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4. NORMATIVAS DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

4.1. Normativa na Organização das Nações Unidas

4.1.2. O Programa Mundial para educação em direitos humanos

4.1.2.3. A terceira etapa do plano de ação

O Conselho de Direitos Humanos, pela Resolução nº 21/14 de 11 de outubro de 2012, solicitou ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos que pesquisasse a opinião dos Estados, instituições de direitos humanos e demais interessados pertinentes sobre os setores destinatários, áreas prioritárias e assuntos temáticos de direitos humanos para a terceira fase do Programa Mundial e submetesse o relatório ao Conselho na vigésima quarta sessão.508

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, 1º de fevereiro de 2013, enviou aos Estados membros, instituições nacionais e outros interessados as suas opiniões e contribuições, sendo certo que a consulta também foi

507 Disponível em:

<http://www.ohchr.org/EN/Issues/Education/Training/WPHRE/SecondPhase/Pages/ResolutionsReports.aspx> Acesso em: 25 jul 2013.

508 Informações disponíveis em:

<http://www.ohchr.org/EN/Issues/Education/Training/WPHRE/ThirdPhase/Pages/ThirdPhaseIndex.aspx> Acesso em: 25 jul 2013.

anunciada no sítio eletrônico do ACNUDH e veiculada por duas organizações não- governamentais em rede eletrônica.509

Até 3 de maio de 2013, o ACNUDH recebeu 54 respostas, 17 de governos, 17 instituições nacionais de direitos humanos, 6 organizações intergovernamentais internacionais e regionais, 13 organizações não-governamentais e 1 instituição universitária, enquanto as organizações não-governamentais referidas receberam 41 contribuições de 19 países, além de 5 particulares.

Do total das respostas recebidas, nada foi proveniente do Brasil, ou seja, o Estado Brasileiro não apresentou qualquer manifestação e nem qualquer organização brasileira, seja ela governamental ou não governamental, o que segue o padrão anterior de ausência de acompanhamento nacional do Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos da ONU.

O referido relatório (A/HRC/24/24), de 26 de junho de 2013, observa que a maior parte dos comentários se referiram à necessidade de seguir priorizando a educação em direitos humanos aos destinatários das etapas anteriores, ou seja, o sistema de ensino formal (primário, secundário e superior), em especial a formação de professores e profissionais da educação, e a formação de funcionários públicos, forças armadas e militares.

Ademais, foram mencionadas deficiências das autoridades competentes na elaboração de políticas e estratégias de aplicação de planos de ação completos e dotados de recursos específicos tanto no contexto do Programa Mundial quanto no contexto Declaração das Nações Unidas sobre educação e formação em direitos humanos.

O relatório indica, ainda, que foram destacadas necessidades de progredir na execução do Programa nos lugares que não adotaram nenhuma medida significante e consolidar o trabalho realizado, realizando investigações para identificar e compartilhar as boas práticas e as lições aprendidas, afinar as metodologias baseadas em práticas de eficácia comprovada e promover o diálogo entre os atores responsáveis e a sociedade civil.

Nesse contexto, os docentes e educadores que trabalham no sistema formal e não formal foram os destinatários mais apontados como necessitados de uma maior atenção específica, embora também tenham sido mencionados os profissionais compreendidos na segunda etapa do Programa Mundial, como os funcionários públicos e os funcionários das

509 Informações disponíveis em: <http://daccess-ods.un.org/TMP/1120066.94078445.html> Acesso em: 25 jul

forças armadas e militares, que precisam ser capacitados para formular políticas e decisões coerentes com os princípios de direitos humanos e proteger os direitos humanos em nome do Estado.

Sobre os possíveis novos públicos destinatários da terceira etapa, foram indicados de forma mais recorrente os profissionais dos meios de comunicação, considerando a influência e repercussão potencial na população, a fim de promover um melhor nível de qualidade jornalística e uma maior consciência e responsabilidade social, bem como parlamentares, legisladores e juízes.

Também foram indicados como destinatários as organizações da sociedade civil (especialmente os defensores de direitos humanos, as ONG, as organizações religiosas e as organizações comunitárias), os jovens e os movimentos por eles organizados, os educadores de crianças e jovens que atuam fora do sistema formal de educação, grupos específicos titulares de direitos (pessoas com deficiência, as minorias e povos indígenas, as mulheres vítimas de violência, migrantes e trabalhadores migrantes, pobres, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, refugiados e solicitantes de asilo político, pessoas vulneráveis em situações de emergência, vítimas de tráfico de seres humanos e vítimas de conflitos armados, conflitos armados), a população em geral e o setor da primeira infância.

Com relação às questões temáticas, os temas apontados com maior frequência foram a não discriminação e a igualdade e a facilitação da integração e inclusão social, com destaque para a discriminação contra mulheres e meninas e a violência dirigida contra elas e para a discriminação contra crianças, bem como a educação para promoção da cidadania e participação ativa no fortalecimento da democracia, boa governança e cidadania global.

Também foi feita referência, com menor frequência, aos direitos econômicos, sociais e culturais, aos direitos ambientais, à prevenção e resolução de conflitos armados para a construção de uma cultura de paz, além da promoção de ambientes seguros de educação para combater a violência, bullying e provocação, direitos trabalhistas, direitos das pessoas com deficiência e direitos humanos e as empresas.

Considerando o relatório do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos sobre a consulta realizada sobre a terceira etapa do Programa Mundial, a Resolução nº 24/15 de 08 de outubro de 2013 do Conselho de Direitos Humanos fixou como grupo central ao qual será direcionada a terceira etapa os jornalistas e demais profissionais dos meios de comunicação, com especial destaque à educação para a igualdade e não

discriminação, a fim de combater os estereótipos e a violência, fomentar o respeito à diversidade, promover a tolerância, o diálogo intercultural e inter-religioso e a inclusão social, bem como conscientizar o público em geral sobre a universalidade, indivisibilidade e interrelação de todos os direitos humanos.

A Resolução também solicitou ao Escritório do Alto Comissariado que elabore um plano de ação para a terceira etapa do Programa Mundial (2015-2019) para apresentar ao Conselho de Direitos Humanos no 27º período de sessões510, após consulta aos Estados, às organizações intergovernamentais, em particular a UNESCO, às instituições nacionais de direitos humanos e à sociedade civil, incluídas as organizações não-governamentais.

Além disso, a resolução referida alertou os Estados para redobrar os esforços para executar as duas primeiras etapas do Programa Mundial511; a intensificarem os esforços para aplicar, divulgar e fomentar o respeito e a compreensão de todos sobre a Declaração das Nações Unidas sobre educação e formação em educação em direitos; a elaborarem e executarem, destinando os recursos necessários, planos de ação nacionais detalhados sobre educação e formação em direitos humanos.

4.1.3. A Declaração das Nações Unidas sobre a educação e formação em direitos