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Teoria da Informação e categorização: taxonomias,

2 CORPUS DA PESQUISA: METODOLOGIA E FILMES

3.2 Teoria da Informação e categorização: taxonomias,

Como as ciências da informação possuem componentes metodológicos para atividades científicas de indexação, as proposições teóricas desta área do conhecimento foram adotadas como base para a categorização do documentário musical brasileiro. Inicialmente os estudos investigaram a evolução do Tesauros, cujas referências iniciaram com estudos de Campos e Gomes (2006) que explicam a evolução do tesauro documentário e em Carlan (2010), cuja dissertação empreende esforços de investigação sobre a evolução dos sistemas de organização do conhecimento. As fontes teóricas que por fim embasaram a parte metodológica mais complexa do desenvolvimento de um modelo para categorização dos filmes documentários musicais foram Schellenberg (2006), que propõe métodos e técnicas para o tratamento de arquivos modernos; aspectos da teoria analítica do conceito, de Dahlberg e a classificação facetada de Ranganathan.

Após esta fase de compreensão dos aspectos teóricos da categorização, foi selecionada uma característica que estivesse presente em todos os filmes, que tivesse natureza fílmica e que estivesse também próxima do cinema não ficcional. A

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argumentação do filme surgiu então como o elemento central para o processo de indexação dos filmes, uma vez que dá origem à asserção do documentário, passível de ser expressa numa única frase.

A aproximação desta abordagem nos filmes exigiu também o estudo de uma metodologia que permitisse trazer o argumento para o primeiro plano e compreendê-lo. A teoria dos usos do argumento de Toulmin (2006) foi então considerada, pois para este autor o argumento possui uma estrutura semelhante a um organismo que pode ser representado de forma esquemática, incluindo uma proposição, dados de apoio, qualificadores de dados e por fim, garantias ou apoios. A proposta esquemática da estrutura do argumento de Toulmin oferece mais componentes metodológicos para o estudo da natureza categórica do corpus da pesquisa. Igualmente, a análise argumentativa de Liakopoulos (2002), adaptada da proposta de Toulmin, foi considerada para que fosse possível compreender os pontos negativos e positivos deste método.

Uma vez selecionado o aspecto do argumento como o centro da categorização do documentário musical brasileiro, foi necessário transpor a lógica do argumento muito mais abrangentemente abordada pelo cinema ficcional para o de não ficção. A bibliografia sobre argumento cinematográfico ainda prioriza o filme de ficção ou simplesmente confunde o argumento com o próprio roteiro ou a sinopse do filme. Após levantamento conceitual sobre o argumento do filme segundo Parent-Altier (2004), o instrumento metodológico se completou com a análise da argumentação e a aproximação com a noção de asserção no documentário, possibilitando a origem das categorias de classificação dos filmes.

É importante destacar as características do objeto e o perfil das escolhas metodológicas, porque as metodologias tradicionais de pesquisa em determinadas áreas não comportam as complexas características de determinados objetos. É o caso do método de entrevista em profundidade descrito por Duarte (2005) que, ao propor a análise de dados obtidos sugere a organização dos resultados em categorias. Para o autor,

categorias são estruturas analíticas construídas pelo pesquisador que reúnem e organizam o conjunto de informações obtidas a partir do fracionamento e da classificação em temas autônomos, mas inter- relacionados. Em cada categoria, o pesquisador aborda determinado conjunto de respostas dos entrevistados, descrevendo, analisando,

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referindo à teoria, citando frases colhidas durante as entrevistas e a tornando um conjunto ao mesmo tempo autônomo e articulado. (p. 79)

