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DA TELEVISÃO DIGITAL

4 TECNOLOGIA DA TELEVISÃO DIGITAL

A Televisão Digital, no Brasil, traz avanços tecnológicos cada vez mais significa- tivos e presentes no cotidiano da população, tanto por sua tecnologia de produção e transmissão de imagem, quanto pela interatividade que, como reflexo, oferece a possibilidade de novos formatos de conteúdo.

É um sistema de radiodifusão televisiva que transmite sinais digitais em lugar dos analógicos. Mais eficiente no que diz respeito à recepção dos sinais, a transmis- são digital apresenta uma série de inovações sob o ponto de vista estético, como a possibilidade de se obter uma imagem mais larga que a atual e com um maior grau de resolução, bem como um som estéreo envolvente, além da disponibilidade de vários

programas num mesmo canal. Sua maior novidade, no entanto, parece ser a capaci- dade de possibilitar a convergência entre diversos meios de comunicação eletrônicos, entre eles a telefonia fixa e móvel, a radiodifusão, a transmissão de dados e o acesso à Internet. (Boloño; Vieira, 2004:5 )

Pesquisas indicam que 92% das residências brasileiras possuem aparelhos de te- levisão e, de acordo com decreto presidencial, até 2016, todos esses aparelhos de- verão estar adaptados para receber o sinal digital. A televisão digital que está sendo discutida e em voga nas mídias é a televisão digital aberta, a TV digital terrestre com transmissão via UHF, a qual qualquer um com uma simples antena de baixo custo pode receber o sinal. Entretanto o termo “televisão digital” é também utilizado para determinar a televisão digital a cabo, via satélite e IPTV – televisão via internet.

4.1 Televisão digital terrestre e a aplicabilidade do cinema interativo

No caso da televisão digital terrestre, o Brasil decidiu utilizar o Sistema Brasileiro de TV Digital aberta interativa, que utiliza a linguagem de programação declarativa, o Ginga, Nested Context Language (NCL), o qual abre a possibilidade de desenvolvimen- to de diversos tipos de conteúdos, com operacionalidade, usabilidade e integrabilida- de das várias mídias. Em outras palavras, o middleware Ginga, uma tecnologia pre- sente em grande parte dos televisores, possibilita o desenvolvimento de novos tipos de conteúdos que usem programação, com linguagem semelhante à programação de um site na internet. O Ginga tem a função de usar um canal de retorno de dados via internet, ou seja, aparelhos de televisão que possuem Wi-Fi podem ofertar retorno de informações para a emissora broadcast, ou até mesmo acessar e baixar conteúdos da internet por meio de um banco de dados exclusivos.

Com o Ginga é possível programar a exibição de um filme interativo da seguinte forma: imagine que o vilão da história irá matar uma mocinha, ele olha ao seu redor e encontra uma faca e uma arma de fogo: neste momento, o telespectador é convidado a escolher qual objeto letal o bandido irá utilizar, e isso pode ser feito em broadcast, televisão aberta, uma vez entendido que o tempo de duração das cenas deve ser o mesmo, bem como o tempo limite para a escolha da arma, para que, em seguida, o filme possa continuar.

Uma das limitações da televisão digital aberta terrestre é que, conforme expli- cado e exemplificado em Souza (2011), o espectro de transmissão de informações de áudio, vídeo e dados da televisão digital suporta até 19Mb/s de transmissão, o que em termos práticos representa que a televisão residencial pode receber até dois vídeos com qualidade fullhd em apenas um canal, ou pode receber até quatro vídeos em qualidade standard – como das televisões antigas analógicas. Retomando o exemplo da cena do vilão e da mocinha, o filme interativo poderia contar com até quatro possibilidades de escolha; outra situação seria a possibilidade de duas esco-

lhas apenas, que ofereceriam outras duas opções, culminando na transmissão de quatro fluxos de vídeo, porém, baseada na programação feita em Ginga, a televisão exibiria apenas o vídeo escolhido pelo telespectador. Algumas outras experiências como essa já foram realizadas, como a “experiência do roteiro do dia”, realizada em 2010. Entretanto o conteúdo não se tratava de um filme interativo, mas sim de uma narrativa interativa transmídia que consistia de ofertar a escolha de três passeios turísticos diferentes, passeio A, B ou C, e cada um deles levava o telespectador a conhecer uma cidade turística brasileira diferente. Ao final do turismo, o telespec- tador era reconduzido novamente a um fluxo de vídeo que era o encerramento do conteúdo. Vale lembrar que a opção escolhida pelo telespectador, entre ir pelo pas- seio A, B ou C, retorna para a emissora de televisão por meio de internet, pelo canal de retorno acima citado.

4.2 Televisões portáteis e móveis e a aplicabilidade do cinema interativo

Outro caminho para a aplicação de cinema interativo é o uso dos celulares, os quais também possuem um conjunto de processadores de 1,2 Gb, internet 4G e in- ternet Wi-Fi, entre outros componentes próprios do computador, porém com menor poder de processamento, sendo que essa questão pode ser resolvida se pensarmos que a qualidade gráfica no celular não precisa ser a mesma de um computador, devido a sua tela (Souza, 2011). Por outro lado, os celulares com sistema de televisão digital brasileiro terrestre são adaptados para receber sinal one seg, ou seja, um sinal de televisão simplificado que não transmite outras informações do fluxo de vídeo e um pequeno espaço para dados. Tal situação pode ser solucionada caso seja feita uma configuração para que o celular receba o sinal de televisão normal, e não o de one seg, sinal recebido por aparelhos móveis.

A televisão com tipo de interatividade que utiliza o suporte via satélite não apre- senta perspectiva de funcionamento, uma vez que o sinal enviado via satélite para as televisões já é acompanhado de outros 300 canais, ou seja, não terá espaço para a transmissão de outros fluxos audiovisuais.

Por outro lado, a televisão com conteúdos via smart/internet estão cada vez mais demonstrando possibilidade de cinema interativo e de futuras reconfigurações. Na década de 1997, o Netflix2, surge como um aplicativo versátil, interoperável e dispo-

nível para acesso na maioria das televisões smart. Em princípio, surge como um apli- cativo para locação de filmes, entretanto, acreditamos que é a forma mais viável para a disseminação do cinema interativo devido à sua necessidade de estar conectado à internet para acesso integral de suas funções.

As televisões modernas são digitais e grande parte delas também possui Netflix, além de memória e hard disk, semelhantes ao computador. O conjunto de compo-

2 Informações disponibilizadas pelo site do fabricante. Endereço: https://www.netflix.com/br/. Data de consulta: 30 de dezembro de 2015. 30/12/2015.

nentes das atuais TVs, aliado ao controle remoto adequado, as tornam propícias a re- ceber programas e filmes interativos. Outro fator relevante é que o gadget transmite o conteúdo por meio da internet e de forma on-demand, viabilizando a transmissão de filmes/jogos sem problemas de sinal via satélite ou de complicações advindas do

broadcast.