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A textura aqui é diferente? O Programa Alfa e Beto em Mato Grosso do Sul

No documento Dissertação de Sandra Novais Sousa (páginas 48-51)

2 O ESTADO DA ARTE: QUAL O CENÁRIO REVELADO PELAS PESQUISAS

2.1 Os estilos e a variedade de tons das pesquisas empíricas

2.1.6 Uma forma única de pintar: as políticas públicas de intervenção pedagógica

2.1.6.2 A textura aqui é diferente? O Programa Alfa e Beto em Mato Grosso do Sul

intervenção pedagógica adotadas em Mato Grosso do Sul intitula-se O Programa “Alfa e Beto”: alfabetização pelo método metafônico, sua metodologia e uma experiência em Mato Grosso do Sul, defendida em novembro de 2012, no Programa de Pós-Graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de autoria de Regina Magna Rangel Martins e orientada pela Prof.ª Dr.ª Lucrécia Stringhett Mello. Trata-se de uma pesquisa empírica que pretende apresentar o programa no Estado e demonstrar “[...] as ações coordenadas do professor alfabetizador, do coordenador de área e coordenador pedagógico no processo de ensino aprendizagem”, sendo eleito como objeto de estudo “[...] as competências da alfabetização, sua aquisição e importância no processo cognitivo de leitura e escrita” (n.p.), bem como o trabalho do professor e o acompanhamento e saberes da coordenação de área e pedagógica. Infelizmente, apenas o resumo da dissertação foi disponibilizado pela Capes, sendo que na biblioteca depositária (UFMS) não foi encontrado um exemplar da dissertação, assim como também não houve acesso ao texto completo em buscas por autor ou pelo nome da dissertação em sites de pesquisa na Internet.

Analisando o resumo, percebe-se certa semelhança na abordagem de Martins (2012) com a feita na dissertação, já mencionada, de Simões (2012). Tanto Martins quanto Simões optaram por apresentar os programas de forma descritiva, sob o ponto de vista do “gerenciador”, deixando de lado as considerações sobre os programas dos “executores”, ou seja, os professores. De maneira semelhante, ambas tiveram algum envolvimento direto na consolidação da política pública, por fazerem parte do quadro de funcionários administrativos da Secretaria de Estado de Educação. De fato, o nome da autora Martins consta nos documentos oficiais de implementação do Programa Além das Palavras como parte da equipe de elaboração e de organização do projeto, conforme pode ser observado na contracapa do documento Programa Além das Palavras (MATO GROSSO DO SUL, 2012a).

Assim, nas poucas informações encontradas no resumo da dissertação, percebe-se que o programa é apresentado como uma solução para o problema da alfabetização infantil que, segundo a autora, seria “[...]o grande desafio para os sistemas de ensino nos Estados e municípios”, cujo enfrentamento se daria com as propostas da Ciência Cognitiva da Leitura.

Os diferentes programas e políticas que serviram como objeto de estudo dessas pesquisas empíricas guardam semelhanças importantes com os presentes no cenário de Mato Grosso do Sul. No capítulo 3, discutiremos mais detalhadamente as relações entre a Ciência

Cognitiva da Leitura e os conceitos defendidos pelo Programa Alfa e Beto, assim como a incongruência da vigência deste e do PNAIC na mesma rede de ensino.

2.2 Os artigos científicos e os estudos sobre alfabetização e formação de alfabetizadores: os especialistas dão o tom do debate

Para situar os conceitos defendidos pela SED/MS por meio do Programa Além das Palavras/Alfa e Beto e do PNAIC, buscamos analisar o que tem sido publicado por estudiosos da área em periódicos classificados como A1 pela Capes. Utilizando-se palavras-chave como alfabetização, formação continuada, formação em serviço, programas de formação, políticas de formação, métodos e práticas docentes, identidade profissional, PNAIC, Instituto Alfa e Beto, subjetividade, e outras, encontramos 65 artigos, os quais foram divididos em cinco categorias:

estudos sobre a aplicação de avaliações em larga escala, a fim de compreender os limites e as possibilidades dos sistemas avaliativos, no que se refere à avaliação da aprendizagem, dos docentes ou mesmo de sistemas ou redes de ensino;

a formação em serviço, enquanto fator essencial na busca pela qualidade da educação pública, observando-se em quais referenciais teóricos se assentam os formadores e como esse conhecimento pode ajudar a entende os modelos de formação adotados pelo Alfa e Beto e pelo PNAIC;

a análise dos especialistas sobre as mudanças e adequações das redes ao Ensino Fundamental de nove anos, principalmente os impactos dessa ampliação nos professores e alunos das séries iniciais;

estudos sobre a relação entre sucesso na alfabetização e os métodos/práticas docentes, traduzindo-se na busca por uma identidade profissional e a valorização dos saberes dos professores;

a apreciação das políticas públicas voltadas para a melhoria da educação e da alfabetização.