Procede a definição de categorias do autor quando seu método visa organizar conteúdos levantados por meio de entrevistas em profundidade. Também faz sentido quando, considerando seu objeto de estudos, ele busca em Selltiz et al. (1985, p. 441-442 apud DUARTE, 2005, p. 79) e em Richardson (1999, p.240 apud DUARTE, 2005, p. 79) as características para as categorias classificatórias. Aceitar que as categorias analíticas de uma pesquisa sejam exaustivas, homogêneas - considerando que devem derivar de princípios claros de classificação - e tenham concretude são premissas válidas inclusive para categorizar objetos como os filmes documentários. O problema é que apesar de ser bem aceitável que as categorias “são identificadas ao longo da pesquisa” e que “não devem ser entendidas como camisas de força”(p. 79), a afirmação categórica de que as classes devem ser mutuamente excludentes é bastante complicada quando se trata de objetos da arte, como é o caso do cinema. Adotar uma metodologia tradicional com características tão pragmáticas para analisar filmes parece inviável. Um exemplo de fácil compreensão é o caso dos filmes de ficção. Comumente eles são organizados em gêneros, como a comédia, drama e terror. Adotar um método extremamente excludente suporia que os realizadores fossem obrigados somente a fazer filmes que se enquadrassem dentro de um único gênero. E essa premissa ignora que o cinema, especialmente o documentário, imprime experiências cada vez menos limitantes em seus filmes.

Como exemplo disso há no universo do cinema documentário o filme libanês 74 – The reconstruction of a Struggle (2013) que não pode simplesmente evocar a lógica de categorias excludentes como regra. O documentário, dirigido por dois irmãos jornalistas libaneses, chama a atenção por seu paratexto: é apresentado como um documentário híbrido. Aposta difícil, uma vez que as teorias contemporâneas do documentário dão conta de que praticamente todo filme é um filme documentário (NICHOLS, 2005), o que leva a uma aceitação da grande mobilidade permitida ao formato, variando da performance ao mockumentary. 74 não é um filme menor por querer ser rotulado como híbrido, apenas dá o exemplo de que a categorização de sua natureza fílmica é complexa e dificilmente poderá ser indicada como excludente. Em sua temática,

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74 é um filme provocativo: revive um protesto estudantil de 1974 na Universidade Americana de Beirute. Durante 37 dias estudantes sitiaram os escritórios da instituição, organizaram-se em torno de suas reivindicações, hierarquizaram suas lideranças e, por fim, foram rendidos, retirados à força da universidade e presos. No centro da discussão está em foco um tema original: o que se passa na cabeça dos revolucionários, que falam diretamente para a câmera revelando suas perspectivas políticas, seus medos, sua forma pessoal de encarar o momento coletivo sob forte impulso de justiça individual. O segredo do filme está em sugerir, numa mise-en-scène centralizada e minimalista – o filme se passa quase totalmente numa única sala – que os depoimentos podem ser embasados em personagens reais. A riqueza do filme está justamente no fato de que, apenas no final do filme, é revelado que os atores estão improvisando suas falas, que não foram roteirizadas. As suas respostas e reações foram induzidas pelas perguntas dos documentaristas em voz over, mas os conteúdos foram totalmente elaborados pelos atores. Novamente, ao assumir deliberadamente a encenação, o questionamento sobre o método de categorização faz-se necessário, pois o cinema documentário tem características muito particulares e é preciso um método que permita que o sistema fílmico seja percebido em sua totalidade. Este exemplo demonstra que não é simples criar categorias excludentes para filmes documentários. Mesmo dentro de um subgênero, onde há muita similaridade como no caso da temática musical, há diversas opções estilísticas, seja na forma ou na narrativa que precisam ser observadas.

Para desenvolver um modelo de categorização foi necessária a compreensão teórica de taxonomias, ontologias e sistemas de classificação e categorização. A Ciência da Informação possui conceitos e ferramentas que contribuem para a organização do conhecimento e colaborou para o exercício de compreensão da grande quantidade de filmes que integram o corpus da pesquisa, especialmente devido aos aspectos relativos a taxonomias, ontologias e tesauro. As categorias foram organizadas após o processo de análise, seguindo parâmetros da ciência da informação para classificação.

