• Nenhum resultado encontrado

Ciclo de pesquisa da inovação didática sobre as estações do ano, o tempo e o clima e sua relação com a pesca em turmas de

Episódio 1.14: “Que es la temperatura?” (10ª aula)

Diálogo entre distintos modos de conhecer Episódio 1.16: “¿Cuáles son los meses con mayor temperatura?” (12ª aula)

Aproximação ao universo interpretativo dos alunos

Episódio 1.17: “En base a lo que les dijo el pescador, ¿cómo influye el clima en la pesca?” (12ª

aula)

Tomamos como exemplo a aproximação inicial ao universo interpretativo dos alunos promovida pelo Professor 2 através da troca de ideias com a turma sobre o clima e a pesca em Taganga, enquanto os alunos realizavam a atividade de escrita de carta ao extraterrestre, na primeira aula (ver os Episódios 1.1 e 1.2). Nessa troca de ideias pode-se observar os esforços do professor por promover a inclusão de ideias e valores de origem diversa na carta ao extraterrestre.

No Episódio 1.1, por exemplo, o professor coordena uma troca de ideias sobre o clima e o porquê da sensação de calor na comunidade [p. ex. ¿Que entienden ustedes por clima? (Turno 1); Ahora en este momento ¿qué está pasando en Taganga? (Os alunos respondem:

¡Hay calor! ¡Hay calor!), ¿Porque hay calor? (Turnos 6-8)]. Dessa maneira, o professor

oferece possibilidades para que os alunos expressem ideias e explicações desde sua experiência sensorial e naturalista [p. ex. O clima expressado como el fresco (sensação intermédia entre o frio e o calor, Turno 2) por um aluno; A sensação de calor no dia da aula explicada pela ocorrência copiosa de chuvas (Turno 9) ou pelo “sol” ou a incidência dos raios solares (Turno 12)]. O professor, ainda, consegue que uma aluna (a Aluna 11) se interesse em explicar o porquê da sensação de frio na comunidade, ao sistematizar ou resumir distintos aspectos relacionados com o clima, sugeridos inicialmente pelos alunos (Turnos 18).

Episódio 1.1: “¿Que entienden ustedes por clima?”

1. Professor: Entonces vamos a comenzar por saber cómo entienden ustedes lo que es el clima. ¿Ustedes saben lo que es el clima? (+) ¡¿No saben lo que es el clima?!/ ¿Que es el clima Aluno 9? (+) Sin miedo/ ustedes vieron... O ¿qué entiendes tú por clima?/ ¿que entienden ustedes por clima? (los alumnos hablan en voz baja) (+) ¡Hablen!

2. Alunos (não identificados): (los alumnos opinan en voz baja pero no se entiende)

3. Professor: El fresco (repite la respuesta de un alumno). Ósea cuando ustedes empiezan ¡ay profe! hay calor/ que vamos pá afuera. Estamos hablado del clima (otros alumnos opinan al mismo tiempo pero no se entiende). ¡Profe! que…

4. Aluna 11: ¡Siempre digo el frio! (opina en medio de la charla del profesor)

5. Professor: … apague el ventilador porque hay frio. Estamos hablando del clima.(+) 6. Professor: Ahora en este momento ¿qué está pasando en Taganga?

7. Alunos (não identificados): ¡Hay calor! ¡Hay calor! 8. Professor: ¿Porque hay calor?

9. Aluno (não identificado): Porque está lloviendo mucho.

10. Aluno (não identificado): Yo no siento calor (otros alumnos opinan al mismo tiempo pero no se entiende)

11. Professor: ¿Nadie sabe porque hay calor? 12. Aluna 11: ¡por el sol! (otros alumnos repiten). 13. Professor: ¿Hay sol?

14. Alunos (não identificados): ¡No! 15. Professor: ¿y entonces?

16. Aluno (não identificado): ¡Por las nubes! (risas de los alumnos).

17. Professor: Casualmente es por las nubes pero hace parte de otra clase que más adelante lo irán a ver/ en cuarto y quinto (grado escolar) se ve el efecto invernadero/ pero si influye mucho las nubes para eso.

18. Professor: Cuando nosotros sentimos calor/ estamos hablando del clima/ cuando tenemos frio en la noche/ a veces/ estamos hablando del clima. Cuando llueve/ estamos hablando del clima/ lo mismo que cuando no llueve.

