

O princípio de que a gravidade devia ser expressa em termos de tempo perdido era, sem dúvida, a melhor expressão dos custos económicos de um acidente industrial, mas não era claro porque era que a exposição ao acidente devia ser expressa em horas e o tempo real perdido devido a acidentes expresso em dias. (International Labour Office, 1923)

A questão de o tempo real perdido ser atribuído às diferentes classes de acidentes era uma questão difícil. No que diz respeito às incapacidades totais permanentes e fatalidades, era óbvio que a única base era a perda real de vida útil (working life). O Comité Americano sugeriu que fossem considerados 6.000 dias como

14 (International Labour Office, 1923)

a perda média nestes casos, enquanto, tal como sublinhado anteriormente, cálculos cuidadosos feitos na Suécia estimaram o mesmo número em 7.500 dias. No que diz respeito ao tempo perdido devido a incapacidades temporárias, a única base sólida no caso de incapacidade total temporária era o registo do número real de trabalhadores lesados e o tempo real perdido antes do seu regresso ao trabalho, mas quando se tratava de incapacidades parciais permanentes não havia nenhum teste científico que permitisse saber sobre o que foi perdido pela indústria ou pelo trabalhador devido à redução da capacidade de trabalho, quer em termos do próprio trabalho, quer para o trabalhador ganhar a vida. A ponderação adotada em qualquer um dos casos só podia ser simples e desigual; na tabela anterior foi apresentado o esquema adotado pelo Comité Americano. (International Labour Office, 1923)

Ambas as questões, a saber, o tempo perdido por fatalidades e incapacidades totais, bem como as percentagens ou proporções a serem atribuídas às incapacidades parciais, necessitavam ainda de investigação e também debate por parte dos estatísticos dos diferentes países. (International Labour Office, 1923)