A categorização, importante para as ciências da informação, tem relevância tanto para a biblioteconomia como para a arquivologia. Schellemberg (2006) dedica seus estudos a esta segunda área e vê semelhanças entre o trabalho do bibliotecário e do arquivista, apesar das especificidades de cada área. Ambas são responsáveis pelo trato

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com arquivos, sendo que numa biblioteca o acervo objetiva prioritariamente fins culturais, enquanto para o arquivista estes valores são acidentais. No caso dos materiais audiovisuais, há interesse igual das duas áreas. Para o autor,

As películas cinematográficas, por exemplo, quando produzidas ou recebidas por uma administração no cumprimento de funções específicas, podem ser consideradas arquivos. Este é o caso de filmes feitos para registrar atualidades, tais como filmes de cenas de combate durante a guerra, ou para influenciar a opinião pública, ou ainda para treinar o pessoal civil ou militar. As cópias desses filmes equivalem a duplicatas de livros e são geralmente postas à disposição, antes pelas bibliotecas do que pelos arquivos, para fins educativos e recreativos. Verifica-se o contrário em relação a negativo e filmes positivos que são usados sobretudo para a produção de outros filmes. (SCHELLENBERG, 2006, p. 44)

Como o texto indica, há especificidades no tratamento de arquivos a serem categorizados pelas diferentes atribuições dos setores das ciências da informação. Schellemberg (2006, p. 44) ressalta ainda que “não é possível estabelecer a diferença entre a coleção de manuscritos das bibliotecas e os arquivos, considerando-lhes a forma, a autoria ou o valor”. Este pode ser um princípio relevante para a categorização do corpus desta pesquisa, uma vez que também compõem o marco teórico conteúdos pertinentes às lógicas das ciências da informação. Como o corpus precisa de modos próprios para ser indexado, a opção por não fazê-lo de acordo com a forma (aspectos estruturantes como a montagem ou a voz), a autoria ou o valor (sócio-histórico, por exemplo) de cada filme se justifica de acordo com o referencial teórico. O mesmo autor também corrobora com a ideia que diferencia o tratamento de documentos que podem ser considerados arquivos e os que são manuscritos históricos. Os arquivos “aparecem como o resultado de uma atividade regular”, ao passo que os manuscritos históricos, contrariamente, são em geral “o produto de uma expressão espontânea do pensamento ou sentimento. São, assim, criados ao acaso e não sistematicamente” (SCHELLEMBERG, 2006, p.44). Neste sentido, os filmes documentários estariam mais propícios a receberem um tratamento ordenado pela base teórica desta pesquisa conforme prevista para os manuscritos.

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Segundo Schellemberg (2006), há três grandes diferenças a serem consideradas sobre os métodos utilizados por arquivistas e por bibliotecários, que basicamente divergem na forma de arranjo e descrição das coleções. A avaliação e a seleção compõem a primeira diferença técnica. Para o arquivista, documentos não são avaliados pelo seu valor avulso, mas sim em relação a todo o restante da documentação proveniente da atividade que a produziu. Ao contrário, o bibliotecário avalia isoladamente materiais e seus julgamentos tem função de conveniência e não de preservação como no caso do arquivista. “Embora o termo ‘classificação’ seja usado por ambos, seu significado é inteiramente diverso” (SCHELLEMBERG, 2006, p. 48).

Para o material de arquivo, o sentido é de arranjo em um arquivo de acordo com a origem. Já para o material de uma biblioteca, é o agrupamento de acordo com sistemas lógicos predeterminados e a atribuição de símbolos para sua alocação em estantes. O autor explica que a terceira diferença refere-se à descrição, especialmente em relação ao termo catalogação, que para os bibliotecários indica peças indivisíveis, como livros que são indexados por autor e título. No caso de arquivos, quando são catalogados, isso é feito por unidades de peças, como grupos ou séries. Como compreensão final, pode-se perceber que a diferença entre o tratamento dado aos documentos deve-se à sua natureza: “ao bibliotecário concernem, de modo geral, unidades avulsas e indivisíveis, cada uma tendo seu valor próprio; ao arquivista, unidades que são agregadas ou unidades menores cujo valor deriva, ao menos em parte, de sua relação umas com as outras” (SCHELLEMBERG, 2006, p. 50). Portanto, após o processo de compreensão da asserção de cada filme, o procedimento de ordenação de categorias possíveis de forma lógica foi analisado.

Sobre a definição dos termos citados, Campos (2006, p.355) entende que categorização é o processo cognitivo de dividir o mundo que experienciamos em “grupos gerais ou categorias amplas de forma que os integrantes compartilhem similaridade imediata em termos de atributo num dado contexto”. Para compreender como se dá a evolução deste conceito, é indispensável atender à contribuição das teorias de Raganathan e Dalhberg mas, primeiramente, a indicação conceitual de taxonomias, ontologias e tesauros são necessárias para o aprofundamento da percepção sobre categorização.