Logicamente, por tratar-se na realidade de um único tema geral, ou seja, da alfabetização, os limites entre uma categoria e outra são tênues, e muitas vezes alguns aspectos tratados na análise de um item encontra eco em outros. Assim, a divisão apresentada nos quadros 2 e 3 a seguir serve apenas para organizar e melhor visualizar os estudos feitos nessa segunda parte do “estado da arte”:

Quadro 2 - Artigos científicos publicados em periódicos A1

Fonte: produção própria

OBJETO DE PESQUISA

QUANTIDADE AUTORES

Avaliação 17 (CRISTOFOLINE, 2012); (MACHADO; ALAVARSE,

2014); (WERLE, 2011); (ESTEBAN, 2009; 2012); (MORAIS, 2012); (SOUSA, 2014); (PACHECO, 2011; 2014); (SORDI; LUDKE, 2009); (BAUER, 2011; 2012); (OLIVEIRA; SILVA, 2011); (TAVARES, 2010); (CASTANHEIRA; CERONI, 2007); (GURGEL; LEITE, 2007); (BRIDON; NEITZEL, 2014)

Formação em

serviço

24 (ABREU; MOURA, 2014); (OLIVEIRA; BUENO, 2013); (CUNHA, 2013); (SARTI, 2012); (BAHIA, 2009); (NUNES, 2008); (ALMEIDA; BIAJONE, 2007); (ALVES, 2007); (ZIBETTI; SOUZA, 2007); (FURKOTTER ET AL, 2014); (JESUS; VIEIRA; EFFGEN, 2014); (GARCIA; FONSECA; LEITE, 2013); (SILVA; SANTOS, 2013); (FISCHMAN; SALES, 2010); (LUDKE; CRUZ; BOING, 2009); (SAVIANI, 2009); (GATTI, 2008); (PAVAN, 2010); (GRIGOLI, 2007); (CORDEIRO, 2007); (RAMOS, 2007); (FERREIRA, 2008); (MARTINS, 2011); (AMORIM; FERRONATO, 2013)

Ensino

Fundamental de nove anos

7 (NOGUEIRA; PERES, 2013); (PANSINI; MARIN, 2011); (SILVA; CAFIEIRO; 2011); (FONTANIVE, 2010); (GORNI, 2007); (SILVA; PORTILHO, 2013); (MOURÃO; ESTEVES, 2013) Métodos e práticas docentes/ identidade profissional

9 (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008); (ZIBETTE; SOUSA, 2010); (OLIVEIRA, 2010c); (CARVALHO, 2011); (ROSADO; CAMPELO, 2011); (CONCEIÇÃO; SOUSA; 2012); (SILVA, 2012); (MONTEIRO; SOARES, 2014); (HORIKAWA; JADILIN, 2010)

Políticas públicas

8 (BRZEZINSKI, 2008); (MORTATTI, 2010); (MARIN; PENNA, 2012); (ANDRÉ, 2013); (SILVA; BUSNELLO; PEZENATTO, 2013); (ALMEIDA; LEITE; SANTIAGO, 2013); (PENTEADO, 2014) e (SOARES, 2014)

Quadro 3 - Quantidade de artigos por periódicos PERÍODICO QUANTIDADE Cadernos de Pesquisa 0 Educação e Pesquisa 13 Educação e Sociedade 1 Pró-posições 1

Psicologia – Reflexão e Crítica 0

Revista Brasileira de Educação 10

Revista Brasileira de Ciências Sociais 0

Alfa: Revista de Linguística 1

Avaliação 4

Bordon: Revista de Pedagogia 0

Caderno de Estudos Linguísticos 0

Ciência e Educação 0

Dados 0

Educar em Revista 6

Educação e Realidade 7

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação 11

História, Ciência, Saúde 0

Machado de Assis em Linha 0

Paidéia 0

Revista Brasileira de História 0

Revista de Estudos da Linguagem 0

Revista de História 0

Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 0

Revista Lusófona de Educação 11

Tempo 0

Teresa 0

Varia História 0

Via Atlântica 0

TOTAL 65

Fonte: produção própria

No documento Dissertação de Sandra Novais Sousa (páginas 48-51)