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ETAPA I Área técnica

PROBLEMA TECNOLÓGICO

2.2 TIPOS DE INOVAÇÃO

Com a evolução da economia mundial, o processo de inovação foi exposto a influências significativas, alterando a natureza e os cenários existentes. As empresas, nesse novo panorama, implementaram uma diversidade de novas práticas com a finalidade de melhorar o desempenho e aumentar o retorno econômico (OCDE, 2005). Por conseguinte, os conceitos, definições e metodologias relacionados à inovação foram progressivamente ampliados, contemplando, assim, os mais variados tipos de mudanças que ocorrem dentro e/ou fora das firmas.

Para acompanhar as transformações no ambiente empresarial, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) juntamente com a Comissão Europeia, elaboraram um documento, referenciado como “Manual de Oslo” com objetivo geral de ajudar na mensuração e interpretação de dados sobre ciência, tecnologia e inovação (OCDE, 1992) e expor diretrizes para os pesquisadores balizarem suas pesquisas e procedimentos metodológicos.

Preocupada em apresentar o progresso dessas diferentes mudanças, a primeira edição do Manual de Oslo (OCDE, 1992; 1997) esteve centrada nas inovações Tecnológicas em Produto e Processo (TPP), sendo essas, compreendidas por mudanças totalmente novas ou aperfeiçoamentos significativos nas potencialidades de produtos (Inovação em Produto) ou nos métodos de produção e de distribuição (Inovação em Processo).

Scherer (1982) e Pavitt (1984) também classificam a inovação quanto a modificações originais ou incrementais em produtos e processos. Para esses autores, a diferenciação entre esses tipos de inovações faz referência ao setor produtor e consumidor da inovação. Portanto, as inovações em processo são produzidas e utilizadas por um mesmo setor, enquanto as inovações em produto são produzidas para atender à necessidade de setores distintos.

Utterbach et al. (1975) apoiam a hipótese de que o tipo de inovação está relacionado à estratégia de competitividade e de crescimento adotada pela empresa. Diante disso, segundo esses autores, as firmas com processos descoordenados e estratégia de maximização do desempenho do produto, estão propensas a ter suas inovações estimuladas pelas necessidades de mercado, e consequentemente, inovam mais em produto. Em contrapartida, as que possuem processos sistêmicos e estratégia de minimização de custos são estimuladas por fatores relacionados à produção, logo inovam mais em processo. Da mesma forma, Freeman (1984) acredita que empresários, em períodos de pressão sobre as margens de lucros e durante

a fase descendente das ondas longas ou até mesmo em períodos de depressão, sentem-se mais atraídos por inovações de processo.

Uma variedade gradual de estratégias de diferenciação foi surgindo concomitantemente aos estímulos de mercado, ocasionando aos novos setores o interesse em inovar. Visto que o conceito de inovação levado a efeito nas duas primeiras versões do Manual de Oslo (OCDE, 1992; 1997) não consideraram as inovações não-tecnológicas, as quais estão associadas à crescente noção de inovação no setor de serviços, refinamentos na estrutura foram necessários, e, assim, uma terceira versão possibilitou uma nova definição para inovação (OCDE, 2005, p. 55),

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

É possível observar que essa nova definição abrange um conjunto maior de inovações possíveis, delimitadas nessa recente publicação como: (a) inovação em produto; (b) inovação em processo; (c) inovação em marketing; e (d) inovação organizacional.

 Inovação em produto: é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne às suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais (OCDE, 2005, p. 57);

 Inovação em processo: é a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares (OCDE, 2005, p. 58);

 Inovação em marketing: é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços (OCDE, 2005, p. 59);

 Inovação organizacional: é a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas (OCDE, 2005, p. 61).

No primórdio das discussões sobre inovação, Schumpeter (1911) já assumia um amplo conjunto de variações para as manifestações de novas realizações. Dentre estas, Schumpeter (1911, p. 48-9) englobou os cinco casos seguintes: (1) introdução de um novo bem; (2)

introdução de um novo método de produção; (3) abertura de um novo mercado; (4) conquista de uma nova fonte de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; e, (5) estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria. Percebe-se com isso,

que os tipos de inovação estão gradativamente evoluindo a fim de acompanhar tanto as mudanças técnicas puxadas pela demanda de mercado quanto às empurradas pelos avanços tecnológicos (DOSI, 1988).

Desse modo, a inovação passa a ser compreendida como um processo de natureza interativa envolvendo duas importantes abordagens: (1) o desenvolvimento tecnológico de uma invenção, combinado com a introdução no mercado aos usuários finais por meio de difusão e adoção; e, (2) o processo de inovação incluindo, automaticamente, a primeira introdução de uma inovação e a reintrodução de uma inovação melhorada (GARCIA; CALANTONE, 2002). Isso implica ocorrência de diferentes tipos de inovação, bem como a necessidade de identificá-los em duas perspectivas: a um nível macro e outro micro.

Em uma perspectiva macro, a capacidade de inovar está atrelada ao surgimento de uma mudança de paradigma na ciência, tecnologia e/ou na estrutura de mercado de uma indústria; na perspectiva micro, essa capacidade está relacionada à influência da inovação nos recursos tecnológicos, marketing, habilidades, conhecimentos, ou estratégias existentes na empresa (GARCIA et al., 2002). Essa realidade resulta na revelação de diferentes tipologias utilizadas para identificar e classificar, de acordo com o tipo e o grau de ‘inovatividade’, as mudanças técnicas resultantes do processo de inovação. Cabe à subseção seguinte especificar, detalhadamente, as tipologias para a inovação tecnológica.