19. Aluna 11: Lo que llueve es lo que hace el frio.

20. Professor: No siempre porque tú a veces vez que llueve y hace calor/ después que llueve ¿verdad?

Assim, percebem-se distintas pontes contextuais configuradas pelo professor (e a Aluna 11) para a emergência e complementação de experiências e conhecimentos empíricos diversos, orientados por critérios de valor distintos durante o episódio [p. ex. a busca de troca de ideias sobre o clima, no qual se deu continuidade ao critério empírico sensorial sugerido por um aluno, nos turnos 1-5; a busca de explicações empíricas naturalistas para a experiência sensorial de calor dos alunos no dia da aula, nos turnos 6 a 17; a sistematização de experiências e conhecimentos empíricos sensoriais e naturalistas sobre o clima e a busca de relações entre eles, nos turnos 18-20].

Podem-se observar, no entanto, as tensões que se geram na sala de aula pelo surgimento de ideias e relações que podem ser distintas das escolares. O termo fresco (Turno 2), muito usado na comunidade para expressar uma sensação térmica intermediária entre o frio e o calor, não faz parte da terminologia escolar sobre as sensações térmicas. Contudo, este termo não foi explorado pelo professor durante o episódio, embora tenha promovido a descrição e exploração de outras sensações térmicas, como o frio e o calor (turnos 3-6, 18), possivelmente pelo estabelecimento de um contexto de consenso entre a sensação de “fresco” e a sensação de frio ou de calor.

Por outro lado, a ideia de uma sensação de calor associada à ocorrência copiosa de chuvas (Turno 9), comumente sugerida pelos pescadores e por textos de divulgação científica, que sugerem um aumento da sensação de calor localmente pela queda dos ventos no período de inverno ou chuvoso do ano, foi ignorada pelo professor, talvez pelo estabelecimento de um contexto de conflito com experiências empíricas relacionadas, por exemplo, à sensação de frio que pode ser experimentada no momento preciso da queda da chuva, na qual se envolve um intervalo de tempo distinto (critério temporal) ao utilizado pelo aluno.

Complementarmente, a ideia de uma sensação de calor devido ao “sol” ou à incidência dos raios solares (Turnos 11-12), situação comum na região ao longo do ano, foi questionada pelo professor pela nebulosidade copiosa presente no dia da aula, envolvendo um intervalo de tempo distinto ao utilizado pelos alunos. Essas explicações, no entanto, não foram exploradas durante o episódio, aparentemente, pelo contexto de conflito estabelecido entre essas duas ideais. O professor, contudo, relacionou a nebulosidade e a sensação de calor do dia da aula com a ideia escolar do efeito estufa (critério escolar), relação que também não foi explorada com os alunos ou esclarecida pelo professor (Turnos 13-17), limitando a inclusão da ideia escolar no âmbito dessa discussão.

Finalmente, a iniciativa da Aluna 11 de relacionar uma sensação de frio com a chuva (Turno 19) foi também questionada pelo professor, apresentando uma relação distinta (uma sensação de calor após a passagem da chuva) daquela da aluna (Turno 20). A falta de continuidade dessa discussão, contudo, parece ter sido promovida pelo não reconhecimento claro na fala do professor da coexistência dessas situações (Tratamento de coexistência), e da falta de exploração e compreensão das ideias expressadas pelo professor e a aluna, e da complementação entre elas.

A análise do episódio aponta para a pluralidade de ideias que pode ser promovida na sala de aula com o desenvolvimento de uma ponte contextual entre as experiências e conhecimentos dos alunos e os conhecimentos científicos escolares, representado neste caso, pelas ideias e conhecimentos do professor. Os tratamentos de consenso (Turnos 1-5) e conflito (Turnos 6-17) estabelecidos ao longo do episódio, no entanto, limitaram o papel dessa pluralidade de ideias durante o episódio, por exemplo, para a inclusão de ideias não-

científicas (a ideia de “fresco”) e a abordagem de situações contextuais (p. ex. a sensação de calor na comunidade e sua relação com a ocorrência de chuvas e a nebulosidade). Esses contextos de tratamento dado a ideias distintas durante o episódio foram promovidos, principalmente, através de abordagens comunicativas de natureza interativa/de autoridade, com a qual o professor buscava dar forma às ideias dos alunos (Turnos 3-5) ou dar solução aos conflitos (Turnos 13-16).

O contexto de coexistência entre distintas ideias sobre o clima, no turno 18, por sua vez, permitiu o desenvolvimento de uma pluralidade de ideias, que resultou na elaboração de explicações, contemplando a interação de distintas ideias. Esse contexto foi promovido através de uma abordagem não-interativa/multivocal, que levou ao estabelecimento de uma abordagem interativa/multivocal de distintas ideias através das quais uma aluna tentou construir uma relação entre a sensação de frio e a chuva.