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Taxonomia é um campo da ciência que tradicionalmente classificava os seres vivos. Originária da palavra grega táxis, estabelece arranjos de indivíduos com características comuns. “É um método de classificar coisas reais, estabelecendo categorias de similaridades e diferenças”, conforme definição apontada por (KENT; LANCOUR, 1968, v. XX, p.187) citado por Carlans (2010, p.45). Historicamente, o termo taxonomia originou-se na Grécia antiga e traz já no início de seu uso o conceito de categoria, como adotado por Aristóteles. Para a visão clássica aristotélica, as categorias são entidades discretas, caracterizadas por um conjunto de propriedades compartilhadas por seus membros, mas necessariamente excludentes.

Esta característica de exclusão tornou a categorização dos documentários complexa, pois a similaridade entre os filmes já é inicialmente posta pela temática e posteriormente pela proximidade de abordagens, prioritariamente centrada em filmes que contam histórias de vida e trajetórias musicais. Mas com a determinação da asserção do filme, a proposta de categorização excludente foi possível, especialmente por não ser determinada exclusivamente pela observação formal.

A noção de taxonomia foi estudada porque, para a ciência da informação, a classificação sistematizada é um instrumento para a conformação intelectual, sendo que sua função contemporânea é ser

(...) empregada em portais institucionais e bibliotecas digitais como um novo mecanismo de consulta, ao lado de ferramentas de busca. Além destas aplicações, a taxonomia é um dos componentes em Ontologias. A organização das informações através do conceito de Taxonomia permite alocar, recuperar e comunicar informações dentro de um sistema de maneira lógica através de navegação. (CAMPOS; GOMES, 2008)

As mudanças digitais atuais criaram uma grande dependência de informações organizadas nas diversas áreas do conhecimento e este é um ponto de referência para as taxonomias como apontam Campos e Gomes (2008). É tanto o caso da área de administração, seja nos setores privado ou público, como nos exemplos das áreas de saúde e informática, como na web semântica. Para estes autores, uma das funções que devem ser destacadas das taxonomias é que precisam ser apresentadas de forma lógica, organizadas hierarquicamente em classes, sub-classes, sub-sub-classes e,

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igualmente, deve-se garantir a melhor seleção do termos de identificação por meio de um vocabulário-padrão e critérios previamente estabelecidos. É igualmente caro aos autores o conceito de herança, especialmente por ser facilmente reconhecido por máquinas. Em resumo, adotou-se esta noção para uso na etapa de denominação das categorias dos documentários musicais que “no domínio das representações do conhecimento, as taxonomias podem ser consideradas instrumentos que organizam logicamente os conteúdos informacionais” (CARLAN, 2010).

Para Campos e Gomes (2008), as principais características de uma taxonomia são: a) a elaboração de lista estruturada de conceitos ou termos de um domínio; b) a organização hierárquica de termos; c) a possibilidade de recuperação de termos por meio de navegação; d) a autorização de acréscimo de dados; e) a atuação como um mapa conceitual dos tópicos, tornando-se instrumento de organização intelectual. Os autores destacam também que não é função da taxonomia uma padronização terminológica. Diferentemente do tesauro, uma taxonomia pretende ordenar e organizar informações. Ainda com este parâmetro de comparação, entre tesauros e taxonomias, os autores explicam que

tanto os Tesauros quanto as Tabelas de Classificação Bibliográfica são instrumentos que estão fora do sistema informatizado, ou seja, são utilizados como documentos referenciais, não possuindo assim mecanismos que permitam a agregação de dados. Entretanto, deve-se considerar que todos esses instrumentos que possibilitam a formação de redes de conceitos estruturados possuem como base uma estrutura classificatória que deve se apoiar em princípios da lógica. (CAMPOS e GOMES, 2008)

Com o objetivo de compreender os processos de categorização, a lógica baseada em conceitos acaba por se revelar como elemento central para a organização das informações de acordo com estes autores, sendo o primeiro dos três princípios básicos de classificação adotados nas taxonomias a categorização, que oferece a matriz para a apresentação sistemática. Os outros princípios são os cânones, que permitem o trabalho no plano das ideias, ou seja, a construção de classes, e por fim os princípios, para a ordenação destas classes (CAMPOS e GOMES, 2008).

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O exemplo de bom funcionamento de um esquema de buscas, como no caso da web semântica, prevê que são mecanismos como as ontologias que consolidam as coleções estruturadas de informações e os conjuntos de regras de inferência, pois conectam sistemas (CAMPOS e GOMES, 2008). Segundo os autores, há que se considerar que as ontologias são compostas por:

(...) Termos e Definições; Classes e subclasses - que podem estar organizadas em uma taxonomia; Relações (também chamadas de propriedades), que devem representar os tipos de interação entre as classes de um domínio; Axiomas que são regras para determinar a verdade das sentenças; e Instâncias que são utilizadas para representar elementos específicos, ou seja, os próprios dados (CAMPOS e GOMES, 2008, p. 2).

Uma vez que o foco deste estudo é a classificação de um grupo de objetos fílmicos é possível perceber que as ontologias servem ao propósito de compreensão e organização dos filmes em questão. De forma objetiva, ontologias são conceituações que indicam aportes entre entidades de um setor específico do conhecimento, mas que podem ter significados mais abrangentes do que dicionários ou sistemas de palavras- chave.

As ontologias também tiveram sua teoria estudada porque podem ser classificadas em duas dimensões. Na primeira, classifica-se quanto à quantidade e ao tipo da estrutura, mas considera-se que seria melhor se fosse realizada com base no nível de detalhamento utilizado na conceituação. Na segunda, classifica-se quanto ao assunto da conceituação em: ontologias de aplicação, ontologias de domínio, ontologias genéricas e ontologias de representação (GUARINO, 2004).

O termo tesauro tem origem etimológica na palavra latina thesaurus, cuja tradução é tesouro. Um tesauro documentário agrega uma lista de palavras que, ao pertencerem a um domínio específico de conhecimento, agrega palavras com sentidos parecidos. Ao contrário de um dicionário, não possui explicações detalhadas sobre termos, mas contribui, por exemplo, com jornalistas pelo fato de manter agregadas palavras com o mesmo sentido, facilitando o uso vocabular preciso. No Brasil, o INEP (2011) é responsável pelo Brased – Thesauros Brasileiro da Educação e explica que o

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tesauro é um instrumento que reúne termos escolhidos a partir de uma estrutura conceitual previamente estabelecida e destinados à indexação e à recuperação de documentos e informações numa certa área do saber. Sua função é permitir o processamento e a busca de informações por pesquisadores. Ainda segundo o Inep (2001), suas três características básicas são: a) a cada termo do tesauro deve corresponder um conceito, que pode ser descritor ou indexador, ou ainda um remissivo, quando faz referências a um termo descritor; b) Não pode constar no tesauro um termo que não esteja relacionado a outro e as bases relacionais são estabelecidas pelo significado; c) Os conceitos e suas relações são dados pela modelagem de dados do campo de estudos de cada palavra.

Segundo o INEP (2011), o diferencial do Brased em relação a outros tesauros na área de educação é o fato de que suas palavras são indexadas numa matriz conceitual, fundamentada numa “análise crítica da realidade educacional e de seu contexto”. Esta matriz foi construída considerando as relações globais e multidisciplinares dos domínios da área e contempla quatro campos temáticos. Segundo o Inep, são válidas as noções de hierarquia, equivalência e associações que foram estabelecidas entre os termos. Estes quatro campos ou sub-áreas são o contexto da educação, a escola como instituição social, os fundamentos da educação e a educação com seus princípios, conteúdo e processo.

Tesauros implica bases classificatórias e possui normas internacionais que derivaram da evolução dos sistemas desde a década de 60. Atualmente há diretrizes e normas nacionais e internacionais, a ISO 2788 (1986), a ISO 5964 (1985) e a ANSI/NISO Z39.19-2003. Estas normas estabelecem os parâmetros que regem o desenvolvimento de tesauros com palavras em uma ou mais línguas. Com base nessas normas, pode-se sintetizar a estrutura de tesauros em duas partes: base teórica e base técnico- operacional. Carlan (2010, p. 44) aponta a divisão da estrutura do tesauros em duas